quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O que a igreja poderia aprender com os desfiles das escolas de samba?


Seria lícito tomar o desfile do Carnaval como analogia de nossa caminhada cristã? 

Certamente, a maioria dirá que não. Afinal de contas, o Carnaval é a festa pagã por excelência, onde, além de toda promiscuidade, entidades pagãs são homenageadas. Eu poderia gastar muitas linhas tecendo críticas justas a esta festa em que tantas famílias são desfeitas, e inúmeras vidas destruídas. Porém hoje, quero pegar a contramão. 

Por que será que os cristãos sempre enfatizam os aspectos ruins de qualquer manifestação cultural? Se vivêssemos nos tempos primitivos da igreja cristã, como reagiríamos ao fato de Paulo tomar as Olimpíadas como analogia da trajetória cristã neste mundo? Ora, os jogos olímpicos celebravam os deuses do Olimpo. Portanto, era uma festa idólatra. Os atletas competiam nus. Sem contar as orgias e os sacrifícios que se seguiam às competições. Sinceramente, não saberia dizer qual seria pior, as Olimpíadas ou o Carnaval. Porém, Paulo soube enxergar alguma beleza por trás daquela manifestação cultural. A disposição dos atletas, além do seu preparo e empenho, foram destacados pelo apóstolo como virtudes a serem cultivadas pelos seguidores de Cristo.

E quanto ao Carnaval? Haveria nele alguma beleza, alguma virtude que pudesse ser destacada do meio de tanta licenciosidade? Podemos enxergar alguma ordem no meio do caos carnavalesco?

Fantasias, Alegorias, Samba-enredo, Bateria
Destaco, em primeiro lugar, a criatividade dos foliões, principalmente dos carnavalescos na composição das fantasias, dos carros alegóricos e do samba-enredo. É notória sua busca pela perfeição. Diz-se que o desfile do ano seguinte começa a ser preparado quando termina o Carnaval. É, de fato, um trabalho árduo que demanda muito empenho. 

Se houvesse por parte de muitos cristãos uma parcela da dedicação encontrada nos barracões de Escolas de Samba, faríamos um trabalho muito mais elaborado para Deus. Buscaríamos a excelência, em vez de nos contentar com tanta mediocridade. Tomemos por exemplo as composições musicais. Basta ouvir algumas estrofes para perceber o trabalho de pesquisa que envolve a composição de um samba-enredo. Sem contar as rimas ricas, as melodias marcantes, e a ousadia criativa das baterias. Enquanto isso, composições que visam louvar a Deus estão cada vez mais pobres, tanto do ponto de vista melódico, quanto do ponto de vista lírico. 

Concentração
O desfile começa com a concentração. É ali que é dado o grito de guerra da Escola, seguido pelo aquecimento dos tamborins. A concentração equivale à congregação. Nosso lugar de culto (comumente chamado de “templo” ou “igreja”) é onde nos concentramos e aquecemos nosso espírito. Porém, a obra acontece lá fora, “na avenida” do mundo.

Gosto quando Paulo fala que somos conduzidos por Cristo em Seu desfile triunfal. O apóstolo compara a marcha cristã pelo mundo às paradas triunfais promovidas pelo império romano. Era um espetáculo cruento, no qual os presos eram expostos publicamente, acorrentados e arrastados pelas ruas da cidade. Era assim que Roma exibia sua supremacia, e impunha seu poder. Paulo toma emprestada a figura deste majestoso e horroroso evento para afirmar que Cristo está nos exibindo ao Mundo como aqueles que foram conquistados por Seu amor. Muitos cristãos acreditam ingenuamente que a guerra se dá na concentração. Por isso, a igreja atual é tão ensimesmada, isto é, voltada para dentro de si. Ela passou a ver-se como um fim em si mesmo. A avenida nos espera!

Comissão de Frente
Encabeçando o desfile vai a comissão de frente, seguida pelo carro abre-alas. Compete aos componentes dessa comissão a primeira impressão. A comissão de frente da igreja de Cristo é formada pelos que nos precederam, que abriram caminho para as novas gerações. Não podemos permitir que caiam no esquecimento. Também são os missionários, que deixam sua pátria para abrir caminho em outros rincões. Grande é sua responsabilidade, e alto é o preço que se dispõem a pagar para que o Evangelho de Cristo chegue às populações ainda não alcançadas. Paulo fazia parte da comissão de frente da igreja primitiva. Escrevendo aos Coríntios, ele diz que sua missão era “anunciar o evangelho nos lugares que estão além de vós, e não em campo de outrem” (2Co 10:16). Em bom português, o apóstolo dos gentios preferia pescar em alto mar, e não no aquário dos outros.

Harmonia e Evolução
A Escola de Samba é dividida em alas, cada uma com fantasias e carro alegórico próprios. Porém, o samba-enredo é o mesmo. O que é cantado lá na frente, é sincronicamente cantado na última ala da Escola. A voz do puxador do samba, bem como a batida harmoniosa da bateria, ecoando por toda a avenida, garantem esta sincronia. Não pode haver espaços vazios entre as alas. Há harmonia até nas cores das fantasias. Ninguém entra na avenida vestido como quiser. Imagine se as variadas denominações que compõem o Corpo Místico de Cristo se relacionassem da mesma maneira, respeitando cada uma o espaço da outra, porém dentro de uma evolução harmoniosa.

Mestre-sala e Porta-bandeira
No meio do desfile encontramos o casal formado pelo mestre-sala e pela porta-bandeira. Eles exibem orgulhosamente o pavilhão da Escola. Seus gestos e passos são cuidadosamente combinados, para que a bandeira receba as honras devidas. É triste verificar como a bandeira do Evangelho tem sido chacoalhada, pois os que a deveriam ostentar, são os primeiros a desonrá-la com seu mal testemunho. Entretanto, os cristãos primitivos se dispunham a pagar com a própria vida para que seu testemunho de fé fosse validado e o nome de Cristo fosse honrado.

Momento da Dispersão
Ao término do desfile chega o momento da dispersão. É hora de partir, levando a certeza de que todos deram o melhor de si. Alguns saem machucados, com os pés sangrando, com as forças exauridas. Mas todos saem alegres, esperançosos. Aprenderam a sublimar a dor enquanto desfilam. Ignoram o cansaço. Vencem os limites do seu corpo. Tudo pela alegria de ver sua Escola se sagrando campeã. Mas no fim, chega a hora de tirar a fantasia, descer dos carros alegóricos, cuidar das feridas. Mesmo assim, ninguém reclama. Todos exibem no rosto um sorriso de contentamento. 

Semelhantemente, todos estamos a caminho do fim do desfile. O momento da dispersão está chegando, quando deixaremos este corpo, nossa fantasia, e seremos saudados pela Eternidade. Que diremos nesta hora? Não haverá novos desfiles. Terá chegado o fim de nossa trajetória? Não! Será apenas o começo de uma nova fase existencial. Deixaremos nossas fantasias, para nos revestirmos de novas vestes celestiais. Falaremos como Paulo em sua carta de despedida a Timóteo:
“...o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda.” (2 Timóteo 4:6b-8)
Aproveitemos os instantes em que estamos na avenida desta vida, celebremos a verdadeira alegria, infelizmente ainda desconhecida por muitos foliões, e que não terminará em cinzas.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Qual deve ser nossa atitude enquanto esperamos a vinda de Jesus?


Sempre temos dificuldade quando precisamos esperar. “Quando é que vou ganhar meu primeiro salário de verdade?”, perguntam os alunos quando entram no último ano da faculdade. “Quando vai chegar o Natal?”, as crianças querem saber, impacientes. “Quando vou melhorar?”, perguntam aqueles que sofrem de alguma doença crônica. Um ditado popular diz que “paciência é uma virtude”, e virtudes, ao que parece, estão fora de moda. Vivemos em um mundo de recompensa instantânea.

Temos pregado sobre a vinda de Jesus por mais de 170 anos, e podemos aprender com os personagens bíblicos que também precisaram esperar. Abraão e Sara tiveram que esperar 25 anos (Gn 12:4; 21:5). A espera nem sempre foi fácil. Na verdade, o nascimento de Ismael, 11 anos após a promessa inicial de Deus, parecia um atalho interessante, mas causou muita dor a todas as partes envolvidas. Contudo, Abraão e Sara esperaram. Eles viveram pela fé (Hb 11:8-12), assim como muitos outros depois deles. Creram que Deus cumpriria a promessa. E Ele cumpriu.

