terça-feira, 31 de agosto de 2021

DETECTOR DE FALÁCIAS

Nunca ideias e opiniões circularam tão ampla e intensamente como hoje. Porém, isso não significa necessariamente mais pluralidade, qualidade e utilidade. Para auxiliar você a navegar por esse mar de informação, vale aqui conhecer ou revisitar alguns princípios da lógica, campo da filosofia que estuda a validade das argumentações. Abaixo você confere algumas falácias: técnicas usadas por alguém que está errado, mas que vence uma discussão por parecer que está certo.

APELO À AUTORIDADE
“Você sabe com quem está falando?” Essa típica “carteirada” evoca uma suposta autoridade de si, que não permite questionamentos. No caso de um debate, é como se o interlocutor tivesse um conhecimento não acessível e superior ao do outro.

APELO À CONSEQUÊNCIA
Parecido com o tópico anterior, nessa situação, quem profere a falácia não advoga para si conhecimento superior, mas sim uma posição social ou poder mais elevados. A discussão é vencida no grito, na base da intimidação.

APELO AO RIDÍCULO
É quando o interlocutor exagera algum elemento da argumentação contrária, fazendo ela parecer fantasiosa ou irreal. A estratégia é levar o outro a duvidar e se calar pelo medo de parecer ridículo.

APELO À POPULARIDADE
O fato de muitas pessoas acreditarem em algo comprovaria o valor de certa ideia. É o que ocorre, por exemplo, com a visibilidade que teorias conspiratórias ganharam nas mídias sociais. Mas nem sempre a voz do povo é a de Deus.

APELO AO TEMPO
Nesse caso, a virtude da argumentação estaria em sua novidade ou antiguidade. Uma ideia seria válida pelo fato de ser tradicional (“no meu tempo era melhor”) ou de ser uma novidade (“isso é antiquado”).

EVIDÊNCIA ANEDÓTICA
É quando a experiência pessoal de alguém, seja positiva ou negativa, é colocada como suposta evidência de uma tese que não foi comprovada. Na pandemia, esse recurso foi muito usado, por exemplo, para se defender um tratamento precoce contra a Covid-19.

ATAQUE PESSOAL
Conhecido como argumento ad hominem (do latim, “ao homem”), é a tentativa de desqualificar o adversário, seja xingando ou desmoralizando aspectos relacionados à sua sexualidade, idade, classe social, gênero, religião ou ideologia política. Rotular ou “demonizar” o adversário também segue essa argumentação.

PROVA DO CONTRÁRIO
A inversão do ônus da prova (“prove que eu estou errado”) é quando um interlocutor, em vez de apresentar os argumentos para sustentar sua tese, joga para seu adversário a responsabilidade de refutar a ideia apresentada.

GENERALIZAÇÃO
Conhecido também como o argumento do falso escocês, é quando alguém faz uma afirmação generalista sem apresentar evidências específicas que a sustentem. Quando o adversário contesta com um contraexemplo, o interlocutor questiona a legitimidade do exemplo apresentado, mudando o objeto de discussão.

O QUE FAZER?
O ceticismo é uma ferramenta intelectual que serve de defesa aos argumentos falaciosos. Consiste na postura de duvidar de tudo, mas estar aberto às novas evidências, ainda que elas contrariem suas crenças.

Wendel Lima (via Revista Adventista)

Fontes: “O que é uma falácia. E quais são seus principais tipos”, artigo de Cesar Gaglioni no Nexo Jornal (nexojornal.com.br), 10 de fevereiro de 2021; “A falácia das redes”, programa Linhas Cruzadas da TV Cultura (youtube.com/jornalismotvcultura), em 11 de março de 2021.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

DIA NACIONAL DO PERDÃO

A data de 30 de agosto foi instituída pelo governo brasileiro como o Dia Nacional do Perdão, a partir de projeto de lei proposto pela deputada federal Keiko Ota (PSB-SP), e faz alusão a morte de seu filho, o menino Ives Ota, sequestrado e morto em 1997. Na época, o pequeno Ives, com oito anos, foi morto com dois tiros no rosto antes de qualquer contato dos sequestradores com sua família porque reconheceu um dos criminosos, um policial militar que fazia segurança particular nas lojas de seu pai, Massataka Ota, falecido em 24 de fevereiro deste ano.

Depois de conhecer os assassinos do filho, a deputada e o seu marido decidiram perdoar os criminosos. “O perdão foi a postura que me deu força e coragem para seguir em frente, elevou minha autoestima para ajudar o próximo”, explicou Keiko Ota. A deputada ressaltou que o objetivo do dia é disseminar a paz. “Militamos pela cultura da paz e propomos o perdão na vida das pessoas, pois quem perdoa ao próximo, perdoa a si”, disse. De acordo com a deputada, o Dia do Perdão também serve para mostrar aos brasileiros que sempre existe mais de uma opção de escolha. “Todo indivíduo nasce puro e cheio de bondade. Aqui é a escola da vida e todas as adversidades testam a capacidade do indivíduo de decidir o certo e errado”, completou.

Lendo esta história, surge inevitavelmente a pergunta: seria justo perdoar alguém como esses assassinos? O perdão não é uma atitude natural ao coração humano. Temos imensa dificuldade em experimentá-lo e muitos são os que consideram o perdão algo injusto. O escritor romano Públio Siro, que viveu no 1º século antes de Cristo, afirmou: “Quem perdoa uma culpa encoraja a cometer muitas outras.” Para alguns, o ato de perdoar significa deixar a justiça de lado e ceder ao sentimentalismo.

O ponto é que, sem o perdão, um ciclo funesto de sofrimento é iniciado, separando casais, amigos e povos por anos ou décadas. Há algum tempo, assisti perplexo a uma entrevista num programa televisivo. A pauta era sobre um casal de idosos do Nordeste que não se falava havia 40 anos. E tudo começou logo após o casamento deles, quando alguém disse para o marido que a esposa poderia estar traindo-o com outro homem da cidade. Nada ficou provado, mas o orgulho ferido contabilizou quatro décadas de total silêncio em represália à esposa.

A palavra grega para perdão (aphiêmi), por exemplo, significa algo como “jogar para longe”, “libertar-se”, “soltar”. Inúmeros personagens bíblicos lidaram com o dilema do perdão. Pedro foi um deles. Enfrentando possivelmente uma batalha interior para perdoar alguém, ele perguntou: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: ‘Eu lhe digo: não até sete, mas até setenta vezes sete’” (Mt 18:21 e 22, NVI). Pedro deve ter se surpreendido com a resposta de Jesus, mas o Mestre não lhe deu alternativa: perdoar era a única opção.

Talvez Pedro tenha entendido melhor as palavras de Cristo depois de ter ouvido o doce som do perdão, quando esperava ser repreendido pelo Mestre diante dos demais discípulos (Jo 21). A atitude de Jesus mostrou que Deus abriu mão de seu direito de vingança contra um mundo pecador e idólatra, para exercer a graça. E, para ser justo, Deus exigiu um alto custo de quem serviu de substituto da humanidade, recebendo em si a penalidade que cabia a todos (2Co 5:21). Por meio de seu sacrifício vicário, Cristo garantiu o direito de pedir: “Pai, perdoa-lhes” (Lc 23:34).

José também perdoou. Quando governou o Egito, o filho predileto de Jacó teve a oportunidade de se vingar de seus irmãos. O poder para fazer “justiça” estava nas mãos dele. Contudo, em meio a abundantes e solitárias lágrimas (Gn 43:30), ele percebeu que seu coração desejava ardentemente algo mais. E, quando José cedeu a essa convicção, o som do perdão foi ouvido em todo o Egito (Gn 45:15).

O perdão pode parecer por vezes doloroso e aparentemente injusto, mas, quando entendemos essa atitude a partir da postura de Deus em relação a nós (Mt 18:23-35), esse gesto se torna possível e libertador.

Encerro com este maravilhoso texto de Ellen G. White: "Nosso Salvador ensinou Seus discípulos a orar: 'Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores' (Mateus 6:12). Uma grande bênção é aqui solicitada sob condição. Nós mesmos afirmamos essas condições. Pedimos que a misericórdia de Deus para conosco seja medida pela misericórdia que mostramos a outros. Cristo declara que esta é a regra pela qual o Senhor tratará conosco: 'Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas' (Mateus 6:14, 15). Maravilhosos termos! Mas quão pouco são compreendidos ou acatados. Um dos pecados mais comuns, e que é seguido dos resultados mais perniciosos, é a tolerância de um espírito não disposto a perdoar. Quantos não abrigam animosidade ou espírito de vingança, e então curvam a cabeça diante de Deus e pedem para serem perdoados assim como perdoam. Certamente não podem possuir o verdadeiro senso do que esta oração importa, ou não a tomariam nos lábios. Dependemos da misericórdia de Deus cada dia e cada hora; como podemos então agasalhar amargura e malícia para com o nosso próximo pecador! Se, em seus relacionamentos diários os cristãos aplicarem os princípios dessa oração, que bendita mudança se operará na igreja e no mundo! Esse seria o mais convincente testemunho dado sobre a realidade da religião bíblica" (Testemunhos para a Igreja 5, p. 170).

