terça-feira, 31 de março de 2020

O que é aparência de piedade?

Entre tantas evidências dos últimos dias da Terra estão também fenômenos sociais e humanos. Jesus pede que estejamos atento aos tempos, assim como alguém se atenta para o dia da colheita de uma figueira (Mateus 24). É costume dos cristãos que aguardam a volta de Jesus tentar se atentar a sinais mais literais e físicos, como o escurecimento do sol, queda das estrelas, etc. No entanto, existem outros fatores tão evidentes quanto, mas que por sua natureza subjetiva são menos observados. Mas talvez sejam os mais evidentes.

Na segunda carta a Timóteo, no capítulo 3, Paulo fala sobre o estado do homem no tempo do fim. Cada sentença poderia virar um texto diferente, mas vou me ater a apenas uma dessas afirmações. Paulo diz que “nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis”. O que há de difícil nesses dias, Paulo?

“Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder”.

Cumprimento imediato e futuro
É verdade que o autor da epístola se refere a todo o período entre a primeira vinda de Cristo e Sua segunda vinda (período nomeado pela Bíblia como “os últimos dias”, a última fase de tempo da história do pecado). Porém, suas palavras são, como toda profecia, para cumprimento imediato e futuro. Sendo assim, temos aqui uma afirmação que narra o que Timóteo está vivendo. E o que nós também estamos vivendo, aqueles que estão na ponta do tempo mais próximos da segunda vinda.

Cada dia mais vemos as características que Paulo mencionou na humanidade. Nosso egoísmo se agrava com o tempo e nossa presunção também. Amamos mais o entretenimento que a Deus, os prazeres pessoais que o Criador. E aqui está a frase que quero destacar: Neste tempo, temos a forma de piedade, a aparência de piedade, mas negamos o poder de Deus.

Cada vez mais escuto discursos de amor. Todos vazios, embora muito coloridos e deslumbrantes. Fala-se muito dessa palavra. Bandeiras são erguidas e balançadas no horizonte em nome desse tal amor. Mas o que é amor sem Deus?

Sem Deus, o amor é a suposta benfeitoria do eu. É aqui que ele se esvazia. Se o que você faz de bom para o próximo não vem de Deus, então quem fez? Você, certo? Então quem é bom? Você! A usurpação do amor pelo eu é o ego procurando um enfeite para si mesmo. O amor legítimo esconde o ego. Deus nos deu o único meio de amarmos de verdade mesmo no estado do pecado: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1 João 4:19). “E Ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Coríntios 5:15).

Deus nos deu o único caminho possível para amarmos sem a interjeição do eu. Amamos por causa dEle. O que conseguirmos fazer de bom pelos outros, não veio de nós, mas do nosso Pai. É Ele quem nos dá do Seu amor para que possamos compartilhar. A fonte, a inspiração e mais do que tudo isso, a razão para amar. A única. Qualquer outra coisa parece amor, mas fica só na aparência.

Porque, sem Deus, não há razão para o amor que não esteja no próprio eu. E o eu é todo o problema do homem, tanto nas palavras de Paulo, como no tempo em que vivemos. Que Ele nos salve do nosso eu, todos os dias (Lucas 9:23 – desafio a ir ler).

Diego Barreto (via O Reino) (Título original: Os tempos difíceis chegaram)

Nota do blog: Ellen G. White deixou maravilhosos textos sobre esse assunto:

"Os fariseus tinham grande influência sobre o povo, e disso se aproveitavam para servir os próprios interesses. Conquistavam a confiança de piedosas viúvas, e então lhes apresentavam, como seu dever, consagrar sua propriedade a fins religiosos. Havendo conseguido domínio sobre seus bens, os astutos calculistas empregavam-nos para seu próprio benefício. Para encobrir sua desonestidade, faziam longas orações em público, e grande ostentação de piedade. Essa hipocrisia Cristo declarou que lhes traria maior condenação. A mesma repreensão recai hoje sobre muitos que fazem grande profissão de piedade. Sua vida é manchada de avareza e egoísmo, e todavia lançam sobre tudo isso um manto de aparente pureza, e assim por algum tempo enganam os semelhantes. Mas não podem enganar a Deus. Ele lê todo desígnio do coração, e julgará todo homem segundo as suas ações." (O Desejado de Todas as Nações, p. 431)

"Cristo é o nosso exemplo. Deu Sua vida como um sacrifício por nós, e nos pede que demos nossa vida em sacrifício por outros. Assim poderemos nós afastar o egoísmo que Satanás está constantemente se esforçando por nos implantar no coração. Esse egoísmo é a morte de toda piedade, e só pode ser vencido ao manifestar amor a Deus e aos nossos semelhantes. Cristo não permitirá que uma pessoa egoísta entre nas cortes celestes. Nenhum cobiçoso poderá passar pelos portais de pérola; pois toda cobiça é idolatria." (The Review and Herald, 11 de Junho de 1899)

A era da burrice

Discussões inúteis, intermináveis, agressivas. Gente defendendo as maiores asneiras, e se orgulhando disso. Pessoas perseguindo e ameaçando as outras. Um tsunami infinito de informações falsas. Reuniões, projetos, esforços que dão em nada. Decisões erradas. Líderes políticos imbecis. De uns tempos para cá, parece que o mundo está mergulhando na burrice. Você já teve essa sensação? Talvez não seja só uma sensação. Estudos realizados com dezenas de milhares de pessoas, em vários países, revelam algo inédito e assustador: aparentemente, a inteligência humana começou a cair.

“Há um declínio contínuo na pontuação de QI (quociente de inteligência) ao longo do tempo. E é um fenômeno real, não um simples desvio”, diz o antropólogo inglês Edward Dutton, autor de uma revisão analítica das principais pesquisas já feitas a respeito. A regressão pode parecer lenta; mas, sob perspectiva histórica, definitivamente não é. No atual ritmo de queda, alguns países poderiam regredir para QI médio de 80 pontos, patamar definido como “baixa inteligência”, já na próxima geração de adultos.

Há quem diga que o salto tecnológico dos últimos 20 anos, que transformou nosso cotidiano, possa ter começado a afetar a inteligência humana. “Hoje, crianças de 7 ou 8 anos já crescem com o celular”, diz Mark Bauerlein, professor da Universidade Emory, nos EUA, e autor do livro The Dumbest Generation (A Geração Mais Burra, não lançado em português). “É nessa idade que as crianças deveriam consolidar o hábito da leitura, para adquirir vocabulário.” Pode parecer papo de ludita, mas há indícios de que o uso de smartphones e tablets na infância já esteja causando efeitos negativos. Na Inglaterra, por exemplo, 28% das crianças da pré-escola (4 e 5 anos) não sabem se comunicar utilizando frases completas, no nível que seria normal para essa idade. Segundo educadores, isso se deve ao tempo que elas ficam na frente de TVs, tablets e smartphones.

O superficialismo acomete nossa geração. Como afirma Richard Foster, em seu livro A Celebração da Disciplina, “o superficialismo é o mal do nosso tempo”. Numa época em que as informações podem ser obtidas em questão de segundos, com a digitação de uma, duas ou três palavras no Google e um clique no botão enter, refletir com profundidade sobre os principais dilemas humanos é algo que vem perdendo prioridade.

O poeta Eric Donald Hirsch, em seu livro Cultural Literacy: What Every American Needs to Know (Alfabetização Cultural: o que todo americano precisa saber), observa que “boa parte dos estudantes universitários norte-americanos não tem o conhecimento básico necessário para compreender sequer a primeira página de um jornal, ou para agir responsavelmente como cidadãos”. Como frisou o escritor Philip Yancey, “num país que publica mais de 50 mil títulos por ano, é fácil perder a aura quase sagrada que no passado envolvia os livros”.

Será que isso é diferente do que acontece em outras partes do mundo, por exemplo, no Brasil? Creio que não. A propósito, o filósofo Allan Bloom, no livro O Declínio da Cultura Ocidental, argumentou que “por trás desse mal-estar educacional subjaz a convicção universal dos estudantes de que toda verdade é relativa e que, portanto, a verdade não é digna de ser buscada”.

Vivemos num momento em que presenciamos um divórcio entre conhecimento e espiritualidade. As pessoas querem sentir, mas não estão dispostas a pagar o preço para saber. A bem da verdade, isso não melhorou a qualidade de nosso cristianismo. Como acertadamente enfatizou o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, nosso mundo se tornou palco de um cristianismo sem Cristo, um evangelho sem cruz e uma graça barata. Como Maria no jardim do sepulcro e os discípulos na estrada de Emaús, muitos cristãos falam com o Cristo vivo como se Ele estivesse morto. Porém, diferentemente deles, falta-lhes o mesmo anseio para estar em Sua presença: “Fica conosco”, disseram os dois peregrinos de Emaús. “Mestre!”, exclamou Maria, abraçando-o efusivamente, repleta de incontida emoção. Nas duas histórias, o evangelista destacou o papel das Escrituras como revelador da pessoa e missão de Jesus (Lc 24:25-27; Jo 20:9). O conhecimento de Cristo não está desvinculado de Sua Palavra!

A Bíblia faz uma solene advertência contra o superficialismo: “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento” (Os 4:6). Por mais estranho que possa parecer, a Bíblia está apresentando uma espécie de atestado de óbito cuja causa da morte é a falta de conhecimento. Quando o conhecimento “morre”, em certo sentido nós também morremos. Para usar as palavras da romancista americana Joan Didion, no livro O Ano do Pensamento Mágico, “informação é controle”. No caso da afirmação bíblica acima, o contexto indica que a passagem se refere especificamente ao conhecimento de Deus. No entanto, é justamente o conhecimento de Deus que dá sentido a todas as outras formas de conhecimento. Talvez, seja esse o pensamento do autor de Hebreus ao citar o texto que se encontra em Jeremias 31:34: “Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor” (Comparar com Hebreus 8:11).

Como disse Philip Yancey, “através dos tempos e gerações, os livros [e eu acrescento, os bons livros] levam pensamentos e sentimentos, a essência do espírito humano”. Jamais percamos essa essência!