Deus cumprirá sua promessa também do grande dia em que Jesus, finalmente, vai aparecer nas nuvens do céu. Por isso, precisamos esperar. Apocalipse 14:12 menciona que o povo de Deus nos últimos dias tem a “fé em Jesus” e a “guarda dos mandamentos”. Entretanto, nossa luta é com a “perseverança” (v. 12; 13:10), um aspecto essencial. O povo de Deus é fiel, conhece o cronograma de Deus e acredita no dom de profecia. Contudo, sua característica mais urgentemente necessária e que colore todo o restante é a perseverança.

A perseverança está intimamente ligada à fé (Ap 13:10). Aqueles que discernem o mal e resistem aos encantos da besta e de sua imagem são pacientes e terão perseverança. Não farão concessões. Não se esconderão em mosteiros e regiões desertas. Ao contrário, firmemente plantados em cidades e avenidas do mundo, representarão as mãos e os pés de Jesus, dispostos a servir.

DOIS GRUPOS
Jesus incluiu uma história intrigante em seus sermões sobre o fim dos tempos. Ao descrever uma cena de julgamento, Ele colocou um grupo de ovelhas à direita e um grupo de bodes à esquerda na sala do trono real (Mt 25:31-46). É evidente que Jesus não queria se referir à criação de animais domésticos nem às características de ovelhas e bodes. O relato tem implicações mais profundas.

Na história, o Rei, ao falar com os justos à sua direita, elogiou-os porque eles o alimentaram quando estava com fome, deram-lhe de beber quando estava com sede, visitaram-no quando esteve preso e o vestiram quando estava nu. Jesus descreveu o quadro de maneira tão magistral que, ao lermos o relato, podemos quase ver a expressão tímida e encabulada no rosto dos justos. “Senhor, quando te vimos com fome?”, eles perguntaram (v. 37). Então o rei respondeu: “Sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (v. 40).

A espera final é ativa. Ela envolve serviço aos necessitados e ligação com os excluídos. Cristo nos chama a sair de nossa zona de conforto e abraçar pessoas que normalmente não abraçaríamos. Seja em um centro de influência em uma capital ou em uma clínica médica pequena e mal equipada no interior, seja na liderança de uma instituição educacional altamente qualificada que oferece programas de doutorado ou na diretoria de uma pequena escola, Deus quer que seu povo mostre ao mundo o que significa realmente aguardar a vinda de Jesus. Ellen G. White escreveu:
“Estamos aguardando e vigiando a grande e terrível cena que encerrará a história da Terra. Mas não devemos simplesmente esperar; devemos estar vigilantemente trabalhando com relação a esse solene acontecimento. A igreja viva de Deus estará aguardando, vigiando e trabalhando. Ninguém deve ficar numa posição neutra. Todos devem representar Cristo num esforço ativo e sincero para salvar as pessoas que perecem” (Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 163).
Aqui há outro elemento a respeito da perseverança no tempo do fim: aguardar a vinda do Mestre para que Ele nos leve ao lar não se baseia em soar alarmes. As pessoas ao nosso redor não necessitam de grande euforia e alvoroço, nem de boatos sobre conspirações. As Escrituras confirmam a existência de poderes satânicos determinados a enganar, se possível, até mesmo os eleitos (Mt 24:24). Perseguição, informações falsas, distorções, fanatismo e manipulação são (e sempre foram) ferramentas úteis na caixa de ferramentas do arqui-inimigo de Deus.

No entanto, o foco dos sermões de Jesus a respeito do fim dos tempos está no serviço e na missão. “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (v. 14). Como é animador saber que Jesus não pode ser pego de surpresa!

PLANTANDO UM JARDIM
Todos os dias, um motorista de ônibus tinha que esperar sete minutos ao fim de sua rota em uma parte feia da cidade. Certo dia, enquanto esperava para recomeçar sua viagem, reparou um lote vazio cheio de entulho. O lixo estava espalhado por todo lado. Diariamente, o motorista passou a olhar para aquele lugar abandonado e precário. Então, certo dia tomou uma decisão. Algo precisava ser feito quanto àquele local. Ele desceu do ônibus e começou a encher com entulho uma grande sacola de lixo. Sete minutos depois ele voltou para o ônibus a fim de refazer sua rota. Isso se tornou sua rotina diária. Ele parava, descia do ônibus e começava a limpar o lote.

As pessoas na região perceberam a mudança. Quando todo o lixo e toda a sujeira foram removidos, o motorista de ônibus levou para o lote sementes de flores e sacos de terra. Ele começou a plantar um jardim. Os passageiros que leram a notícia no jornal começaram a pegar o ônibus até o ponto final. Alguns começaram a ajudar o motorista à medida que ele plantava e cuidava de seu jardim. Outros apenas apreciavam a bela vista. Sete minutos a cada dia foram suficientes para mudar e inspirar toda uma comunidade!

A espera pode ser difícil e desanimadora. No entanto, Deus quer nos conceder a perseverança dos santos. Enquanto esperamos, somos chamados a examinar secretamente nosso coração e, em seguida, pôr as mãos na massa. Sim, Jesus em breve voltará. Sim, Ele está buscando um povo totalmente comprometido com a sua causa. Mas, enquanto esperamos, que sirvamos a Ele onde estivermos, de todo o coração. Você pode ser as mãos e pés de Jesus de muitas maneiras práticas! 

Gerald Klimgbeil e Chantal Klimgbeil (via Revista Adventista)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Futebol, violência das torcidas e conselhos de Ellen White


O ano mal começou para o futebol brasileiro, mas já está marcado por episódios de violência entre torcedores e polícia. Foram duas mortes registradas. Uma pessoa morreu e sete ficaram feridas numa briga envolvendo torcedores antes da partida entre Flamengo e Botafogo no Rio de Janeiro no domingo dia 12. Nem mesmo o policiamento reforçado, no entorno do Estádio do Engenhão, foi suficiente para impedir os atos de violência. E na tarde deste domingo (19), em Curitiba, dia de clássico entre Coritiba e Atlético Paranaense, um torcedor do Coritiba morreu ao ser baleado com um tiro no peito por um policial militar nos arredores do estádio Couto Pereira.  

As torcidas organizadas brasileiras praticam numerosos atos de vandalismo tendo como principal alvo a torcida rival. Dentre as principais causas de brigas, estão, principalmente, a exacerbação das rivalidades entre as camadas menos favorecidas (formação de gangues nos bairros e aglomerados) com roupagem futebolística, e a cultura do medo entre essas mesmas camadas, que leva a uma postura intimidatória. É um problema antigo, e muitos duvidam que haja uma solução definitiva para ele no Brasil. As medidas para solucioná-lo foram variadas até hoje: cadastramento de torcedores, proibição de torcidas organizadas nos estádios e torcida única para clássicos.

O futebol é um esporte que envolve as pessoas de maneira apaixonada, quase como um vício. Muito da condenação do futebol vem em função do forte clima de competição que ele gera. Pior ainda, quando, além da competição normal do esporte, são organizados campeonatos em que a guerra pela vitória vai aos extremos. É uma paixão que facilmente leva ao descontrole. Não combina com o comportamento cristão. Creio que precisamos fazer uso do bom senso, e avaliarmos qualquer prática com base nos princípios de Filipenses 4:8. 

Particularmente não creio que torcer por um time ou assistir um jogo pela TV (desde que não seja nas horas sagradas do sábado) seja pecado. Isso faz parte da cultura brasileira, e não temos como fugir. Mas, se isso se torna prejudicial, ao ponto de nos tirar a paz, nos fazer brigar e deixarmos as coisas de Deus de lado, é melhor evitarmos assistir. Cada um precisa encontrar o equilíbrio nessa questão e avaliar, com sinceridade diante de Deus e consigo, se tem estrutura emocional e espiritual para torcer por uma equipe de futebol. Recomendo que as pessoas orem ao Senhor a respeito. 

Quanto a ir a estádios de futebol, a Igreja, de forma indireta, não recomenda. Isso pode ser visto nos princípios expostos no Manual da Igreja, p. 153: "A recreação é essencial. Mas, em lugar de nos associarmos com as multidões que são 'mais amigos dos prazeres que amigos de Deus' (2Tm 3:4), devemos nos esforçar para fazer que nossas amizades e divertimentos estejam centralizados em Cristo e na igreja." Outras bases para isso podem ser encontradas no Salmo 1:1-6, nos perigos de violência que rodeiam o local e nas práticas que ali são realizadas.