POP IT

A vida é um Pop It! Esta febre dos ‘fidgets’ veio pra desestressar os alphas pré-cringes. Afinal, curtir k-pop teclando só com dois polegares parece mais ‘exaustivo’ que decifrar bossa-nova digitando como se datilografava. SQN. E não pagam as contas? Mas pressionam bolotinhas coloridas como se paralisassem o mundo. Vai entender…⁣⁣

Só que o Pop It ecoa nossos dias. Apertam de um lado até apertarem do outro. E no vai-e-vem do tomou-levou, a habilidade emborrachada da versatilidade favorece os sobreviventes da nossa sociedade turbulenta.⁣
Minha filha: “pai, isso é satisfatório! relaxa e traz paz num ciclo sem fim!” Experimentei. Ploc, plic. E não é que viciei também? (Pode zombar!) Por trás deste troço infantil tem conceitos pra lá de adultos: exercício de dedos, resistência controlada, previsibilidade de resultado, domínio de performance, liberdade criativa e, sobretudo, diversão sem restrição.⁣
Quer saber? Se espremerem você, seja um Pop It! Não amasse feito papel alumínio, ou exploda como plástico-bolha, mas volte ao estado original provando do que você é feito. Consistente. Se vier dedada de tudo quanto é lado, resista flexível e ciente da sua relevância. Pop It’s até são maleáveis, mas também indeformáveis.⁣
Eis uma habilidade sensacional: a multilateralidade convergente. Posso explicar? Uma coluna estrutural de sustentação tem lados diferentes, mas sem perder a resistência inabalável pra suportar uma construção. “Sede firmes e constantes” (1Co 15:58). E do outro lado? “Somos barro nas mãos do Oleiro” (Is 64:8). Percebeu o Pop It? Convergimos para o fundamento da nossa fé ainda que sob pressões, empurrões ou apertões. ⁣
“A vida coerente, a paciente moderação, o espírito calmo sob provocação é sempre o mais conclusivo argumento e o mais solene apelo” (Ellen G. White, MCP2, p. 755). Ficar em cima do muro? De jeito nenhum. Mas, calmaria no insulto? Pop It. Bom senso no desacato? Ploc. Relegar a injúria? Plic.⁣
Sei que você entendeu. Firmeza não é dureza. O jeito certo vem do Céu. Só pedir!⁣

Odailson Fonseca (via instagram)

sábado, 28 de agosto de 2021

O SÁBADO E OS DOIS MARRECOS

João era um homem simples, temente a Deus. Buscava viver à luz das orientações bíblicas e era fiel ao Senhor em cada pequeno detalhe de sua vida. No entanto, enfrentava muitas lutas. Ganhava pouco e sua esposa vivia muito doente.

O patrão de João tinha uma vida completamente diferente. Não acreditava em Deus, vivia de maneira desregrada, bebia muito e era violento. E vez após vez zombava de João, já que, mesmo vivendo desta forma, era muito rico, tinha uma mulher linda e gozava de boa saúde. “Acho que Deus não gosta tanto assim de você! Olhe para sua vida e olhe para a minha! Se tem alguém aqui de bem com Deus, esse sou eu!”, dizia o chefe entre gargalhadas.

O funcionário cristão permanecia em silêncio diante dos gracejos e zombaria. No fundo, eram bons amigos e João sabia que seu testemunho poderia ser o único contato que seu patrão talvez tivesse com as realidades da fé.

Um dia, os dois saíram para caçar marrecos. Chegaram no lugar, preparam tudo e ficaram aguardando o momento certo para atacar. Deram dois tiros. O primeiro foi certeiro. O marreco caiu morto. Colocaram-no em uma sacola. O segundo tiro atingiu outro marreco, mas este, ainda vivo, começou a fugir. O patrão largou o marreco morto de lado e foi correndo atrás do que estava vivo. E assim a caçada continuou.

No fim da tarde, João levou seu patrão para um lanche, e propôs a seguinte explicação para a situação dos dois. Com amor em sua voz, ele disse: “Chefe, o diabo dá tiros em todos nós. Ele deseja nos afastar de Deus, que é a fonte da vida de verdade. Você é o marreco morto. Eu sou o marreco vivo. O diabo corre atrás de mim, porque não tem certeza de que me abateu”.

Enquanto estivermos deste lado da eternidade, é possível que carreguemos mais perguntas do que respostas. Não é fácil conviver com o silêncio de Deus, enquanto a maldade do mundo nos rouba a paz. É possível que nestes últimos dias, o mal tenha posto você na mira. Quem sabe tenha feridas abertas, esteja sangrando. Doença, traição, despedida, privação… São inúmeras balas perdidas nessa guerra da vida.

Em meio a tudo isso, o Sábado é um lugar de cura e descanso. As portas estão abertas. Entre. Deixe as ferramentas de lado. Permita que Deus cuide das coisas por você. Ele vai lhe dar um abraço, vai secar suas lágrimas. Ele vai restaurar você. Descanse.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

DIA DO PSICÓLOGO E A TERAPIA DIVINA

No dia 27 de agosto é comemorado no Brasil o Dia do Psicólogo. Nesta mesma data, no ano de 1964, a profissão foi regulamentada através da Lei 4.119/64.

Terapia divina
Inicialmente vista com desconfiança pela religião, a psicologia cresceu com certo ar de rebeldia contra ela, mas hoje se aproxima da espiritualidade (outro nome da religião) como uma aliada. Com o crescente diálogo entre essas duas áreas, e sendo que estamos vivendo na época das terapias, quero convidá-lo a ver Deus como um Psicólogo que pode tratar seus traumas de maneira eficaz. Mais do que uma figura de apego, Deus não é uma simples ferramenta psicológica; Ele é a fonte da cura. Nessa perspectiva, destaco sete aspectos sobre quem Deus é e o que Ele faz:

Título: o Psicólogo dos psicólogos
Ainda no começo da Bíblia, Deus Se apresenta como o Médico que nos cura (Êx 15:26), título que poderia ser parafraseado como o Psicólogo que nos restaura. Além disso, o verbo grego sozo, usado cerca de cem vezes no Novo Testamento, significa tanto “salvar” quanto “curar”. A cura divina é integral.

Capacitação: empatia infinita
Se Deus fosse indiferente, como ensinavam algumas correntes filosóficas e teológicas, então Ele não poderia sentir nem amar. Mas na Bíblia, Deus é retratado como tendo emoções e sentimentos. O próprio Deus Se apresenta assim (Êx 34:6-7). Além disso, Jesus entende nossas fraquezas e pode Se compadecer de nós (Hb 4:15-16), o que implica empatia. O melhor é que Deus tem uma capacidade infinita de esquadrinhar nossa mente e nossa história (Sl 139:1-2). Só de olhar para nós, Ele sabe o que sentimos.

Equipe: dois assistentes
Deus trabalha em equipe e tem dois ajudantes altamente habilitados: Jesus e o Espírito Santo. Assim como o Pai é o “Deus de toda consolação” (2Co 1:3), ambos também recebem o título de “Consolador” (Jo 14:16, 26; 16:7). Jesus foi ungido para curar os corações partidos, consolar os tristes e libertar os oprimidos (Is 61:1-3; Lc 4:18).

Atendimento: 24 horas
Deus está sempre disponível e nos incentiva a buscá-Lo de todo o coração (Jr 29:11-13). Ele não apenas espera você no “consultório”, mas envia o Espírito Santo para fazer terapia em sua casa. E você pode também contar com atendimento on-line gratuito o tempo todo.

Linha terapêutica: psicologia positiva
Esquecendo os erros do passado (Mq 7:18-19; Hb 10:17), Deus aconselha você a concentrar-se no que é bom, positivo, verdadeiro, nobre, correto, puro, amável, excelente (Fp 4:8). Em outras palavras, coloque o foco na felicidade, e não na infelicidade.

Especialidade: todos os traumas
Por exemplo, para reduzir a ansiedade, um dos problemas psicológicos mais comuns da atualidade, Jesus apresenta o cuidado amoroso de Deus (Mt 6:25-34). Sobre Ele podemos lançar todas as nossas preocupações (1Pe 5:7).

Técnica favorita: diálogo
A oração é o meio de compartilharmos nossas inquietudes com Deus. Em Salmos, mais do que hinos, encontramos corações que se abriram ao grande Psicólogo da alma. Esses relatos (às vezes alegres, ora angustiados) retratam verdadeiras “terapias” no divã de Deus.

A psicologia tem seu lugar e pode ser efetiva. Mas, como sugere esta miniteoria, Deus é o maior de todos os psicólogos.

Marcos de Benedicto (via Revista Adventista)

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

SATANÁS, ADÃO E EVA

Embora tudo o que Deus houvesse criado se encontrasse na perfeição da beleza, e nada parecesse faltar sobre a Terra que Ele criara para tornar Adão e Eva felizes, ainda assim manifestou Seu grande amor por eles ao preparar-lhes um jardim especial. Uma parte do tempo deles deveria ser gasto na prazenteira tarefa de cuidar do jardim, outra parte recebendo a visita dos anjos, ouvindo suas instruções, e estando em feliz meditação. Suas atividades não eram cansativas, antes agradáveis e revigorantes.

Santos anjos... deram instruções a Adão e Eva no tocante a suas atividades, e também lhes falaram acerca da rebelião e queda de Satanás.

A lei de Deus existia antes que o homem fosse criado. Foi adaptada à condição de seres santos. Mesmo os anjos eram governados por ela.

O homem devia ser testado e provado; se suportasse a prova divina e permanecesse leal e fiel depois desta primeira prova, não deveria ser afligido por contínua tentação, antes seria exaltado a uma posição igual à dos anjos, revestido da imortalidade.

