segunda-feira, 18 de março de 2024

OS ANJOS NA CRISE FINAL

Aparecerão anjos bons e maus
Agentes satânicos sob forma humana tomarão parte neste último grande conflito, para opor-se à edificação do reino de Deus. Anjos celestiais em aparência humana também estarão no campo de ação. Os dois partidos antagônicos prosseguirão existindo até o encerramento do último grande capítulo da história deste mundo. Satanás utilizará cada oportunidade para induzir os homens a apartar-se de seu concerto com Deus. Ele e os anjos que com ele caíram aparecerão na Terra como homens, procurando enganar. Os anjos de Deus igualmente aparecerão como homens, e farão uso de todos os meios em seu poder para derrotar os propósitos do inimigo. Temos uma parte a desempenhar. 

A obra dos anjos malignos através do Espiritismo
Satanás tem há muito estado a preparar-se para um esforço final a fim de enganar o mundo. Pouco a pouco ele tem preparado o caminho para a sua obra-mestra de engano: o desenvolvimento do espiritismo. Até agora não conseguiu realizar completamente seus desígnios; mas estes serão atingidos no fim dos últimos tempos. Com exceção dos que são guardados pelo poder de Deus, pela fé em Sua Palavra, o mundo todo será envolvido por esse engano. Anjos maus aparecem sob a forma dos que morreram, relatando incidentes ligados à vida deles e desempenhando atos que eles realizaram enquanto viviam. Desta forma [os anjos maus] levam as pessoas a acreditar que seus amigos mortos são anjos, os quais podem estar a seu lado e comunicar-se com eles. Esses anjos maus, que se apresentam como os queridos mortos, são tratados com uma certa idolatria, e sua palavra é considerada como de muito maior peso que a Palavra de Deus. 

Milagres no Tempo do Fim
Antes do fim do tempo ele [Satanás] operará maravilhas ainda maiores. Até onde chegar o seu poder, ele há de realizar verdadeiros milagres. Dizem as Escrituras: "E engana os que habitam na Terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse" (Ap 13:14) - não meramente os que ele pretende fazer. Esse texto apresenta alguma coisa mais que simples ilusões. Não precisamos ser enganados. Cenas assombrosas, com as quais Satanás estará intimamente ligado, terão lugar em breve. A Palavra de Deus declara que Satanás operará milagres. Fará com que as pessoas fiquem doentes, e depois, de repente removerá delas seu poder satânico. Serão consideradas então como curadas. Essas obras de cura aparente levarão os adventistas do sétimo dia à prova. Cumpre buscarmos todos armar-nos para o combate em que nos havemos de em breve empenhar. A fé na Palavra de Deus, o estudo apoiado pela oração e aplicado praticamente, será nossa proteção contra o poder de Satanás, levando-nos à vitória pelo sangue de Cristo. 

Espíritos malignos ativos entre o remanescente
Anjos maus na forma de crentes trabalharão em nossas fileiras para introduzir um forte espírito de descrença. Não permitam que nem isto os desanime, mas apresentem um coração sincero para auxílio do Senhor contra os poderes de instrumentos satânicos. Esses poderes do mal se ajuntarão em nossas reuniões, não para receber uma bênção, mas para neutralizar as influências do Espírito de Deus. Satanás e seus anjos aparecerão na Terra como homens e se misturarão com aqueles acerca dos quais a Palavra de Deus diz: "Nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios" (1Tm 4:1). 

Anjos realizarão a obra negligenciada pelos homens
Quando o poder divino se combinar com os esforços humanos, a obra espalhar-se-á como o fogo na palha. Deus empregará meios cuja origem os homens não serão capazes de discernir. Anjos realizarão uma obra que os homens teriam sido abençoados em empreender, não houvessem eles negligenciado os reclamos de Deus. 

Anjos suprirão as necessidades do povo de Deus
Vi os santos deixarem as cidades, e vilas, reunirem-se em grupos e viverem nos lugares mais solitários da Terra. Anjos lhes proviam alimento e água, enquanto os ímpios estavam a sofrer de fome e sede. No tempo de angústia, precisamente antes da vinda de Cristo, os justos serão preservados pelo ministério de anjos celestiais; não haverá segurança para o transgressor da lei de Deus. Anjos magníficos em poder os protegerão, e em favor deles Jeová Se revelará como "Deus dos deuses", capaz de salvar perfeitamente os que nEle puseram a sua confiança. 

Personificações de Satanás
Nessa época aparecerá o anticristo, como o Cristo verdadeiro, e então a lei de Deus será anulada completamente entre as nações do mundo. Amadurecerá a rebelião contra a santa lei de Deus. Mas o verdadeiro líder de toda essa rebelião é Satanás disfarçado em anjo de luz. Os homens serão iludidos e o exaltarão ao lugar de Deus, deificando-o. Mas a Onipotência intervirá, e às igrejas apostatadas que se unirem na exaltação de Satanás, se expedirá a sentença: "Portanto, num dia virão as suas pragas: a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo, porque é forte o Senhor Deus, que a julga" (Ap 18:8). Disfarçado de anjo de luz, Satanás percorrerá a Terra operando maravilhas. Em bonita linguagem apresentará ternos sentimentos. Realizará boas ações. Cristo será personificado, mas em um ponto haverá marcante distinção. Satanás apartará o povo da lei de Deus. Apesar de tudo, a contrafação será tão perfeita que, se possível, os próprios eleitos seriam enganados. Cabeças coroadas, presidentes, governantes em elevada posição, prostrar-se-ão ante suas falsas teorias.

Anjos maus estimulam a perseguição
Satanás está em constante operação para agitar os poderes do inferno de sua confederação do mal contra os justos. Ele capacita instrumentos humanos com seus próprios atributos. Anjos malignos, unidos com homens maus, empreenderão esforços para prejudicar, perseguir e destruir. Ao deixarem os santos as cidades e vilas, eram perseguidos pelos ímpios, que os procuravam matar. Mas as espadas que se levantavam para matar o povo de Deus, quebravam-se e caíam tão impotentes como uma palha. Anjos de Deus protegiam os santos. 