Fontes: Eduardo Szklarz e Bruno Garattoni (via Revista Superinteressante) | Nilton Aguiar (via Revista Adventista)

segunda-feira, 30 de março de 2020

Por um mundo de empatia

Sabe aqueles dias em que você não está bem, ou quando você analisa a sua vida e percebe que as coisas não estão nem um pingo do jeito que você gostaria? Ou, ainda, quando acontece algo que tira o nosso chão e nos deixa sem rumo? Nesses momentos, a tristeza é inevitável, assim como o sentimento de impotência diante da vida, de tal maneira que a chama que nos mantém firmes enfraquece. Precisamos, então, de pessoas capazes de se colocar no nosso lugar e, de algum modo, sentir a nossa dor. Ou seja, precisaremos da empatia dos que nos cercam, para que percebamos que não estamos sozinhos e que, por mais dolorosa que seja a caminhada, chegaremos ao final.

Em uma sociedade tão individualista e egoísta como a nossa, torna-se extremamente difícil encontrar pessoas empáticas. Cada um pensa na sua satisfação pessoal e na resolução dos problemas que unicamente o incomodam, de forma que não há um olhar contemplativo em relação ao todo, para que possamos enxergar que a vida não se circunscreve apenas à nossa existência e que as outras pessoas também têm problemas e dores, já que são seres humanos como nós também somos.

Dessa forma, para que se possa ter empatia, antes é necessário fugir do senso comum, que prega apenas valores individualistas voltados para o próprio umbigo. Em outras palavras, jamais conseguiremos possuir empatia se o nosso mundo se circunscrever somente a nós, de modo que o outro seja algo totalmente inóspito e sem as mesmas constituições emocionais que as nossas.

Para ter empatia, é indubitável que o indivíduo permita ser tocado por um dor que não é sua e esteja aberto àquele novo mundo à sua frente. É preciso permitir ter as suas veias e artérias invadidas por um corpo estranho, com pensamentos diferentes dos seus, problemas diferentes dos seus e monstros diferentes dos seus. É preciso estar aberto a um ser que, mesmo diferente, precisa de um olhar e de um afago que o faça sentir que não está atravessando aquela tormenta sozinho.

No entanto, em uma sociedade em que o egoísmo predomina, é difícil encontrar pessoas que realmente possuem a capacidade de colocar-se no lugar do outro. Pessoas que vão além da simpatia, que é importante, mas não supre de modo algum a falta da empatia. Quando estamos tristes, não precisamos apenas de alguém que só saiba contar piadas e nos queira levar pra sair. Precisamos de alguém que entenda a nossa dor, que respeite o nosso luto e que demonstre que, apesar de incômoda, aquela é uma situação que faz parte da vida e que devemos enfrentá-la, por mais que seja difícil.

Precisamos de pessoas que sejam capazes de também mostrar a suas feridas, revelar os seus medos e confessar as suas fraquezas, para que percebamos que não somos os únicos que choramos e, às vezes, temos vontade de desistir. Não se trata de provocar “felicidade” em função de uma tristeza alheia, mas de demonstrar a humanidade que há em nós, que faz coisas belas e grandiosas e também tem fraquezas, dores e angústias. Isto é, demonstrar que todos nós caímos e precisamos de ajuda e que a dor, que agora sentimos, outros já sentiram e sentem, de modo que não há motivo para desespero, pois o fardo que parece insuportável, outros já suportaram, bem como não é necessário carregá-lo sozinho, pois há alguém para dividir esse fardo e ajudá-lo a sair dessa situação.

Assim, ter empatia é ter o coração aberto para outra vida que precisa de nós naquele momento. É saber que, naquele lugar, poderia ser eu, você ou qualquer um. É ter a sensibilidade para perceber que não é porque uma determinada situação não mexe conosco, que não mexe com o outro; que não é porque algo não aperta o nosso peito, que o outro não possa sentir o seu peito esmagado.

Ter empatia é entender que as pessoas são diferentes, sofrem por coisas diferentes, reagem às situações internas e externas de modo diferente, mas que, acima de tudo, são seres humanos que, em meio a divergências, fazem a mesma coisa: sentem. E, assim, precisam ser ouvidas, compreendidas e acarinhadas, pois o que há de mais nobre na empatia é essa capacidade de sentir uma dor que talvez jamais nos incomodasse, mas que nos incomoda pelo outro, em razão do outro e por isso é, ao mesmo tempo, tão pesada e bela e faz com que sintamos o âmago de outro ser ecoando dentro de nós. Como diz Kundera:

“Não existe nada mais pesado que a compaixão. Mesmo nossa própria dor não é tão pesada quanto a dor co-sentida com outro, por outro, no lugar de outro, multiplicada pela imaginação, prolongada por centenas de ecos.”

Erick Morais (via Conti Outra)

Nota do blog: A nossa igreja parece estar cheia de pessoas simpáticas e pouco empáticas. Receber alguém na minha igreja com um sorriso e a paz do Senhor é ser simpático, o que é muito legal, mas ir à rua, ouvir as pessoas, entender o que elas vivem e sentem é ser empático, o que é melhor ainda.

Um evangelho vivido apenas de púlpito não me parece empático. Ele dita apenas as regras para você se enquadrar no time. Já o evangelho vivido no trabalho, na faculdade, na vizinhança pode se tornar empático, pois as chances são maiores de entender o dilemas vivido pelas pessoas em seu contexto social. A palavra empatia não está na Bíblia, mas ser empático é ser misericordioso, e feliz é aquele que tem misericórdia, pois serão também tratados com misericórdia. Vejamos estes dois pensamentos de Ellen G. White:

"Aprendam acerca das necessidades dos outros! Esse conhecimento desperta empatia, que é a base para um ministério eficaz. Ao tentarem aprender acerca das tremendas necessidades das pessoas... vocês tornar-se-ão menos egocêntricos e mais capazes de simpatizar com a situação desesperada de milhões." (Um Convite à Diferença, p. 91)

Através de Seu exemplo amoroso, Jesus nos ensina a ter empatia:

"Que maravilhoso pensamento este, de que Jesus tudo sabe acerca das dores e aflições que sofremos! Em todas as nossas aflições foi Ele aflito. Alguns dentre nossos amigos nada sabem da miséria humana e da dor física. Nunca ficam doentes, e portanto não podem penetrar plenamente nos sentimentos daqueles que se acham doentes. Jesus, porém, Se comove com o sentimento de nossa enfermidade. Ele é o grande missionário médico. Tomou sobre Si a humanidade e colocou-Se à cabeceira de uma nova dispensação, a fim de que possa reconciliar justiça e compaixão." (Manuscrito 19, 1892)

Vitimismo crônico

Todos nós, em algum momento ou outro, assumimos o papel de vítimas.

No entanto, assim como existem pessoas que se sentem culpadas por tudo, existem pessoas que se tornam vítimas permanentes, sofrem o que pode ser considerado uma “vitimização crônica”. Essas pessoas se disfarçam de falsas vítimas, consciente ou inconscientemente, para simular agressões inexistentes e, incidentalmente, culpar os outros, libertando-se de toda responsabilidade.

Na realidade, a vitimização crônica não é uma patologia, mas pode levar a um distúrbio paranoico, quando a pessoa insiste em culpar os outros pelos males que sofre. Além disso, esse modo de enfrentar o mundo, por si só, leva a uma visão pessimista da realidade, que produz desconforto, tanto na pessoa que reclama quanto na pessoa que recebe a culpa.

Em muitos casos, a pessoa que abraça a vitimização crônica acaba alimentando sentimentos muito negativos, como ressentimento e raiva, que levam à vitimização agressiva. É o caso típico daqueles que não apenas se queixam, mas atacam e acusam os outros, mostrando intolerância e continuamente violando os direitos das pessoas.

Raio-X de uma vítima crônica
Deformar a realidade. Esses tipos de pessoas acreditam firmemente que a culpa do que acontece com eles é dos outros, nunca é deles. Na verdade, o problema é que eles têm uma visão distorcida da realidade, têm um locus de controle externo, e acredita que ambos os aspectos positivos e negativos que ocorrem em sua vida não depende diretamente de sua própria vontade, mas de circunstâncias externas. Além disso, eles exageram os aspectos negativos, o desenvolvimento de um pessimismo exacerbado que os levaram a se concentrar apenas nas coisas negativas que acontecem, ignorando o positivo.

Encontram consolo no lamento. Essas pessoas acreditam que são vítimas dos outros e das circunstâncias, por isso não se sentem culpadas ou responsáveis ​​por nada que aconteça a elas. Como resultado, tudo o que resta é arrependimento. De fato, eles frequentemente sentem prazer em reclamar porque assim assumem melhor seu papel de “pobres vítimas” e conseguem atrair a atenção dos outros. Essas pessoas não pedem ajuda para resolver seus problemas, apenas lamentam seus infortúnios na busca desenfreada de compaixão e protagonismo.

Procuram culpados continuamente. Pessoas que assumem o papel de vítimas eternas, desenvolvem uma atitude desconfiada, muitas vezes acreditam que os outros sempre agem de má fé. Por essa razão, geralmente têm um desejo quase mórbido de descobrir queixas mesquinhas, sentir-se discriminados ou maltratados, apenas para reafirmar seu papel como vítimas. Assim, acabam desenvolvendo uma hipersensibilidade e tornam-se especialistas em formar uma tempestade em um copo de água.

São incapazes de fazer uma autocrítica sincera. Essas pessoas estão convencidas de que não são culpadas por nada, então não há nada para criticar em seus comportamentos. Como a responsabilidade pertence a outros, não aceitam críticas construtivas e, muito menos, realizam um exame minucioso de consciência que os leva a mudar de atitude. Para essas pessoas, os erros e defeitos dos outros são intoleráveis, enquanto os deles são uma simples sutileza.

Quais são suas estratégias?
Para uma pessoa assumir o papel de vítima, deve haver um culpado. Portanto, você deve desenvolver uma série de estratégias que permitam que a outra pessoa assuma a culpa no assunto. Se não tivermos conhecimento dessas estratégias, provavelmente entraremos em suas redes e estaremos dispostos a levar toda a culpa nas nossas costas.