O PLANEJAMENTO
[Satanás] informou [seus anjos] de seus planos para separar de Deus o nobre Adão e sua companheira Eva. Se fosse possível, de algum modo, induzi-los à desobediência, Deus faria provisões por meio das quais o ser humano seria perdoado, e assim o próprio Satanás e seus anjos teriam melhores chances de compartilhar da misericórdia de Deus. Se isto falhasse, poderiam unir-se a Adão e Eva, já que estes, uma vez chegando a transgredir a lei de Deus, estariam também sujeitos à ira divina, como os anjos caídos. Se transgredissem, estariam igualmente num estado de rebelião; os anjos rebeldes poderiam unir-se a eles, tomar posse do jardim do Éden e transformá-lo em seu lar. Se conseguissem acesso à árvore da vida que se encontrava no meio do jardim, sua força seria - pensavam eles - igual à dos anjos leais, e nem mesmo Deus seria capaz de expulsá-los dali.

Satanás manteve consulta com seus anjos maus. Nem todos se dispuseram prontamente a unir-se a ele nessa obra arriscada e terrível. Ele lhes contou que não confiaria a nenhum deles tal trabalho; pensava que somente ele mesmo possuía sabedoria suficiente para levar avante um tão importante empreendimento. Gostaria que eles refletissem sobre o assunto enquanto ele próprio se retiraria a fim de amadurecer os planos.

Satanás ficou só a fim de aperfeiçoar os planos que seguramente resultariam na queda de Adão e Eva. Estremeceu ao pensar que submergiria o santo e feliz par na miséria e remorso que ele mesmo estava agora suportando. Pareceu indeciso; em alguns momentos firme e determinado, noutros hesitante e vacilante. Seus anjos o procuraram para informá-lo da decisão que haviam tomado. Sim, unir-se-iam a ele e compartilhariam com ele da responsabilidade e das conseqüências.

Satanás lançou para longe seus sentimentos de desespero e fraqueza e, como líder, fortaleceu-se para enfrentar a situação e empreender tudo que estivesse a seu alcance para desafiar a autoridade de Deus e de Seu Filho.

Satanás declarou que demonstraria ante os mundos criados por Deus e perante as inteligências celestiais, que é impossível guardar a lei de Deus.

Deus reuniu a multidão angélica para tomar medidas e impedir o perigo ameaçador. Ficou decidido no concílio celestial que anjos deviam visitar o Éden e advertir Adão e Eva de que o jardim estava em perigo pela presença de um adversário. Assim, dois anjos apressaram-se em visitar nossos primeiros pais.

Mensageiros celestiais expuseram-lhes [a Adão e Eva] a história da queda de Satanás, e suas tramas para sua destruição, explicando mais completamente a natureza do governo divino, que o príncipe do mal estava procurando transtornar.

Os anjos os advertiram a que estivessem de sobreaviso contra os ardis de Satanás; pois seus esforços para os enredar seriam incansáveis. Enquanto fossem obedientes a Deus, o maligno não lhes poderia fazer mal; pois sendo necessário, todos os anjos do Céu seriam enviados em seu auxílio. Se com firmeza repelissem suas primeiras insinuações, estariam tão livres de perigo como os mensageiros celestiais. Se, porém, cedessem uma vez à tentação, sua natureza se tornaria tão depravada que não teriam em si poder nem disposição para resistir a Satanás.

Os anjos preveniram Eva de que não se separasse de seu marido em suas ocupações, pois poderia ser posta em contato com o inimigo caído. Ao separarem-se um do outro, estariam em maior perigo do que se permanecessem juntos. Os anjos insistiram que eles seguissem bem de perto as instruções dadas por Deus no tocante à árvore do conhecimento, pois na obediência perfeita estariam seguros. E o inimigo caído somente poderia ter acesso a eles junto à árvore do conhecimento do bem e do mal.

Adão e Eva asseguraram aos anjos que jamais transgrediriam o expresso mandamento de Deus, pois era seu maior deleite cumprir a vontade dEle. Os anjos uniram-se a Adão e Eva em santos acordes de harmoniosa música, e enquanto seus cânticos ressoavam cheios de alegria pelo Éden, Satanás ouviu o som destas melodias de adoração ao Pai e ao Filho. Ouvindo-as, sua inveja, ódio e malignidade aumentaram, e ele expressou a seus seguidores a ansiedade de incitá-los [Adão e Eva] à desobediência.

EVA E A SERPENTE
A fim de realizar a sua obra sem que fosse percebido, Satanás preferiu fazer uso da serpente como médium, disfarce este bem adaptado ao seu propósito de enganar. A serpente era então uma das mais prudentes e belas criaturas da Terra. Tinha asas, e enquanto voava pelos ares apresentava uma aparência de brilho deslumbrante, tendo a cor e o brilho de ouro polido.

Eva afastou-se do esposo, admirando as belezas da Natureza na criação de Deus, deleitando seus sentidos com as cores e fragrâncias das flores e o encanto das árvores e arbustos. Pensava ela na restrição imposta por Deus no tocante à árvore do conhecimento. Comprazia-se na beleza e abundância providas por Deus para a satisfação de todas as necessidades. Tudo isto, disse ela, Deus forneceu para o nosso deleite. Tudo é nosso, pois Ele disse: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás" (Gn 2:16 e 17).

Eva aproximou-se da árvore proibida, sentindo-se curiosa por saber como podia a morte esconder-se no fruto de tão formosa árvore. Surpreendeu-se ao escutar suas próprias dúvidas repetidas por uma voz estranha: "É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?" (Gn 3:1). Eva não se apercebera de que revelara seus pensamentos ao falar em voz audível consigo mesma, pelo que se assombrou grandemente ao ouvir suas dúvidas repetidas por uma serpente.

Com palavras suaves e melodiosas, e com voz musical, [Satanás] dirigiu-se à maravilhada Eva. Ela se sobressaltou ao ouvir uma serpente falar. Esta exaltava a beleza e excessivo encanto [da mulher], o que não desagradou a Eva.

Eva sentiu-se encantada, lisonjeada, bajulada.

[Eva] realmente pensou que a serpente possuía conhecimento dos seus pensamentos [da mulher], e que por isso devia ser muito sábia. Sua resposta foi: "Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal" (Gn 3:2-5).

Aqui o pai da mentira fez sua afirmativa em aberta contradição à expressa palavra de Deus. Satanás assegurou a Eva que ela fora criada imortal, e que não existia a possibilidade de ela morrer. Disse-lhe que Deus sabia que, se comessem do fruto da árvore do conhecimento, seu entendimento seria iluminado, expandido, enobrecido, tornando-os semelhantes ao próprio Deus. ... Eva pensou que existia sabedoria nas palavras da serpente. ... Contemplou com ardente desejo a árvore carregada de frutos, que pareciam deliciosos. A serpente os estava comendo com aparente deleite.

Eva havia ultrapassado as palavras da ordem divina. Deus dissera a Adão e Eva: "Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2:17). Na controvérsia com a serpente, Eva acrescentou: "Nem nele tocareis, para que não morrais" (Gn 3:3). Aqui pode ser percebida a sutileza da serpente. Esta declaração de Eva deu a Satanás uma vantagem.

Participando dessa árvore, declarou ele [Satanás], atingiriam uma esfera mais elevada de existência, e entrariam para um campo mais vasto de saber. Ele próprio havia comido do fruto proibido, e como resultado adquirira o dom da fala. E insinuou que o Senhor intencionalmente desejava privá-los do mesmo, para que não acontecesse serem exaltados à igualdade para com Ele.

A curiosidade de Eva despertou-se. Em vez de escapar do local, ficou ouvindo a serpente falar. Não ocorreu à sua mente que este pudesse ser o inimigo decaído, utilizando a serpente como médium.

Com que intenso interesse o Universo inteiro contemplou o conflito que decidiria a situação de Adão e Eva! Quão atentamente os anjos ouviram as palavras de Satanás, o originador do pecado, enquanto ele colocava suas próprias idéias acima dos mandamentos divinos, procurando tornar sem efeito a lei de Deus por meio de seu enganoso raciocínio! Quão ansiosamente aguardaram para ver se o santo par seria enganado pelo tentador, cedendo às suas artimanhas! ...

Satanás representou a Deus como um enganador, como alguém que deseja destituir Suas criaturas dos benefícios de Seu mais exaltado dom. Os anjos escutaram com pesar e assombro essa declaração quanto ao caráter de Deus, enquanto Satanás O representava como possuindo os seus próprios miseráveis atributos. Eva, porém, não se horrorizou ao ouvir o santo e supremo Deus sendo assim falsamente acusado. Se ela houvesse... relembrado todas as demonstrações de Seu amor, se houvesse corrido em direção ao esposo, poderia haver-se salvado da tentação sutil do maligno.

O tentador colheu um fruto e passou-o a Eva. Ela tomou-o nas mãos. Veja, disse o tentador, vocês foram proibidos de até mesmo tocar o fruto, pois morreriam. Ele lhe disse que ela não correria maior perigo comendo-o, do que tocando-o ou manuseando-o. Eva foi encorajada, pois não sentiu de imediato os sinais do desagrado divino. Pensou que as palavras do tentador eram inteiramente sábias e corretas. Comeu, e ficou encantada com o fruto. Este lhe pareceu agradável ao paladar, e ela começou a imaginar como seria sentir em si mesma os maravilhosos efeitos do mesmo.

Nada havia de venenoso no fruto da árvore do conhecimento em si, nada que pudesse causar a morte ao ser ele comido. A árvore havia sido colocada no jardim como uma prova da lealdade deles a Deus.