Conselhos de Ellen White
Já quando o assunto são as orientações de Ellen White, é preciso ter muito cuidado. Quando ela escreveu, o esporte conhecido era o Football, que conhecemos como futebol americano. O futebol como conhecemos aqui é chamado em inglês de Soccer, e não é o esporte a que ela se refere. Ambos têm algumas semelhanças, e alguns de seus conselhos também servem para o nosso futebol.
“Alguns dos mais populares divertimentos, tais como o futebol e o boxe, se têm tornado escolas de brutalidade. Estão desenvolvendo as mesmas características que desenvolviam os jogos da antiga Roma. O amor ao domínio, o orgulho da mera força bruta, o descaso da vida, estão exercendo sobre a juventude um poder desmoralizador que nos aterra.” (Conselhos sobre Saúde, p. 189)
“Não tenho conseguido encontrar nenhum caso em que Jesus tenha ensinado os Seus discípulos a empenharem-se na diversão do futebol ou em jogos de competição; e, no entanto, Cristo era nosso modelo em todas as coisas. Cristo, o Redentor do mundo, deu a cada um a sua obra, e ordena: “Negociai [ocupai-vos, na versão inglesa] até que Eu venha.” Lucas 19:13.” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 229)
“As diversões e dispêndio de meios para satisfação própria que, passo a passo, levam a glorificação do próprio eu, e a educação nesses jogos com fim de desfrutar prazer, produz por essas coisas um amor e paixão que não são favoráveis ao aperfeiçoamento do caráter cristão.” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 322)
“Quanto tempo é gasto por seres humanos inteligentes em jogos de bola! Mas acaso a satisfação nesses esportes dá aos homens o desejo de conhecer a verdade e a justiça? Mantêm a Deus em seus pensamentos? Levá-los-á a indagar: Como vai com a minha alma?” (Conselhos Professores, Pais e Estudantes, p. 456)
Concluímos, segundo os ensinos de Ellen White, que esportes competitivos, que tiram nosso alvo do Céu, atividades que promovam embate e nos inclinam indevidamente ao perigo, não são coerentes ao estilo de vida cristão. Talvez todos nós façamos a pergunta: “Os esportes que eu escolho tornam mais fácil ou mais difícil pensar sobre o céu?” (Colossenses 3:1-3).

Bíblia é traduzida para o idioma dos esquimós


A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo e já foi traduzida para inúmeros idiomas. Agora foi divulgada uma nova tradução das Sagradas Escrituras para o idioma 'inuíte', a língua dos esquimós, um dos poucos idiomas que não possuía uma versão do livro sagrado. Recentemente estudiosos e biblistas do Alasca, Nunavut e da Groenlândia se reuniram em Toronto, Canadá, para o primeiro congresso sobre a tradução da Bíblia para este idioma, que é usado pelos habitantes do Ártico além de aproximadamente 30 mil esquimós que vivem no Canadá, no Alasca e na Groenlândia.

A tradução demandou um trabalho de 30 anos. Em 2012, a Bíblia havia sido traduzida para um dialeto do 'inuíte', o 'inuktitut'. "Traduzir os textos sagrados em vários dialetos locais ajuda a conservá-los e transmiti-los às futuras gerações", afirmou Rejean Lussier, um dos estudiosos que participaram do projeto. De acordo com os responsáveis pelo projeto, nenhum livro contribuiu tanto para a alfabetização e a conservação da língua tradicional da população do Ártico como a Bíblia. 

[Com informações de Gaudium Press]

12 coisas para fazer quando você é criticado


Nós seremos criticados uma hora ou outra. Algumas vezes com razão, outras injustamente. Algumas vezes, as críticas dos outros com relação a nós são severas e imerecidas. Outras vezes nós podemos precisar delas. Como respondemos à crítica? Nem sempre eu respondi bem, e eu ainda estou aprendendo, mas aqui estão algumas coisas em que eu tento pensar quando os outros me criticam.

1. Seja pronto para ouvir
Pode ser difícil fazer isso, porque nossas emoções se levantam e nossa mente começa a pensar em formas de refutar o que a outra pessoa está dizendo. Ser pronto para ouvir significa realmente tentar ouvir e considerar o que a outra pessoa está dizendo. Nós não simplesmente desprezamos a crítica, mesmo que ela pareça injusta e imerecida. (Tiago 1:19)

2. Seja tardio para falar
Não interrompa ou responda muito rapidamente. Deixe que a pessoa termine de falar. Se você responder muito rapidamente você pode falar asperamente ou irado. (Tiago 1:19)

3. Seja tardio para irar-se
Por quê? Porque Tiago 1:19-20 diz que a ira do homem não produz a justiça de Deus. A ira não fará alguém fazer a coisa certa. Lembre-se, Deus é tardio para irar-se, paciente e longânimo com aqueles que o ofendem. Quanto mais nós deveríamos ser.

4. Não revide
“Quando insultado, [Jesus] não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça” (1 Pedro 2:23). Ser injustamente acusado – Jesus foi e, ainda assim, continuou a confiar no Senhor e não revidou.

5. Dê uma resposta gentil
“A resposta calma desvia a fúria” (Provérbios 15:1). Seja gracioso até mesmo com aqueles que te ofendem, bem como Deus é gracioso quando nós o ofendemos.

6. Não defenda a si mesmo tão rapidamente
A atitude defensiva pode surgir do orgulho e da incapacidade de receber ensino.

7.Considere o que pode ser verdade na critica
Mesmo que seja feita com a intenção de machucar ou de escarnecer, ainda pode haver algo que vale a pena considerar. Deus pode estar falando com você através dessa pessoa.

8. Lembre-se da cruz
Alguém disse que as pessoas não dirão nada de nós que a Cruz não tenha dito e, mais, que nós somos pecadores que merecem a punição eterna. Então, na verdade, qualquer coisa que disserem sobre nós é menos do que a Cruz disse sobre nós. Volte-se para Deus que te aceita em Cristo incondicionalmente, apesar de seus muitos pecados e falhas. Nós podemos ficar desanimados quando vemos áreas de pecado ou falha, mas Jesus pagou por elas na cruz e Deus se alegra conosco por causa de Cristo.

9. Considere o fato de que você tem pontos cegos
Nós não podemos nos ver precisamente sempre. Talvez essa pessoa esteja vendo algo que você não consegue ver em si mesmo.

10. Ore acerca da crítica
Peça a Deus por sabedoria – “Eu o instruirei e o ensinarei no caminho que você deve seguir; Eu o aconselharei e cuidarei de você” (Salmos 32:8).

11. Pergunte a outras pessoas as suas opiniões
A crítica pode estar certa ou ser completamente incabível. Se essa é uma área de pecado ou fraqueza na sua vida, então outros terão visto isso também.

12. Considere a fonte
Não faça isso muito rapidamente, mas considere os motivos da outra pessoa, o nível de entendimento ou sabedoria etc. Eles podem estar te criticando para te machucar ou eles podem não saber do que eles estão falando.

Mark Altrogge | Traduzido por Natália Moreira | Reforma21.org | Original aqui

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

8 maneiras de lidar com o sentimento de culpa


De quando em quando, cada um de nós se engana, comete erros, ou diz algo que não devia ter dito. 0 resultado é sentimento de culpa. Quando a culpa não é administrada adequadamente, seu impacto pode ser danoso. Sentimentos de culpa reduzem a confiança, destroem a auto-estima e a qualidade de vida. Podem também destruir relacionamentos.

A seguir, desejo mencionar oito maneiras de lidar criativa e realisticamente com a culpa:

1 - Reconheça a culpa como um sinal de alerta
Permita que a culpa seja uma ferramenta positiva em alertá-lo de que alguma coisa pode estar errada. Toda vez que a culpa o leva a pensar no problema pela segunda vez e a mudar o comportamento, ela se toma um aliado, não um inimigo. Pense no exemplo do cantor e compositor Neil Diamond. Em 1972, quando se encontrava no auge da carreira, Diamond sumiu do cenário e se isolou por quatro anos. O motivo foi uma consciência pesada. “Casei uma vez, tive dois filhos e estava para me casar pela segunda vez, quando parei para pensar: Espere. É melhor parar um pouco e olhar o que estou fazendo e para onde estou indo. Não quero que este casamento termine em divórcio”, explicou. Como resultado, ele interrompeu sua carreira por 48 meses. “Foi o mais importante período de minha vida”, disse. “Despendi quatro anos para conhecer meus filhos, minha esposa e a mim mesmo.” Ao responder ao sinal de alerta da culpa, Diamond não apenas evitou a repetição do mesmo erro, mas saiu dessa fase mais feliz e equilibrado. Disse que se sentia livre e mais amistoso.

2 - Reconheça o valor da culpa
Sentimentos de culpa têm muita importância quando as pessoas reagem positivamente, corrigindo seu comportamento inadequado, ofensivo, prejudicial ou destrutivo. A culpa abre o caminho para crescimento, aprendizado e maturidade. “As pessoas que fazem coisas erradas, prejudicando a si mesmas e aos outros, devem assumir a culpa“, diz o rabino e escritor Harold Kushner. “Se a culpa as leva a fazer o bem, a evitar o mal, tornando-as mais cuidadosas e prudentes, é uma culpa construtiva.”