1. Retórica vitimista
Basicamente, a retórica dessa pessoa visa desqualificar os argumentos de seu adversário. No entanto, na realidade, ele não refuta suas afirmações com outros argumentos que são mais válidos, mas, ao contrário, ele cuida da suposição da outra pessoa, sem perceber, o papel de atacante. Como acontece? Ela assume o papel de vítima na discussão, de modo que a outra pessoa seja como alguém autoritário, sem empatia ou mesmo agressiva. É o que se conhece no campo da argumentação como “retórica centrista”, já que a pessoa é responsável por mostrar seu adversário como um extremista, em vez de se preocupar em refutar suas afirmações. Desta forma, qualquer argumento que seu adversário exerça será apenas uma demonstração de sua má fé.

Por exemplo, se uma pessoa se atreve a contrastar uma declaração com irrefutáveis ​​ou estatísticas do fato de fontes confiáveis, a vítima não vai responder-lhe com fatos, mas dizer algo como: “Você está sempre me atacando, agora você diz que eu estou mentindo” ou “Você está tentando impor seu ponto de vista, por favor, peça desculpas.”

2. Recuo de vítima
Em alguns casos, o discurso da vítima visa evitar a responsabilidade e evitar pedir desculpas ou reconhecer seu erro. Portanto, ele tentará escapar da situação. Para conseguir isso, sua estratégia consiste em desacreditar o argumento do vencedor, mas sem explicitar que ele estava errado. Como acontece? Mais uma vez, assume o papel de vítima, joga com os dados ao seu bel prazer e os manipula a sua conveniência com o objetivo de semear confusão. Basicamente, essa pessoa irá projetar seus erros no outro.

Por exemplo, se uma pessoa responder com um fato comprovado, o que nega sua declaração anterior, a vítima não reconhecerá seu erro. Em qualquer caso, tentará fazer um retiro digno e dirá algo como: “Esse fato não nega o que eu disse. Por favor, não vamos criar mais confusão, é claro que é inútil discutir com você porque você não quer ouvir a razão”, quando na realidade quem cria confusão é o próprio.

3. Manipulação emocional
A manipulação emocional é uma das estratégias preferidas das vítimas crônicas. Quando essa pessoa conhece bem seu interlocutor, não hesitará em recorrer à chantagem emocional para colocar o conselho a seu favor e adotar o papel de vítima. De fato, essas pessoas são muito habilidosas em reconhecer emoções, então elas usam qualquer lampejo de dúvida ou culpa a seu favor. Como isso acontece? Eles descobrem o ponto fraco do adversário e exploram a empatia que podem sentir.

Desta forma, eles acabam envolvendo-o em sua teia de aranha, de modo que essa pessoa assuma toda a responsabilidade e o papel de carrasco, enquanto eles permanecem confortáveis ​​em seu papel como vítimas e podem continuar a lamentar.

Por exemplo, uma mãe que não quer reconhecer seus erros pode colocar a culpa na criança dizendo coisas como: “Com tudo que fiz por você, e é assim que você me paga”. No entanto, esse tipo de manipulação também é muito comum nas relações entre parceiros, entre amigos e até mesmo no ambiente de trabalho.

Como enfrentar esse tipo de gente?
O primeiro passo é perceber se estamos diante de uma pessoa que assume o papel de vítima. Então, é sobre resistir ao ataque e não nos deixar enredar em seu jogo. O mais sensato é dizer que não temos tempo para ouvir suas lamentações, que se você quiser ajuda ou uma solução, teremos o prazer de ajudá-lo, mas não estaremos dispostos a perder tempo e energia ouvindo continuamente suas queixas.

Lembre-se que o mais importante é que essas pessoas não estraguem o seu dia baixando sua dose de negatividade e, acima de tudo, não o façam se sentir culpado. Não se esqueça de que só pode machucá-lo emocionalmente, aquele a quem você lhe dá poder suficiente.

Texto traduzido e adaptado de Rincon Psicología (via Conti Outra)

Nota: Segue abaixo alguns conselhos de Ellen G. White sobre deste assunto:

"A autocomiseração é deteriorante ao caráter dos que a cultivam, e exerce uma influência que estraga a felicidade dos outros." (Medicina e Salvação, p. 177)

"Muitos exageram grandemente aparentes dificuldades e então se põem a nutrir autocomiseração, cedendo ao desânimo. Esses precisam fazer completa mudança em si mesmos. Precisam disciplinar-se, empenhando-se em vencer todos os sentimentos infantis. Devem convencer-se de que a vida não deve ser gasta em trabalhos triviais. ... Cada qual deve ter um alvo, um objetivo, na vida. A mente deve ser protegida e os pensamentos treinados para que se fixem no objetivo, como a bússola aponta ao pólo. A mente deve ser dirigida no conduto certo, de acordo com bem formados planos. Então cada passo será um passo para a frente. ... O êxito ou o fracasso nesta vida depende muito da maneira em que os pensamentos são disciplinados." (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 630)

"Necessitamos de evitar a compaixão de nós mesmos. Nunca alimenteis a impressão de que não sois estimados como deveríeis, que os vossos esforços não são apreciados e que o vosso trabalho é demasiado penoso. A lembrança de que Jesus sofreu por nós reduza ao silêncio todo o pensamento de murmuração. Somos tratados melhor do que foi nosso Senhor." (A Ciência do Bom Viver, p. 476)

sexta-feira, 27 de março de 2020

Ignorância

Jean Paul Sartre dizia que “a ignorância é a raiz de todo o preconceito”. Escreveu isso em relação ao absurdo anti-semitismo que havia exterminado mais de seis milhões de judeus na Europa. A ignorância a que Sartre se referia, nasce dessa síndrome dos pronomes possessivos de primeira pessoa (me, mim, comigo). Não é a toa que em lugar de ampliar relações e promover interação entre povos, pessoas e idéias, a democratização das notícias e do conhecimento (via internet, TV, etc.), trouxe aumento da intolerância e do fanatismo.

Conhecer é eliminar preconceitos. Conhecer envolve tempo. Tempo envolve compromisso (separar tempo, pelo menos). Só há compromisso com algo que me interessa e desperta curiosidade. Embora informação esteja exposta em variados tipos de mídia, a única que desperta interesse é aquela que se refere a mim.

Individualismo. É ele que nos impede de enxergar o outro, o diferente além de nós, o divergente, o oposto. A era da informação é também a era do individual. Parecemos crianças pequenas (2-5 anos), na famosa fase “é meu”. O que torna algo relevante é a sua relação comigo, minha vida, meus valores, minhas idéias, etc. O primeiro e único compromisso é comigo. O centro de tudo “sou eu” e o que está fora disso não interessa.

Agimos assim com Deus. Construímos nossa religião e nosso relacionamento com Ele, com base em nós mesmos, e por isso nossa religião se torna um amontoado de preconceitos e de ignorância.

Conheça a Deus a partir da perspectiva dEle. Relacione-se com Ele a partir das opiniões e ideias dEle. Deixe de ser um ignorante e preconceituoso, religioso ou não. Conheça o Criador a partir da Sua revelação – a Bíblia.

Não leia com moderação...


"A ignorância não é desculpa para o erro ou pecado, quando há toda a oportunidade de conhecer a vontade de Deus" (Ellen G. White - O Grande Conflito, p. 597).

quinta-feira, 26 de março de 2020

O tempo de Deus e a impaciência humana

Gosto muito de refletir sobre questões importantes do evangelho de Cristo que parecem ter sido esquecidas por muitos cristãos. Ultimamente, por exemplo, tenho pensado muito sobre o peso espiritual da paciência. Você já ouviu alguma pregação sobre paciência e impaciência? Já leu algum livro sobre o tema, já foi a algum congresso teológico com esse assunto? Eu nunca. No entanto, Paulo escreveu que paciência é uma das nove virtudes do fruto do Espírito (Gl 5:22-23). E, se esse comportamento é tão virtuoso a ponto de ter sido incluído por Paulo nessa seleta lista, infere-se, naturalmente, que a impaciência é um comportamento que não agrada a Deus. Logo, precisamos falar e refletir sobre isso, com muita seriedade. 

Paciência (ou “longanimidade”, nas traduções bíblicas mais arcaicas) é ter paz no coração enquanto se espera que algo aconteça. É ficar sossegado diante da necessidade de aguardar. Portanto, a pessoa que manifesta o fruto do Espírito sabe esperar em paz. E por que isso é espiritualmente importante? Porque paciência tem tudo a ver com fé. 

Se fé é “a certeza de coisas que se esperam” (Hb 11:1), fica claro que nossa fé está diretamente relacionada com nossa capacidade de esperar. E se “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11:6), certamente desagradamos o Senhor se demonstramos impaciência, pois ela revela que não temos fé suficiente nele para aguardar de forma descansada. A impaciência demonstra, portanto, que não temos confiança inabalável no fato de que Deus está no controle de tudo e que tem total domínio sobre o tempo certo daquilo pelo que esperamos. Impaciência é desconfiar da soberania divina. 

Deus é quem determina a hora exata de qualquer coisa acontecer, de acordo com seus propósitos. Isso fica claro quando vemos que Jesus só se fez carne na plenitude do tempo, predeterminada desde antes da fundação do mundo. De nada adiantaria a impaciência de querer que o Messias viesse logo, pois Ele só viria no tempo preciso de Deus. Ele esperou trinta anos para iniciar seu ministério. A ressurreição só ocorreu após três dias, como Jesus antecipou que ocorreria. O povo de Israel precisou esperar 400 anos para sair do Egito e depois mais 40 para entrar na Terra Prometida. Jó precisou esperar “42 capítulos” para seu cativeiro ser virado. José teve de ser escravo e presidiário por muitos anos antes de se tornar o segundo em poder do Egito. Esses e muitos outros exemplos mostram que tudo acontece no tempo exato de Deus. Não adianta nada balançar o pé, ficar olhando para o relógio de dois em dois minutos ou roer as unhas até o talo. É tão somente quando Deus bater o martelo que o que tiver de ser… será. 

Se sabemos que tudo acontece no tempo exato de Deus, ficar impaciente revela que não temos fé suficiente nessa verdade. Impaciência revela, portanto, falta de confiança em Deus. 

Se você está esperando por algo, meu irmão, minha irmã, entregue a Deus e confie nele. Saiba que o Senhor tem os olhos voltados para você e está ciente da situação. Uma de três coisas acontecerá: 

- Deus pode fazer o que você espera, no tempo em que você gostaria. Nesse caso, não é necessário exercer paciência. 