A RUÍNA DE ADÃO
Eva comeu e imaginou estar experimentando as sensações de uma vida nova e mais exaltada. ... Não percebeu nenhum efeito adverso, nada que pudesse ser interpretado como significando morte e sim, conforme assegurara a serpente, uma prazerosa sensação, que ela imaginou ser a mesma experimentada pelos anjos.

Ela tomou então o fruto e o comeu, imaginando sentir o revigorante poder de uma nova e exaltada existência, como resultado da influência estimulante do fruto proibido. Achava-se num estranho e antinatural estado de entusiasmo quando procurou o esposo com as mãos cheias do fruto proibido. Relatou-lhe o sábio discurso da serpente e manifestou o desejo de levá-lo imediatamente para junto da árvore do conhecimento. Contou-lhe que comera do fruto, e que em lugar de experimentar uma sensação de morte, sentia uma influência prazenteira e estimulante. Tão logo desobedeceu, tornou-se Eva um poderoso meio para ocasionar a queda do esposo.

Uma expressão de tristeza sobreveio ao rosto de Adão. Mostrou-se atônito e alarmado. Às palavras de Eva replicou que isto devia ser o adversário contra quem haviam sido advertidos; e pela sentença divina ela deveria morrer. Em resposta insistiu com ele para comer, repetindo as palavras da serpente, de que certamente não morreriam. Ela raciocinava que isto deveria ser verdade, pois que não sentia evidência alguma do desagrado de Deus.

Adão compreendeu que sua companheira transgredira a ordem de Deus, desrespeitara a única proibição a eles imposta como prova de sua fidelidade e amor. Teve uma terrível luta íntima. Lamentava que houvesse permitido desviar-se Eva de seu lado. Agora, porém, a ação estava praticada; devia separar-se daquela cuja companhia fora sua alegria. Como poderia suportar isto? ... Resolveu partilhar sua sorte; se ela devia morrer, com ela morreria ele. Afinal, raciocinou, não poderiam ser verdadeiras as palavras da sábia serpente? Eva estava diante dele, tão bela, e aparentemente tão inocente como antes deste ato de desobediência.

Exprimia maior amor para com ele do que antes. Nenhum sinal de morte aparecia nela, e ele se decidiu a afrontar as conseqüências. Tomou o fruto, e o comeu rapidamente.

Depois da sua transgressão, Adão a princípio imaginou-se passando para uma condição mais elevada de existência. Mas logo o pensamento de seu pecado o encheu de terror. O ar que até ali havia sido de uma temperatura amena e uniforme, parecia resfriar o culpado casal. Desapareceram o amor e paz que haviam desfrutado, e em seu lugar experimentavam uma intuição de pecado, um terror pelo futuro, uma nudez de alma.

Satanás exultou com seu êxito. Tinha agora tentado a mulher a descrer do amor de Deus, a questionar Sua sabedoria e a procurar penetrar em Seus oniscientes planos. Por intermédio dela causara também a ruína de Adão, o qual, em consequência de seu amor por Eva, desobedeceu ao mandado divino e caiu com ela.

Satanás, o anjo caído, havia declarado que ninguém podia guardar a lei de Deus. Apontou agora à desobediência de Adão como prova da veracidade de sua declaração.

Satanás... gabou-se orgulhosamente de que o mundo criado por Deus era seu domínio. Havendo conquistado Adão, o soberano do mundo, ganhara toda a raça humana como seus súditos. Possuiria o jardim do Éden e o transformaria em seu quartel-general. Ali estabeleceria seu trono para ser o soberano do mundo.

O CONCÍLIO DA PAZ
As notícias da queda do homem espalharam-se pelo Céu. Realizou-se um concílio para decidir o que teria de ser feito com o culposo par.

[Jesus] fez então saber à multidão angélica que um meio de livramento fora estabelecido para o homem perdido. Dissera-lhes que estivera a pleitear com Seu Pai, e oferecera-Se para dar Sua vida como resgate, e tomar sobre Si a sentença de morte, a fim de que por meio dEle o homem pudesse encontrar perdão.

A princípio os anjos não puderam regozijar-se, pois seu Comandante nada escondeu deles, mas desvendou-lhes o plano da salvação. Jesus lhes disse que... deixaria toda a Sua glória no Céu, apareceria na Terra como um homem, humilhar-Se-ia como um homem, ... e que, finalmente, depois que Sua missão como ensinador se cumprisse, seria entregue nas mãos dos homens, e suportaria quantas crueldades e sofrimentos Satanás e seus anjos pudessem inspirar ímpios homens a infligir; que Ele morreria a mais cruel das mortes, suspenso entre o céu e a terra, como um pecador criminoso; que sofreria terríveis horas de agonia, a qual nem mesmo os anjos poderiam contemplar, mas esconderiam seu rosto dessa cena.

Os anjos prostraram-se diante dEle. Ofereceram a vida deles. Jesus lhes disse que pela Sua morte salvaria a muitos; que a vida de um anjo não poderia pagar a dívida. Sua vida unicamente poderia ser aceita por Seu Pai como resgate pelo homem.

Leia a íntegra do capítulo A Expulsão dos Anjos Rebeldes e a Queda de Adão e Eva do livro A Verdade sobre os Anjos (aqui).

Ilustração de Nicolae Gutu

VITIMIZAÇÃO

Todos nós, em algum momento ou outro, assumimos o papel de vítimas.

No entanto, assim como existem pessoas que se sentem culpadas por tudo, existem pessoas que se tornam vítimas permanentes, sofrem o que pode ser considerado uma “vitimização crônica”. Essas pessoas se disfarçam de falsas vítimas, consciente ou inconscientemente, para simular agressões inexistentes e, incidentalmente, culpar os outros, libertando-se de toda responsabilidade.

Na realidade, a vitimização crônica não é uma patologia, mas pode levar a um distúrbio paranoico, quando a pessoa insiste em culpar os outros pelos males que sofre. Além disso, esse modo de enfrentar o mundo, por si só, leva a uma visão pessimista da realidade, que produz desconforto, tanto na pessoa que reclama quanto na pessoa que recebe a culpa.

Em muitos casos, a pessoa que abraça a vitimização crônica acaba alimentando sentimentos muito negativos, como ressentimento e raiva, que levam à vitimização agressiva. É o caso típico daqueles que não apenas se queixam, mas atacam e acusam os outros, mostrando intolerância e continuamente violando os direitos das pessoas.

Raio-X de uma vítima crônica
Deformar a realidade. Esses tipos de pessoas acreditam firmemente que a culpa do que acontece com eles é dos outros, nunca é deles. Na verdade, o problema é que eles têm uma visão distorcida da realidade, têm um locus de controle externo, e acredita que ambos os aspectos positivos e negativos que ocorrem em sua vida não depende diretamente de sua própria vontade, mas de circunstâncias externas. Além disso, eles exageram os aspectos negativos, o desenvolvimento de um pessimismo exacerbado que os levaram a se concentrar apenas nas coisas negativas que acontecem, ignorando o positivo.

Encontram consolo no lamento. Essas pessoas acreditam que são vítimas dos outros e das circunstâncias, por isso não se sentem culpadas ou responsáveis ​​por nada que aconteça a elas. Como resultado, tudo o que resta é arrependimento. De fato, eles frequentemente sentem prazer em reclamar porque assim assumem melhor seu papel de “pobres vítimas” e conseguem atrair a atenção dos outros. Essas pessoas não pedem ajuda para resolver seus problemas, apenas lamentam seus infortúnios na busca desenfreada de compaixão e protagonismo.

Procuram culpados continuamente. Pessoas que assumem o papel de vítimas eternas, desenvolvem uma atitude desconfiada, muitas vezes acreditam que os outros sempre agem de má fé. Por essa razão, geralmente têm um desejo quase mórbido de descobrir queixas mesquinhas, sentir-se discriminados ou maltratados, apenas para reafirmar seu papel como vítimas. Assim, acabam desenvolvendo uma hipersensibilidade e tornam-se especialistas em formar uma tempestade em um copo de água.

– São incapazes de fazer uma autocrítica sincera. Essas pessoas estão convencidas de que não são culpadas por nada, então não há nada para criticar em seus comportamentos. Como a responsabilidade pertence a outros, não aceitam críticas construtivas e, muito menos, realizam um exame minucioso de consciência que os leva a mudar de atitude. Para essas pessoas, os erros e defeitos dos outros são intoleráveis, enquanto os deles são uma simples sutileza.

Quais são suas estratégias?
Para uma pessoa assumir o papel de vítima, deve haver um culpado. Portanto, você deve desenvolver uma série de estratégias que permitam que a outra pessoa assuma a culpa no assunto. Se não tivermos conhecimento dessas estratégias, provavelmente entraremos em suas redes e estaremos dispostos a levar toda a culpa nas nossas costas.

1. Retórica vitimista
Basicamente, a retórica dessa pessoa visa desqualificar os argumentos de seu adversário. No entanto, na realidade, ele não refuta suas afirmações com outros argumentos que são mais válidos, mas, ao contrário, ele cuida da suposição da outra pessoa, sem perceber, o papel de atacante. Como acontece? Ela assume o papel de vítima na discussão, de modo que a outra pessoa seja como alguém autoritário, sem empatia ou mesmo agressiva. É o que se conhece no campo da argumentação como “retórica centrista”, já que a pessoa é responsável por mostrar seu adversário como um extremista, em vez de se preocupar em refutar suas afirmações. Desta forma, qualquer argumento que seu adversário exerça será apenas uma demonstração de sua má fé.