Após o encerramento da Graça
A ira de Satanás aumenta à medida que seu tempo encurta, e sua obra de engano e destruição alcança o clímax. Findou a longanimidade de Deus. O mundo rejeitou Sua misericórdia, desprezou Seu amor e transgrediu Sua lei. Os ímpios ultrapassaram os limites da graça e o Senhor retira deles Sua proteção, deixando-os à vontade do líder que escolheram. Como ato culminante no grande drama do engano, o próprio Satanás personificará Cristo. A igreja tem há muito tempo professado considerar o advento do Salvador como a realização de suas esperanças. Assim, o grande enganador fará parecer que Cristo veio. Em várias partes da Terra, Satanás se manifestará entre os homens como um ser majestoso, com brilho deslumbrante, assemelhando-se à descrição do Filho de Deus dada por João no Apocalipse (cap. 1). A glória que o cerca não é excedida por coisa alguma que os olhos mortais já tenham contemplado. Ressoa nos ares a aclamação de triunfo: "Cristo veio! Cristo veio!" O povo se prostra em adoração diante dele, enquanto este ergue as mãos e sobre eles pronuncia uma bênção, assim como Cristo abençoava Seus discípulos quando aqui na Terra esteve. Sua voz é meiga e branda, cheia de melodia. Em tom manso e compassivo apresenta algumas das mesmas verdades celestiais e cheias de graça que o Salvador proferia; cura as doenças do povo, e então, em seu pretenso caráter de Cristo, alega ter mudado o sábado para o domingo, ordenando a todos que santifiquem o dia que ele abençoou. Declara que aqueles que persistem em santificar o sétimo dia estão blasfemando de seu nome, pela recusa de ouvirem seus anjos a eles enviados com a luz e a verdade. É este o poderoso engano, quase invencível. 

Anjos e o Decreto Universal de Morte
As sentinelas celestiais, fiéis ao seu encargo, continuam com sua vigilância. Visto que um decreto geral haja fixado um tempo em que os observadores dos mandamentos poderão ser mortos, seus inimigos nalguns casos se antecipam ao decreto e, antes do tempo especificado, se esforçam por tirar-lhes a vida. Mas ninguém pode passar através dos poderosos guardas estacionados em redor de toda alma fiel. 

Deus Se interpõe quando os ímpios tentam matar o Seu povo
O povo de Deus - alguns nas celas das prisões, outros escondidos nos retiros solitários das florestas e montanhas pleiteia ainda a proteção divina, enquanto por toda parte grupos de homens armados, instigados pelas multidões de anjos maus, se estão preparando para a obra de morte. É então, na hora de maior aperto, que o Deus de Israel intervirá para o livramento de Seus escolhidos. É à meia-noite que Deus manifesta o Seu poder para o livramento de Seu povo. O sol aparece resplandecendo em sua força. Sinais e maravilhas se seguem em rápida sucessão. Os ímpios contemplam a cena com terror e espanto, enquanto os justos vêem com solene alegria os sinais de seu livramento. 

A Segunda Vinda de Cristo
Cristo vem com poder e grande glória. Vem com Sua própria glória e com a glória do Pai. Vem com todos os santos anjos. Ao passo que o mundo todo estará mergulhado em trevas, haverá luz em todos os lares dos santos. Eles hão de captar os primeiros raios de luz de Sua segunda aparição. Surge logo no oriente uma pequena nuvem negra, aproximadamente do tamanho da mão de um homem. É a nuvem que rodeia o Salvador, e que, a distância, parece estar envolta em trevas. O povo de Deus sabe ser esse o sinal do Filho do homem. Em solene silêncio fitam-na enquanto se aproxima da Terra, mais e mais brilhante e gloriosa, até se tornar grande nuvem branca, mostrando na base uma glória semelhante ao fogo consumidor e encimada pelo arco-íris do concerto. À sua volta, milhares e dezenas de milhares de anjos cantam a mais adorável canção. Sobre ela assenta-Se o Filho do homem. Nenhuma linguagem humana é capaz de descrever as cenas da segunda vinda do Filho do homem nas nuvens do Céu. Virá vestido nos trajes de luz, os quais tem usado desde os dias da eternidade. 

Os anjos e os ressuscitados
Por entre as vacilações da Terra, o clarão do relâmpago e o ribombo do trovão, a voz do Filho de Deus chama os santos que dormem. Ele olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos para o céu, brada: "Despertai, despertai, despertai, vós que dormis no pó, e surgi!" Ele morreu por nós, e ressuscitou em nosso favor, a fim de que pudéssemos sair da sepultura para um glorioso companheirismo com os anjos celestiais, encontrar-nos com nossos entes queridos e reconhecer-lhes a fisionomia, pois a semelhança com Cristo não destrói sua imagem, mas a transforma à gloriosa imagem dEle. Todos os santos ligados aqui por laços familiares conhecerão ali uns aos outros. Os justos vivos são transformados "num momento, num abrir e fechar de olhos" (1Co 15:52). À voz de Deus foram eles glorificados; agora tornam-se imortais, e com os santos ressuscitados, são arrebatados para encontrar seu Senhor nos ares. Os anjos ajuntarão "os Seus escolhidos, desde os quatro ventos, da extremidade da Terra até a extremidade do céu" (Mc 13:27). Existem colunas de anjos em ambos os lados, e os redimidos de Deus entram por entre querubins e serafins. Cristo lhes dá as boas-vindas e pronuncia sobre eles a bênção: "Bem está, servo bom e fiel... entra no gozo do teu Senhor" (Mt 25:21). 

Satanás e os anjos maus são confinados à Terra
A Terra inteira se parece com um deserto assolado. As ruínas das cidades e vilas destruídas pelo terremoto, árvores desarraigadas, pedras irregulares lançadas pelo mar ou arrancadas da própria terra, espalham-se pela superfície, enquanto vastas cavernas assinalam o lugar em que as montanhas foram separadas de sua base. Aqui deverá ser a morada de Satanás com seus anjos maus durante mil anos. Restrito à Terra, andará de um lado para outro em sua arrebentada superfície, para observar os efeitos de sua rebelião contra a lei de Deus. Durante mil anos poderá "desfrutar" dos resultados da rebelião que provocou. Não terá acesso a outros mundos, para tentar e molestar os que jamais caíram. 

Ellen G. White (via  A Verdade Sobre os Anjos, pp. 261-282)

sexta-feira, 15 de março de 2024

O QUE OS ADVENTISTAS COMEM?

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma denominação cristã presente em mais de 200 países e territórios. Para além dos templos espalhados em todo mundo, os adventistas também são conhecidos por um outro aspecto peculiar: o cuidado com a saúde.

