quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Existem vidas passadas e reencarnação?

Novelas que tratam de reencarnação, vidas passadas e "déjà vu" formam quase um gênero na televisão. Foram dezenas nos últimos 45 anos. Algumas tramas foram criadas sob inspiração direta da doutrina espírita, outras são livremente baseadas em variadas crenças espirituais, para não falar de histórias que combinam, também, parapsicologia e outros esoterismos. 

Mas nenhum autor hoje parece tão focado neste filão quanto Elizabeth Jhin. "Espelho da Vida", atualmente no ar na Rede Globo, é a quinta novela da autora com traços desta temática – ela escreveu também "Eterna Magia" (2007), "Escrito nas Estrelas" (2010), "Amor Eterno Amor" (2012) e "Além do Tempo" (2015-16). Se alguém pudesse ter alguma dúvida sobre a ligação de Jhin com este assunto, a recente entrevista que deu ao crítico e pesquisador Nilson Xavier foi bastante esclarecedora: "Acredito profundamente em reencarnação e escrevo sobre o assunto com muita entrega e respeito", disse ela, acrescentando que pratica "uma espiritualidade sem rótulo".

Afinal... existem vidas passadas e reencarnação? A pergunta é simples e merece uma resposta simples e direta: não, não existem vidas passadas. Por que não?

A Bíblia é bem clara quando diz que ‘cada pessoa tem de morrer uma vez só e depois ser julgada por Deus’ (Hebreus 9:27). É verdade que muitos dos que creem na reencarnação se dizem cristãos (e há muitos sinceros entre eles). Mas o verdadeiro cristão é aquele que aceita a Cristo como Salvador. Alguns dizem que, através de reencarnações sucessivas, cada pessoa pode ‘pagar’ pelas culpas da vida anterior. É uma espécie de auto-redenção. Para essas pessoas, o que fez Cristo na cruz? Para que teria Ele morrido pelos pecados de quem é capaz de salvar a si mesmo? Cristianismo e reencarnação, por mais que se deseje, são inconciliáveis.

O caminho para a vida eterna é único: examine as Escrituras, pois elas testificam de Cristo, que é a vida eterna (João 5:39). E Ele diz: ‘Pois a vontade do Meu Pai é que todos os que vêem o Filho e creem nEle tenham a vida eterna; e no último dia Eu os ressuscitarei’ (João 6:39). No último dia deste mundo, Cristo ressuscitará aqueles que aceitaram Seu convite para uma relação de amizade e companheirismo, e desenvolveram uma fé genuína. Por isso, para aqueles que ‘morrem no Senhor’ (Apocalipse 14:13), o fim é apenas o começo; o começo de uma nova vida que terá início na segunda vinda de Cristo. Portanto, na Bíblia não há menção alguma à reencarnação, muito pelo contrário, a Palavra afirma que se morre apenas uma vez, vindo depois disso o juízo, e que Deus é o único que possui imortalidade inerente.

Para entender melhor os acontecimentos relacionados com a disseminação do espiritismo, leia os capítulos “É o Homem Imortal?” e “Oferece o Espiritismo Alguma Esperança?”, no livro O Grande Conflito, de Ellen G. White. Vejamos o que ela escreveu há mais de 100 anos:

“O espiritismo está prestes a cativar o mundo. Muitos há que julgam ser o espiritismo mantido por truques e imposturas, mas isto está longe da verdade. Um poder sobre-humano está operando de várias maneiras, e poucos têm a ideia do que será a manifestação do espiritismo no futuro.” (Evangelismo, pp. 603, 604)

Perceba que, de acordo com Ellen White, não é por acaso que o espiritismo é muito divulgado na mídia, especialmente nas novelas de uma grande emissora de TV de nosso país!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Ellen G. White foi uma ambientalista?