3 - Tome tempo para analisar a culpa
Os sentimentos de culpa podem ser corrigidos, reduzidos e mesmo eliminados, após cuidadosa análise. Essa foi uma estratégia eficaz para Susan, executiva de uma agência de propaganda, na costa ocidental norte-americana. Como mãe que trabalhava fora, sentia-se culpada toda vez que sua filha de oito anos adoecia na escola. “Acusava a mim mesma por trabalhar fora e sentia-me culpada por não estar em casa com ela”, disse. Susan, entretanto, aprendeu a analisar sua culpa da seguinte maneira: “Após a primeira onda de culpa, eu me acalmei e passei a olhá-la de frente. Fiz duas perguntas a mim mesma: ‘É necessário abandonar meu emprego?’ A resposta foi não. ‘Existe uma alternativa para meu problema?’ A resposta foi também não. Refleti por longo tempo, e cheguei à mesma conclusão: é difícil trabalhar o dia todo e cuidar de uma criança ao mesmo tempo, mas as outras opções não são convidativas.” Ao analisar sua culpa, Susan conseguiu reduzi-la, não permitindo que ela prejudicasse sua vida ou a de sua filha.

4 - Responda racionalmente
Depois de analisar sua culpa, responda apropriada e racionalmente. Se você cometeu alguma falta ou fracassou a ponto de se sentir culpado, tome medidas corretivas. Peça perdão e faça as devidas reparações, se possível. Não permita que seus sentimentos de culpa o levem a extremos, como aconteceu a um homem cujo irmão faleceu. Na sepultura de seu irmão, ele mandou colocar, como lápide, a réplica de uma Mercedez Benz, com limpador de para-brisa e antena de TV. 0 carro foi esculpido numa pedra de grande valor, trazida de uma pedreira de Vermont. O escultor trabalhou um ano em sua obra de arte. 0 gasto chegou a 120 mil dólares. Qual a razão para essa suntuosa lápide? A culpa. Por anos ele havia prometido comprar um carro para seu irmão, mas não tomara tempo para fazê-lo. Quando seu irmão morreu, um sentimento de culpa tomou conta de sua alma, devido a sua negligência. Sua resposta, entretanto, foi extremista e irracional. Em seu caso, uma resposta mais saudável e racional teria sido fazer uma doação para fins caritativos, em memória de seu irmão, combinado esse gesto com a decisão de cumprir as promessas e obrigações assumidas dali para a frente.

5 - Ponha sua culpa nas mãos divinas
Convide a Deus para remover a mancha da culpa de sua vida. Uma das grandes passagens sobre o perdão divino é o Salmo 51, escrito por Davi, após ter ele reconhecido a hediondez de seu adultério com Bate-Seba. A oração de Davi é um modelo para todos nós. “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade”, ele escreveu. “Purifica-me,… e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve” (Salmo 51:1-7). O salmo é um reconhecimento de que há coisas que não somos capazes de fazer por nós mesmos. Uma delas é sentir-nos completos, saudáveis e limpos novamente. Todos nós precisamos do auxílio divino para erguer o fardo do pecado e da culpa.

6 - Lembre- se de que você não é perfeito
“Infeliz a pessoa que não pode perdoar a si mesma”, disse o escritor romano Publilius Syrus. Lembre-se: você não é perfeito. Não gaste tanto tempo recriminando-se sentindo-se miserável. Aceite o perdão de Deus, e perdoe a si mesmo também. Relembre este conselho de C. S. Lewis: “Se Deus nos perdoa, devemos perdoar a nós mesmos. Do contrário, é o mesmo que estabelecer a nós mesmos como um tribunal mais alto do que Deus.”

7 - Aprenda da experiência
Não há sentido em repetirmos os mesmos erros. Tire lições dos erros passados. Decida não cometê-los mais.

8 - Esqueça a culpa e vá em frente
Uma vez que você deu todos os passos necessários para fazer reparos e endireitar o comportamento, descarte a culpa, esqueça-a e vá em frente. “Uma das mais importantes habilidades é a capacidade de esquecer”, afirma o escritor Norman Vincent Peale, no livro Guide to Confident Living – Guia Para um Viver Confiante. “Para ser feliz e bem-sucedido, você deve cultivar a habilidade de dizer a si mesmo: esqueça!” Não deixe a culpa atormentar sua vida. Não se envolva com o que passou. Aprenda sua própria lição, seja sábio, evite ressuscitar erros e vá em frente.

Usando essas estratégias, você poderá administrar os sentimentos de culpa de uma maneira construtiva que o levará a maior alegria e maior qualidade de vida. Além disso, você discernirá a diferença entre a culpabilidade sã, que funciona como sinal de alerta, quando algo está errado, e a culpabilidade mórbida, que tira a alegria de viver.

Pr. Victor M . Parachin (via Revista Adventista)

Nota: Ellen G. White também nos deixou um conselho de como libertar-se do sentimento de culpa:

"Esse sentimento de culpa tem de ser deposto aos pés da cruz do Calvário. O senso de pecaminosidade envenenou as fontes da vida e da verdadeira felicidade. Agora Jesus diz: Depõe tudo sobre Mim. Eu levarei teu pecado. Dar-te-ei paz. Não destruas por mais tempo teu respeito próprio, pois Eu te comprei com o preço do Meu próprio sangue. Tu és Meu, tua vontade enfraquecida Eu fortalecerei; teu remorso pelo pecado Eu removerei. 
Portanto volve teu grato coração, tremendo de incerteza, e lança mão da esperança posta a tua frente. Deus aceita teu coração quebrantado e contrito. Ele te oferece livre perdão. Oferece-Se para te adotar em Sua família, e dá Sua graça para ajudar tua fraqueza, e o amado Jesus te conduzirá passo a passo, se tão-somente puseres tua mão na dEle e te entregares a Sua guia." (Carta 38, 1887)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Caos ou Progresso? Um retrato da superficialidade de nosso tempo


O paradoxo do nosso tempo na história é que temos edifícios mais altos, mas temperamentos mais curtos; rodovias mais amplas, mas pontos de vista mais estreitos; gastamos mais, porém temos menos; compramos mais, contudo desfrutamos menos.

Temos casas maiores e famílias menores; mais comodidades e menos tempo; mais títulos e menos bom senso; mais conhecimento e menos discernimento; mais especialistas e mais problemas; mais remédios e menos saúde.

Gastamos muito, rimos pouco, dirigimos velozmente, ficamos nervosos com muita rapidez, ficamos acordados até tarde, levantamo-nos muito cansados, lemos raramente, assistimos muita TV e oramos muito pouco.

Temos multiplicado as nossas posses, mas reduzimos nossos valores. Falamos muito, amamos raramente e mentimos com muita frequência.

Aprendemos como ganhar dinheiro, mas não uma vida; acrescentamos mais anos à nossa vida, mas menos vida aos nossos anos. Fomos à lua e voltamos, mas temos dificuldade de atravessar a rua para conhecer o novo vizinho.

Temos conquistado o espaço exterior, mas não o espaço interior; fazemos coisas maiores, mas não coisas melhores; purificamos o ar, mas poluímos a alma; dividimos o átomo, mas não os nossos preconceitos; escrevemos mais, porém aprendemos menos; planejamos mais, contudo realizamos menos.

Aprendemos a correr, mas não a esperar; temos renda mais alta, porém moral mais baixa; mais alimentos, porém menos satisfação; mais relacionamentos, mas poucos amigos; mais esforços, porém menos sucesso.

Fazemos mais computadores para armazenar informações, para produzir mais cópias do que nunca, mas temos menos comunicação; crescemos em quantidade, mas não em qualidade.

Estes são tempos de refeições rápidas, mas de digestão lenta; de homens altos e caracteres pequenos; de lucros excessivos e relacionamentos superficiais.

Estes são tempos de paz mundial, mas de guerras domésticas; de mais lazer e menos diversão; de mais tipos de alimentos, porém de menos nutrição.

Estes são dias de rendas duplas, porém de mais divórcios; de casas mais suntuosas, porém de lares divididos.

Estes são dias de viagens rápidas, de fraldas descartáveis, de moralidade rejeitável, sexo de uma noite, corpos obesos e pílulas que fazem tudo, desde alegrar e tranquilizar até matar.

Este é um tempo em que há muito na vitrine e nada no depósito.

Texto extraído do livro “O Retorno da Glória” de Randy Maxwell

"A busca de prazeres, frivolidade, dissipação mental e moral, estão inundando o mundo com sua desmoralizante influência. Todo cristão deve trabalhar no sentido de fazer refluir a maré de males, e salvar a juventude das influências que a fariam submergir em ruína. Que Deus nos ajude a forçar nosso caminho contra a corrente." (Ellen G. White - A Maravilhosa Graça de Deus, p. 259)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Haverá casamento, relações sexuais e procriação na Nova Terra?