Além das 700 unidades de saúde espalhadas pelo mundo, como hospitais e clínicas, a preocupação em ensinar às pessoas um estilo de vida saudável ocupa um lugar importante no cotidiano da igreja, através de iniciativas como:

- Feiras de saúde em espaços públicos
- Corridas de rua
- Clube Vida e Saúde nas igrejas locais
- Exercício físico em grupo: funcional, natação, ginástica, ciclismo e caminhada
- Escolas de culinária
- Hortas comunitárias
- Cursos como: terapias naturais, gerenciamento emocional, oito remédios naturais, como deixar de fumar

Neste artigo, você vai descobrir o que os adventistas comem e porquê os adventistas se importam com a saúde e aprenderá sobre a dieta recomendada pela Bíblia praticada pelos adventistas.

A dieta adventista é uma recomendação divina
A Igreja Adventista do Sétimo Dia foi fundada em 1863 nos EUA, uma época que foi marcada por grandes grandes epidemias, como a gripe, cólera e a febre amarela.

Ellen White, uma das pioneiras do movimento adventista, foi escolhida por Deus para compartilhar conselhos importantes sobre como os hábitos de vida afetam o bem-estar físico, mental e espiritual.

Sem dúvida, esses conselhos foram e são fundamentais, principalmente no contexto da realidade atual onde hábitos alimentares são dominados por uma abundância de opções ultraprocessadas, ricas em açúcares e sódio, cada vez mais longe do natural e saudável.

O que os adventistas comem: livros que falam sobre o assunto
Diversos livros e publicações oficiais da Igreja Adventista do Sétimo Dia reúnem orientações sobre o cuidado com a saúde.

Para quem deseja se informar diretamente da fonte sobre o estilo de vida adventista orientado por Deus, recomendamos a leitura destes livros:

- A ciência do bom viver
- Conselhos sobre o regime alimentar
- Conselhos sobre saúde
- Temperança

Se você quiser adquirir a versão física dos livros acima, é só acessar o site da Casa Publicadora Brasileira.

Mas é possível também ter acesso a todos os livros de Ellen White na versão digital, de forma grátis, clicando neste link.

Vegetarianismo: Uma recomendação para a comunidade
Em síntese, Ellen White aconselha uma dieta rica em verduras, frutas, grãos integrais e nozes, evitando ovos e laticínios. Além disso, bebidas estimulantes, como café e chá preto, também estão fora da dieta adventista.

Ou seja, um estilo de alimentação que valoriza os alimentos naturais. Assim, as dietas mais adotadas pelos adventistas são a vegetariana estrita ou ovolactovegetariana.

Se você está pensando em adotar essa dieta ou simplesmente quer explorar novas opções alimentares, confira este guia detalhado: cardápio vegetariano completo para 7 dias.

A Igreja Adventista recomenda hábitos de saúde, mas não impõe mudanças
Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia oficialmente aconselhe seus membros a adotarem uma dieta vegetariana, vendo-a como fundamental para o crescimento espiritual e missão da denominação, as práticas alimentares entre os adventistas variam.

A Igreja continuamente encoraja os membros que além de uma alimentação saudável adotem outras atitudes para um estilo de vida saudável, entre elas: exercício físico, água, ar puro, luz solar, descanso, equilíbrio e confiança em Deus.

Você pode encontrar aqui no site um conteúdo detalhado a respeito das 8 atitudes de saúde recomendadas pela Igreja Adventista para obter saúde plena.

Além disso, reconhece que cada um está em um estágio diferente de transformação de hábitos e que a melhoria é um processo gradual e pessoal.

Sobretudo, já existem diversos estudos abordando a longevidade em comunidades adventistas que praticam estes 8 hábitos naturais. Inclusive, uma das nove regiões do mundo conhecidas como Blue Zones, onde as pessoas vivem mais, é habitada por uma comunidade adventista que consomem habitualmente vegetais e praticam outros hábitos saudáveis.

O que os adventistas NÃO comem
A Igreja Adventista do Sétimo Dia também segue diretrizes alimentares baseadas em preceitos bíblicos, especialmente os encontrados em Levíticos 11.

Esses ensinamentos proíbem o consumo de alimentos impuros, como carne suína, peixes de couro e crustáceos, a exemplo do camarão.

Mas o tema saúde na Bíblia vai muito além disso

Deus quando fala de saúde traz uma abordagem muito mais ampla, denominando saúde de forma integral: físico, mental e espiritual.

Logo, para os adventistas, seguir as diretrizes de Deus garantem uma melhor qualidade de vida em todas as esferas, em razão do cuidado com o corpo e principalmente, mediante o relacionamento com Deus.

Dessa maneira, pesquisas apontam que os adventistas vivem até sete vezes mais, comparado a expectativa de vida dos americanos.

“Se vocês derem atenção ao Senhor, o seu Deus, e fizerem o que Ele aprova, se derem ouvidos aos seus mandamentos e obedecerem a todos os seus decretos, não trarei sobre vocês nenhuma das doenças que eu trouxe sobre os egípcios, pois eu sou o Senhor que os cura” (Exôdo 15:26).

Por que os adventistas falam sobre a saúde?
Em conclusão, a Igreja Adventista tem a saúde como uma tema de grande importância. Esse foco em saúde e bem-estar não é um acaso, mas está profundamente enraizado em princípios bíblicos dado pelo nosso Criador, pois Ele sabe exatamente como devemos viver para ter mais saúde.

Nesse sentido, os adventistas veem o corpo humano como um templo do Espírito Santo e acreditam que cuidar deste templo é uma forma de honrar a Deus e se aprofundar na experiência espiritual com Ele. Por isso, o que os adventistas comem é algo que eles consideram na prática de sua fé.

Depois de entender que cuidar da alimentação é uma forma de adorar a Deus, reflita sobre como você pode nutrir melhor seu templo a partir de hoje!