Por exemplo, se uma pessoa se atreve a contrastar uma declaração com irrefutáveis ​​ou estatísticas do fato de fontes confiáveis, a vítima não vai responder-lhe com fatos, mas dizer algo como: “Você está sempre me atacando, agora você diz que eu estou mentindo” ou “Você está tentando impor seu ponto de vista, por favor, peça desculpas.”

2. Recuo de vítima
Em alguns casos, o discurso da vítima visa evitar a responsabilidade e evitar pedir desculpas ou reconhecer seu erro. Portanto, ele tentará escapar da situação. Para conseguir isso, sua estratégia consiste em desacreditar o argumento do vencedor, mas sem explicitar que ele estava errado. Como acontece? Mais uma vez, assume o papel de vítima, joga com os dados ao seu bel prazer e os manipula a sua conveniência com o objetivo de semear confusão. Basicamente, essa pessoa irá projetar seus erros no outro.

Por exemplo, se uma pessoa responder com um fato comprovado, o que nega sua declaração anterior, a vítima não reconhecerá seu erro. Em qualquer caso, tentará fazer um retiro digno e dirá algo como: “Esse fato não nega o que eu disse. Por favor, não vamos criar mais confusão, é claro que é inútil discutir com você porque você não quer ouvir a razão”, quando na realidade quem cria confusão é o próprio.

3. Manipulação emocional
A manipulação emocional é uma das estratégias preferidas das vítimas crônicas. Quando essa pessoa conhece bem seu interlocutor, não hesitará em recorrer à chantagem emocional para colocar o conselho a seu favor e adotar o papel de vítima. De fato, essas pessoas são muito habilidosas em reconhecer emoções, então elas usam qualquer lampejo de dúvida ou culpa a seu favor. Como isso acontece? Eles descobrem o ponto fraco do adversário e exploram a empatia que podem sentir.

Desta forma, eles acabam envolvendo-o em sua teia de aranha, de modo que essa pessoa assuma toda a responsabilidade e o papel de carrasco, enquanto eles permanecem confortáveis ​​em seu papel como vítimas e podem continuar a lamentar.

Por exemplo, uma mãe que não quer reconhecer seus erros pode colocar a culpa na criança dizendo coisas como: “Com tudo que fiz por você, e é assim que você me paga”. No entanto, esse tipo de manipulação também é muito comum nas relações entre parceiros, entre amigos e até mesmo no ambiente de trabalho.

Como enfrentar esse tipo de gente?
O primeiro passo é perceber se estamos diante de uma pessoa que assume o papel de vítima. Então, é sobre resistir ao ataque e não nos deixar enredar em seu jogo. O mais sensato é dizer que não temos tempo para ouvir suas lamentações, que se você quiser ajuda ou uma solução, teremos o prazer de ajudá-lo, mas não estaremos dispostos a perder tempo e energia ouvindo continuamente suas queixas.

Lembre-se que o mais importante é que essas pessoas não estraguem o seu dia baixando sua dose de negatividade e, acima de tudo, não o façam se sentir culpado. Não se esqueça de que só pode machucá-lo emocionalmente, aquele a quem você lhe dá poder suficiente.

Conclusão
Os que se vitimizam querem deixar o mundo desconfortável para que suas vontades sejam atendidas. Eles intoxicam os ambientes com suas demandas. Ninguém pode estar bem diante de seu infortúnio, a menos que operem para revertê-lo. Vejam o que diz Ellen G. White: "A autocomiseração é deteriorante ao caráter dos que a cultivam, e exerce uma influência que estraga a felicidade dos outros" (Medicina e Salvação, p. 177).

Toda nossa honra e nosso eu se esfarela na presença de Deus. Quando pensamos, como Jó, que nada tínhamos, quem nem vivos merecíamos estar, e Deus ainda assim nos concedeu tal graça, do que iremos reclamar? Quando aceitamos o bem, amamos a Deus, mas quando o mal sobrevém, O odiamos? Faz sentido isso? Quando olhamos para a Cruz de Cristo, viram pó nossas humilhações. Ellen White diz: "Necessitamos de evitar a compaixão de nós mesmos. Nunca alimenteis a impressão de que não sois estimados como deveríeis, que os vossos esforços não são apreciados e que o vosso trabalho é demasiado penoso. A lembrança de que Jesus sofreu por nós reduza ao silêncio todo o pensamento de murmuração. Somos tratados melhor do que foi nosso Senhor" (A Ciência do Bom Viver, p. 476).

Finalizo com este outro pensamento de Ellen White: "Muitos exageram grandemente aparentes dificuldades e então se põem a nutrir autocomiseração, cedendo ao desânimo. Esses precisam fazer completa mudança em si mesmos. Precisam disciplinar-se, empenhando-se em vencer todos os sentimentos infantis. Devem convencer-se de que a vida não deve ser gasta em trabalhos triviais. Cada qual deve ter um alvo, um objetivo, na vida. A mente deve ser protegida e os pensamentos treinados para que se fixem no objetivo, como a bússola aponta ao pólo. A mente deve ser dirigida no conduto certo, de acordo com bem formados planos. Então cada passo será um passo para a frente. ... O êxito ou o fracasso nesta vida depende muito da maneira em que os pensamentos são disciplinados" (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 630).

Texto traduzido e adaptado de Rincon Psicología

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

QUEM É O MEU PRÓXIMO?

Este maravilhoso texto que apresentamos abaixo está no capítulo 54 "O Bom Samaritano" do livro O Libertador de Ellen G. White. Ele é baseado em Lucas 10:25-37.

Enquanto Cristo ensinava o povo, “um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e Lhe perguntou: ‘Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?’” (Lc 10:25). Os sacerdotes e rabinos tinham pensado que apanhariam a Cristo com a pergunta que induziram o doutor da lei a fazer. No entanto, o Senhor não entrou em discussão. “O que está escrito na Lei?”, Ele disse. “Como você a lê?” Jesus desviou a pergunta sobre salvação para o tema da observância aos mandamentos de Deus.

O doutor da lei disse: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento” e “ame o seu próximo como a si mesmo”. Jesus disse: “Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá” (v. 27, 28).

Aquele doutor da lei vinha estudando as Escrituras a fim de conhecer o seu verdadeiro significado. Em sua resposta sobre as exigências da lei, ele não atribuiu nenhum valor ao amontoado de instruções quanto às cerimônias e ritos. Em lugar disso, apresentou os dois grandes princípios dos quais dependem toda a lei e os profetas. Essa resposta, elogiada por Cristo, deu ao Salvador vantagem sobre os rabinos.

“Faça isso e viverá”, Jesus disse. Ele apresentou a lei como uma unidade divina. Não é possível guardar um mandamento e quebrar outro, pois o mesmo princípio permeia todos eles. Amor supremo a Deus e amor imparcial ao próximo são os princípios a ser observados na vida.

As palavras firmes de Cristo convenceram o doutor da lei. Ele não havia mostrado amor às pessoas que o cercavam. Contudo, em vez de se arrepender, tentou se justificar dizendo: “Quem é o meu próximo?

Entre os judeus, essa pergunta provocaria interminável discussão. Os pagãos e os samaritanos eram estrangeiros e inimigos, mas onde se faria distinção entre as pessoas de sua própria nação e entre as diferentes classes da sociedade? Será que eles deviam considerar a multidão ignorante e descuidada – os “imundos” – como próximos?

Jesus não denunciou o fanatismo dos que estavam ali, atentos às Suas palavras, só para condená-Lo. Em vez disso, apresentou uma história singela que retratava o amor do Céu fluindo sobre as pessoas. A bela ilustração tocou o coração de todos e arrancou do doutor da lei uma confissão da verdade. A melhor maneira de lidar com o erro é apresentar a verdade. “Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado” (v. 30- 32). Isso foi um fato real, conhecido exatamente como Jesus contou. O sacerdote e o levita estavam no grupo que escutava as palavras de Cristo.

A estrada de Jerusalém para Jericó descia por um barranco pedregoso e inóspito, infestado de ladrões. Era, muitas vezes, cenário de situações de violência. Foi ali que os assaltantes atacaram o viajante, deixando-o quase morto. O sacerdote apenas olhou na direção do homem ferido. O levita tinha convicção do que devia fazer, mas se convenceu de que nada tinha que ver com o caso.

Esses dois homens pertenciam à categoria especialmente escolhida para representar a Deus diante do povo. Esperava-se que fossem capazes “de se compadecer dos que não têm conhecimento e se desviam” (Hb 5:2).

Os anjos do Céu contemplam a aflição da família de Deus na Terra, preparados para cooperar com homens e mulheres no alívio da opressão e do sofrimento. Todo o Céu observava para ver se o coração do sacerdote e do levita seria tocado pela piedade da miséria humana. O Salvador tinha instruído os hebreus no deserto, ensinando-lhes uma lição muito diferente daquela que o povo agora estava recebendo dos seus sacerdotes e mestres. Por meio de Moisés, Ele havia dado a mensagem que o Senhor Deus “defende a causa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro. [...] Amem [portanto] os estrangeiros”. “Amem-no como a si mesmos” (Dt 10:18, 19; Lv 19:34).

Treinados na escola do fanatismo nacional, o sacerdote e o levita se tornaram indivíduos egoístas, de mente estreita e exclusivistas. Ao olharem para o homem ferido, não conseguiram identificar se ele era judeu. Pensaram que talvez fosse um samaritano, e se afastaram.

