Na Bíblia, há palavras que merecem um destaque especial. "Paz" é uma delas. Talvez uma leitura apressada esconda os muitos significados que estas três letras carregam.
O que é paz para você? Já pensou sobre isso?
Se a pergunta fosse dirigida ao profeta Naum, ele diria: "Paz é uma boa notícia" (Naum 1:15) - uma proclamação de sorte mudada, uma celebração. É o grito de quem volta da batalha como vencedor. De fato, a palavra hebraica para paz aqui é shalom, que não significa necessariamente ausência de guerra, mas o que se conquista com a guerra.
Isaías teria outras definições. Para ele, paz é um lugar - é ele quem diz que "aqueles que andam retamente entrarão na paz" (Isaías 57:2) -, mas não um lugar qualquer. Paz é um reino, possui um príncipe (Isaías 9:6) e uma lei peculiares.
Nas palavras de Jesus, paz é um presente (João 14:27), oferecido por Ele mesmo a Seus discípulos, nas páginas sangrentas do evangelho de João. É dom comprado com cravos e cruz, mas concedido pela graça para ligar o céu à terra.
Mas a novidade mais bonita vêm da pena do profeta Miquéias. Ele abre as cortinas do céu e nos revela: paz é uma pessoa. Depois de apresentar Aquele que tem "suas origens no passado distante do infinito” e profetizar sua encarnação miraculosa, assistida pela pequena Belém-Efrata, Miquéias declara: "Ele será a paz" (Miquéias 5:5) dos que O aceitarem e a Ele se renderem.
O mundo grita por paz. Mas para muitos em nossos dias, paz é simplesmente ausência - de problemas, conflitos, tristezas, frustrações, lágrimas e dor. Não sabem que o conceito bíblico é totalmente distinto. Na Bíblia, paz não tem que ver com ausência, mas com presença - presença de Deus. Paz é uma pessoa. Paz é Jesus. Ele é o guerreiro forte que vence a guerra e nos dá boas notícias para contar. Ele é o refúgio, o lugar seguro, que nos oferece segurança, identidade e sustento. Ele é a dádiva que tocou a Terra. Ele é Emanuel - Deus conosco. Ele é nossa paz. E nEle, com Ele e por causa dEle podemos descansar seguros.
Paz é muito mais.
“Não há outra base de paz senão essa. A graça de Cristo recebida no coração subjuga a inimizade; afasta a contenda e enche de amor o coração. Aquele que se acha em paz com Deus e seus semelhantes não se pode tornar infeliz”, descreve Ellen White. “O coração que se encontra em harmonia com Deus compartilha da paz do Céu, e difunde ao redor de si sua bendita influência” (O Maior Discurso de Cristo, p. 28).
Jesus também lembrou que são “bem-aventurados os pacificadores” (Mt 5:9). Na mesma página, Ellen White completou: “Os seguidores de Cristo são enviados ao mundo com a mensagem de paz. Qualquer ser humano que, pela serena, inconsciente influência de uma vida santa, revela o amor de Cristo; qualquer ser humano que, por palavras ou ações, leva outro a abandonar o pecado e entregar o coração a Deus é um pacificador”. Isso não significa uso de armas nem conflitos de rua. Tem que ver com o cumprimento de nossa missão. Compartilhamos a paz por meio da Palavra de Deus, do testemunho pessoal e de uma vida exemplar.
Por outro lado, não podemos nos esquecer de que nunca haverá paz verdadeira enquanto os homens lutarem pelas conquistas exteriores que não comecem com a transformação interior. Os ditadores podem ser derrubados, novos direitos podem ser conquistados e ideias podem ser impostas, mas o coração continuará dominado pelo pecado, e o mal ressurgirá de outra forma. Essa paz é ilusória e passageira. A paz não é resultado da guerra. A paz é um dom de Deus.
Diante de um mundo em permanente convulsão, em que os fatos e as notícias negativas se repetem todos os dias perto e longe de nós, precisamos buscar, receber e compartilhar a paz que só Cristo pode dar. Em um mundo cheio de ódio e contenda, um mundo de guerra ideológica e de conflitos militares, desejamos ser reconhecidos como pacificadores e trabalhar pela justiça e paz mundiais sob Cristo como a cabeça da nova humanidade.
Shalom em Cristo irmão.
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