Ellen G. White foi uma ambientalista? Estava ela preocupada com questões ligadas à ecologia, reciclagem, poluentes químicos e os efeitos do consumismo desenfreado dos nossos dias? Embora tivesse vivido a maior parte de sua vida no século 19, antes de os plásticos serem inventados, da energia nuclear, de produtos químicos antropogênicos contaminarem nossos rios e córregos e antes de a ganância por petróleo poluir os ecossistemas, ela foi uma forte defensora do cuidado com o meio ambiente. Sua consciência ambiental veio de duas fontes: as Escrituras e a inspiração vinda de Deus. 

"Mas o que sobre todas as demais considerações deve levar-nos a apreciar a Bíblia é que nela está revelada aos homens a vontade de Deus. Ali aprendemos o objetivo de nossa criação e os meios pelos quais esse objetivo pode ser atingido. Aprendemos a melhorar sabiamente a presente vida, e a conseguir a futura." (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 53)

Em relação à fonte de seus conselhos, Ellen G. White afirmou: 

"Nestas cartas que escrevo, nos testemunhos de que sou portadora, comunico-lhes aquilo que o Senhor me apresentou. Não escrevo um artigo sequer, na revista, expressando meramente ideias minhas. É o que Deus me revelou em visão – os preciosos raios de luz que brilham do trono." (Testemunhos Seletos. vol. 4, p. 261)

Ellen G. White teve uma abordagem holística para sua vida e missão. Assim, para ela, cuidar da Terra não era uma atitude de distração para a alma. De fato, em sua visão de mundo, a própria alma é alimentada através da beleza do mundo criado por Deus. 

"[Jesus] veio como embaixador de Deus, para nos mostrar a maneira de viver de modo a conseguir na vida os melhores resultados. Quais foram as condições escolhidas pelo Pai infinito para seu Filho? Uma habitação isolada nas colinas da Galileia, [...] a serenidade da alvorada ou do crepúsculo no verdor do vale; o sagrado ministério da natureza; o estudo da criação e da providência; a comunhão da alma com Deus – tais foram as condições e oportunidades dos primeiros anos de vida de Jesus." (A Ciência do Bom Viver, p. 365-366)

Além disso, ela acreditava que a própria natureza não só promove a glória de Deus, mas também traz descanso e alegria para pessoas de todas as idades. 

"É repousante para os olhos e para a mente demorar-se sobre as cenas da natureza, sobre as florestas, os montes, vales e rios, desfrutando o prazer de infindáveis variedades de forma e cor, e a beleza com que as árvores, arbustos e flores estão agrupados no jardim da natureza, fazendo-a um quadro de beleza. Crianças, jovens e adultos podem igualmente encontrar repouso e satisfação aí." (O Lar Adventista, p. 154)

Ela também incentivava as pessoas a comprar um pedaço de terra para cultivar. 

"Compre um pequeno pedaço de terra, onde você pode ter um jardim, onde as crianças podem ver as flores crescendo, e aprender lições de simplicidade e pureza." (General Conference Bulletin, 30 de março de 1903, p. 29)

Ela também acreditava no poder terapêutico das plantas. 

“Há vivificantes propriedades no bálsamo do pinheiro, na fragrância do cedro e do abeto, e outras árvores têm também propriedades curadoras.” (A Ciência do Bom Viver, p. 264)

Como Ellen G. White praticava o que ela pregou sobre ecologia? Ela gostava de jardinagem orgânica, caminhadas, acampar nas montanhas, piqueniques com a família ao ar livre, e deu (assim como recebeu) tratamento natural para os doentes, incluindo hidroterapia, massagem e outras intervenções de saúde integral. Em seu diário, durante a viagem no norte da Itália, Ellen G. White escreveu com entusiasmo sobre o mundo natural: 

"Temos outra bela manhã. Os Alpes cobertos de neve linda com o sol que descansa em cima [...] Este é o cenário mais impressionante que já vimos. Assemelha-se muito ao Colorado e suas montanhas rochosas selvagens, precipícios, ravinas, profundos desfiladeiros e vales estreitos." (Manuscript Releases, p. 303)

Em sua última casa, em Elmshaven, Ellen G. White arrumava cuidadosamente sua mesa, e os seus netos se lembram de que havia argolas para guardanapos e buquês de flores no sábado. Para ela, a natureza é um dom de Deus para nós e Ele pretende que nós nos importemos com ela. 