No entanto, passou por ali um samaritano que teve compaixão da vítima. O samaritano sabia muito bem que, se a situação dos dois fosse inversa, o estrangeiro, judeu, mostraria desprezo e passaria de largo. Ele próprio poderia estar em perigo por ficar naquele lugar por mais tempo. Mas, para ele, o que importava era que ali estava um ser humano em necessidade e sofrimento. Ele tirou suas próprias vestes e o cobriu. O azeite e o vinho trazidos para a viagem foram usados para curar e aliviar o sofrimento do homem ferido. Colocou-o sobre o seu animal e o conduziu lentamente, em passo uniforme, de modo que o estranho não fosse sacudido, o que aumentaria o seu sofrimento. Levou-o para uma pensão e cuidou dele toda a noite, velando por ele ternamente.

Na manhã seguinte, antes de seguir viagem, o samaritano colocou o homem aos cuidados do dono da pensão, pagou a conta e deixou um depósito em seu favor. Ainda não satisfeito, tomou providências para qualquer necessidade futura, dizendo: “Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver”.

Ao terminar a história, Jesus olhou nos olhos do doutor da lei e disse: “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” O doutor da lei respondeu: “Aquele que teve misericórdia dele”. Jesus disse: “Vá e faça o mesmo” (Lc 10:36, 37). Assim, a pergunta “Quem é o meu próximo?” ficou respondida para sempre. Nosso próximo é toda pessoa que precisa da nossa ajuda, cada alma ferida e machucada pelo inimigo, todos os que são propriedade de Deus.

Na história do bom samaritano, Jesus apresentou um retrato de Si mesmo e de Sua missão. A humanidade tem sido ferida, roubada e deixada quase morta por Satanás, mas o Salvador deixou a Sua glória para vir nos resgatar. Ele curou nossas feridas, nos cobriu com Seu manto de justiça e, à própria custa, tomou todas as providências em nosso favor. Mostrando Seu próprio exemplo, Ele diz aos Seus seguidores: “Como Eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros” (Jo 13:34).

O samaritano tinha obedecido aos conselhos vindos de um coração bondoso e amoroso. Fazendo isso, provou ser praticante da lei. Cristo disse para o doutor da lei: “Vá e faça o mesmo”.

A lição não é menos necessária hoje. O egoísmo e a fria formalidade quase têm extinguido o fogo do amor, dissipando as graças que deveriam deixar o caráter perfumado. Muitos dos que professam o nome de Jesus têm esquecido que os cristãos devem representar Cristo. A menos que mostremos sacrifício prático para o bem dos outros onde quer que estejamos, não somos cristãos, não importa o que declaremos ser.

Cristo pede que nos unamos a Ele para salvar a humanidade. Ele disse: “Vocês receberam de graça; deem também de graça” (Mt 10:8). Muitos estão perdidos e se sentem envergonhados e tolos. Estão sedentos de ânimo. Olham para os seus erros até serem levados ao desespero. Se formos, de fato, cristãos, ao vermos seres humanos em aflição, seja por alguma calamidade, seja por causa do pecado, nunca diremos: “Isso não me diz respeito”.

A história do bom samaritano e o caráter de Jesus revelam o verdadeiro significado da lei e o que significa amar nosso próximo como a nós mesmos. E quando os filhos de Deus mostram amor por toda a humanidade, também estão dando testemunho do caráter das leis do Céu. “Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o Seu amor está aperfeiçoado em nós” (1Jo 4:12).

Ellen G. White complementa o seu pensamento no livro Beneficência Social (pp. 45-46): 

"Qualquer ser humano que necessite de nossa simpatia e de nossos préstimos é nosso próximo. Os sofredores e desvalidos de toda classe são nosso próximo; e quando suas necessidades são trazidas ao nosso conhecimento, é nosso dever aliviá-los tanto quanto nos seja possível. Devemos cuidar de todo caso de sofrimento e considerar-nos a nós mesmos como instrumentos de Deus para aliviar os necessitados até o máximo de nossas possibilidades. Devemos ser coobreiros de Deus. Alguns há que manifestam grande afeição por seus parentes, amigos e favoritos, e no entanto deixam de mostrar bondade e consideração aos que necessitam de terna simpatia, aos que necessitam de bondade e amor. Com fervor de coração perguntemo-nos a nós mesmos: Quem é o meu próximo? Nosso próximo não são meramente nossos associados e amigos especiais; não simplesmente os que pertencem a nossa igreja, ou que pensam como nós pensamos. Nosso próximo é toda a família humana. Devemos dar ao mundo uma demonstração do que significa praticar a lei de Deus. Devemos amar a Deus sobre todas as coisas, e ao nosso próximo como a nós mesmos. Sem o exercício desse amor, a mais alta profissão de fé não passa de hipocrisia."

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O VAZIO EXISTENCIAL

Escultura do artista Albert György, no lago de Genebra (2012)
Em Eclesiastes 3:11, Salomão fala de forma enfática que “tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim”. Segundo o texto bíblico, na criação, Deus colocou no coração do homem a eternidade, algo eterno, algo maior do que tudo que pensamos ou fazemos ou planejamos. O que significa isso? Isso quer dizer que, como Deus pôs no coração do homem o anseio pelo infinito, logo as coisas finitas não podem em toda a sua plenitude preencher o coração do homem. Isto é notório na sociedade como um todo. De acordo com as Sagradas Escrituras, fomos feitos à imagem de Deus (Gn 1:26, 27). Temos uma necessidade interna de nos relacionarmos com Deus. Deixar de fazê-lo resulta num vazio do coração humano.

Indubitavelmente, uma “insatisfação divina” permeia a experiência humana, o que nos leva a indagar se existe alguma coisa capaz de satisfazer a busca do homem pela satisfação dos desejos do seu coração. O ser humano está numa constante busca pela realização. Há em nós uma sensação de incompletude. Isso é inegável. Esse fenômeno é um fato conhecido e discutido desde o início da história da filosofia. Platão, um dos grandes filósofos gregos da antiguidade, em um de seus diálogos (Górgias, 492b-d) compara os seres humanos a jarros que estão vazando. De algum modo, estamos sempre incompletos. Podemos despejar coisas nos recipientes de nossa vida, mas há algo que impede que o jarro fique cheio. Estamos sempre parcialmente vazios e, por esse motivo, temos uma consciência profunda de falta de completude e de felicidade.

Aristóteles, discípulo de Platão, afirmou que “todos os homens aspiram à vida feliz e à felicidade, está é uma coisa manifesta”. A emenda à Constituição brasileira nº 19, de 2010, proposta pelo senado, visa alterar o artigo 6º para incluir a “busca da felicidade por cada indivíduo e pela sociedade”. O fator a ser observado é que a felicidade e satisfação pessoal é a grande aspiração do ser humano. Porém esse desejo não é o problema, mas o fato dos homens buscarem nos lugares errados.

O avanço científico e tecnológico não resolveu, nem resolverá jamais, o problema existencial do ser humano – essa sensação de que sempre há algo faltando, mesmo depois de termos concretizado nossos sonhos. Sempre queremos mais e queremos coisas diferentes. Parece-nos então que nada que seja finito é capaz de satisfazer o profundo anseio que sentimos dentro de nós. Muitos se matam, e muitos outros estão sofrendo de depressão, stress, insônia, alcoolismo. Hoje há fobias de todos os tipos. A ansiedade é um mal generalizado. Isso tudo claramente aponta para um sentimento de vazio no ser humano.

“Nas profundezas da alma humana se acha implantada a inquietação pelo futuro. Essa percepção do infinito no tempo e no espaço produz insatisfação com a natureza transitória das coisas desta vida. É o plano de Deus que o homem perceba que o atual mundo material não constitui o centro de sua existência. Ele se acha ligado a dois mundos: fisicamente a este mundo, mas mental, emocional e psicologicamente ao mundo eterno” (Comentário Bíblico Adventista, v. 3, 1075).

Certa vez, Agostinho escreveu que cada um de nós tem dentro de si um espaço vazio deixado por Deus. Você pode tentar preencher esse vazio com qualquer coisa que existe no mundo, mas nunca vai conseguir, pois é imenso, infinito como Deus, e só Ele pode preencher.

Os seres humanos têm tentado de tudo, na ânsia de preencher esse vazio cavado por Deus. Diz C. S. Lewis: “O que Satanás pôs na cabeça de nossos primeiros pais foi a ideia de que eles poderiam ser como Deus, como se fossem independentes e tivessem vida em si próprios; que eles poderiam inventar algum tipo de felicidade sem Deus. E dessa tentativa infrutífera surgiu quase tudo na história humana – riqueza, pobreza, ambição, guerras, prostituição, classes, impérios, escravidão – a longa e terrível história do homem tentando achar outra coisa, menos Deus, para fazê-lo feliz.

“E por que isso nunca deu certo? É porque Deus nos criou, nos inventou, um como um fabricante inventa uma máquina. Se um veículo é fabricado para ser movido a óleo diesel, ele não vai funcionar direito com outro combustível. E Deus criou a máquina humana para se mover nEle. Ele é o combustível que nos faz agir, o alimento do qual precisamos para nos nutrir. Não há outro”.

A resposta para o Vazio não é encontrada em nós mesmos.

O preenchimento do vazio existencial não é encontrada no dinheiro. Podemos conquistar fortunas incalculáveis, e ainda que fosse possível conquistar o mundo todo, restaria sempre a ânsia de novas e maiores aquisições, nessa sede insaciável de preencher o vazio infinito do coração. O magnata Rockfeller disse: "Juntei milhões, mas eles não me trouxeram felicidade". Não é encontrada no poder. Alexandre, o Grande chorava após derrubar seus inimigos e dizia desconsolado: "Não há mais mundos para conquistar". Não é encontrada nos prazeres terrenos. O escritor pornográfico Lord Byron disse antes de morrer: "Tudo que me restou agora foram vermes, câncer e ressentimento". Por outro lado, Deus tem preenchido milhões de pessoas no correr da História, entre as quais eu me incluo.