- Deus pode não fazer nunca o que você espera; e, nesse caso, ficar impaciente simplesmente não terá absolutamente nenhuma serventia, só alimentará uma ansiedade inútil; ou

- Deus pode fazer o que você espera, mas no tempo dele e não no seu. Nesse caso, sua impaciência será inócua, não adiantará nada, não fará Deus se apressar e a vontade dele prevalecerá de qualquer jeito. A única vantagem da sua impaciência é… bem, não há vantagem alguma na sua impaciência. 

Está claro, então, que ficar impaciente é inútil. Não adianta nada. E ainda demonstra falta de confiança no Senhor, o que certamente o desagrada. 

Meu irmão, minha irmã, espere com paciência no Senhor, sabendo que ele em absolutamente tudo é soberano. Tudo acontecerá na hora certa, da forma correta, de acordo com a boa, agradável é perfeita vontade do seu Santo Pai. O que você tem de fazer? Descansar. Lance sobre Cristo toda a sua ansiedade e relaxe. Ficar agoniado, angustiado, querendo que tudo ocorra no tempo que você quer só fará mal à sua pressão arterial e provocará queimação gástrica. Talvez uma úlcera. Vantagem na prática? Nenhuma. Então… paciência! 

“Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos” (Rm 8:24-25).

“Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. […] Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor. Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo” (Tg 5:8-11).

“Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 15:5-6). 

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari (via Apenas)

"A paciência sob as provas nos guardará de dizer e fazer aquilo que nos prejudique a alma e aos que se acham ao nosso redor. Sejam nossas provações quais forem, coisa alguma nos pode causar sério dano, caso exerçais paciência, sejais calmos, não vos irriteis quando em condições difíceis. A paciência deve ter sua obra perfeita, ou não podemos estar perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma. São-nos designadas tribulações e aflições, e havemos nós de suportá-las com toda a paciência, ou tornaremos tudo amargo por nossos queixumes? O ouro é metido na fornalha a fim de remover-se a escória. Não seremos nós então pacientes diante dos olhos do refinador? Precisamos recusar-nos a imergir num triste e desconsolado estado de espírito, mostrando antes calma confiança em Deus, considerando tudo alegria ao ser permitido que suportemos provas por amor de Cristo." (Ellen G. White - Nossa Alta Vocação, p. 65)

quarta-feira, 25 de março de 2020

Por que Deus permite o sofrimento?

O sofrimento é tão antigo quanto a raça humana. Adão e Eva, nossos primeiros pais, experimentaram o sofrimento quando, por causa de sua desobediência a Deus, sofreram a grande solidão da separação de Deus. Não podiam mais conversar pessoalmente com Ele. Anos mais tarde, o sofrimento se apresentou de uma maneira violenta naquele primeiro lar: Caim, revoltado contra Deus, se deixa dominar por seu espírito impetuoso e mata seu irmão Abel. Talvez somente os que tenham passado por uma experiência semelhante, poderão compreender o que Adão e Eva sofreram. Desde então todos os seres humanos têm sofrido e seguimos sofrendo. Sofrem ricos e pobres, fracos e poderosos, sábios e ignorantes. Não há nenhuma proteção contra o sofrimento. É uma consequência do pecado – o resultado da desobediência a Deus.

Existem vários tipos de sofrimento. As causas também são várias. Com muita frequência nós mesmos somos responsáveis por nosso sofrimento, porque não nos ajustamos às leis da saúde ou às que se relacionam com nosso próximo. Vivemos num mundo que opera em harmonia com certas leis. Violando essas leis, sejam físicas ou morais, colocamo-nos em desarmonia com elas, e como resultado, sofremos.

Se sabemos que o comer determinada coisa nos fará mal, e assim mesmo a comemos, a quem devemos culpar pelo sofrimento que disto nos virá? Nós seremos os únicos responsáveis. A quem poderá culpar o ébrio pelos males que o álcool lhe causa? A ninguém. Ele apenas está colhendo o que semeou.

O sofrimento também é causado por calamidades como terremotos, inundações, furacões, guerras e desastres vários. Estes estão além de nosso controle. Como resultado, sofrem justos e injustos. E muitos consideram tais calamidades como atos de Deus, como se Ele fosse responsável pelas mesmas e assim nosso amorável Pai tem sido grandemente mal representado. A Bíblia é clara ao afirmar que calamidades e desastres são obra de Satanás, mas ele cega os homens e os engana para que pensem que Deus é o causador dos males neste mundo. Bem ao contrário. O objetivo do plano divino é restaurar e levantar a fé dos que sofrem para honra e glória de Deus.

Há outro tipo de sofrimento. Alguns sofrem por causa da sua dedicação ao Senhor Jesus. Cristo o predisse e devemos esperá-lo. “Se Me perseguiram a Mim, também perseguirão a vós outros” (João 15:20). A História nos revela como milhares sofreram por causa da sua fé, por sua fidelidade a Deus. É o ódio de Satanás contra os seguidores de Jesus e isto continuará até o fim do mundo.

Mas se não é Deus que envia o sofrimento, por que Ele permite que o ser humano sofra?

Uma razão que poderia destacar é: para pôr à prova o caráter. Esta é uma razão por que Deus permite Satanás causar-nos sofrimentos. Todos temos defeitos, muitos ocultos, que devem ser eliminados na preparação para um mundo melhor. As fraquezas escondidas, talvez jamais se manifestariam se não fossem testadas.

Temos a história do patriarca Jó, relatada no primeiro capítulo do seu livro. Todas as calamidades que vieram a Jó eram obra de Satanás, não de Deus. Deus as permitiu para provar a fidelidade desse Seu servo. Mas, Satanás nunca poderá ir além do que Deus permite. Na primeira carta aos Coríntios, capítulo 10, versículo 13 nós temos essa garantia: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel, e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.”

O sofrimento também é permitido algumas vezes para que possamos melhor ajudar os outros. É muito mais fácil compreendermos alguém que está doente se nós mesmos já tivemos tal enfermidade. Isto nos capacita a dizer-lhe aquilo que lhe servirá de ajuda e conforto.

O sofrimento também acontece para nos ensinar a obediência. Quando uma pequena criança começa a explorar o mundo ao seu redor, aprende muitas coisas por experiência. Por exemplo, queimando seu dedinho, aprende a ficar longe do fogo.

Muitas das nossas dificuldades são o resultado de tolas explorações nossas. Por experiência, aprendemos a obedecer. Foi assim que aconteceu com o salmista: “Antes de ser afligido, andava errado, agora guardo a Tua Palavra. Foi-me bom ter eu passado pela aflição para que aprendesse os Teus decretos” (Salmo 119:67 e 71).

O sofrimento também acontece, algumas vezes, para sentirmos dependência de Deus. O homem que sempre confiou no dinheiro, talvez nunca sinta necessidade de Deus até que sua fortuna se vá. O apóstolo Paulo tinha um constante sofrimento e chamou de “espinho na carne” (talvez dificuldade na visão), o qual disse ser mensageiro de Satanás para o esbofetear. Escreveu Paulo: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando sou fraco, então é que sou forte” (2 Coríntios 12:7-10).

Você percebeu? Quando Paulo estava envolto em lutas e problemas de toda espécie, sentindo-se incapaz de vencê-los sozinho, apegava-se fortemente a Deus e então sentia-se fortalecido espiritualmente.

Amigo, tem você tristezas ou “porquês” inexplicáveis em sua vida? Deus deixa muitas de nossas perguntas sem resposta e problemas sem solução. Ele não nos prometeu um mar sempre calmo na nossa viagem rumo ao lar celestial. Mas, isto Ele prometeu: “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos” (Mateus 28:20).

Está você passando por uma grande aflição? Escute: Ele está lhe falando: “Não temas, porque Eu sou o teu Deus; Eu te fortaleço e te ajudo, e te sustento com a Minha destra fiel. Porque Eu… te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas, que Eu te ajudo” (Isaías 41:10 e 13).

Um filho nem sempre pode entender porque seu pai lhe faz restrições, e não o deixa ter tudo o que desejaria ter. Porém, vindo a maturidade, compreende que foi para o seu bem. E agradece ao pai a boa educação recebida.

A Bíblia, em Romanos 8:28, tem uma promessa fantástica: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.” Perceba que o texto não diz que todas as coisas são boas, mas que “cooperam para o bem”.

Por isso, não desanime se você sofre. Se não tens encontrado a resposta para suas angustiantes perguntas, levante os olhos e contemple Jesus, Aquele que mais duras penas suportou. Por isso Ele compreende a sua dor e lhe diz: “Não chore, caminhemos juntos. Então, pela fé, terá um vislumbre do feliz Lar dos salvos sem lágrimas, nem dor, nem morte, nem separação e exclamará: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós” (Romanos 8:18).

Pr. Montano de Barros (via Sétimo Dia)

Nota do blog: Deixo também dois lindos pensamentos de Ellen G. White:

"Que maravilhoso pensamento este, de que Jesus tudo sabe acerca das dores e aflições que sofremos! Em todas as nossas aflições foi Ele aflito. Alguns dentre nossos amigos nada sabem da miséria humana e da dor física. Nunca ficam doentes, e portanto não podem penetrar plenamente nos sentimentos daqueles que se acham doentes. Jesus, porém, Se comove com o sentimento de nossa enfermidade. Ele é o grande missionário médico. Tomou sobre Si a humanidade e colocou-Se à cabeceira de uma nova dispensação, a fim de que possa reconciliar justiça e compaixão." (Manuscrito 19, 1892)

"Cristo sofreu em nosso favor além de nossa compreensão, e por amor a Ele devemos receber as provas e o sofrimento, para vencermos como também Cristo venceu, e sermos exaltados ao trono de nosso Redentor. Consideremos a vida e o sofrimento de nosso precioso Salvador em nosso benefício, e lembremo-nos de que se não estivermos dispostos a suportar provas, labutas e conflito, se não estivermos dispostos a ser participantes com Cristo de Seus sofrimentos, seremos achados indignos de assentar-nos em Seu trono." (Cristo Triunfante, p. 223)

terça-feira, 24 de março de 2020

Igreja confinada em tempos de coronavírus

John Bunyan foi um profícuo pregador do século 17, conhecido por ser o autor do livro cristão mais lido de todos os tempos depois da Bíblia: O peregrino. O que nem todas as pessoas sabem é que Bunyan escreveu essa obra – e diversas outras – durante o período em que estava preso por se recusar a parar de pregar o evangelho. Ele permaneceu 12 anos em isolamento em uma prisão inglesa.