Alessandra Guimarães (via Quero Vida e Saúde)

quinta-feira, 14 de março de 2024

TOP 10: EXPRESSÕES E VÍCIOS DE LINGUAGEM NA IGREJA

É interessante notar como, com o tempo, certas expressões de linguagem e “vícios” de comportamento acabam sendo incorporados e cristalizados no meio religioso (no que diz respeito às expressões, isso é até normal, em qualquer língua falada). A lista abaixo é apenas uma sugestão para ajudar especialmente os líderes e comunicadores das igrejas a aprimorar o trabalho que desempenham e que é muito importante para Deus e para a comunidade:

1. “Senhor, abençoa os que não puderam vir por motivo justo.” Esse tipo de súplica é comum em cultos quando geralmente há menos pessoas na igreja. Infelizmente, é um tipo de oração legalista que procura excluir das bênçãos de Deus certas pessoas. Se alguém deixou de ir à igreja por “motivo injusto”, aí, sim, é que devemos orar por essa pessoa. O melhor mesmo é ser inclusivo e orar: “Senhor, abençoa aqueles que não puderam vir. Que Teu Espírito esteja com eles neste momento.” Outro detalhe: tem gente que parece ter fixação pelos que não vieram à igreja. O dirigente começa a reunião e já dispara: “Apesar de termos muitos bancos vazios...” ou “Mesmo sendo poucos...” Vamos valorizar os que estão presentes. Pra que ficar falando toda hora de quem não veio? Nenhum apresentador de TV fala sobre os que não estão assistindo ao seu programa... Quem não veio que ore em casa por si mesmo e vá à reunião seguinte, se for possível.

2. “Aqueles que puderem, vamos nos ajoelhar para orar.” Essa também já virou “vício”. É evidente que somente se ajoelharão aqueles que puderem. E os que não puderem por certo serão tão poucos que nem é preciso mencionar. Essa frase é dispensável.

3. “Senhor, que Tuas bênçãos venham de encontro às nossas necessidades.” Tenho certeza de que quem ora dessa maneira não quer esbarrar nas bênçãos de Deus nem ser atingido por elas. Vir de encontro é se chocar contra. O correto, então, é pedir que as bênçãos de Deus venham ao encontro das nossas necessidades, ou seja, estejam de acordo com o que precisamos.

4. “Viemos aqui para celebrar...” Viemos é pretérito perfeito de “vir”. Talvez o mais adequado seja dizer “vimos”, presente do indicativo de “vir”. Mas dizer “Vimos aqui” fica muito formal, não é? Então, que tal mudar para algo do tipo: “Estamos aqui para celebrar...”? Na dúvida, saia pela tangente e busque sempre a maneira mais simples (porém correta) de falar.

5. “Senhor, abençoa esta semana que para nós é desconhecida”; “Não temos mérito algum, mas confiamos nos méritos do Teu filho Jesus Cristo”; etc. Não há nada de gramaticalmente errado nessas frases, mas será que quem as usa está pensando no que diz? Aqui quero chamar atenção para as “frases feitas” que povoam nossas orações. Oração, como bem definiu Ellen White, é abrir o coração a Deus como se faz com um amigo. Portanto, as orações, mesmo as feitas em público, deveriam ser dirigidas a Deus com palavras simples e sem modismos ou tradicionalismos ditos automaticamente.

6. “Quando a porta da graça for fechada”; “Depois do tempo da sacudidura”; “O povo remanescente da profecia”; “A pena inspirada registra que...”; “O povo laodiceano”; “Segunda hora”; “Vamos para o lava-pés”; “O departamento de Mordomia”, “Fazer o pôr-do-sol” (não precisa fazer, ele é automático!); “Devolução do pacto”; etc. Novamente, nada há de errado com essas frases e expressões. Mas imagine que você não é adventista ou não é cristão e está visitando uma igreja adventista pela primeira vez. Como interpretaria essas expressões? Entenderia alguma coisa? Portanto, os pregadores devem tanto quanto possível evitar o “adventistês”. Se tiverem que usar termos do jargão adventista, o melhor é explicá-los em seguida. Nossa mensagem tem que ser clara, simples e universal.

7. Outro “vício” envolve a palavra “possa” (e suas variantes) e até lança dúvida sobre o poder de Deus. Quer um exemplo? “Senhor, que Tu possas nos perdoar os pecados. Que Tu possas conceder a cura ao irmão fulano e que nós possamos ser fieis a Ti.” Além de ficar sonoramente feio, quando repetido, o “possa” aplicado a Deus relativiza o poder dEle. É claro que Deus pode! Talvez Ele não queira algumas coisas, mas que pode, pode. Assim, melhor seria orar: “Senhor, perdoa nossos pecados. Se Tu quiseres, cura o irmão fulano e ajuda-nos a ser fieis a Ti.”

8. Imperativos são outro problema. Errado: “Senhor, cure”, “Senhor, ouça”, “Senhor, atenda”, “Senhor, faça”. Correto: “Senhor, cura”, “Senhor, ouve”, “Senhor, atende”, “Senhor, faze”. Ok, essa é um pouco mais complicada, mas, com o tempo, um pouco de estudo e atenção, é possível orar direitinho sem perder a espontaneidade. Devemos sempre oferecer o melhor a Deus, inclusive nosso melhor português possível.

9. Como mais ninguém (a não ser os mais antigos e alguns preciosistas) usa a palavra “genuflexos”, basta dizer “ajoelhados”. Sim, porque “de joelhos” (desde que tenhamos pernas completas) sempre estaremos, mesmo quando ajoelhados. O mesmo vale para “de pé”. O certo é “em pé”. (Porém, fica aqui o registro de que o Dicionário Houaiss já aceita a expressão “de joelhos”.)

10. Para encerrar esta lista (mas não o assunto e a preocupação que ele levanta), não poderíamos deixar de fora expressões exclusivistas, como, por exemplo, “não adventistas”. Você conhece alguém que gosta de ser chamado “não”? “Apresento-lhes este meu não parente.” Horrível, né? Então, evitemos termos que dão a impressão de que somos um clube fechado, exclusivo. Nada de “não adventista”, “mundanos”, etc. Podemos nos referir a “amigos visitantes”, “irmãos evangélicos”, etc. É mais simpático.

Resumindo: temos que descomplicar nossa linguagem e liturgia a fim de que não criemos barreiras para a compreensão da mensagem que é simples e clara: Deus nos ama e quer nos salvar.

quarta-feira, 13 de março de 2024

CRIANÇAS MIMADAS

Nesta atual edição do BBB, tanto a cantora Wanessa Camargo quanto a modelo Yasmin Brunet foram chamadas de mimadas por outros participantes. De acordo com o dicionário, o termo faz referência àquela pessoa tratada com facilidades, recebendo o que desejava sem esforço – seja para ser, simplesmente, agradada, seja por fraqueza de quem oferece essas facilidades para não magoar.