Muitos povos achavam que eram espertos demais para precisar de Deus. Pensavam que poderiam preencher esse vazio infinito com poder, diversão, sexo ou malas cheias de dinheiro. Mas nunca conseguiram.

Amigo, talvez você também sinta dentro de si esse vazio. Não perca tempo e esforço tentando preenchê-lo com trabalho, estudo, consumismo, sexo, divertimentos, relacionamentos pessoais, viagens. Você poderá conseguir distrair-se por algum tempo, mas quando a sua máquina começar a engasgar e a tossir, por ter usado combustível errado, você vai ter de parar e pensar que a única solução é nEle viver, se mover e existir (At 17:28). A satisfação plena é produto da segurança absoluta e da paz interior que só Deus pode dar. Só um Deus infinito pode preencher, com o Seu amor, o espaço infinito do coração humano. E esta conquista espiritual está ao alcance de todos os que, reconhecendo a sua insuficiência, aceitam o presente que o Céu oferece – a vida eterna, através de Jesus Cristo: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23).

Ocorre que o Senhor não invade nosso coração, Ele espera um convite para entrar e fazer morada. Em Apocalipse 3:20 diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”.

Quando detectamos o vazio de nossa alma, tentamos preenchê-lo de todas as formas, mas somente somos saciados quando Jesus entra em nosso coração. É Ele que quer saciar a sede de nossa alma. Quando Ele entra em nosso coração nos sentimos supridos, saciados, felizes, prontos para qualquer boa obra.

Quer as pessoas aceitem ou não; todos precisam de Jesus. Jesus está batendo à porta do nosso coração; se abrirmos, Ele entrará e equilibrará nossa alma e a paz que excede todo entendimento invadirá nossa vida para sermos plenos nEle.

Caro amigo leitor, que tal começar a buscar a Deus hoje? Que tal largarmos dessa vida miserável que o mundo oferece, vida vazia, e eu sei que uma vida longe de Deus é vazia, uma vida de aparência e buscarmos aquilo que é eterno. Que adianta preservar uma vida nessa terra, umas amizades, uns prazeres terrenos e perder a vida eterna? Perder a herança que Deus nos deixou?

Não existe vida sem Deus, não tem. Não é viver com Deus ou viver sem Deus, é viver. Com Deus você vive, sem Deus você não vive, simples. Ele é tudo o que você tem e precisa. Sem Ele você não tem nada.

Ricardo André de Souza (via A Verdade Como é em Jesus)

"Todas as nossas energias são de Deus; nada podemos fazer independentemente das forças que Ele nos tem dado. Onde está o homem ou mulher ou criança que não seja sustido por Deus? Onde o lugar vazio que o não encha Deus? Onde a necessidade que possa ser suprida por outro que não Deus? (Ellen G. White - A Fé pela qual eu vivo, p. 57).

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

LIBERALIDADE HUMANITÁRIA

Na tarde de 9 de outubro de 2012, uma adolescente de 15 anos entrou em uma van escolar, em uma província no nordeste do Paquistão. Um homem chamou-a pelo nome e apontou-lhe uma arma. Três tiros foram disparados. Uma das balas atingiu o lado esquerdo do rosto da estudante. Ela sobreviveu ao ataque e passou a ser conhecida no mundo inteiro. Seu nome é Malala Yousafzai. Desde cedo defensora dos direitos das mulheres e crianças ao acesso à educação em seu país natal, é a mais jovem laureada com o Prêmio Nobel da Paz.

O homem que executou o atentado contra sua vida era membro do Talibã, um movimento construído por forças que unem religião, política, nacionalismo e intolerância, demonstrando o quão aterrorizante esta mistura pode ser e por que a laicidade é importante. Agora, estas mesmas forças voltam a tomar o poder no Afeganistão depois de 20 anos, em um dos mais importantes acontecimentos da geopolítica global recente. Em artigo no jornal The New York Times, Malala expressa seu lamento: “Os países que usaram os afegãos como peões em suas guerras ideológicas e gananciosas os deixaram com o peso por conta própria”.

O peso da politização e da ideologia pode calejar a sensibilidade humana para algo horrível, que é a maneira como a história se repete como um looping de tragédias que parece infinito. E para os cristãos, o desafio é olhar para o sofrimento dessas pessoas de uma maneira que vá além da resignação, seguida por cabeças sendo balançadas enquanto escutam que “são sinais de que o mundo está perto do fim”. O momento exige um testemunho que também se manifeste em ações práticas de compaixão e cuidado com as pessoas que sofrem, ainda que à distância. E há maneiras de fazer isso, mesmo que remotamente.

Veja, por exemplo, o que acontece no Haiti. Em 2010, um terremoto atingiu este país, deixando cerca de 220 mil mortos. Agora, 11 anos depois, um terremoto ainda mais intenso sacudiu o país já tão empobrecido, sobrecarregando hospitais, destruindo prédios, prendendo pessoas sob escombros, deixando outra vez milhares de mortes.

Papel ativo
Por favor, ore pelo Haiti e apoie o trabalho de organizações humanitárias como a ADRA Internacional, uma das primeiras a chegar ao local. Os danos são terríveis e os agentes humanitários sofrem com bloqueios de gangues que dificultam acesso às áreas mais vulneráveis. Considere seguir as redes sociais da ADRA e fazer uma doação para apoiar este trabalho de socorro e emergência. O acompanhamento das ações e o apoio com recursos são, junto com as orações, formas de minimizar o sofrimento dos haitianos.

Em 1996, Cabul, no Afeganistão, foi tomada pelo movimento que agora volta a dominar o país. Naquela ocasião, mulheres foram proibidas de trabalhar, provocando o caos: à época, um quarto dos serviços civis de Cabul, todo o ensino e grande parte dos serviços de saúde dependiam das mulheres. As escolas femininas foram fechadas. Cerca de 2.750 obras de arte antigas no Museu Nacional da cidade foram destruídas a golpes de machado, mais de 55 mil livros de bibliotecas públicas do Afeganistão foram destruídos. O receio da comunidade internacional é que este estado de terror volte a ser uma realidade, sacrificando o futuro de mulheres e de crianças.

Ore pelo Afeganistão e apoie agências que continuam a trabalhar no país, como a Médicos Sem Fronteiras, que segue amenizando a dor das pessoas. “Continuamos a tratar pacientes em todos os nossos projetos, em circunstâncias terríveis”, diz trecho de post publicado no site internacional da agência, que continua: “Os sons da guerra tornam muito difícil dormir, mas a equipe mantém todos os departamentos do hospital abertos até hoje”. Suas orações e seu apoio, com atenção e recursos, serão uma dádiva para iniciativas tão essenciais como estas.

Sensibilidade necessária
Em momentos de tantos desafios, a Igreja pode se levantar e testemunhar de um Deus que sempre se preocupou com todas as pessoas. Em Deuteronômio 14:28-29, o Senhor aconselha os hebreus que desfrutavam de uma liberdade recém-conquistada, depois de séculos de escravidão no Egito, a destinar receitas da colheita armazenada do terceiro ano de cultivo para ajudar os estrangeiros, órfãos e viúvas, para que pudessem “se achegar, comer e saciar-se, e para que Yahweh, teu Deus, os abençoe em todo o trabalho de tuas mãos”.

É uma descrição que nos ajuda a pensar sobre a importância da liberalidade humanitária como testemunho do amor de Deus. “O que Deus nos dá é para ser repartido e multiplicado”, ensinou o pastor Diego Barreto. E concluiu: o mordomo fiel é o que reparte, cuidando do outro, e não de si mesmo apenas.

Que você ajude a inspirar a sua igreja a dedicar orações e liberalidade humanitária para abençoar os que sofrem neste momento. Esteja em Cabul. Esteja no Haiti.

Heron Santana (via Igreja Relevante)

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

SEM PRECEDENTES

Eu não sei você, mas ultimamente tenho notado o aparecimento repetido da expressão "sem precedentes" - definida como “nunca feito, nunca visto ou nunca acontecido antes”, isto é, sem paralelo, sem comparação, sem igual. E parece estar na boca de todo mundo atualmente.

"Sem precedentes". Aqui está uma lista recente de manchetes em que a expressão aparece: “Aquecimento global acelera com consequências sem precedentes" (UOL); “Chuva sem precedentes deixam 126 mortos na Europa (Folha)”; “Crise entre poderes é sem precedentes” (CNN); “Pandemia provoca aumento nos níveis de pobreza sem precedentes” (DSSBR); “ONU teme número de vítimas sem precedentes no Afeganistão” (Euronews); "EUA e Europa têm cisão sem precedentes após anúncio de sanções ao Irã" (EM): "A queda sem precedentes do PIB do G-20" (Estadão); etc etc...

“Sem precedentes” - o que há de tão popular nessa expressão? Apenas um fascínio da mídia de notícias ou é a tentativa da humanidade de condensar em uma expressão nossa angústia sobre a magnitude impressionante da agitação e da mudança que rola em nossos feeds de notícias 24 horas por dia, 7 dias por semana?