Além da rara fidelidade de Bunyan à Grande Comissão, chama a atenção o fato de ele não ter se fechado em depressão ou desânimo pelo fato de estar isolado, muito pelo contrário: aquele homem de Deus usou o tempo em que se encontrava distante do convívio humano para produzir algo que, séculos depois, segue edificando a Igreja.

Assim como Bunyan, temos conhecimento de muitos homens e mulheres de Deus que não deixaram seu isolamento social abatê-los. Pelo contrário, eles viram nesse período de reclusão uma oportunidade de servir a Deus e à Igreja.

É o caso do apóstolo Paulo, que, mesmo na solidão da prisão, escreveu diversas cartas que hoje compõem o Novo Testamento. Ou o de João, que, exilado na pedregosa ilha de Patmos, recebeu visões extraordinárias, que geraram o Apocalipse. Ou, ainda, o do reformador Martinho Lutero, que, escondido no castelo de Wartburg, usou seu tempo de solidão para traduzir a Bíblia para a linguagem do povo alemão.

A História mostra que estar isolado não é sinônimo de estar estagnado ou improdutivo. Nada disso: a vida segue, o tempo corre, Deus subsiste soberano e aqueles que se dispõem a permanecer em comunhão e a prestar serviço à obra do Onipotente podem, e devem, usar esse tempo para grandes coisas.

O mundo se isolou, em função da pandemia do coronavírus. As pessoas se trancam em casa e evitam o contato social. As igrejas locais cessaram sua atividades públicas. O fato é que, em menor ou maior grau, todos teremos certo nível de isolamento e solitude enquanto durar a pandemia. A pergunta que surge nessa hora é: como agir? Como enxergar esse afastamento que torna o próximo não tão fisicamente próximo assim?

Minha sugestão é: faça como Bunyan, Paulo, João e Lutero. Aproveite este tempo para crescer em sua espiritualidade. Se você terá mais tempo livre, dedique-se mais e mais profundamente à leitura das Escrituras e à oração. Deixe um pouco de lado as redes sociais e a Netflix e leia bons livros cristãos (sabe aqueles que você sempre diz que não tem tempo de ler? Pois é, agora tem). Tire períodos devocionais. Jejue. Tudo isso são disciplinas espirituais que deveriam fazer parte de nossa rotina, mas que a correria dos tempos modernos não nos deixam vivenciar como deveríamos. Agora, é uma excelente oportunidade de rever isso.

Mas, além de aproximar-se de Deus e de aprofundar-se nele, você também pode edificar o próximo. Em vez de ficar nas redes sociais postando informações que apavoram pessoas, poste o que encoraja, motiva, consola, conforta e dá ânimo. Grave vídeos com passagens bíblicas. Doe quentinhas a quem perdeu a renda por conta do isolamento. Una-se em videoconferência com irmãos para compartilhar o que se passa em seu coração, orar, contar piadas, animar-se mutuamente. Use a tecnologia para manter contato com os amigos.

Desnecessário seria falar sobre a oportunidade de evangelismo que este momento proporciona. As pessoas estão amedrontadas, acuadas e não há resposta maior ao medo que a paz que só Jesus pode dar. A confiança inabalável naquele que nos amou. O médico dos médicos, Rei do Universo, Senhor dos Senhores, sob cujo domínio estão todas as coisas. Proclame esse Deus e, neste momento de dor, muitos se abrirão a ouvir a mensagem da vida eterna.

Há muito a se fazer e o isolamento não pode nos abater. Pelo contrário, deve incentivar-nos à criatividade e à ação – uma ação diferente, é verdade, mas que, se levada a sério, contribuirá para nos aproximar muito mais de Deus e do amor cristão.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari (via Apenas)

Nota do blog: Veja também este fantástico texto do pastor Odailson Fonseca (via facebook):

VOCÊ, que sempre teclou mais que falou, é hora de pregar on-line através dos dedos.⁣

VOCÊ, que sentou lá na galeria da igreja com um ouvido no sermão, mas as mãos no celular, é hora de usar esta ferramenta na urgência da pregação.⁣

VOCÊ, que viu gente desacreditando da relevância evangelística da internet, é hora de provar com atitude do que ela é capaz.⁣

VOCÊ, cuja idade provocou olhos tortos nos mais velhos, é hora de perdoá-los ajudando na tecnologia ‘mobile’ que eles se analfabetizaram.⁣

VOCÊ, que entende das redes sociais como um nativo digital, é hora de assumir seu papel insubstituível com novas alternativas de culto.⁣

VOCÊ, que foi até ignorado nos púlpitos de madeira, é hora de abençoar as velhas gerações com seu púlpito touch-screen.⁣

VOCÊ, que sabe navegar melhor que ninguém, seja bote salva-vidas nos mares virtuais pra Verdade ser proclamada.⁣

VOCÊ, chamado “nerd”, “geek” ou “do mundo da Lua”, prove a relevância da WEB a serviço do Senhor.⁣

VOCÊ, que sabe o que não sei e se atualiza a cada versão, doe-se totalmente pra Deus com criatividade e ousadia.⁣

VOCÊ, que sempre acalentou o potencial da influência virtual, seja influenciador real na nuvem que sombreia.⁣

VOCÊ, que sabe o que é “stalkear, flopar, hater, LOL, poadcast, bugar, GIF, hackear, link na bio, Canva, feed, Stories e TikTok”, é hora de dedicar sua timeline só pra Deus.⁣

VOCÊ, da geração Emoji ignorado pelos Guardiões do Orkut, AJUDE com estratégia de proclamação inimaginável!⁣

VOCÊ, que só esperava uma oportunidade de provar o quanto o streaming leva Jesus às pessoas, é hora de entender que CHEGOU A HORA.⁣

VOCÊ, aprendiz das startups e idealista da banda 5G, é hora de ensinar, sugerir e saltar da teoria pra prática. Faça!⁣

VOCÊ!⁣

“Deus espera muito da juventude que vive nesta geração de luz” (Ellen G. White, MJ, p. 199). As igrejas não fecham! Só esperam apóstolos vendo menos tijolos e mais conexão - gente antes de lugar - e nos mesmos princípios, o fascínio pela inovação. ⁣

Deus está convocando você. AGORA. Surpreenda a Igreja de ontem com a Esperança do amanhã. O hoje é sua chance. Ide. Revolucione na missão!⁣⁣

segunda-feira, 23 de março de 2020

Comunicação eficiente em tempos de pandemia

A pandemia do Covid-19 (novo coronavírus) desencadeou diversas discussões que certamente mudaram e ainda mudarão a forma de a sociedade se comportar. E um dos aspectos, que quero destacar aqui, tem a ver com a comunicação e a informação compartilhada. Em situações de surtos epidêmicos ou pandêmicos, a literatura científica sempre ressalta duas preocupações básicas: a necessidade de comunicação estratégica e o risco das informações equivocadas para tomada de decisão coletivas e individuais em termos de prevenção.

Não quero esgotar o tema, pois é amplo e possui várias nuances. Mas me proponho agora a comentar três aspectos importantes neste contexto de comunicação em tempos de pandemia. E, depois, quero deixar três sugestões de ações práticas para nossa reflexão, levando em conta, também, o ambiente religioso.

Três aspectos a levar em conta:

Comunicação efetiva e objetiva é essencial
Em um artigo, pesquisadores do Reino Unido ressaltaram algo básico, mas que parece esquecido. “Estratégias de comunicação efetiva são aquelas capazes de conter a preocupação do público e, ao mesmo tempo, informar os cidadãos sobre a ameaça, além de influenciá-los a realizar ações preventivas”. [1]

Significa dizer que a comunicação precisa ser direcionada para ajudar as pessoas a realizarem a prevenção necessária e, obviamente, dimensionar o tamanho da ameaça. E não gerar medo e pânico. Ponto para organizações, como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, por meio de suas várias instituições, que tem informado as pessoas de sua comunidade quanto a como se prevenir, tanto em nível individual (cuidados com higiene, etc) quanto em nível coletivo (suspensão de cultos, eventos, etc).

Comunicação precisa ser confiável, transparente e planejada
Em 2005, a Organização Mundial da Saúde produziu um documento[2] com as linhas para uma comunicação em situações de surtos. Basicamente, o material fala da importância de as informações divulgadas, seja por governos ou organizações privadas, serem confiáveis, anunciadas previamente, transparentes, perto da linguagem do público e planejadas.

Comunicação eficiente entende os indivíduos como multiplicadores da informação
É inegável que hoje as pessoas, individualmente, são os mais rápidos meios de comunicação existentes. Nos grupos de Whatsapp, ou em comentários e posts nas redes sociais, as pessoas recebem informação e reagem imediatamente. Comunicação em tempos de pandemia precisa olhar para isso. “Essa característica é uma oportunidade para a comunicação do risco, provendo um modelo de comunicação de mão dupla, em oposição aos modelos tradicionais limitados a uma única via, onde a audiência apresenta-se como destinatários passivos, sem possibilidade de participação efetiva no processo, como já discutido anteriormente”.[3]

Diante disso, tenho três sugestões:

Informe-se, mas em boas fontes
Há boas fontes confiáveis de informações, com embasamento científico, disponíveis para pesquisa sobre surtos como o Covid-19. Leia e acompanhe, mas evite compartilhar com outros dados equivocados e supostos métodos de prevenção sem qualquer fundamento científico. Seja um cooperador para ajudar e não para causar mais confusão e medo.

Fuja do catastrofismo e do sensacionalismo
Claro que, biblicamente, é possível entender que pestes deste tipo foram preditas e indicam que vivemos perto dos tempos finais, ou seja, a volta de Jesus. Inclusive o próprio Jesus, em Mateus capítulo 24, falou a respeito disso. Mas evite apresentar este tipo de informação em tom de catástrofe. Procure apresentar toda a Bíblia e seus ensinos como uma mensagem de esperança e conforto em uma hora como esta. Da mesma maneira, evite aumentar ainda mais o alarmismo com dados científicos. Mas lembro: isso não significa ignorar a realidade do que se vive. Mas agir sem exageros.