As palavras “na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mt 22:30), constituem-se numa revelação especial de Jesus sobre o futuro dos remidos. 

Em função de sua natureza espiritual (Hb 1:14), os anjos de Deus não se casam e nem procriam. Eles foram criados por Deus para executarem a Sua vontade como mensageiros. Por sua vez, os seres humanos foram criados por Deus para serem fecundos, multiplicar-se, encher a terra, sujeitarem-na e dominar os animais (Gn 1:28). Diferentemente dos anjos, que são seres espirituais, o ser humano foi feito do barro (Gn 2:7) e recebeu a incumbência de procriar por meio da instituição matrimonial (Gn 2:24). Em comparação aos anjos, os homens são inferiores (Hb 2:7). 

Um dos propósitos divinos em criar o ser humano era que este, após ser aprovado no teste, repovoasse o céu, em lugar dos anjos que foram expulsos com Satanás. Este propósito será alcançado após a ressurreição dos justos. Em si, este fato significará uma promoção funcional para os justos redimidos, pois, de acordo com a revelação de Cristo, eles serão “como os anjos no céu” (Mt 22:30). Deste modo, “como os anjos no céu” não significa que os remidos se tornarão anjos, mas que desfrutarão dos privilégios dos anjos, como estar na presença de Deus, louvar a Sua Pessoa, receberem asas e, principalmente, cumprir uma missão especial, que será a de testemunhar aos habitantes dos outros mundos que não pecaram sobre o amor e a justiça de Deus. 

Assim, os justos redimidos, por serem levados ao céu pelo Senhor, compartilharão da mesma condição dos anjos, onde não é necessário o casamento nem a procriação, porque exercerão uma função eminentemente superior às que realizavam na terra. Enfim, os remidos não casarão e não se darão em casamento porque o Senhor também o revelou à Sua serva Ellen G. White:
"Homens há hoje que expressam a crença de que haverá casamentos e nascimentos na Nova Terra; os que creem nas Escrituras, porém, não podem admitir tais doutrinas. A doutrina de que nascerão filhos na Nova Terra não constitui parte da “firme palavra da profecia” (2Pe 1:19). As palavras de Cristo são demasiado claras para serem mal compreendidas. Elas esclarecem de uma vez por todas a questão dos casamentos e nascimentos na Nova Terra. Nenhum dos que forem despertados da morte, nem dos que forem trasladados sem ver a morte, casará ou será dado em casamento. Eles serão como os anjos de Deus, membros da família real." (Medicina e salvação, 99-100)
Há uma outra declaração de Ellen G. White que contribui para esclarecer a origem das crenças referentes a casamento na nova terra. Em carta endereçada a determinado irmão ela afirmou:
"O inimigo ganha muito quando consegue levar a imaginação de um dos escolhidos servos de Jeová a demorar o pensamento nas possibilidades de associação, no mundo por vir, com uma mulher a quem ama, e ali criar família. Não precisamos desses quadros aprazíveis. Todos esses pontos de vista se originam da mente do tentador. Temos a clara afirmação de Cristo de que no mundo vindouro os redimidos “não se casam, nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”. (Lc 20:35 e 36). Foi-me apresentado o fato de que as fábulas espirituais estão levando cativos a muitos. Tua mente é sensual e, a menos que venha uma mudança, isso se demonstrará tua ruína. A todos os que condescendem com fantasias profanas, desejo dizer: Parai por amor de Cristo, parai exatamente onde estais. Estais em terreno proibido. Arrependei-vos, eu vos rogo, e convertei-vos." (Carta 231, 1903)
Desse modo, pode-se perceber que os ensinos relacionados com a realização de casamentos, relações sexuais e procriação a terem lugar na Nova Terra têm sua origem e inspiração com Satanás, o inimigo de Deus. Como bem se pode constatar, não haverá relacionamento conjugal na vida pós-ressurreição, no sentido de relações íntimas e procriação. Por outro lado, haverá convivência familiar. Em carta escrita a um irmão que perdera sua esposa e ficara só para cuidar dos filhos, Ellen G. White afirmou:
"Oraremos por vós e por vossos preciosos pequeninos, para que possais, mediante paciente continuação em fazer o bem, conservar vossa face e vossos passos sempre em direção do Céu. Oraremos para que tenhais influência e êxito em guiar vossos pequenos, a fim de que, com eles, possais alcançar a coroa da vida, e no lar lá de cima, que agora está sendo preparado para nós, vós e vossa esposa e filhos possais ser uma família reunida, feliz e jubilosa, para nunca mais vos separardes. Com muito amor e simpatia." (Carta 143, 1903)
Após Sua segunda vinda, Cristo levará os justos vivos transformados e os justos ressuscitados para estarem com Ele, inicialmente por mil anos no céu e, depois, pelos anos da eternidade nesta terra que será renovada. Os salvos não casarão nem se darão em casamento porque vivenciarão uma nova qualidade de existência. Eles fruirão eternamente a presença de Deus e Seus anjos.

Alguns não conseguem compreender por que na nova ordem da vida pós-ressurreição não haverá casamento, relações sexuais e procriação. Argumentam que aquilo que era bom e não tinha relação com o pecado deveria continuar na eternidade. Pareceria uma injustiça privar os salvos da intimidade do relacionamento conjugal. Neste aspecto, trata-se de uma subestimação pueril do caráter e poder de Deus. É bom lembrar as palavras do apóstolo Paulo: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam” (1Co 2:9). É preciso confiar, Deus tem algo infinitamente melhor entesourado para os Seus filhos redimidos do que casamento e sexo. Certamente os relacionamentos na vida por vir serão mais íntimos do que no casamento e a comunicação, mais profunda do que o sexo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Conexão impossível - Quando a oração é abominável

"O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração é abominável." (Provérbios 28:9)

Uma das grandes diferenças entre os seres humanos e os animais é a capacidade de dialogar. Os animais até se comunicam entre si através de sons, mas dialogar é uma característica essencialmente humana. O diálogo é uma via de mão dupla, acontece entre pelo menos duas pessoas que escutam e são escutadas. Em um relacionamento saudável deve haver mutualidade. Os sentimentos, o respeito, a atenção, devem ser reciprocamente trocados.

No entanto, existem pessoas que querem ser respeitadas, mas não respeitam, querem ser ouvidas, mas não ouvem, querem ser amadas, mas não amam. Muitas vezes agimos assim com Deus. Exigimos que Deus nos ouça, mas nos recusamos a ouvir a Deus. Provérbios 28:9 apresenta um grupo de pessoas que buscam serem ouvidas por Deus, mas se recusam a ouvi-Lo.

Que mensagem dura! É isso mesmo?
Quando me deparei com este verso pela primeira vez, fiquei pensativo por algum tempo me perguntando: será que é isso mesmo que Deus queria dizer? É uma mensagem muito dura. Deus realmente pensa assim? Será que o tradutor não se equivocou ao traduzir este verso do original?

Para sanar minhas inquietações, resolvi pesquisar um pouco mais a fundo este verso. Descobri, por exemplo, que o verbo ouvir também poderia ser traduzido como obedecer ou guardar (2Sm 18:12 é um caso desses). A palavra lei (Torah) é uma referência à toda a Bíblia que eles tinham na época, ou seja, o Pentateuco. Portanto, ela também inclui Êxodo 20, ou seja, a lei moral de Deus, os dez mandamentos. Outra tradução possível para a palavra “abominável” seria “detestável”, o que torna a expressão ainda mais séria. Finalmente fui buscar outras traduções para comparar a versão que eu havia lido (ARA) com outras possibilidades. Todas as versões que eu consultei (NVI, Almeida século XXI, BV, NTLH, ARC, NKJV, BJ) concordam entre si em relação à tradução deste verso.

A única coisa que podemos concluir, portanto, é que Deus realmente quis dizer o que está escrito em nossa Bíblia. Contudo, vamos analisar um pouco mais este verso.

De quem o verso fala?
O verso deixa transparecer algumas características que nos ajudam a identificar a quem ele se refere. Duas características se destacam. A primeira é que as pessoas descritas nesse verso recusam ouvir (obedecer, guardar) a lei. Isso significa que essas pessoas conhecem a lei de Deus, conhecem a palavra de Deus, mas voluntariamente se recusam a obedecer.

Uma segunda característica que podemos observar é que estas pessoas de Provérbios 28:9 oram a Deus. São pessoas religiosas, que frequentam uma igreja, que professam um credo. Essas pessoas dizem que servem a Deus, mas querem servir do seu jeito, sem compromisso real com as ordens do Senhor. É importante também destacarmos que o verso não está se referindo a quem é ignorante em relação às leis da Bíblia. Deus não cobrará de quem não conhece (At 17:13).