"Sem precedentes". Acontece que a Sagrada Escritura também recorre a ela. Sem nem mesmo usar a expressão, Daniel descreve: “Nesse tempo, aparecerá o anjo Miguel, o protetor do povo de Deus. Será um tempo de grandes dificuldades, como nunca aconteceu desde que as nações existem [sem precedentes]” (Dn 12:1). Fim dos tempos sem precedentes - inigualável por qualquer coisa na história. O próprio Jesus reproduz a descrição final de Daniel: “Porque naqueles dias haverá um sofrimento tão grande como nunca houve [sem precedentes] desde que Deus criou o mundo; e nunca mais acontecerá uma coisa igual” - tão sem precedentes serão aqueles tempos, que Jesus continua - “Porém Deus diminuiu esse tempo de sofrimento. Se não fosse assim, ninguém seria salvo. Mas, por causa do povo que Deus escolheu para salvar, esse tempo será diminuído” (Mt 24:21, 22). Lembra um pouco a lista de manchetes, não é?

Você tem ideia do que Deus está tentando lhe dizer? Bem, se ainda não tem, este seria um bom momento para ter. As manchetes cada vez maiores com sua ladainha de eventos “sem precedentes” dificilmente surpreendem o estudante da Palavra de Deus. Daniel, Apocalipse, o mini-apocalipse de Jesus (Mateus 24/Marcos 13/ Lucas 21) clamam por nossa investigação cuidadosa. Por quê? Então devemos acessar mais uma manchete deprimente e sobrecarregar nossos espíritos já ansiosos? De modo nenhum.

Jesus vai direto ao ponto: “Digo isso agora, antes que essas coisas aconteçam, para que, quando acontecerem, vocês creiam” (João 14:29). Você pegou isso? O objetivo da profecia, o objetivo das predições embutidas de Jesus, é fazer de nós crentes! A lista crescente de “sem precedentes” girando em torno de nós nestes dias incertos é simplesmente o chamado do Espírito para acreditar Nele, que é o Senhor tanto da história quanto da profecia (história antecipada). “Estou lhe contando tudo isso para que, quando de repente você perceber que entrou em uma época de revolta e mudança 'sem precedentes', não tema - ao invés disso, acredite em Mim com ainda mais confiança!”

Na verdade, é exatamente assim que Jesus colocou no final de Suas predições: “Quando essas coisas começarem a acontecer, fiquem firmes e de cabeça erguida, pois logo vocês serão salvos” (Lucas 21:28). Aí está - a melhor notícia de todas - Jesus virá em breve! Sem precedentes? Você está de brincadeira? Será a única manchete sem precedentes - antes, depois ou sempre. "Ora, vem, Senhor Jesus!"

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

PANDEMIA DO EGOÍSMO

Na vida cristã temos muitos desafios e um deles é “limpar a casa”. O problema é quem temos que tirar de lá. Habita em nós um ser desprezível que carrega o peso da nossa condenação, a razão do pecado na humanidade, o próprio eu. Se livrar de coisas que estão conosco é muito difícil, ainda mais quando são tão centrais, como o “eu”.

Na Bíblia encontramos frases como “Negue-se a si mesmo” (Lucas 9:23); “Ninguém se glorie” (Efésios 2:9); “Ninguém busque o seu próprio interesse” (1 Coríntios 10:24); “Não vivam mais para si mesmos” (2 Coríntios 5:15); “E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:27) e muitos outros que fazemos questão de não decorar porque denunciam a mais importante e difícil transformação a ser feita: a morte do eu.

Ellen G. White afirma: "O pecado com que mais se condescende, e que nos separa de Deus e produz tantas contagiosas perturbações espirituais, é o egoísmo" (Conselhos para a Igreja, p. 81).

O egoísmo segue como a marca dos atuais tempos da humanidade. Em meio à pandemia, o que vemos claramente é a exposição de um grupo de pessoas que se preocupa mais com o próprio umbigo do que com o panorama geral. 
O argumento para abster-se do uso de máscaras é apenas um subterfúgio para encobrir um egoísmo patológico, aquela postura infantil que leva as crianças a desejarem sempre o prazer momentâneo, sem a mínima noção sobre as possíveis dificuldades que podem acrescentar para outros viventes. O atual momento pede cada vez mais voz ao que realmente importa. Amor. Amor ao próximo. E, para combater este vírus, precisamos de união. O que vai no caminho completamente contrário dos egoístas. 

Vejam que interessante o que diz Ellen G. White: "Embora o pecado tenha estragado a perfeita obra de Deus, Sua caligrafia ainda permanece. Com exceção do coração egoísta do ser humano, não há nada que viva apenas para si mesmo. Cada árvore, cada arbusto e cada folha exala oxigênio, sem o qual nem as pessoas nem os animais poderiam viver. O oceano recebe cursos de água de todas as partes, somente para devolvê-los. O vapor que dele sobe cai em forma de chuva para regar a terra, de modo que as plantas possam crescer e florescer" (O Libertador, pp. 11-12).

Egoísmo (ego + ismo) é o hábito ou a atitude de uma pessoa colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento (ou não) do ambiente e das demais pessoas com que se relaciona. Neste sentido, é o antônimo de altruísmo. 

Um sujeito egoísta é aquele que se coloca no centro do seu universo. Diferente da cultura popular que defende que o egoísta acredita que "o mundo, inclusive as pessoas ao seu redor, foram criadas para ele e somente para ele", o egoísta, na verdade, é uma pessoa que prioriza a si mesmo em relação aos outros, mas não necessariamente desprezando-os. Um sujeito egoísta é aquele que acredita que, na sua perspectiva de ser, é mais importante do que os demais seres.

Wesley Huber afirmou: "Não existe nada tão morto quanto um egoísta — uma pessoa empinada, que acredita ter-se feito sozinha, que se avalia por si mesma e ainda fica satisfeita com o resultado." Como alertou Charles Elliot: "Não pense demais sobre si mesmo. Procure cultivar o hábito de pensar nos outros e isso lhe trará recompensas. O egoísmo sempre traz a sua própria vingança." E para finalizar, John Mason disse: "O melhor amigo de um egoísta é ele próprio. O melhor para as pessoas que estão profundamente apaixonadas por si mesmas é que se divorciem."

O egoísmo é o fundamento do pecado. Por isso, cuidado com aquilo que vem disfarçado de realização pessoal, satisfação e prazer, mas apenas alimenta o sentimento egoísta que nasceu no coração de Lúcifer no Céu. Quando ele se rebelou no Céu, o sentimento que extravasou em seu coração foi o egocentrismo. Em Isaías 14:13 e 14, estão registradas cinco menções do pensamento dele em relação a si mesmo. Elas revelam sua autoidolatria. Desde que ele conseguiu infectar o ser humano com esse mal, somos todos inclinados a pensar e agir da mesma forma.

Os textos a seguir foram extraídos do livro Mente, Caráter e Personalidade, vol. 1, de Ellen G. White (pp. 271-277), e mostram dez verdades que o egoísmo esconde de você:

1. O interesse egoísta deve sempre ser subordinado; pois se lhe for dado lugar para agir, tornar-se-á um poder controlador que contrai o intelecto, endurece o coração e enfraquece o poder moral. Então vem a decepção.

2. O egoísmo é a ausência da humildade como a de Cristo, e sua existência é a ruína da felicidade humana, a causa da culpabilidade humana, e leva os que abrigam, ao naufrágio da fé.

3. O egoísmo tem pervertido os princípios, tem confundido os sentidos e nublado o juízo.

4. Não deverias falar tanto em ti mesmo, pois isso não dará forças a ninguém. Não deves fazer de ti o centro, imaginando que devas constantemente cuidar de ti, e levando outros a cuidarem de ti. Afasta teu pensamento de ti mesmo para um conduto mais sadio. Fala em Jesus, e deixa que se vá o próprio eu.

5. Os perigos dos últimos dias estão a alcançar-nos. Os que vivem para agradar-se e satisfazer-se a si mesmos estão desonrando ao Senhor. Ele não pode operar por intermédio deles, pois O representariam mal perante os que são ignorantes da verdade.

6. O amor e a confiança em si mesmo podem dar-nos a certeza de que estamos certos, quando na verdade estamos longe de cumprir as exigências da Palavra de Deus. O egoísmo está entretecido em nosso próprio ser. Recebemo-lo como uma herança, e tem sido acariciado por muitos como um precioso tesouro.

7. Deus não pode unir-Se aos que, colocando-se em primeiro lugar, vivem para agradar a si mesmos. Os que assim procedem, no fim hão de ser os últimos de todos. O pecado que mais se aproxima de ser incurável é o orgulho da opinião própria e o egoísmo.

8. Se o orgulho e o egoísmo fossem colocados de lado, cinco minutos bastariam para remover a maioria das dificuldades.

9. O egoísmo é a essência da depravação, e, devido a se terem os seres humanos submetido ao seu poder, o que se vê no mundo é o oposto à fidelidade a Deus. Nações, famílias, e indivíduos estão cheios do desejo de fazer do eu um centro.

10. Quem nos dera amor, sagrado, santo e altruísta amor! Reconheçamos, como representantes do Senhor, que terrível coisa é representar falsamente o Salvador, revelando egoísmo.


Para controlar o eu, recomendo duas atitudes: (1) mudança de direção, tirando o eu do centro da vida e colocando “em primeiro lugar, o reino de Deus” (Mt 6:33); e (2) busca permanente por santificação, “sem a qual ninguém verá ao Senhor” (Hb 12:14). Quanto mais você buscar a Deus, mais vazio será o eu. Seu coração estará naquilo que realmente tem valor para a eternidade e não cairá nas armadilhas do inimigo.