Seja um multiplicador de boas práticas
Se você entendeu que possui algo realmente interessante para repassar a outros, compartilhe. Podem ser boas notícias gerais sobre prevenção em relação ao surto ou conteúdos que ajudem as pessoas a enfrentar fisicamente, mentalmente e espiritualmente períodos de isolamento social, quarentena, etc. Mas um conselho: não passe o tempo inteiro monitorando dados sobre surtos, epidemias e pandemias. Faça outras atividades para você mesmo não criar uma bolha de medo e ansiedade. Há profissionais que já se dedicam a verificar isso.

Felipe Lemos (via ASN)

Referências:

[1] Outbreak Communication Challenges when Misinformation Spreads on Social Media. / Vijaykumar, Santosh; Jin, Yan; Pagliari, Claudia. In: Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (RECIIS), 28.03.2019.

[2] World Health Organization. Outbreak Communication Guidelines, 2005. Disponível em: https://bit.ly/manualoms

[3] Lima, Tarcísio. (2019). Os modelos de comunicação do risco em epidemias: a emergência da Zika no Facebook das autoridades de saúde brasileira e norte-americana, p. 48.

domingo, 22 de março de 2020

Sobre epidemias, provações e crise

Estamos vivendo dias de preocupação devido ao novo coronavírus. Penso ser oportuno refletir em família sobre este assunto, a fim de nos conscientizarmos da seriedade dos dias em que vivemos. E mais: é momento de fortalecer nosso conhecimento da vontade de Deus e solidificar nossa confiança nEle. 

Por isso, fiz esta pequena compilação de textos da escritora Ellen White para que sejam lidos em família. Aproveitemos o momento de quarentena para aprofundar o diálogo e nosso preparo para os dias de provação que em algum momento virão com maior intensidade. Leiam as citações e conversem sobre elas. Havendo crianças menores em casa, expliquem em palavras simples o que tudo isso significa. 

Nos tempos finais haverá epidemias, pragas, fome e guerras 
“Nas últimas cenas da história terrestre, a guerra se propagará. Haverá epidemias, pragas e fomes. As águas do oceano transporão seus limites. Propriedades e vidas serão destruídas pelo fogo e por inundações. Deveríamos estar nos preparando para as mansões que Cristo foi preparar para os que O amam. Há um descanso do conflito terrestre” (RH, 19/10/1897). 

Por que o mundo recebe epidemias e outras coisas incomuns? 
“Um pouquinho das taças da ira de Deus já tem tido permissão para cair sobre a terra e o mar, afetando os elementos da atmosfera. As causas dessas condições incomuns estão sendo estudadas, mas inutilmente.  Deus não tem impedido que os poderes das trevas levem avante sua ímpia obra de poluir o ar, uma das fontes de vida e nutrição, com uma pestilência fatal. Não somente é afetada a vida vegetal, mas o homem sofre de epidemias. Estas coisas são o resultado de gotas das taças da ira de Deus que estão sendo borrifadas sobre a Terra, e constituem apenas débeis representações do que acontecerá no futuro próximo” (Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 391). 

Necessidade de higiene 
“A negligência do asseio levará à doença. A enfermidade não vem sem causa. Têm ocorrido violentas epidemias de febres em vilas e cidades consideradas perfeitamente saudáveis, dando em resultado físicos deteriorados e mortes. Em muitos casos, o ambiente das próprias pessoas que caíram vítimas dessas epidemias continha os agentes de destruição que transmitiram à atmosfera o veneno para ser inalado pela família e a vizinhança. É surpreendente ver a ignorância dominante quanto aos efeitos produzidos pelo relaxamento e a negligência sobre a saúde” (O Lar Adventista, p. 22). 

Qual deveria ser nossa atitude diante de toda provação? 
“Para toda a provação proveu Deus auxílio. Quando Israel, no deserto, chegou às águas amargas de Mara, Moisés clamou ao Senhor. Este não proveu nenhum remédio novo; chamou a atenção para o que lhes estava ao alcance. Um arbusto por Ele criado devia ser lançado na fonte para tornar a água pura e doce. Isto feito, o povo bebeu dela e refrigerou-se. Em toda provação, se O buscarmos, Cristo nos dará auxílio. Nossos olhos se abrirão para discernir as restauradoras promessas registradas em Sua Palavra. O Espírito Santo nos ensinará a apoderar-nos de toda bênção, que servirá de antídoto para o desgosto. Para toda amarga experiência havemos de encontrar um ramo restaurador” (A Ciência do Bom Viver, p. 248). 

O que devemos fazer para enfrentar as epidemias e doenças? 
“Quanto mais simples e naturalmente vivermos, tanto mais capazes seremos de resistir às epidemias e doenças. Se nossos hábitos forem bons e o organismo não for enfraquecido por ação contrária à natureza, proporcionará todos os estímulos de que necessitamos” (Temperança, p. 159). 

Precisamos estar perto de Deus! 
“Podemo-nos conservar tão achegados a Deus que, em cada inesperada provação, nossos pensamentos para Ele se volvam tão naturalmente como a flor se volta para o Sol” (Caminho a Cristo, pp. 99, 100). 

Nestas horas, a fé em Deus é essencial! 
“Nas horas mais escuras, sob as mais proibitivas circunstâncias, o crente cristão pode suster sua alma sobre a fonte de toda luz e poder. Dia a dia, pela fé em Deus, sua esperança e ânimo podem ser renovados. No serviço de Deus não precisa haver desalento, nem vacilação ou temor. O Senhor fará mais que cumprir as mais altas expectativas dos que nEle põem a sua confiança. Ele lhes dará a sabedoria que suas múltiplas necessidades demandam” (Maranata, Meditação Matinal, p. 64). 

*** 

“Entregue o seu caminho ao Senhor; confie Nele, e Ele agirá” (Salmo 37:5, NVI). 

Adolfo Suárez (via Muito Além do Ensino)

Como sobreviver à quarentena

A sua agenda é um turbilhão. Você estuda, trabalha, atende a mil compromissos e ainda tem sua rotina de cuidados pessoais. Ufa! De repente, surge um tal de coronavírus que, praticamente, te obriga a permanecer em casa, isolado. E agora?!

Para muita gente, fugir da rotina e ficar em casa “sem fazer nada” parece um sonho. Mas você já experimentou fazer isso compulsoriamente? Um fim de semana silencioso, relaxante, é uma coisa; uma dúzia de dias de confinamento e restrições é outra, bem diferente. Não mexe apenas na tua agenda de atividades; compromete o teu direito de ir e vir, fecha a tua praça social, e tudo isso enquanto você assiste a um cenário perturbador. Por mais necessária que seja a quarentena, não dá pra negar os seus maus efeitos. Por isso, aqui vão algumas dicas de coisas que você pode e/ou deve fazer para manter a saúde física e psicológica nesse período:

Fundamentais, todos os dias:
- Faça atividade física. Dentro de casa, na varanda, no quintal, exercícios aeróbicos ou de musculação, o importante é manter o corpo em movimento e a musculatura trabalhando. A internet está repleta de conteúdo que pode nos auxiliar nisso.

- Alimente-se bem. A nossa tendência é preferir a praticidade dos alimentos industrializados. Porém, evite-os ao máximo, assim como açúcares e gorduras. Mantenha uma dieta equilibrada, rica em produtos naturais como frutas, verduras e cereais, e refeições em horários definidos.

- Beba água. Calcule a quantidade de que você necessita (35ml x peso corporal) e distribua esse total em porções ao longo do dia.

- Durma bem. Não é porque você não precisa sair no dia seguinte que pode ficar acordado até a madrugada. O seu corpo precisa do repouso adequado sempre.

- Alongue-se e exercite a sua respiração. Dedique uns minutos a isso ao acordar e antes de dormir. Também ao longo do dia, sempre que sentir a necessidade.

- Exponha-se ao sol. Ao menos 20 minutos são fundamentais para manter o nosso organismo saudável. E lembre-se: use roupas leves, deixe os raios tocarem a sua pele, mas atente aos cuidados preventivos e evite os excessos.

- Abra as janelas. É importante arejar todos os cômodos para evitar a proliferação de microorganismos danosos. Além disso, estudos comprovam que a luz e as cores têm efeito direto na produção de hormônios ligados ao humor.

- Mantenha seu ambiente limpo, arrumado e confortável. Seu corpo e mente agradecem!

- Estabeleça horários e um ambiente para o trabalho e os estudos. Em casa, temos a sensação de total flexibilidade. Mas, sem disciplina, essas tarefas acabam se misturando às pessoais, se atropelam e o rendimento é comprometido.

- Conecte-se com Deus. Esse período de isolamento é perfeito para nos aproximarmos Dele, estudarmos e refletirmos na Sua Palavra e escutarmos a Sua voz falando à nossa mente.

- Conecte-se com as pessoas. Já que o contato presencial não é possível, use a tecnologia ao seu favor. Escreva, ligue – de preferência, por videochamadas; ver o outro enquanto conversam faz toda a diferença. Apenas fuja da solidão; ela é nociva para seres sociais, como nós.

Complementares:
- Nada de ficar só comendo, assistindo TV ou navegando na internet! Aproveite o tempo para fazer coisas construtivas e investir em você: leia bons livros, estude e pesquise algo do seu interesse, pratique um idioma, faça cursos online, assista a documentários…

- Trabalhe num projeto pessoal. Aquele mesmo, que você “guardou na gaveta” faz tempo e vive querendo retomar!

- Faça um planejamento financeiro e de metas pessoais. Se a correria do dia a dia não te permite parar para pensar nisso, esse é o momento!

- Medite. Gaste um tempo refletindo. Há tanta coisa que merece a nossa atenção e nem sempre conseguimos dedicar!

- Faça uma faxina na casa. Que tal aquela “revirada do desapego”? Separe tudo o que você não usa mais e que só ocupa o teu espaço e doe a alguém que necessita.

- Faça artesanato. Além de ser uma ótima terapia, você pode criar coisas úteis para você e para outros.

- Não descuide da aparência! Faça as unhas, hidrate os cabelos, cuide da pele… Tua autoestima é mais importante do que a percepção dos outros ao teu respeito.

- Ligue ou escreva para pessoas que há muito você não contata. A falta de tempo não é mais desculpa!