O que tudo isso significa?
A aplicação deste texto deve nos fazer refletir profundamente a respeito da nossa vida cristã. A rebelião impede o contato com Deus. Rebelião é colocar-se conscientemente contra uma clara ordem Divina. A palavra de Deus nos revela várias leis para as quais devemos dar toda atenção. A Lei moral é, sem dúvida, a mais importante delas. Todos os dez mandamentos, inclusive o sábado, devem ser alvo de nossa atenção e obediência. Encontramos outras leis de Deus em Sua palavra: a lei dos dízimos e ofertas, as leis de saúde dentre outras.

Quando estudamos os textos sagrados, precisamos estar alerta aos pequenos detalhes. No texto que estamos analisando, há um detalhe importante. A palavra “até” tem muito a nos dizer. Ela é uma palavra inclusiva. Não são somente as orações dos que são rebeldes que são abomináveis. Qualquer manifestação em direção a Deus é abominável. Músicas, culto, pregação, todas são abomináveis, ou seja, detestáveis a Deus. O profeta Amós deu uma mensagem de Deus a pessoas que estavam em uma situação de rebeldia em relação ao Pai eterno: 
“Aborreço, desprezo as vossas festas, e não me deleito nas vossas assembleias solenes. Ainda que me ofereçais holocaustos, juntamente com as vossas ofertas de cereais, não me agradarei deles; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras" (Amós 5:21-23). 
O povo ao qual Amós dirigiu estas palavras ia para a igreja, fazia sacrifícios, cantavam bonitas músicas, mas, eram voluntariamente desobedientes aos mandamentos divinos. Para Deus sua adoração era desprezível. Através do profeta Isaías, Deus confirmou este pensamento: 
“Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir; mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça" (Isaías 59:1, 2).
Se Deus aceitasse adoração dos desobedientes, estaria aprovando a rebeldia. 

Espírito de Profecia
Ellen G. White confirma estes conceitos em diversos momentos: 
“Deus não aceitará uma obediência voluntariosa e imperfeita. Os que presumem estar santificados, mas desviam os ouvidos de ouvir a lei, demonstram ser filhos da desobediência, cujo coração carnal não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Mensagens Escolhidas V. 3. p. 199).
Comentando a primeira mensagem angélica, ela escreveu: 
“Pelo primeiro anjo os homens são chamados a temer a Deus e dar-Lhe glória, e adorá-Lo como o Criador do céu e da Terra. A fim de fazer isto devem obedecer à Sua lei. Diz Salomão: 'Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem.' Ec 12:13. Sem a obediência a Seus mandamentos nenhum culto pode ser agradável a Deus. 'Este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos.' 'O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.' 1Jo 5:3; Pv 28:9" (O Grande Conflito, pp. 435 e 436).
Completando este pensamento, ainda lemos: 
“Não bastava que a arca e o santuário estivessem no meio de Israel. Não bastava que os sacerdotes oferecessem sacrifícios, e que o povo fosse chamado filhos de Deus. O Senhor não toma em consideração o pedido daqueles que acariciam a iniquidade no coração; está escrito que "o que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável". Pv 28:9 (Patriarcas e Profetas, p. 584).
Conclusão
A mensagem contida em Provérbios 28:9 é muito importante e profunda. Deus não considera as orações daqueles que voluntariamente O desobedecem. O culto, as músicas, por mais bem executadas que sejam, e outras formas de adoração também são rejeitados por Deus.

Há um desafio para o povo remanescente: dar uma mensagem de advertência àqueles que necessitam mudar de vida. Não podemos ter orgulho espiritual, mas é preciso ter consciência que aqueles que conhecem e guardam a lei de Deus precisam pregar àqueles que se rebelaram contra Deus. Eles devem aprender sobre a verdadeira adoração com quem obedece e não o contrário.

Aqueles que professam estar entre o povo remanescente, também devem analisar-se diariamente para saber se estão “ouvindo” a lei de Deus. O Senhor não levará em consideração a placa de sua igreja na hora do julgamento, naquele dia é só o ser humano e Deus.

É importante terminarmos esta reflexão destacando que há solução para todos aqueles que estão em rebelião contra Deus. João escreveu: 
“Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1:9). 
A oração de arrependimento sempre será ouvida por Deus. 

Que possamos estar sempre atentos à voz do Senhor!

Pr. Felippe Amorim (via Revista Adventista)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Nossa atitude para com as autoridades civis por Ellen G. White


Os textos a seguir foram extraídos do livro Testemunhos Seletos, vol. 3, pp. 45-49 de Ellen G. White:
"Alguns de nossos irmãos têm escrito e dito muitas coisas que são interpretadas como contrárias ao Governo e à lei. Está errado expor-nos dessa maneira a um mal-entendido geral. Não é procedimento sábio criticar continuamente os atos dos governantes. A nós não nos compete atacar indivíduos nem instituições. Devemos exercer grande cuidado para não sermos tomados por oponentes das autoridades civis. Certo é que a nossa luta é intensiva, mas as nossas armas devem ser as contidas num simples 'Assim diz o Senhor'. Nossa ocupação consiste em preparar um povo para estar de pé no grande dia de Deus. Não devemos desviar-nos para procedimentos que provoquem polêmica, ou suscitem oposição nos que não são da nossa fé. [...]
Não é exigido de nós que desafiemos as autoridades. [...]
Tempo virá em que expressões descuidadas de caráter denunciante, displicentemente proferidas ou escritas pelos nossos irmãos, hão de ser usadas pelos nossos inimigos para nos condenarem. Não serão usadas simplesmente para condenar os que as proferiram, mas atribuídas a toda a comunidade adventista. Nossos acusadores dirão que em tal e tal dia um dos nossos homens responsáveis falou assim e assim contra a administração das leis desse governo. Muitos ficarão pasmos ao ver quantas coisas foram conservadas e lembradas, as quais servirão de prova para os argumentos dos nossos adversários. Muitos se surpreenderão de como foi atribuído às suas palavras um significado diferente do que era a sua intenção. Sejam nossos obreiros cuidadosos no falar, em todo tempo e sob quaisquer circunstâncias. Estejam todos precavidos para que, por meio de expressões imprudentes, não tragam sobre si um tempo de angústia antes da grande crise que provará os seres humanos. [...]
Devemos estar lembrados de que o mundo nos julgará pelo que aparentamos ser. Que os que buscam representar a Cristo exerçam o cuidado de não exibir traços incoerentes de caráter. Antes de assumirmos um lugar definido na linha de frente, certifiquemo-nos de que o Espírito Santo nos tenha sido concedido lá dos altos Céus. Quando isso acontecer, pregaremos uma mensagem definida, que será, porém, de espécie muito menos condenatória do que a de alguns; e os que crerem terão muito mais interesse na salvação de nossos oponentes. Deixemos inteiramente com Deus o assunto de condenar as autoridades e governos. Com humildade e amor, defendamos, como sentinelas fiéis, os princípios da verdade tal como é em Jesus. [...]
Se quisermos que os homens sejam convencidos de que a verdade que cremos santifica a alma e transforma o caráter, não estejamos continuamente sobre eles lançando veementes acusações. Se o fizermos, obrigá-los-emos a deduzirem que a doutrina que professamos não pode ser cristã, pois não nos torna bondosos, corteses e respeitosos. O cristianismo não se exterioriza em acusações violentas e condenação." 
Discordar não é pecado. Manifestar insatisfação não é pecado. Mas isso deve ser feito com mansidão e honra – com qualquer um e em qualquer circunstância. O Sermão do Monte deixa isso extremamente evidente. Ofensas acontecem porque acredita-se que as autoridades têm errado em suas ações. Gostaria de lembrar que eu e você erramos em nossas ações todos os dias. Apesar disso, Deus não nos tratou como merecíamos, mas enviou Jesus para morrer pelos nossos erros. Estendamos a todos a mesma graça que o Senhor manifestou a nós. Fora disso não há cristianismo.

Europa será alvo do maior esforço evangelístico da Igreja Adventista

O maior esforço evangelístico da Igreja Adventista neste ano envolverá sete países do leste europeu. A programação, que começou no dia 9 de fevereiro, deve dar fôlego para as outras cerca de 100 mil reuniões evangelísticas menores que a denominação espera realizar em todo o mundo ao longo de 2017. Nas próximas seis semanas, a mensagem será pregada em mais de 4,3 mil pontos da Armênia, Bulgária, Bielorrússia, Geórgia, Moldávia, Romênia, Rússia e Ucrânia.

Nesta semana, o boletim da Adventist News Network (ANN), agência internacional de notícias da igreja, também conta como foi o maior batismo da história do adventismo na Mongólia.



