terça-feira, 3 de maio de 2016

Leonardo Gonçalves fala sobre o atual momento político brasileiro

Leonardo Gonçalves durante o Encontro de Mídias e Lojistas da Sony Music. (Foto: Marcos Paulo Corrêa)
No momento em que o Brasil se divide entre ‘coxinhas’ e ‘mortadelas’ — apelidos populares que diferenciam as linhas ideológicas ‘direita’ e ‘esquerda’ —, debater sobre política tem se tornado um grande dilema. Para que o tema seja abordado dentro das igrejas, o cantor Leonardo Gonçalves vai ainda mais a fundo: é preciso antes que as pessoas evoluam quanto espécie humana. “As pessoas misturam tudo e, aparentemente, perderam a capacidade de dialogar”, disse ele em entrevista exclusiva durante o Encontro de Mídias e Lojistas da Sony Music.

Leonardo critica o fato de as pessoas espiritualizarem a visão política de cada indivíduo. “Para a maioria das pessoas é uma questão espiritual se você é pró ou anti PT, tem toda essa questão de demonização, que é ridícula. Na época da campanha do PT, que o Michel Temer era o vice-presidente, os evangélicos em peso espalharam boatos de que ele era satanista. Agora não, ele é o herói da bancada evangélica”, avalia o cantor.

Mesmo não sendo favorável ao atual governo, Leonardo considera que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff configura golpe. “Eu não sou a favor da Dilma, mas do jeito que estão querendo tirar ela, movido pela bancada evangélica, eu sou fundamentalmente contra”, afirma.

O cantor ressalta que as acusações contra Dilma sobre as pedaladas fiscais aconteceram em uma data anterior. “A partir do momento que você se elege, só conta o crime que você cometeu durante este mandato, porque o presidente tem imunidade para evitar justamente o que está acontecendo agora. A lei é clara. A Dilma precisa ser julgada? Sim, precisa, mas após o mandato.”

“De fato, a bancada evangélica está sendo o fator modificador da história do Brasil, mas na minha opinião, da pior maneira possível — contra a lei”, acrescenta Leonardo.

Em momentos de crise como o que vive o Brasil, a igreja deve se mobilizar em oração, mas não se limitar a isso. “Eu acho que a oração tem o seu lugar, mas a gente ora passivamente. Vou dar um exemplo que não tem a ver com política. A gente ora: ‘Senhor, dê aos necessitados’. Essa oração só tem valor, para Deus, se a gente der aos necessitados. Não é para Deus dar, Deus quer nos usar para dar aos necessitados. A mesma coisa acontece em relação à política”, ilustra Leonardo.

“‘Senhor, resolva o problema do Brasil’, ‘Senhor, cuide do meu País’, não. Essa oração não tem sentido, ela é nula do ponto de vista bíblico mesmo. Deus quer nos usar como agentes transformadores. Isso até tem acontecido na atual conjuntura, só que na minha opinião, no sentido errado”, acrescenta o cantor.

Leonardo esclarece que não votou no atual governo e nem é favorável a ele, mas acredita que a crise política se instaurou por culpa da incapacidade de Dilma administrar a economia e política. “Mas, para mim, incapacidade não é razão para impeachment. A verdade é que se ela não tivesse fracassado enquanto governante, nós não estaríamos perseguindo o impeachment dela, não haveria esse apoio popular. A crise está gerando algo que é anti constitucional, na minha opinião.” (Guiame)

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