A resposta para tal comportamento está, muitas vezes, relacionada ao processo de criação daquele indivíduo. De acordo com Juliana Gebrim, psicóloga formada pela Universidade de Brasília (UnB), crianças criadas de formas inadequadas podem desenvolver uma falta de habilidades sociais e emocionais. Além disso, muitas vezes elas sentem dificuldade em lidar com a frustração, a negação de desejos e também não se sentem preparadas para enfrentar desafios do mundo real.

“As crianças mimadas podem ter dificuldade em construir relacionamentos saudáveis, pois podem ter uma expectativa constante de gratificação imediata. A falta de independência pode resultar em uma autoestima frágil, já que essas crianças podem se tornar inseguras e dependentes da aprovação externa. A vida adulta pode apresentar desafios, pois enfrentarão dificuldades em lidar com adversidades e responsabilidades”, explica.

Segundo Gebrim, a dificuldade de adaptação e as exigências das pessoas mimadas podem ser percebidas na infância e solucionadas. “Sinais como dificuldade em lidar com a frustração, falta de empatia, comportamento exigente, recusa em ajudar nas tarefas e falta de apreciação indicam a possibilidade da criança estar mimada. Essas atitudes podem influenciar negativamente o desenvolvimento, prejudicando a capacidade da criança de enfrentar desafios, compreender as necessidades dos outros e desenvolver um senso de responsabilidade”, destaca a profissional.

A psicóloga é a favor de usar estratégias para evitar que as crianças tenham um mau comportamento quando adultas, como estabelecer regras consistentes e promover a responsabilidade desde cedo. “Além disso, os pais devem modelar comportamentos positivos, demonstrar empatia e ensinar sobre gratidão, promovendo uma abordagem equilibrada para ajudar as crianças a se tornarem adultos independentes, responsáveis e conscientes das necessidades dos outros”, diz.

Em programas como o BBB, um dos principais motivos de confusões é a dificuldade das pessoas mimadas em aceitar as normas de convivência do ambiente e precisar cooperar com os demais indivíduos. “Estabelecer limites desde cedo também contribui para a formação de valores e normas sociais, pois a criança internaliza princípios éticos e aprende sobre a importância do respeito mútuo e da cooperação”, indica Gebrim.

A psicóloga explica que estabelecer limites claros e consistentes proporciona um senso de segurança e previsibilidade, o que permite que a criança compreenda o que é esperado dela e o que pode ou não fazer. “Esses limites consistentes promovem a autonomia e a responsabilidade. Assim, ao aprender sobre consequências para suas ações, a criança desenvolve um senso de controle e compreende que suas escolhas têm impacto no ambiente ao seu redor“, ressalta.

Mesmo sendo necessário estabelecer limites claros, desenvolver a responsabilidade das crianças e desencorajar comportamentos inadequados, a psicóloga destaca que é crucial garantir que necessidades básicas, como alimentação, sono e afeto, sejam prontamente atendidas.

Além dos pais terem que ficar atentos às atitudes dos filhos, também é de extrema necessidade que eles repensem os próprios comportamentos para que as crianças não imitem atitudes inadequadas. Como na infância os pais são a principal inspiração das crianças, é importante que eles passem os valores não apenas com palavras, mas também com ações.

Finalizo com este atualíssimo texto escrito por Ellen G. White há mais de 150 anos: 

"Nesta época rebelde, os filhos que não receberam a devida instrução e disciplina, têm bem pouca compreensão de sua obrigação para com os pais. Dá-se muitas vezes que, quanto mais os pais fazem por eles, tanto mais ingratos são, e menos os respeitam. As crianças que foram mimadas e servidas, esperam sempre isto; e caso sua expectativa não se realize, ficam decepcionadas e perdem o ânimo. Essa mesma disposição se manifestará através de toda a sua vida; serão impotentes, dependendo do auxílio de outros, esperando que outros os favoreçam, e lhes façam concessões. E caso encontrem oposição, mesmo depois de atingirem a idade adulta, julgam-se maltratados; e assim atravessam penosamente o caminho pelo mundo, mal sendo capazes de levar as próprias cargas, murmurando e irritando-se frequentemente porque tudo não vai à medida de seus desejos.

Pais imprudentes estão ensinando a seus filhos lições que se lhes demonstrarão nocivas, e plantando ao mesmo tempo espinhos para os próprios pés. Julgam que, mediante o satisfazer aos desejos dos filhos, e deixá-los seguir as próprias inclinações, podem granjear-lhes o amor. Que erro! As crianças assim mimadas crescem sem restrições aos seus desejos, insubmissas na disposição, egoístas, exigentes e autoritárias, uma maldição para si mesmas e para os que as cercam. Em grande parte, os pais têm nas mãos a futura felicidade de seus filhos. Repousa sobre eles a importante obra de formar o caráter dos mesmos. Os ensinos ministrados na infância os acompanharão através da vida. Os pais semeiam as sementes que brotarão e darão frutos, seja para bem, seja para mal. Eles podem habilitar seus filhos e filhas para a felicidade ou para a miséria" (Testemunhos para a Igreja 1, pp. 392-393).

[Com informações de Metrópolis]

terça-feira, 12 de março de 2024

HEBREU, ISRAELITA OU JUDEU?

Compreender e utilizar a terminologia correta, especialmente nos domínios social, político e religioso, não só facilita a comunicação sem mal-entendidos, como também nos ajuda na compreensão de acontecimentos históricos de particular importância para a humanidade.

Muitas pessoas, principalmente do ocidente, ainda se confundem sobre a diferença entre os termos: hebreu, israelita e judeu. Vamos entender de forma resumida a origem e significado dos nomes e também um pouco da história por trás desse povo ao qual estes três nomes se referem.

Hebreu (עברי, em hebraico)
A primeira vez nos livros de Moisés (Torá, para os judeus; Pentateuco, para os cristãos) em que o termo “hebreu” aparece é no livro de Gênesis, referindo-se, exatamente, ao pai deste povo, Abraão: "Então veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; ele habitava junto dos carvalhais de Manre, o amorreu, irmão de Escol, e irmão de Aner; eles eram confederados de Abrão" (Gênesis 14:13).

Embora a tradição judaica ofereça pelo menos duas correntes para explicar o nome, vamos considerar aquela que é mais aceita pela maioria dos teólogos. Ela se refere aos descendentes de Héber (עֵבֶר em hebraico). O capítulo 10 de Gênesis fala dos descendentes de Noé e das nações que se formaram a partir deles. Noé teve três filhos: Sem, Cam e Jafé, além de outros mais que nasceram depois do dilúvio. Héber foi um dos trisnetos de Sem, filho de Noé.