"Ele pôs, no princípio, nossos primeiros pais entre os belos quadros e sons em que deseja que nos regozijemos ainda hoje. Quanto mais chegarmos a estar em harmonia com o plano original de Deus, mais favorável será nossa posição para assegurar saúde ao corpo, espírito e alma." (A Ciência do Bom Viver, p. 365)

Provavelmente nenhum dos conselhos de Ellen G. White é tão voltado para o meio ambiente como sua defesa de uma dieta vegetariana. Observe que só o praticar o vegetarianismo resultaria em melhor saúde, e também poderia ajudar a salvar os animais e a Terra. 

"Cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime alimentar escolhido por nosso Criador. Esses alimentos, preparados da maneira mais simples e natural possível, são os mais saudáveis e nutritivos. Proporcionam uma força, uma resistência e vigor intelectual que não são promovidos por uma alimentação mais complexa e estimulante." (A Ciência do Bom Viver, p. 296)

Embora Ellen G. White escrevesse antes da ganância por petróleo dominar a política do mundo, e que a água se tornasse um recurso ameaçado, sua defesa vegetariana pode proteger esses produtos em declínio. A produção de alimentos de origem vegetal requer muito menos fertilizantes, energia, pesticidas, água e menos terra do que a produção de alimentos de origem animal. Comer uma dieta baseada em vegetais protege nosso planeta, poluindo menos o ar e a água, produzindo menos gases causadores do efeito estufa e evitando a erosão do solo.

Ellen G. White também reconheceu a importância da água pura e do ar limpo.

"As preciosas coisas do vale se alimentam dessas montanhas eternas. Os Alpes da Europa são a sua glória. Os tesouros das colinas concedem suas bênçãos aos milhões. Observamos inúmeras cataratas correndo dos topos das montanhas para os vales abaixo." (Manuscript Releases, v. 3, p. 215)

Em relação à poluição atmosférica, ela afirmou: 

"O ambiente material das cidades constitui muitas vezes um perigo para a saúde. O estar constantemente sujeito ao contato com doenças, o predomínio de ar poluído, água e alimento impuros, as habitações apinhadas, obscuras e insalubres, são alguns dos males a enfrentar." (A Ciência do Bom Viver, p. 365)

Ellen G. White vincula a ecologia à comissão evangélica, incluindo o que comemos, a forma como podemos viajar, como gastamos o nosso dinheiro, mesmo como podemos restaurar terra utilizada abusivamente. Era o plano de Deus, pelo seu povo do passado e atualmente, ensinar todas as nações como cuidar da Terra de forma adequada e como se manter livre de doenças, apontando, assim, para o Criador como fonte de saúde, beleza e alegria. Qualquer coisa que o cristão faz para a melhoria do ambiente ecológico da humanidade oferece maior oportunidade para também melhorar a humanidade fisicamente e espiritualmente. 

"Desde o solene ribombar do trovão profundo e do bramir incessante do velho oceano, até os alegres cantos que fazem as florestas ressoarem de melodia, os milhares de vozes da natureza proclamam o seu [de Deus] louvor. Na terra, no mar e no céu, com seus maravilhosos matizes e cores, variando em esplendoroso contraste ou confundindo-se harmoniosamente, contemplamos sua glória. As colinas eternas falam de seu poder." (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 54)

Nos últimos anos, tem havido uma proliferação de pesquisas que mostram o potencial de desenvolvimento moral do mundo natural. No entanto, Ellen G. White falou sobre o potencial de desenvolvimento moral na natureza há mais de cem anos. Ela acreditava que a natureza proveu oportunidades para aprender e aprofundar os valores espirituais, que nos são intencionais em apontar para Deus como Criador da natureza. Assim, a ecologia não é um fim em si mesmo. Um ambiente intocado aponta para um Deus que se deleita na beleza. O respeito pela criação, na visão de Ellen G. White, inclui o respeito pelo Criador. 

