quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Vamos falar sobre... os livros apócrifos

O termo apócrifo, é comumente usado para a coleção de 14 ou 15 livros ou partes de livros que em algum tempo foram colocados entre os livros do Velho e do Novo Testamentos. Para nós, designa os livros que não faziam parte do Cânon Hebraico, que não são inspirados, porém, foram anexados à Septuaginta e à Vulgata Latina.

Etimologicamente a palavra significa oculto, escondido longe. É uma das palavras que tem sofrido várias transformações semânticas, pois seu sentido tem variado com o tempo e com diferentes grupos sociais que a têm empregado. Nos dias de Jerônimo, designava a literatura “falsa”, isto é, não inspirada.

O vocábulo tem sido usado diferentemente por estudiosos católicos e protestantes. Para os protestantes apócrifo significa que o livro não fazia parte do cânon hebraico, portanto não inspirado, enquanto os católicos designam estes livros como deuterocanônicos e denominam de apócrifos os livros que os estudiosos protestantes chamam pseudo-epígrafos.

Estes livros foram escritos durante os dois últimos séculos A.C. e no primeiro século A.D.

A literatura apócrifa é uma importante fonte, não apenas para o conhecimento da história, cultura e religião dos judeus, mas também utilíssima para nossa compreensão dos acontecimentos intertestamentários.

Nossos opositores, por vezes, afirmam que as Bíblias protestantes são incompletas, falsas, por não possuírem os livros apócrifos; por isto, este assunto precisa ser bem estudado, para que se possa dar uma resposta correta e autorizada sobre este problema. Uma atenta comparação entre esses livros e os textos inspirados, reconhecidos unânime e universalmente pela Igreja de Deus, desde sempre, mostra a profunda e radical diferença que há entre os primeiros e os segundos, no assunto, no estilo, na autoridade e até nos idiomas usados. 

Só em 15 de abril de 1546, se lembrou a Igreja Católica Romana, pelo Concílio de Trento, de incluir esses livros no cânon Bíblico, como inspirados, impondo-os assim aos seus fiéis. São livros de leitura histórica edificante e úteis como subsídio aos estudos das antiguidades religiosas judaicas.

Lista dos Livros Apócrifos
Embora haja muita divergência quanto ao número dos livros apócrifos, o Comentário Bíblico Adventista, vol. VIII, páginas 50-53, citando pela ordem em que eles aparecem na RSV, apresenta a seguinte lista:

1. O Primeiro Livro de Esdras;
2. O Segundo Livro de Esdras;
3. Tobias;
4. Judite;
5. Adições ao Livro de Ester;
6. A Sabedoria de Salomão;
7. A Sabedoria de Jesus o Filho de Siraque, ou Eclesiástico;
8. Baruque;
9. A Carta de Jeremias;
10. A Oração de Azarias e o Canto dos Três Jovens;
11. Susana;
12. Bel e o Dragão;
13. A Oração de Manassés;
14. O Primeiro Livro dos Macabeus;
15. O Segundo Livro dos Macabeus.

Os Sete Apócrifos Mais Importantes
Os sete mais importantes são: I e II Macabeus, Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico e Baruque. Os quatro primeiros são históricos; Sabedoria de Salomão e Eclesiástico são poéticos, mas também chamados de Sapienciais, Baruque é profético.

Sinteticamente tratam dos seguintes assuntos:

- Os livros de Macabeus contam a história da revolta contra a opressão síria, liderada pela família dos Macabeus.

- Tobias é um conto para ilustrar o mérito de uma vida caritativa e virtuosa.

- Judite é uma lição de patriotismo, na ação destemida de uma viúva judia, que se serviu dos artifícios de sua beleza para assassinar o general do exército inimigo.

- Sabedoria é um louvor à sabedoria de Deus. O autor se apresenta na pessoa de Salomão. É certamente uma ficção literária, Foi escrito no primeiro século a.C.

- Eclesiástico, em grego chamado “Sabedoria de Jesus, Filho de Siraque”, é um compêndio de ética. O texto original se perdeu; resta a tradução grega.

- Baruque, profeta quase completamente desconhecido.

Em relação aos livros considerados apócrifos pelos protestantes, existem razões de sobra para não considerá-los inspirados. Eles ensinam, por exemplo, que: (1) dar esmola purifica o doador de seu pecado (Tb 2:8, 9; Eclo 3:30); (2) é possível expulsar demônios com feitiçaria (Tb 6:8, 18); (3) a alma é imortal (Br 3:4; Sb 3:1-4); (4) pode-se orar e fazer sacrifício pelos mortos (2Mc 12:40-46); (5) vingança, crueldade e egoísmo são atitudes não condenáveis (Jt 9:2; Eclo12:5, 6; 33:27; 42:4). Além disso, nem Jesus nem os apóstolos citaram esses livros, certamente porque não os consideravam inspirados. Aliás, nem os autores dos apócrifos reivindicaram inspiração para seus escritos (2Mc 15:37-39).

Apócrifos do Novo Testamento
Os apócrifos do Novo Testamento não constituem nenhum problema, porque são rejeitados por todas as igrejas cristãs. Não podíamos esperar algo diferente diante da fragilidade de seus escritos. 

1. Evangelhos: Evangelho segundo os Hebreus; Evangelho dos Egípcios; Evangelho dos Ebionitas; Evangelho de Pedro; Protoevangelho de Tiago; Evangelho de Tomé; Evangelho de Filipe; Evangelho de Bartolomeu; Evangelho de Nicodemos; Evangelho de Gamaliel; Evangelho da Verdade.

2. Epístolas: I Clemente, As Sete Epístolas de Inácio; aos Efésios, aos Magnésios; aos Trálios, aos Romanos, aos Filadélfios, aos Esmirnenses e a Policarpo; a Epístola de Policarpo aos Filipenses; a Epístola de Barnabé.

3. Atos: Atos de Paulo; Atos de Pedro; Atos de João; Atos de André; Atos de Tomé.

4. Apocalipses: Apocalipse de Pedro; o Pastor de Hermas; Apocalipse de Paulo; Apocalipse de Tomé; Apocalipse de Estêvão.

5. Manuais de Instrução: Didaquê ou o ensino dos Doze Apóstolos: II Clemente; Pregação de Pedro.

O prof. Leandro Quadros também fala a respeito dos livros apócrifos e o cânon bíblico:


[Maiores informações em Sétimo Dia e Revista Adventista]

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