- Faça uma terapia online. Muitos profissionais hoje atendem por videochamada.

- Faça uns trabalhos extras pela internet. É uma oportunidade para você ganhar um dinheirinho a mais!

- Pesquise sobre ONGs e projetos que você pode ajudar.

- Desenvolva um ministério; compartilhe conteúdos sobre Deus e esperança, dê estudos bíblicos pela internet… Muitas pessoas também estão querendo aproveitar esse tempo para se aproximar de Deus, e você pode ajudá-las.

E então, já decidiu quais dessas dicas você vai adotar na quarentena? Lembre-se: manter a mente ocupada nos ajuda a evitar a ansiedade e as compulsões que derivam dela. No mais, temos um remédio que não falha: “Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme, porque confia em Ti” (Isaías 26:3).

Vanessa Arba (via ASN)

sábado, 21 de março de 2020

Filhos em casa: o que fazer?

Em tempo de Coronavírus, a rotina familiar mudou bastante para a maioria das pessoas. É importante ter ajuda de profissionais e pais especialistas que sabem como é ter “filhos em casa”. Muitas escolas, parques e lugares públicos estão fechados por tempo indeterminado. Inclusive várias igrejas prestam serviços on-line para classes infantis e cultos. Para auxiliar as famílias, reunimos alguns recursos e ideias para pais e filhos. Ajuntamos neste espaço virtual informação, reflexão, história, música, atividade, cultura, brincadeiras, links, dicas e outros materiais. Compartilhem!

Existem situações na vida que não se esperam, e diante delas, muitas vezes nos vemos impotentes. O momento é desafiador. Especialmente para famílias que possuem filhos pequenos em casa. Mas quero refletir com você sobre a força que temos em períodos de crise, quando confiamos em Deus, e compartilhamos ideias, cada um auxiliando com aquilo que é possível. Quão saudável para as emoções é permanecermos cheios de esperança e em família, trabalhando e orando uns pelos outros.

Relembre algum outro momento de crise que você viveu. Perceba que, na maioria das vezes, você conseguiu sair dela muito mais forte do que quando entrou na situação.

Epidemia dupla
Estamos vivendo agora uma crise de epidemia dupla: “uma que é do próprio vírus e outra que é do pânico”, comenta em vídeo a médica Margareth Dalcomo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz. E ainda recomenda: “nós não podemos nos contaminar nem com uma, nem com outra”.

Veja a importância de fortalecermos a confiança nos dias atuais. Além disto, ela está classificada como um agente de cura, como diz o texto a seguir: “Os remédios de Deus são os agentes simples da Natureza… como o ar puro e água, asseio, regime adequado, pureza de vida e confiança em Deus”.

O que temos que fazer neste momento é intensificar posturas práticas de higiene, hábitos saudáveis de vida, alimentação mais simples e natural, conforme a afirmação da escritora Ellen White em seu livro Temperança, página 159, afirma que “quanto mais simples e naturalmente vivermos, tanto mais capazes seremos de resistir as epidemias e doenças. Se nossos hábitos forem bons e o organismo não for enfraquecido… proporcionará todos os estímulos de que necessitamos”

Devemos, também, buscar orientações em órgãos oficiais do governo e canais confiáveis, cumprir as recomendações médicas de isolamento e permanência em casa, e aproveitar os momentos com a família e filhos, realizando atividades criativas.

Conforme a neurocientista Cláudia Feitosa “até agora estávamos em contato físico e social o tempo todo, mas ligados no celular, e vem o vírus e faz com que a gente mude o comportamento e faça um bom uso do celular, onde precisamos estar mais afastados fisicamente, mas podemos estar unidos pela tecnologia”. Esta é uma epidemia diferente das anteriores. Já temos informações relevantes, e o importante é seguir orientações simples, especialmente a não aglomeração de pessoas.

O que fazer?
Vamos aproveitar para conviver mais com quem amamos. Esse pode ser um momento muito saudável para a família. Aproveite para orar com seus filhos, pela situação mundial, por doentes e pelos profissionais da saúde que estão mais expostos. Compartilhe mensagens de esperança pelas redes sociais.

Apreciei nestes dias ler o que disse uma desconhecida moradora da Itália, vivendo no furacão da pandemia:

“Essa é uma situação estranha que nos leva a reavaliar algumas coisas. Nessa hora, ter um carro lindo, uma bolsa cara, roupas maravilhosas, serve para quê? Não teríamos nem como usar ou a quem mostrar. A única coisa que passa a importar é a saúde que se pede a Deus. Na verdade, como gastamos tempo em correr atrás de coisas que não nos servem para nada.

Agora estamos em casa, inventamos jogos, almoços e jantares que se tornam longos e cheios de conversa entre nós. Rimos e choramos juntos do problema e cuidamos um do outro. Ninguém tem para onde ir ou coisas para fazer. A falta de tempo acabou!

Apesar de tudo, o sr. Coronavírus nos fez um grande favor. Nos livrou da arrogância, porque percebemos que não somos nada e nem temos controle da vida. Nos mostrou nossa vulnerabilidade, e nos levou de volta a Deus e à família”. 

E por fim, nos fez perceber a “prisão individual” do dia a dia, pela tal “falta de tempo”.

De certa forma ele nos libertou. Nos deixou livres para termos medo, para nos sentirmos impotentes, para não corrermos atrás do nada… Afinal, a única lição de casa é a de tentarmos não adoecer.

No balanço geral, o Sr. Coronavírus pode até nos matar, mas certamente nos ensinou a viver!”

Aproveite para retirar o melhor dessa situação. Viva de maneira mais equilibrada. Relembre que Deus e a família são as coisas mais importantes. E que o olhar Dele é de cuidado para com seus filhos. Ele mesmo diz: ”Tu és meu… quando passares pelas águas Eu serei contigo… Eu sou o Senhor teu Deus, o teu Salvador…não temas pois Eu sou contigo”. Isaías 43:1-5

Aproveite este momento para estar mais junto Dele, de Sua Palavra e de seus amados.

Glaucia Clara Korkischko (via ASN)

Leia este artigo do prof. Leandro Quadros (aqui) e também o vídeo abaixo com preciosas sugestões:

Oração pelos doentes

Diz a Escritura que os homens devem "orar sempre e nunca desfalecer" (Lucas 18:1); e, se há um tempo em que eles sintam sua necessidade de orar, é quando lhes faltam as forças, e a própria vida lhes parece fugir.

Frequentemente os que estão com saúde esquecem as maravilhosas misericórdias a eles feitas continuadamente, dia após dia, ano após ano, e não rendem a Deus tributo e louvor por Seus benefícios. Ao sobrevir a doença, porém, Ele é lembrado. Ao faltarem as forças humanas, sentem os homens a necessidade do auxílio divino. E nunca o nosso misericordioso Deus Se afasta da alma que para Ele em sinceridade se volve em busca de auxílio. Ele é nosso refúgio na enfermidade assim como na saúde.

"Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem. Pois Ele conhece a nossa estrutura; lembra-Se de que somos pó." (Salmos 103:13 e 14)

"Por causa do seu caminho de transgressão e por causa das suas iniquidades", os homens "são afligidos. A sua alma aborreceu toda comida, e chegaram até às portas da morte." (Salmos 107:17 e 18)

"Então, clamaram ao Senhor na sua angústia, e Ele os livrou das suas necessidades. Enviou a Sua palavra, e os sarou, e os livrou da sua destruição." (Salmos 107:19 e 20)

Deus está hoje tão desejoso de restabelecer os doentes como quando o Espírito Santo proferiu estas palavras por intermédio do salmista. E Cristo é agora o mesmo compassivo médico que era durante Seu ministério terrestre. NEle há bálsamo curativo para toda doença, poder restaurador para toda enfermidade.

Seus discípulos de nossos dias devem orar pelos doentes tão verdadeiramente como os de outrora. E seguir-se-ão as curas; pois "a oração da fé salvará o doente" (Tiago 5:15). Temos o poder do Espírito Santo, a calma certeza da fé, de que podemos reivindicar as promessas de Deus. A promessa do Senhor: "Imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão" (Marcos 16:18), é tão digna de fé hoje como nos dias dos apóstolos. Ela apresenta o privilégio dos filhos de Deus, e nossa fé deve lançar mão de tudo quanto aí se encerra. Os servos de Cristo são os instrumentos de Sua operação, e por meio deles deseja exercer Seu poder de curar. É nossa obra apresentar o enfermo e sofredor a Deus, nos braços da fé. Devemos ensinar-lhes a crer no grande Médico.

O Salvador deseja que animemos os enfermos, os desesperançados, os aflitos a apegarem-se a Sua força. Mediante a fé e a oração, o quarto do doente pode se transformar numa Betel. Por palavras e atos, os médicos e as enfermeiras podem dizer, tão positivamente que não possa ser mal compreendido: "Deus está neste lugar" para salvar, e não para destruir. Cristo deseja manifestar Sua presença no quarto do doente, enchendo o coração dos médicos e enfermeiros com a doçura de Seu amor. Se a vida dos assistentes do enfermo é de maneira a Jesus os poder acompanhar ao leito dele, ao mesmo sobrevirá a convicção de que o compassivo Salvador está presente, e essa convicção por si só fará muito em benefício tanto de sua alma como do corpo.

E Deus ouve a oração. Cristo disse: "Se pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu o farei" (João 14:14). Noutro lugar, Ele diz: "Se alguém Me serve, ... Meu Pai o honrará" (João 12:26). Se vivemos em harmonia com Sua palavra, toda preciosa promessa dada por Ele em nós se cumprirá. Somos indignos de Sua misericórdia, mas, ao entregar-nos a Ele, recebe-nos. Ele operará em favor e por intermédio daqueles que O seguem.

Mas unicamente vivendo em obediência a Sua palavra podemos pedir o cumprimento das promessas que nos faz. O salmista diz: "Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá" (Salmos 66:18). Se Lhe prestamos apenas uma obediência parcial, com a metade do coração, Suas promessas não se cumprirão em nós.

Temos na Palavra de Deus instruções relativas à oração especial pelo restabelecimento de um doente. Mas tal oração é um ato soleníssimo, e não o devemos realizar sem atenta consideração. Em muitos casos de oração pela cura de um doente, o que se chama fé não é nada mais que presunção.