[Revista Adventista]

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Carnaval - O que esperar dos retiros espirituais e acampamentos?


Diego Mota, 22, chega correndo em casa, pega suas malas, joga suas roupas dentro, come alguma coisa na cozinha e sai correndo novamente. Ele está atrasado para pegar o ônibus que irá levar os jovens da Igreja Adventista do Capão Redondo, em São Paulo, para mais um acampamento de verão.

Alegria, descontração, louvor e espiritualidade – esses são alguns dos motivos para que jovens como Diego participem todos os anos dos vários acampamentos e retiros espirituais promovidos por suas igrejas, especialmente no período do Carnaval.

Segundo Mota, este tipo de evento afasta os jovens da influência negativa da vida moderna. “Normalmente no período em que ocorrem os acampamentos, a cidade está uma verdadeira bagunça. É nessa época que muitos jovens se perdem”, declara. Para Helbert Roger, líder de jovens em São Paulo, os retiros espirituais e os acampamentos têm uma importância muito grande na vida do jovem. “Estes eventos proporcionam a oportunidade de relacionamento com Deus e com os amigos. Isso fortalece a fé e a ligação mais íntima com pessoas da mesma fé”, afirma. 

Longe da folia 
Época de Carnaval é sempre, em países como o Brasil, um momento em que a população é literalmente bombardeada com comentários, imagens, notícias e obviamente músicas relacionadas a essa que é considerada uma das maiores festas populares do mundo.

Mas nem todas as pessoas apreciam Carnaval, samba, blocos de rua ou a conhecida folia típica desse período. Alguns se refugiam em hotéis e pousadas e se entregam ao descanso mesmo sem qualquer tipo de preocupação. Outros permanecem em casa tranquilos e ignoram completamente o evento. Fogem literalmente da algazarra que normalmente caracteriza o período carnavalesco.

Mas há grupos que, eu diria, fogem do Carnaval. Por outro lado, aproveitam o feriado prolongado para alguns objetivos bem diferentes. Sua postura é baseada no que aprenderam com os ensinos da Bíblia Sagrada. Isso faz toda a diferença na maneira como encaram o período de Carnaval ou qualquer outro aspecto da vida. Longe da folia, muitos cristãos esperam:

Estar mais em contato com o meio ambiente 
Se há tempo livre, nada melhor do que se aproximar de Deus por meio da Sua criação. Jesus é um exemplo muito claro disso. Preferia fugir dos grandes centros de sua época e estar em meio aos lagos, rios e montanhas. O apóstolo Paulo, em uma visita à cidade de Filipos, manteve contato com as pessoas da cidade e falou a respeito de Cristo e Seu ministério à beira de um rio (Atos 16:3).

Evitar o barulho para ouvir melhor a voz de Deus
No mundo de múltiplas tarefas e estímulos, o barulho parece ter se tornado companheiro inseparável. Mas quem tem objetivos diferentes durante o Carnaval se retira para locais onde consegue ouvir um pouco melhor a voz de Deus por meio da oração e do estudo da Bíblia. Sem a gritaria das ruas, o som de tantas máquinas e meios de transporte e até o barulho de tiros e acidentes de trânsito, há ambiente propício para reflexão. O sábio autor de Eclesiastes já aconselhava a ouvir mais e falar menos ao sugerir que “não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus e tu, na terra..”(Eclesiastes 5: 2).

Apoiar outras pessoas para que tenham um encontro com Jesus
No meio da folia carnavalesca, é praticamente impossível se falar em apoio mútuo e ajuda. Em meio a bebedeiras e em festas ou blocos de rua onde há fortes estímulos para a promiscuidade sexual e até para a baderna, pouca ajuda se consegue dar para alguém. Principalmente o suporte necessário para a real felicidade das pessoas que definitivamente não está nos vícios ou prazeres passageiros. Longe da folia, os conselhos bíblicos e o fortalecimento espiritual podem ser assimilados de maneira plena e uma vida com mais qualidade se inicia. Isso se dá em acampamentos e retiros espirituais onde, além do merecido e necessário descanso, há espaço para conversas e momentos de reflexão.

Respeito quem prefere a folia, contudo estar longe das festividades carnavalescas não é uma forma de fuga, mas de parada para se pensar na vida. E quando falo de pensar na vida, refiro-me em relação a meus objetivos, à maneira como me relaciono com os que estão ao meu redor e evidentemente com Deus. Para se fazer esse break estratégico, os dias do Carnaval são oportunos. É uma espécie de desintoxicação mental e física (nunca se esquecendo dos exercícios, boa alimentação e outros fatores pró-saúde) necessários, inclusive, para a sobrevivência espiritual em mundo cada vez mais desumano, egoísta e interessado em pular e suar sem se importar com o futuro. Melhor dizendo, com a eternidade.

Textos extraídos de Realidade em Foco e Conexão JA

10 orientações que ajudarão a ler Ellen White no século 21


Como devemos encarar uma escritora que aconselha as mulheres a encurtar os vestidos em vinte centímetros, num mundo em que muitas já os usam curtos demais? Ou que recomenda que as escolas ensinem as meninas a arriar e montar cavalos, quando a maioria delas nunca precisará desse conhecimento? Parte do problema é que o mundo mudou radicalmente desde o tempo em que Ellen White viveu. Esse, porém, não é o único aspecto que os leitores do século 21 precisam levar em consideração quando leem e procuram aplicar os conselhos de um profeta que viveu em tempo e lugar diferentes. Abaixo estão dez orientações que ajudarão nossa leitura dos escritos de Ellen White a se tornar mais proveitosa e equilibrada.

1. Concentre-se no tema central 
É possível ler os escritos de Ellen White de pelo menos duas maneiras. Uma é buscando o tema central; a outra é procurando coisas que são novas e diferentes, que não são ensinadas na igreja. O primeiro modo nos leva a uma compreensão mais precisa, enquanto o segundo leva a distorções no sentido proposto pelo autor e geralmente leva a extremos, o que Ellen White detestava. 

Ela mesma defendia o estudo da Bíblia com o objetivo de “ganhar conhecimento do tema central da Bíblia”. Para ela, esse tema era o plano da redenção e o grande conflito entre o bem e o mal. “Encarado à luz deste conceito”, o grande tema central da Bíblia, “cada tópico tem nova significação(Educação, p. 190, 125). Em resumo, o conselho dela era ler para se compreender o todo. O quadro geral mostra o contexto para interpretar outros assuntos, tanto em termos de significado como de importância. Esse princípio, além dos escritos de Ellen White, aplica-se igualmente à Bíblia. 

2. Enfatize o mais importante 
No início do século 20, quando alguns líderes da igreja usavam os escritos de Ellen White para provar certos pontos proféticos que ela cria serem de menor importância, ela escreveu: 
"O inimigo de nossa obra se agrada quando um assunto de menor importância pode ser usado para desviar a mente de nossos irmãos das grandes questões que devem constituir a preocupação de nossa mensagem." (Mensagens Escolhidas, v.1, p. 164, 165) 
3. Estude tudo sobre o assunto 
O neto e biógrafo de Ellen White, Arthur White, destacou esse assunto quando escreveu: 
"Muitos têm errado ao interpretar o significado dos testemunhos tomando declarações isoladas ou fora do contexto como base para crença. Alguns fazem isso, mesmo que existam outras citações que, se consideradas com cuidado, mostram que é insustentável tomar posições baseadas em declarações isoladas." (Ellen G. White: Messenger to the Remnant [Review and Herald, 1969], p. 88) 
4. Evite interpretações extremistas 
Por não seguirem as orientações de Ellen White, alguns recriam essas orientações de uma forma extremista, como eles próprios. Durante toda a sua vida, Ellen White enfatizou o equilíbrio, que, infelizmente, falta em alguns que afirmam seguir suas orientações. Por exemplo: alguns utilizam uma declaração em que Ellen White mostra desagrado com o jogo de bola para condenar todos os tipos de jogos, ao passo que ela mesma escreveu: 
“Não condeno o simples exercício de brincar com uma bola; mas isso, mesmo em sua simplicidade, pode ser levado ao excesso” (O Lar Adventista, p. 499)
Como nas demais situações, Ellen White foi equilibrada, e não extremista. 

5. Leve em conta tempo e lugar 
Por causa das mudanças no tempo e no espaço, é importante compreender o contexto histórico de muitos dos conselhos de Ellen White. Só podemos considerar seu conselho de encurtar o vestido em vinte centímetros como algo apropriado para as mulheres do século 19. Nunca poderíamos usar essa citação como se ela tivesse escrito para o tempo da minissaia. 

Quanto aos testemunhos”, Ellen White escreveu, “coisa alguma é ignorada; coisa alguma é rejeitada; o tempo e o lugar, porém, têm que ser considerados” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 57). Muitas vezes ela deu esse conselho ao longo de seu ministério. 