Adão e Eva perderam o ambiente perfeito do Éden por causa do pecado. Estamos novamente correndo o risco de perder o nosso meio ambiente por causa dos pecados do materialismo, ganância, poluição e desprezo dos recursos ambientais. Em Cristo, podemos ser restaurados à imagem de Deus, uns com os outros e com a natureza. O cristão não deve olhar só para a frente, para a restauração final da Terra ao seu estado original, mas também honrar a Deus hoje, cuidando de forma responsável do planeta que Ele lhe confiou.

Wellington dos Santos Silva (via Revista Kerygma)

A linda falsa vida que muitos sentem a necessidade de mostrar

Há pessoas tão preocupadas em se mostrar bem e agradar, que acabam se perdendo de si mesmas. São tantos que vivem iludidos por espelhos de pequenas ilusões e escondidos atrás de cortinas de grandes mentiras, que com o passar do tempo, perdem a noção da realidade: já não conseguem viver sendo verdadeiros. E existe uma cobrança coletiva por baixo disso. Somos cobrados pelo sucesso alheio e incentivados a sermos iguais. Mal sabemos que, em algumas situações, por detrás de uma foto postada, quase sempre há máscaras. Quase sempre há pessoas com a alma ferida tentando se mostrar fortalecidas. Quando a pessoa se deixa seduzir pelas tentações de ego e de vaidade, acaba entregando a vida para uma viagem só de ida. Só na tela. Tentar competir com o mundo é a melhor e mais rápida maneira de ser derrotado.

Existe um enquadramento entre as redes sociais e sua fábrica de ilusões. Parece absurdo, mas, na maioria das vezes, só postamos aquilo que queremos que os outros vejam. Postamos aquilo que queremos ser (e muitas vezes não somos). A verdade nem sempre é mostrada. Poses e mais poses, filtros e mais filtros para se chegar na foto perfeita. Quantas são as vezes que, em busca de aprovação de outras pessoas, pintamos um quadro totalmente disforme da realidade. Nem sempre é o que parece, vemos pessoas que estão prestes a cair num precipício, mas querem que todos pensem o contrário. A busca doentia por “likes” transforma fulanos e fulanas em reféns de suas próprias mentiras. A postagem dos outros se torna uma provocação e é preciso se mostrar melhor. Mudar a aparência não é mais suficiente, é preciso fingir outra vida.

Na verdade, há casos em que a diferença de aparência entre a pessoa real e a pessoa mostrada na tela do computador é tão grande que, em grande parte das vezes, é algo inacreditável. São figuras distintas, quase que irreconhecíveis quando colocadas lado a lado. A sociedade se reconfigura quando se projeta uma imagem vitoriosa. Há uma aceitação maior. Há uma glorificação da figura do ser bonito, rico e perfeito. E não se enquadrar nisso é dolorido para pessoas (em sua maioria) com a autoestima abalada demais ou elevada demais. Umas de um lado, outras de outro. Paradoxos difíceis de compreender. Um sonho de consumo que faz muitos se sentirem inseguros e tristes. Um sonho de consumo que faz muitos se mostrarem alegres e bem-sucedidos. Um sonho de ser além do que as outras pessoas comuns aparentemente são. Os perfis são tão perfeitos, as pessoas tão alegres, as fotos tão bonitas, as comidas tão gostosas, as selfies mais incríveis, as festas mais chiques, os amigos tão sorridentes, as famílias tão impecáveis, empregos poderosos, romances maravilhosos, viagens inesquecíveis, as roupas mais caras: A melhor vida possível!

