quinta-feira, 11 de maio de 2023

MÃE: RAINHA OU ESCRAVA DO LAR?

O mundo necessita de mães que o sejam não meramente no nome, mas em todo o sentido da palavra. Podemos dizer com segurança que os deveres que distinguem a mulher são mais sagrados, mais santos, que os do homem. 

A mulher deve ocupar a posição que Deus originariamente lhe designou, de igualdade com o marido. A esposa e mãe não deve sacrificar sua força e permitir fiquem adormecidas suas faculdades, dependendo inteiramente do esposo. Sua individualidade não pode imergir na dele. Ela deve sentir que é igual ao marido - deve estar ao seu lado, fiel no seu posto de dever e ele no seu. Sua obra na educação dos filhos é em todos os respeitos tão elevada e nobre como qualquer posição de honra que ele seja chamado a ocupar, ainda que seja a de principal magistrado da nação.

Há na maioria das famílias filhos de várias idades, alguns dos quais necessitam não somente a atenção e sábia disciplina da mãe, mas também a mais severa, embora afetuosa, influência do pai. Poucos pais consideram esta questão na sua devida importância. Eles negligenciam o próprio dever e assim acumulam pesados encargos sobre a mãe, ao mesmo tempo que se sentem em liberdade de criticá-la e condenar-lhe as ações segundo o seu julgamento. Sob este senso opressor de responsabilidade e censura, a pobre esposa e mãe não raro experimenta culpas e remorsos pelo que fez inocente ou ignorantemente, e frequentemente quando fizera o que melhor lhe fora possível nas circunstâncias. Contudo quando seus exaustivos esforços deviam ser apreciados e aprovados e ela sentir-se alegre, é ao contrário obrigada a andar sob uma nuvem de pesar e condenação porque seu esposo, ao mesmo tempo que ignora o próprio dever, espera que ela cumpra a parte de ambos de maneira satisfatória, sem considerar as circunstâncias desfavoráveis.

Muitos maridos não compreendem e não apreciam suficientemente os cuidados e perplexidades que suas esposas suportam, geralmente confinadas o dia todo à incessante rotina dos deveres domésticos. Frequentemente eles retornam ao lar com a fisionomia carregada, não trazendo alegria ao círculo da família. Se a refeição não saiu na hora, a fadigada esposa, que é a um tempo, faxineira, enfermeira, cozinheira e ama, é saudada com censuras. O marido exigente pode condescender em tomar dos cansados braços da mãe a criança impertinente para que ela possa apressar o alimento da família; mas se a criança está inquieta, esperneia nos braços do pai, dificilmente ele compreenderá ser seu dever desempenhar o papel de ama e procurar acalmá-la. Ele não se demora a considerar quantas horas a mãe suportou a inquietude da criança, mas chama impaciente: "Mamãe, tome o seu filho." Não é de ambos o filho? Não está ele sob a natural obrigação de aceitar sua parte do fardo de criar os filhos?

Pudesse o véu ser afastado e o pai e a mãe ver como Deus a obra do dia, e como Seus olhos infinitos comparam a obra de um com a do outro, e ficariam atônitos ante a revelação celestial. O pai haveria de olhar o seu trabalho em mais modesta luz, enquanto a mãe ganharia nova coragem e energia para persistir em seu trabalho com sabedoria, perseverança e paciência. Agora ela conhece o seu valor. Enquanto o pai tem estado a tratar com coisas que devem perecer e passar, a mãe trata com o desenvolvimento de mentes e caracteres, trabalhando não apenas para o tempo, mas para a eternidade.

O rei em seu trono não tem função mais elevada que a mãe. A mãe é a rainha do lar. Ela tem em seu poder o modelar o caráter dos filhos, para que estejam capacitados para a vida mais alta, imortal. Um anjo não desejaria missão mais elevada; pois em fazendo sua obra ela está realizando serviço para Deus. 

A mãe é a rainha do lar, e os filhos são os seus súditos. Deve governar a casa sabiamente, na dignidade de sua maternidade. Sua influência no lar deve ser excelsa; sua palavra, lei. Se é cristã sob o governo de Deus se imporá ao respeito dos filhos. 

Os filhos devem ser ensinados a considerar sua mãe, não como uma escrava cujo trabalho seja servi-los, mas como uma rainha que deve guiá-los e dirigi-los, ensinando-os mandamento sobre mandamento, regra sobre regra.

A mãe raramente aprecia sua própria obra, e frequentemente se põe tão baixo na estima de seu trabalho que o considera como servidão doméstica. Ela vive na mesma rotina dia a dia, semana a semana, com nenhum resultado especialmente marcante. Ao fim do dia não pode ela dizer quanta coisa terá realizado. Posta em contraste com as consecuções do marido, ela sente que nada fez digno de nota.

Há oportunidades de inestimável valor, interesses infinitamente preciosos, confiados a toda a mãe. A humilde rotina dos deveres que as mulheres têm vindo a considerar como uma fastidiosa tarefa, deveria ser encarada como uma obra grandiosa e nobre. É privilégio da mãe abençoar o mundo pela sua influência, e fazendo isto trará alegria ao seu próprio coração. Ela pode fazer retas veredas para os pés de seus filhos, através de claridade e sombra, em direção às alturas gloriosas do Céu. Mas, unicamente quando ela procura em sua vida seguir os ensinos de Cristo, é que a mãe pode esperar formar o caráter de seus filhos segundo o modelo divino.

A mãe que alegremente assume os deveres que jazem diretamente em seu caminho sentirá que a vida para si é preciosa, porque Deus lhe deu uma obra a realizar. Nesta obra ela não precisa necessariamente comprimir o espírito nem permitir que seu intelecto se debilite.

Que cada mãe compreenda quão grandes são os seus deveres e suas responsabilidades e quão grande será a recompensa da fidelidade. A esfera de atividade da mãe pode ser humilde; mas sua influência, unida à do pai, é tão duradoura como a eternidade. Depois de Deus, o poder da mãe para o bem é a maior força conhecida na Terra.

Ellen G. White (via O Lar Adventista | Ser Mãe - O que é?)

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