O nome de Héber é importante porque, segundo a tradição judaica, foi graças a ele que a língua que eles falam foi preservada por Deus. Segundo a tradição judaica, Héber teria se recusado a participar da construção da Torre de Babel e, portanto, o idioma hebraico foi preservado e recebeu este nome em homenagem a Héber, e desta forma, deu também nome ao povo que falava Hebraico, o povo Hebreu. Algumas pessoas tem dificuldade em entender Gênesis 10:5, 10:20 e 10:31, pois estes versículos parecem trazer uma contradição ao citarem povos com suas próprias línguas antes do capítulo 11, que é o capítulo que informa que só havia uma língua na Terra, sendo que é neste mesmo capítulo que é descrito como e porque houve a divisão das línguas.

A resposta é que a narração não é cronológica, mas sim tópica, como se fosse um adendo, ou uma observação do autor. Para sustentar isso, podemos ler Gênesis 10:25, que apresenta um dos filhos de Héber: Pelegue. Héber teve dois filhos: um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra; e o outro foi Joctã (Gênesis 10:25).

Existe um motivo para Pelegue ter este nome. Pelegue (פלג, em hebraico) significa separar, dividir. Assim, é muito provável que ele tenha recebido este nome em relação ao ato da criação das várias línguas no evento da Torre de Babel, que dividiu completamente o mundo em grupos linguísticos específicos. Vale salientar ainda que existem indícios extra-bíblicos, como por exemplo – as tábuas sumérias – que relatam a existência de apenas uma língua universal no mundo antigo.

Assim, podemos dizer que “hebreu”, da perspectiva etimológica, provem de Héber. No que diz respeito ao grupo de pessoas, podemos dizer que “hebreu” é o povo que descende de Sem, filho de Noé. Ou seja, é o povo semita. Por isso, que atualmente vemos o uso de antissemitismo como uma postura contrária ao povo judeu.

Israelita (ישׁראל, em hebraico)
O termo “israelita” é a versão em português do termo “filhos de Israel” (Bnei Yisrael), que aparece várias vezes na Bíblia (são 608 vezes em traduções como a Almeida). Assim, a melhor maneira de entender o significado de israelita é procurar o significado de Israel.

O nome “Israel”, que no hebraico significa “lutar com Deus”, foi atribuído a Jacó: "E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou-lhe Israel" (Gênesis 35:10).

Quem foi Jacó? De acordo com a Tanakh (escrituras judaicas) e o Corão (escrituras islâmicas), Isaac foi o único filho de Abraão com Sara. Isaac, por sua vez, teve dois filhos com Rebeca, sendo Jacó e Esaú. Enquanto a descendência de Esaú formou os edomitas, a descendência de Jacó gerou os israelitas (Lembrando que Jacó teve o nome mudado para Israel).

Assim, israelita é o povo descendente de Jacó. Jacó, juntamente com seu pai (Isaac) e avô (Abraão), são considerados os patriarcas dos filhos de Israel, os israelitas. O próprio Deus confirma isso, anos depois, a Moisés: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó" (Êxodo 3:6a).

Jacó teve 12 filhos com 4 mulheres diferentes (Gênesis 49), além de uma filha (Gênesis 30:21), e teve 70 descendentes diretos (Êxodo 1:5).

Israelense
Não é um termo bíblico, mas um adjetivo pátrio que se refere ao cidadão do moderno Estado de Israel, independentemente da sua origem étnica ou credo religioso, e que desfruta de todos os direitos que as leis deste país concedem aos seus cidadãos, bem como estando sob o dever de cumprir todas as obrigações que lhe são inerentes. Desde 1948, quando foi fundado o Estado de Israel, este título passou a ser aplicado a todos que possuem cidadania israelense, mesmo que não sejam descendentes de Israel (Jacó), o grande patriarca do povo (etnia) israelita. Ou seja, é perfeitamente possível ser israelense e não ser hebreu ou judeu.

Judeu (יְהוּדִי em hebraico)
Para entender o significado do termo “judeu“, temos que primeiro entender que dos 12 filhos de Jacó surgiram as 12 tribos de Israel. Abaixo está um mapa com as doze tribos de Israel por volta do ano 1.100 a.C, conforme nos informa o livro de Josué:

Pode-se notar que uma dessas tribos é a de Judá. O termo “judeu” está ligado ao nome Judá, mas não quer dizer que ele se refira apenas ao povo desta tribo. O termo “judeu” se refere ao povo de todas as 12 tribos. Vamos ver o porquê disso.

Conforme vemos no livro de Ester, esta tribo foi predominante durante o período que antecedeu o retorno daquele povo à terra prometida, assim como durante os primeiros anos deste retorno, conforme os livros de Esdras e Neemias. O fato que justifica o uso generalizado do termo judeu é que havia a predominância da tribo de Judá neste período, assim todo o povo das doze tribos passou a ser chamado de judeu.

Embora as primeiras aparições no nome “judeu” em muitas traduções das Escrituras só se deem no livro de 2 Reis 16:6 e 2 Reis 25:25, no hebraico a tradução mais adequada seria “homens de Judá”. Apenas nos livros de Esdras, Neemias e Ester é que podemos dizer que há efetivamente a utilização deste termo no sentido de povo das doze tribos.

Qualquer indivíduo que adira ao judaísmo, a religião monoteísta mais antiga do mundo, é considerado judeu, quer tenha nascido dentro ou fora de Israel. Segundo estimativas recentes, a população judaica mundial é de 13 milhões de pessoas, 41% dos quais vivem em Israel.

Conclusão
Agora, fica entendido que Hebreu originou-se de Héber; que Israelita originou-se de Jacó; e que Judeu originou-se da tribo de Judá. Todos esses termos têm o mesmo objetivo: referir-se ao povo escolhido por Deus, embora em épocas diferentes.

segunda-feira, 11 de março de 2024

LIÇÕES DO RAMADÃ

O Ramadã, um mês sagrado para os muçulmanos do mundo inteiro, começou neste domingo (10). Os praticantes vão fazer jejum entre o nascer e o pôr-do-sol, aumentar a quantidade de orações e se esforçar mais em praticar caridade, um dos preceitos da religião.