Depois desse prazer dos diversos likes, essas ações viciam e tendem a se repetir. Quando tudo isso é verdadeiro e realmente vivemos e temos essa vida, é bom demais expor as conquistas, ostentar sucesso e trabalhar o marketing pessoal, pode fazer parte, saudavelmente, do dia a dia do vaidoso, quando é sem muitos exageros, melhor ainda. O perigo é quando muita parte do que é exibido não é real, é montado, disfarçado, é fake. Existe o risco de ser descoberto e o castelo cair. O prazer pode virar dor, a luxuria pode virar amargura, aplausos viram vaias, beleza vira vergonha e sorrisos viram choro.

É complicado pensar que atualmente os níveis de felicidade, realização e sucesso das pessoas são calculados pelo número de likes e coraçãozinhos em seu perfil. Cliques esses, muitas vezes feitos por pessoas que nem se conhecem. Fica mais difícil saber que isso também nos atinge. Essa falsa prosperidade que encontramos na vida dos outros, nós tentamos concretizar na vida da gente também e nem sempre conseguimos. A vida não nos cobra perfeição, mas a sociedade sim, os amigos sim, a família sim e, com isso, projetamos uma imagem de vencedor para agradar. Esse limite entre o real e o virtual, nos traz para uma reflexão sobre o que fazemos e o quanto ficamos invejosos sobre o que os outros fazem melhor do que nós. É como se a felicidade interior só tivesse alguma serventia se as outras pessoas vissem e curtissem. Como se a felicidade alheia fosse algo para incitar inveja.

Muitas vezes a gente se sente assim, não sendo suficiente. Sentimos inveja. Sentimos que não chegamos lá. Mas não queremos assumir e não pretendemos nos esconder. Mas, se você precisa mudar seu jeito e esconder suas verdades para caber no mundo, saiba que jamais nada disso o deixaria mais feliz. E nem mais aceito. E nem mais bonito ou bem-sucedido. Quando você se mostra grande em cima de algo que você não construiu, a queda é certa e sua pequenez será exposta algum dia. Não existe quem não precise de melhorias, sempre deve haver uma inspiração que nos guie aos acertos, mas é preciso repelir os erros, é preciso aceitar quem somos. Se a gente tiver um coração do bem, ele se abrirá e criará espaço para receber energia positiva. Somente um coração cheio de alegria e verdades pode fazer uma alma repleta de felicidade. A alma é que deve se mostrar feliz e não aquela foto maquiada da rede social. Só por isso já vale a pena a gente lutar para se mostrar como é. Não deixe que as vaidades te impeçam de andar somente pelos caminhos da verdade. Somente a verdade deve ser mostrada, mesmo que ela não te enobreça, mesmo que ela não te cresça, mesmo que ela não te coloque em palanques e palcos, não te traga prêmios e palmas. Mas, entenda que só ela importa. Só ela é nobre. Só ela interessa. A imagem verdadeira é a única coisa que a gente deve ter de melhor e mais belo a se mostrar.

Cleonio Dourado (via Conti Outra)

"Quantas vezes o orgulho, a paixão, o ressentimento pessoal, dão cores à impressão transmitida! Um olhar, uma palavra, a própria entonação da voz, podem estar cheios de mentira. Mesmo os fatos podem ser declarados de modo a dar uma falsa impressão. E o que passa da verdade é de procedência maligna. Tudo quanto os cristãos fazem deve ser tão transparente como a luz do Sol. A verdade é de Deus; o engano, em todas as suas múltiplas formas, é de Satanás; e quem quer que, de alguma maneira, se desvia da reta linha da verdade, está-se entregando ao poder do maligno. Não é, todavia, coisa leve ou fácil falar a exata verdade; e quantas vezes opiniões preconcebidas, peculiares disposições mentais, imperfeito conhecimento, erros de juízo, impedem uma justa compreensão das questões com que temos de lidar! Não podemos falar a verdade, a menos que nossa mente seja continuamente dirigida por Aquele que é a verdade." (Ellen G. White - O Maior Discurso de Cristo, p. 68)

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Quem são os 24 anciãos do Apocalipse?

A referência aos 24 anciãos é feita por João em Apocalipse 4:4:

“Ao redor do trono há também vinte e quatro tronos e assentados nele vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro.”