Muitas pessoas chamam sobre si a doença pela condescendência consigo mesmas. Não têm vivido segundo as leis naturais ou os princípios da estrita pureza. Outros têm desconsiderado as leis da saúde em seus hábitos de comer e beber, vestir ou trabalhar. Freqüentemente é alguma forma de vício a causa do enfraquecimento mental ou físico. Obtivessem essas pessoas a bênção da saúde, e muitas delas continuariam a seguir o mesmo rumo de descuidosa transgressão das leis naturais e espirituais de Deus, raciocinando que, se Ele as cura em resposta à oração, elas se acham em liberdade de prosseguir em suas práticas nocivas, condescendendo sem restrições com apetites pervertidos. Se Deus operasse um milagre para restaurar à saúde essas pessoas, estaria animando o pecado.É trabalho perdido ensinar o povo a volver-se para Deus como Aquele que cura suas enfermidades, a menos que seja também ensinado a renunciar aos hábitos nocivos. Para que recebam Sua bênção em resposta à oração, devem cessar de fazer o mal e aprender a fazer o bem. Seu ambiente deve ser higiênico, corretos os seus hábitos de vida. Devem viver em harmonia com a Lei de Deus, tanto a natural como a espiritual.

Deve-se tornar claro aos que desejam orações por seu restabelecimento que a violação da Lei de Deus, quer natural quer espiritual, é pecado, e que, a fim de receber Suas bênçãos, ele deve ser confessado e abandonado.

A Escritura nos ordena: "Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis" (Tiago 5:16). Ao que solicita orações, sejam apresentados pensamentos como este: "Nós não podemos ler o coração, nem conhecer os segredos de vossa vida. Estes são conhecidos unicamente por vós mesmos e por Deus. Se vos arrependeis de vossos pecados, é o vosso dever fazer confissão deles." O pecado de natureza particular deve ser confessado a Cristo, o único mediador entre Deus e o homem. Pois "se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo" (1 João 2:1). Todo pecado é uma ofensa a Deus, e Lhe deve ser confessado por intermédio de Cristo. Todo pecado público, deve ser do mesmo modo publicamente confessado. A ofensa feita a um semelhante deve ser ajustada com a pessoa ofendida. Se alguém que deseja recuperar a saúde se acha culpado de maledicência, se semeou a discórdia no lar, na vizinhança ou na igreja, suscitando separação e dissensão, se por qualquer má prática induziu outros a pecar, essas coisas devem ser confessadas diante de Deus e perante os agravados. "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar... e nos purificar de toda a injustiça" (1 João 1:9).

Havendo os erros sido endireitados, podemos apresentar as necessidades do enfermo ao Senhor com fé tranquila, como Seu espírito nos indicar. Ele conhece cada indivíduo por nome, e cuida de cada um como se não houvesse na Terra nenhum outro por quem houvesse dado Seu bem-amado Filho. Por ser o amor de Deus tão grande e inalterável, o doente deve ser estimulado a confiar nEle e ficar esperançoso. Estar ansioso quanto a si mesmo tende a causar fraqueza e doença. Se eles se erguerem acima da depressão e da tristeza, será melhor sua perspectiva de restabelecimento; pois "os olhos do Senhor estão sobre... os que esperam na Sua misericórdia" (Salmos 33:18).

Ao orar pelos doentes, cumpre lembrar que "não sabemos o que havemos de pedir como convém" (Romanos 8:26). Não sabemos se a bênção que desejamos será para o bem ou não. Portanto, nossas orações devem incluir este pensamento: "Senhor, Tu conheces todo segredo da alma. Estás familiarizado com estas pessoas. Jesus, seu Advogado, deu a vida por elas. Seu amor por elas é maior do que é possível ser o nosso. Se, portanto, for para Tua glória e o bem dos aflitos, pedimos, em nome de Jesus, que sejam restituídas à saúde. Se não for da Tua vontade que se restaurem, rogamos-Te que a Tua graça as conforte e a Tua presença as sustenha em seus sofrimentos."

Deus conhece o fim desde o princípio. Conhece de perto o coração de todos os homens. Lê todo segredo da alma. Sabe se aqueles por quem se fazem as orações haviam ou não de resistir às provações que lhes sobreviriam, houvessem eles de viver. Sabe se sua vida seria uma bênção ou uma maldição para si mesmos e para o mundo. Esta é uma razão pela qual, ao mesmo tempo que apresentamos nossas petições com fervor, devemos dizer: "Todavia, não se faça a minha vontade, mas a Tua" (Lucas 22:42). Jesus acrescentou estas palavras de submissão à sabedoria e vontade de Deus, quando, no jardim de Getsêmani, rogava: "Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice" (Mateus 26:39). Se elas eram apropriadas para Ele, o Filho de Deus, quanto mais adequadas são nos lábios dos finitos e errantes mortais!

A atitude coerente é expor nossos desejos a nosso sábio Pai celeste e então, em perfeita segurança, tudo dEle confiar. Sabemos que Deus nos ouve se pedimos em harmonia com a Sua vontade. Mas insistir em nossas petições sem um espírito submisso não é direito; nossas orações devem tomar a forma, não de uma ordem, mas de uma intercessão.

Há casos em que o Senhor opera decididamente por Seu divino poder na restauração da saúde. Mas nem todos os doentes são sarados. Muitos são postos a dormir em Jesus. João, na ilha de Patmos, foi mandado escrever: "Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam" (Apocalipse 14:13). Vemos por aí que, se as pessoas não forem restituídas à saúde, não devem ser por isso consideradas sem fé.

Todos nós desejamos respostas imediatas e diretas às nossas orações, e somos tentados a ficar desanimados quando a resposta é retardada ou vem por uma maneira que não esperávamos. Mas Deus é demasiado sábio e bom para atender nossas petições sempre justamente ao tempo e pela maneira que desejamos. Ele fará mais e melhor por nós do que realizar sempre os nossos desejos. E como podemos confiar em Sua sabedoria e Seu amor, não devemos pedir que nos conceda a nossa vontade, mas buscar identificar-nos com Seu desígnio, e cumpri-lo. Nossos desejos e interesses devem-se fundir com Sua vontade. Estas experiências que provam a fé são para nosso bem. Por elas se manifesta se nossa fé é verdadeira e sincera, repousando unicamente na Palavra de Deus, ou se depende de circunstâncias, sendo incerta e instável. A fé é revigorada pelo exercício. Devemos permitir que a paciência tenha a sua obra perfeita, lembrando-nos de que há preciosas promessas nas Escrituras para aqueles que esperam no Senhor.

Nem todos compreendem esses princípios. Muitos dos que buscam as restauradoras graças do Senhor pensam que devem ter uma resposta direta e imediata a suas orações, ou se não sua fé é falha. Por essa razão os que estão enfraquecidos pela doença precisam ser sabiamente aconselhados, para que procedam prudentemente. Eles não devem desatender ao seu dever para com os amigos que lhes sobreviverem, nem negligenciar o emprego dos agentes naturais.

Há muitas vezes perigo de erro nisto. Crendo que hão de ser curados em resposta à oração, alguns temem fazer qualquer coisa que possa indicar falta de fé. Mas não devem negligenciar o pôr em ordem os seus negócios como desejariam se esperassem ser tirados pela morte. Nem também temer proferir palavras de ânimo ou de conselho que estimariam dirigir aos seus amados na hora da partida.

Os que buscam a cura pela oração não devem negligenciar o emprego de remédios ao seu alcance. Não é uma negação da fé usar os remédios que Deus proveu para aliviar a dor e ajudar a natureza em sua obra de restauração. Não é nenhuma negação da fé cooperar com Deus, e colocar-se nas condições mais favoráveis para o restabelecimento. Deus pôs em nosso poder o obter conhecimento das leis da vida. Este conhecimento foi colocado ao nosso alcance para ser empregado. Devemos usar todo recurso para restauração da saúde, aproveitando-nos de todas as vantagens possíveis, agindo em harmonia com as leis naturais. Tendo orado pelo restabelecimento do doente, podemos trabalhar com muito maior energia ainda, agradecendo a Deus o termos o privilégio de cooperar com Ele, e pedindo-Lhe a bênção sobre os meios por Ele próprio fornecidos.

Temos a sanção da Palavra de Deus quanto ao uso de remédios. Ezequias, rei de Israel, estava doente, e um profeta de Deus levou-lhe a mensagem de que haveria de morrer. Ele clamou ao Senhor, e Este ouviu a Seu servo, e mandou-lhe dizer que lhe seriam acrescentados quinze anos de vida. Ora, uma palavra de Deus haveria curado instantaneamente a Ezequias; mas foram dadas indicações especiais: "Tomem uma pasta de figos e a ponham como emplasto sobre a chaga; e sarará" (Isaías 38:21).

"Porque no dia da adversidade me esconderá no Seu pavilhão; no oculto do Seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha. Também a minha cabeça será exaltada sobre os meus inimigos que estão ao redor de mim; pelo que oferecerei sacrifício de júbilo no Seu tabernáculo; cantarei, sim, cantarei louvores ao Senhor" (Salmos 27:5 e 6).

Certa ocasião, Cristo ungiu os olhos de um cego com terra, e mandou-lhe: "Vai, lava-te no tanque de Siloé. ... Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo" (João 9:7). A cura poderia ser operada unicamente pelo poder do grande Médico; todavia, Cristo fez uso de simples agentes da natureza. Conquanto Ele não favorecesse as medicações de drogas, sancionou o emprego de remédios simples e naturais.

Ao termos orado pela restauração de um enfermo, seja qual for o desenlace do caso, não percamos a fé em Deus. Se formos chamados a sofrer a perda, aceitemos o amargo cálice, lembrando-nos de que é a mão de um Pai que no-lo chega aos lábios. Mas, sendo a saúde restituída, não se deveria esquecer que o objeto da misericordiosa cura se acha sob renovada obrigação para com o Criador. Quando os dez leprosos foram purificados, apenas um voltou em busca de Jesus para dar-Lhe glória. Que nenhum de nós seja como os inconsiderados nove, cujo coração ficou insensível diante da misericórdia de Deus. "Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação" (Tiago 1:17).

(Ellen G. White - A Ciência do Bom Viver, pp. 225-233)