Entre os pilares do Islamismo talvez o mais “famoso” seja o Ramadã. Todos os muçulmanos devem praticá-lo, à exceção apenas de crianças abaixo de dez anos, pessoas doentes, mulheres grávidas (ou em período pós-parto) ou durante a menstruação (quando estão cerimonialmente impuras) para buscarem a Alá. Durante todo muçulmano deve se abster de qualquer tipo de comida, bebida, cigarro, etc. do amanhecer ao cair da noite. Até mesmo as relações sexuais são proibidas. A obediência às regras são tão sérias que, se um muçulmano for pego comendo ou bebendo algo em público, ele é preso.

Ao cair a noite tudo muda no país. Durante o Ramadã apenas duas refeições são servidas nas casas. As famílias se reúnem logo ao pôr-do-sol para o “café da manhã” e a outra refeição principal acontece um pouco antes do nascer do sol por volta das 3 horas da manhã. Mas o Ramadã não transforma apenas a rotina e os horários das famílias. O comércio também é afetado durante esse período. Restaurantes, lanchonetes, shoppings, etc. abrem e fecham suas portas em horários diferenciados. Os órgãos públicos iniciam suas atividades somente a partir das 10 horas da manhã e alguns permanecem fechados até o meio-dia quando então lentamente iniciam as atividades. Apenas os serviços essenciais à população funcionam nos horários convencionais.

Nos dez últimos dias do Ramadã, os muçulmanos devem dedicar o maior tempo possível para se aproximar de Alá. Devem ir à mesquita com mais frequência e dedicar mais tempo à leitura do Corão. No final dos 30 dias, começa a festa de “Id al-Fítãr” que se estende por três dias, e marca a quebra do jejum na comunidade. Esse período é considerado feriado nacional e todas as famílias começam a visitar-se mutuamente. Sobre os homens da casa (pais, avôs, tios e irmãos) repousa a responsabilidade de presentear cada criança da família com dinheiro.

Especialmente as meninas devem recebê-lo como uma demonstração de que sempre terão o apoio e o cuidado dos homens da “casa”. Durante o Ramadã, as famílias muçulmanas devem dar esmolas no valor de uma refeição aos pobres. Aqueles que por alguma razão (viagem para o exterior, trabalho, doença, etc.) não puderem jejuar durante o Ramadã, devem doar o valor das suas refeições também aos pobres.

Neste ano, o Ramadã acontece em meio à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. O conflito começou depois que os terroristas invadiram e mataram israelenses, em outubro. Meses depois, a guerra deixou grande parte de Gaza em ruínas e criou uma catástrofe humanitária, com muitos palestinos sem ter o que comer.

Os muçulmanos deverão aumentar suas doações para os palestinos por causa da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, da Faixa de Gaza, além de incorporar símbolos palestinos.

O nono mês do calendário, quando o Ramadã inicia, é um mês bastante importante porque nele ocorreu a primeira revelação do Corão ao profeta Maomé. Mas a essa altura você deve estar se perguntando: por que jejuar durante um período tão longo? O que representa esse jejum? Na teoria, a ideia é fazer com que aqueles que tem mais posses e recursos financeiros possam sentir na pele durante 30 dias o que o pobres sentem durante todo o ano. Mas isso é na teoria apenas. Segundo o relato de alguns muçulmanos, o Ramadã perdeu em muito o seu significado espiritual e se tornou apenas uma “celebração popular” com fins comerciais.

Artigos de decoração para casa e alimentos para refeições especiais que serão desfrutados apenas com a família e os amigos são vendidos como em nenhum outro período no ano. Para se ter uma ideia, algumas redes de comunicação exibem programas exclusivos somente nesse período. Todas as noites são consideradas pelas emissoras como “horário nobre” elevando o faturamento como em nenhum outro mês no ano.

Isso tudo me leva a pensar se algumas das coisas que fazemos na nossa vida cristã também não perderam o real significado e propósito. Pergunte-se com sinceridade: qual a verdadeira razão para ir à igreja? Suas orações são repetições mecânicas e artificiais ou uma sincera expressão do que você está vivenciando e sentindo? Na teoria tudo é sempre mais fácil e mais bonito, mas o que vale realmente é a intenção e a prática. 

Ellen G. White diz: "Os cristãos precisam ser luzeiros, expondo as palavras da vida. O mundo não será convencido com o que o púlpito ensina, e, sim, com o que a igreja vive. O caminho para o Céu é claro ou escuro, na exata proporção em que a igreja emite uma luz clara e forte, ou incerta e intermitente. O pregador no púlpito anuncia a teoria do evangelho, mas a piedade prática da igreja demonstra o poder da verdade, mostrando seu real valor" (Este Dia com Deus, p. 79).

Pense nisso.

sexta-feira, 8 de março de 2024

FEMINISMO E CRISTIANISMO PODEM ANDAR JUNTOS?

O feminismo deve ser entendido como um conjunto de teorias que, segundo as feministas e intelectuais, dividiram a história do movimento em quatro momentos: o primeiro refere-se fundamentalmente à conquista do sufrágio feminino durante o 
século 19 e início do 20, com movimentos preocupados principalmente com o direito da mulher ao voto. O segundo grande movimento diz respeito às ideias e ações associadas com os movimentos de liberação feminina iniciados na segunda metade da década de 1960, que lutaram pela igualdade jurídica e social das mulheres. O terceiro grande momento, iniciado na década de 1990, pode ser considerado uma continuação e uma reação às falhas do segundo movimento. O quarto momento refere-se ao ressurgimento do interesse no feminismo iniciado por volta de 2012 e associado ao uso das redes sociais. O foco do quarto movimento é a busca pela justiça para as mulheres e a oposição ao assédio sexual e à violência contra a mulher.

Vamos somente analisar os movimentos de emancipação feminina que compuseram a primeira onda do feminismo, e também destacar a herança religiosa de alguns personagens que protagonizaram o início do feminismo.

A primeira onda do feminismo se refere a um período extenso de atividade feminista ocorrido durante o século 19 e início do século 20, no Reino Unido e nos EUA, que tinha o foco originalmente na promoção da igualdade nos direitos contratuais e de propriedade para homens e mulheres, e na oposição de casamentos arranjados e da propriedade de mulheres casadas (e seus filhos) por seus maridos. No entanto, no fim do século 19, o ativismo passou a se focar principalmente na conquista de poder político, especialmente o direito ao sufrágio por parte das mulheres.

No Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, as sufragistas fizeram campanha pelo voto da mulher. Em 1918, o Representation of the People Act foi aprovado, concedendo o voto às mulheres acima de 30 anos de idade que possuíssem uma ou mais casas. Em 1928, este direito foi estendido a todas as mulheres acima de vinte e um anos de idade. 

Há uma inegável relação entre o desenvolvimento do feminismo e o crescimento do “cristianismo sectário” nos EUA do século 19, sendo os Quakers o grupo igualitarista mais representativo dentre os protestantes. Os Quakers são um movimento religioso de tradição protestante fundado pelo inglês George Fox em 1652. Destacaram-se como pacifistas, abolicionistas e igualitaristas de gênero. Lideraram e se envolveram em movimentos contra o tráfico de escravos e a escravidão, pela reforma das prisões, pela abolição da pena de morte e contra as guerras entre nações. Para os Quakers, a dominação masculina era uma manifestação do pecado, e a igualdade entre homens e mulheres restaurada em Cristo, que ordenou que homens e mulheres fossem anunciadores proféticos do evangelho.

Nos EUA, líderes deste movimento incluíram mulheres que haviam todas lutado pela abolição da escravidão antes de defender o direito das mulheres ao voto; todas eram influenciadas profundamente pelo pensamento Quaker, fruto de esforços e ideias cristãs. Vejamos uma lista de algumas das pioneiras mais importantes do movimento:

- Susan Brown Anthony, um dos nomes mais importantes da primeira onda do feminismo, era uma cristã Quaker. Foi presa por votar em 1872, quando não era permitido, e em 1890 organizou em Washington a primeira convenção para o voto feminino. Sua atuação foi tão destacada que a emenda permitindo o voto feminino nos Estados Unidos recebeu seu nome: Emenda Anthony.

- Sojourner Truth, ex-escrava, abolicionista e pregadora cristã. Após fugir do seu dono com a filha bebê em 1826, e deixar para trás os outros quatro filhos, ela viveu durante algum tempo com uma família Quaker que lhe deu a única educação que recebeu na vida. Foram eles que também a ajudaram a recuperar um dos seus filhos. Posteriormente ela se converteu ao cristianismo e viajou pelo país para ajudar nas causas abolicionistas e promover os direitos das mulheres.

- Abigail Quincy Smith Adams, primeira dama dos EUA (foi esposa do presidente John Adams), era de família Quaker, filha de um ministro Quaker, que posteriormente tornou-se cristã unitariana. Em 1776, através de cartas, ela pressionou seu marido, congressista na época, para a criação de leis igualitárias que beneficiassem as mulheres. Apesar de não terem dado resultado, essas cartas são um dos primeiros documentos conhecidos pedindo direitos iguais para as mulheres.

- As irmãs Sarah e Angelina Grimké foram uma das primeiras mulheres americanas a defenderem a abolição da escravatura e os direitos das mulheres no século 19, e o igualitarismo cristão Quaker foi um fator motivador essencial para elas. O livro de Sarah, Letters on the Equality of the Sexes and the Condition of Woman, publicado em 1838, foi a primeira argumentação pública de grande alcance em favor dos direitos das mulheres.

- Harriet Bishop, importante sufragista, foi missionária e professora batista.

- Lucy Stone, sufragista e defensora dos direitos femininos, era cristã fortemente influenciada pelo pensamento igualitário. Fez seu primeiro discurso feminista no púlpito da Igreja Evangélica Congregacional em 1847.

- Elizabeth Cady Stanton, uma das mulheres mais importantes da primeira onda do feminismo, era da Igreja Episcopal.

- Anna Elizabeth Dickinson, quaker, republicana, abolicionista, sufragista, foi a primeira mulher a fazer discurso político no congresso americano.

- Lucretia Mott, grande ícone do feminismo americano, era ministra Quaker ordenada (pastora).

- Outros nomes: Amélia Bloomer (episcopal), Alice Paul (quaker), Isabella Ford (quaker), Elise Boulding (quaker).

Elizabeth Cady Stanton, Amelia Bloomer, Sojourner Truth, e Harriet Ross Tubman estão no calendário de santos da Igreja Episcopal. Sim, uma igreja dedica um dia no ano (20 de junho) para homenagear como santas, pioneiras do movimento feminista.

O cristianismo dessas mulheres não é coincidência e nem um detalhe insignificante. Muitas delas agiram movidas exatamente por princípios cristãos. 

Muitas mulheres sufragistas dos EUA faziam parte do grupo cristão protestante Woman's Christian Temperance Union, a primeira grande agremiação de mulheres a promover esforços organizados em prol de reformas sociais nos EUA. Esse grupo foi a maior e mais influente associação de mulheres que existira até então. A organização do grupo e a mobilização de mulheres em torno de causas sociais contribuíram para o maior envolvimento feminino na política. Ellen G. White tinha uma visão positiva do ativismo desse grupo, e escreveu algumas cartas recomendando cooperação. Vejamos alguns trechos destas cartas: 

"A União de Temperança das Mulheres Cristãs é uma organização com cujos esforços para disseminação dos princípios de temperança, podemos unir-nos de boa vontade. Foi-me mostrado que não nos devemos manter afastados delas mas, conquanto não deva haver sacrifício de princípios de nossa parte, devemos o quanto possível unir-nos com elas no trabalho de reforma de temperança. [...] Foi-me mostrado que não devemos esquivar-nos às obreiras da U.T.M.C. Unindo-nos com elas em favor da abstinência total, não mudamos nossa atitude quanto à observância do sétimo dia, e podemos mostrar nossa apreciação pela atitude delas relativamente à questão da temperança. Abrindo a porta, e convidando-as a se unirem conosco no assunto da temperança, granjeamos assim sua cooperação nesse sentido; e elas, unindo-se a nós, ouvirão novas verdades que o Espírito Santo está esperando para gravar nos corações. [...] Tenho tido algumas oportunidades de ver a grande vantagem a ser obtida mediante nossa ligação com as obreiras da U.T.M.C., e ficado muito surpreendida ao ver a indiferença de muitos de nossos dirigentes para com essa organização. Convido meus irmãos a despertarem" (Temperança, pp. 222-223). 

Portanto, se faz necessário destacar claramente o background religioso do movimento feminista e reivindicar a legitimidade de sua importância histórica. Muitos precisam saber que houve influência do cristianismo no início dos movimentos pelos direitos das mulheres.

Leia também o excelente artigo Cristianismo e Feminismo podem coexistir? de Vanessa Raquel Meira, que analisa mais profundamente este tema.