Uriah Smith, grande expoente da escatologia nos anos iniciais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, interpreta da seguinte forma os 24 anciãos. Em Biblioteca dos Pioneiros Adventistas - Considerações sobre Daniel e Apocalipse, p. 408-410, lemos:

Quem são estes seres que rodeiam o trono de glória? Observe-se que estão vestidos de branco e têm na cabeça coroas de ouro, que são sinais tanto de um conflito terminado como de uma vitória ganha. Daqui concluímos que participaram anteriormente na luta cristã, trilharam outrora, com todos os santos, esta peregrinação terrena, mas venceram, e, com antecipação à grande multidão dos remidos, estão com suas coroas de vitória no mundo celeste. 

Com efeito, nos dizem isso claramente no cântico de louvor que tributam ao Cordeiro: “E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, parque foste morto e com o Teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (Apocalipse 5:9). Este cântico é cantado antes de se realizar qualquer dos acontecimentos preditos na profecia dos sete selos, porque é cantado para estabelecer que o Cordeiro é digno de tomar o livro e de abrir os selos, visto Ele próprio já ter operado a redenção deles. Não é algo colocado aqui por antecipação, com aplicação apenas no futuro, mas expressa um fato absoluto e consumado na história dos que o cantam. Esta, pois, era uma classe de pessoas remidas desta Terra, como todos devem de ser remidos: pelo precioso sangue de Cristo.

Encontraremos alguma outra parte outra referência a esta classe de remidos? Cremos que Paulo se refira ao mesmo grupo, quando escreve assim aos efésios: “Pelo que diz: Subindo ao alto levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens.” O original diz: levou “uma multidão de cativos” (Efésios 4:8).

Retrocedendo aos acontecimentos relacionados com a crucifixão e ressurreição de Cristo, lemos: “Abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram; e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mateus 27:52, 53). A página sagrada dá, pois, a resposta à nossa pergunta. Estes são alguns dos que saíram dos sepulcros quando Cristo ressuscitou, e foram contados entre a ilustre multidão que Ele tirou do cativeiro do sombrio domínio da morte quando subiu em triunfo ao Céu. Mateus fala de Sua ressurreição, Paulo de Sua ascensão, e João os contempla no Céu, fazendo os sagrados deveres para o cumprimento dos quais foram ressuscitados. 

Não estamos sozinhos nesta interpretação. João Wesley fala dos vinte e quatro anciãos nos seguintes termos: “‘Vestidos com vestes brancas’. Isto e as suas coroas de ouro mostram-nos que já terminaram a sua carreira e ocuparam seus lugares entre os cidadãos do Céu. Não são chamados almas, e por isso é provável que já tenham corpos glorificados. Compare-se com Mateus 27:52”. (John Wesley, Explanatory Notes Upon the New Testament, p. 695, Comment on Revelation 4:4).

A atenção do leitor é atraída particularmente para o fato de se dizer que os vinte e quatro anciãos estão sentados em tronos (grego: thronoi). Esta passagem derrama luz sobre a expressão que encontramos em Daniel 7:9: “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos”. Esta figura é tomada do costume oriental de pôr esteiras ou divãs para os hóspedes distintos se sentarem. Estes vinte e quatro anciãos evidentemente são assistentes de Cristo em Sua obra de mediação no santuário celeste. Quando a cena do juízo descrita em Daniel 7:9 começou no lugar santíssimo, seus tronos foram postos ali, segundo o testemunho dessa passagem.

Ellen G. White explica assim: "Aqueles favorecidos santos ressurgidos saíram glorificados. Eram escolhidos e santos de todos os tempos, desde a criação até os dias de Cristo. Davam testemunho de que fora pelo Seu grande poder que tinham sido chamados de suas sepulturas" (Primeiros Escritos, p. 184). "Ascenderam com Ele, como troféus de Sua vitória sobre a morte e o sepulcro" (O Desejado de Todas as Nações, p. 786). 