6. Leia o contexto literário 
Com muita frequência, as pessoas baseiam sua compreensão dos ensinos de Ellen White no fragmento de um parágrafo ou numa afirmação isolada, totalmente fora do contexto. Falando sobre o mau uso que alguns fazem dos seus escritos, ela escreveu que "citam metade de uma frase, e omitem a outra metade, a qual, se fosse citada, mostraria que o raciocínio de quem assim procede é falso” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 82).

7. Reconheça a diferença entre o ideal e o real 
Frequentemente, Ellen White dava conselhos sobre o mesmo assunto sob dois pontos de vista. O primeiro pode ser considerado como o ideal. Nesse ponto de vista, as declarações não permitem exceções. Um exemplo é o conselho sobre o ideal de que os pais deveriam ser os “únicos professores de seus filhos até alcançarem a idade de oito a dez anos” (Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 137). Por outro lado, quando ela trata com situações do cotidiano, frequentemente seu conselho é ajustar as necessidades reais do povo com suas reais limitações. Embora tenha moderado seu conselho para que os pais sejam os “únicos” professores, ela acrescentou que esse ideal deveria ser mantido “se” tanto o pai como a mãe desejassem fazer esse trabalho. Se não, as crianças deveriam ser enviadas à escola (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 215-217). 

Ellen White nunca perdeu seu senso de ideal, mas estava pronta a adaptar seus conselhos para se adequar à realidade do mundo. Um dos aborrecimentos de sua vida foi com aqueles que selecionavam suas afirmações sobre o ideal e queriam impô-las a todos. Ela disse: 
"Vemos os que escolhem as expressões mais fortes dos testemunhos e sem fazer uma exposição ou um relato das circunstâncias em que são dados os avisos e advertências, querem impô-los em todos os casos. […] Escolhendo algumas coisas nos testemunhos, impõem-nas a todos, e, em vez de ganhar almas, repelem-nas." (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 285) 
8. Use o bom senso 
As citações de Ellen White não resolvem todos os problemas. Às vezes, elas simplesmente não se encaixam na situação. Certa vez surgiram problemas porque algumas pessoas estavam mencionando suas declarações de que os pais deveriam ser os únicos professores de seus filhos até os 8 ou 10 anos de idade. Ellen White respondeu dizendo que “Deus deseja que lidemos sensatamente com esses problemas” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 215). E continuou: 
"Minha mente tem sido muito agitada quanto à ideia: “Ora, a irmã White disse assim e assim, e a irmã White falou isto ou aquilo; e, portanto, procederemos exatamente de acordo com isso.” Deus quer que todos nós tenhamos bom senso, e deseja que raciocinemos movidos pelo senso comum. As circunstâncias alteram as condições. As circunstâncias modificam a relação das coisas." (p. 217) 
Os leitores precisam usar bom senso, mesmo quando tem uma citação sobre o tema. 

9. Identifique os princípios subjacentes 
Na virada do século 19 para o 20, Ellen White escreveu que seria bom que “as moças pudessem aprender a arriar e cavalgar” (Educação, p. 216, 217). Aquela era uma prática em seus dias, mas hoje não é mais. Os princípios implícitos nesse conselho, entretanto, ainda são muito importantes. Ou seja, as mulheres devem ser autossuficientes ao locomover-se. Em nossos dias, poderíamos dizer que devem ser capazes de dirigir um carro e trocar um pneu. A especificação exata do conselho pode mudar, mas o princípio implícito tem valor permanente. 

10. Tenha certeza de que a declaração foi dita por Ellen White 
Muitas declarações atribuídas a Ellen White nunca foram feitas por ela. O único método seguro é usar declarações que podem ser encontradas em seus trabalhos publicados ou não publicados, mas validados pelo Patrimônio Literário de Ellen G. White. Muitos têm sido desviados por declarações que ela nunca fez, mas que são atribuídas a ela. 

Os escritos de Ellen White têm sido uma bênção a leitores em todo o mundo. E serão muito mais eficazes se forem lidos tendo em conta as orientações acima. 

George R. Knight - Adaptado de Adventist World (via Missão Pós-Moderna)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

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Há base bíblica para a prática de levantar as mãos no louvor?


Há base bíblica para a prática, cada vez mais comum, de levantar as mãos durante o canto congregacional? Essa pergunta pode parecer sem importância, porém revela que estamos muito interessados em um tipo de culto que esteja biblicamente fundamentado e que não viole as instruções bíblicas. Mostra, também, que o movimento das mãos enquanto cantamos está criando certa tensão. Vou falar do uso das mãos durante os atos de adoração. Ficará claro que, na Bíblia, o ritual do uso das mãos acontecia, principalmente, durante a oração.

1. Atos não-verbais.
 As expressões corporais desempenham papel importante na expressão de ideias e emoções. Estudos sobre o papel dos atos não-verbais na adoração nos ajudam a entender um pouco melhor seu significado.

Na Bíblia, temos apenas a linguagem da postura, gestos, movimentos e expressões faciais. As artes do antigo Oriente Médio ilustram muitos desses gestos. Os gestos das mãos, mencionados na Bíblia, eram também comuns no ambiente de adoração e culto no antigo Oriente Médio.

2. Levantar das Mãos. As expressões "levantar as mãos [yãdím]" ou "levantar as palmas (mãos) [kappayim]" são praticamente sinônimas. São usadas em diferentes contextos e, em alguns casos, expressam significados distintos. "O ato de levantar as mãos" é um gesto que expressa adoração no contexto do culto. Os que ministravam no templo eram exortados assim: "Levantem as mãos na direção do santuário e bendigam o SENHOR!" (Sl 134:2, NVI).

O gesto indicava que o objeto de louvor era o Senhor e que todo o indivíduo estava envolvido nesse ato. Era também usado para apresentar ao Senhor as orações e súplicas (Sl 28:2), como se a oração fosse colocada na palma da mão e levantada ao Senhor pedindo-Lhe que aceitasse (Sl 141:2).

Em outros casos, o gesto aparece para expressar a vontade do adorador de receber do Senhor o que pediu (Sl 63:4, 5; Lm 2:19). Mas o levantar das mãos parece expressar algo profundo, algo relacionado com o coração humano: "Derrame o seu coração como água na presença do Senhor. Levante para Ele as mãos" (Lm 3:41, NVI). O levantar das mãos correspondia ao levantar do íntimo do ser adorador ao Deus adorado, em comunhão com Ele.

3. Movimentar as Mãos. Neste caso, o verbo é pãrash ("acenar"), expressando a ideia de que as mãos acenam em frente da pessoa, não necessariamente levantadas. Às vezes, parece que o adorador acena as mãos em direção ao templo, ao Céu (1Rs 8:38, 39, 54; Sl 44:20) ou ao Senhor (Êx 9:33). O movimentar das mãos era usado, particularmente, durante as orações de súplica (1Rs 8:54; Is 1:15; Êx 9:29; Lm 1:17) ou quando havia uma profunda necessidade da presença de Deus (Sl 143:6). No salmo 88:9, lemos: "A minha vista desmaia por causa da aflição. SENHOR, tenho clamado a Ti todo o dia, tenho estendido para Ti as minhas mãos".

A necessidade do salmista é tão intensa que ele implora pela ajuda do Senhor. Embora em necessidade profunda, o adorador vai ao Senhor e estende as mãos a Ele, pedindo ajuda. Esse gesto mais intenso era uma expressão pessoal de dependência de Deus (Sl 44:20) e a devoção do coração ao Senhor (Jo 11:13).

4. E Então? Tanto quanto posso apurar, não há aceno com as mãos durante o culto na Bíblia. O levantar das mãos é comum (cf. 1Tm 2:8). A Bíblia não prescreve gestos das mãos na adoração, mas os descreve como prática comum aceitável. A arte dos cristãos primitivos indica que eles costumavam orar com os braços e as mãos estendidas para os lados, formando um crucifixo com o corpo. Hoje, unimos nossas mãos, tanto atrás como na frente do corpo, ou simplesmente as deixamos soltas. Ocasionalmente, podemos juntar as palmas das mãos e entrelaçar os dedos, uma prática comum entre os antigos romanos e sumerianos. Em outros tempos, as palmas eram colocadas juntas com os dedos estendidos, ato comum no budismo e hinduísmo.

A introdução de novidades em nossas igrejas, influenciadas pelo sistema carismático de adoração, pode perturbar um culto que deveria estar centrado em nosso Criador e Redentor e na Sua Palavra. Seria melhor seguir as práticas comuns da congregação onde coletivamente adoramos o Senhor. 

Angel Manuel Rodríguez (via Adventist World)