Outra interpretação compara os 24 anciãos com os 24 turnos do sacerdócio levita. Outra sugestão é que os 24 anciãos simbolizam Israel em seu sentido mais pleno. Assim, eles podem ser comparados aos 12 patriarcas e aos 12 apóstolos. Outros intérpretes afirmam que os 24 anciãos são anjos, não seres humanos. Eles destacam que os anciãos são retratados ministrando as orações dos santos (Ap 5:8), obra que, segundo acreditam, dificilmente seria confiada a homens.

O prof. Leandro Quadros também fala sobre os 24 anciãos:

Não há mais tempo para contendas entre irmãos

Vejamos sete preciosas orientações, extraídas do livro Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, pp. 497-505, que Ellen G. White nos deixou para evitarmos contendas, controvérsias e conflitos entre irmãos:

1. Unidade com Deus resulta em união
Deus é a personificação da benevolência, misericórdia e amor. Os que se acham verdadeiramente ligados a Ele não podem estar em divergência, uns com os outros. Seu Espírito reinando no coração, criará harmonia, amor e união. O contrário disto se vê entre os filhos de Satanás. É sua obra provocar inveja, discórdia e ciúme. Em nome de meu Senhor eu pergunto aos professos seguidores de Cristo: Que frutos produzis? 

2. Semeando e colhendo dissensões
Quem espalha as sementes da dissensão e discórdia, colhe em sua própria alma os frutos mortíferos. O próprio ato de olhar para o mal nos outros, desenvolve o mal em quem olha. 

3. Satanás deleita-se com a contenda
Contendas, lutas e processos judiciais entre irmãos são uma desgraça para a causa da verdade. Os que seguem esse procedimento expõem a igreja ao ridículo de seus inimigos e levam a triunfar os poderes das trevas. Eles traspassam de novo as feridas de Cristo e O expõem ao opróbrio público.

4. Polêmicas levam à combatividade
A obra especial, enganosa de Satanás tem sido a provocação de debates, para que haja contendas em torno de palavras, que nenhum proveito trazem. Bem sabe ele que isto ocupará a mente e o tempo. Desperta a combatividade e sufoca, na mente de muitas pessoas, o ardor da convicção, levando-as à diversidade de opiniões, acusação e preconceito, o que cerra a porta para a verdade. 

5. Contendas entre irmãos retardam o segundo advento
Por quarenta anos a incredulidade, a murmuração e a rebelião excluíram o antigo Israel da terra de Canaã. É a incredulidade, a mundanidade, a falta de consagração e a contenda entre o professo povo de Deus que nos têm detido neste mundo de pecado e dor por tantos anos. 

6. Não há tempo para contenda e controvérsia
Homens e mulheres que professam servir ao Senhor, contentam-se com ocupar tempo e atenção com assuntos de somenos importância. Satisfazem-se com estar em divergência uns com os outros. Se fossem dedicados à obra do Senhor, não estariam porfiando e contendendo qual família de meninos indisciplinados. 

7. No Céu não haverá contenda
Evitemos tudo o que possa criar dissensão e contenda, pois há um Céu diante de nós, e entre os seus habitantes não haverá contenda.

Dicas de como lidar com a falsidade humana

Os animais utilizam a camuflagem para se proteger dos seus predadores ou os predadores usam estratégias falsas para atacar as suas presas, como instinto de sobrevivência. Porém, a falsidade humana é utilizada de forma racional ou passional com objetivo de esconder atos enganosos, emoções fingidas e ações simuladas, a fim de manipular a verdade.

Hoje temos o avanço da falsidade humana, que pulsa no que é contrário à realidade. Se manifesta onde existe mentira, hipocrisia, fraude e adulteração. Conviver com a falsidade não é tarefa fácil, exige cautela – para identificar como funciona as suas engrenagens –, sobretudo, na família, no trabalho, na mídia e nas redes sociais, na política e na religião.

O ambiente de trabalho é o espaço que aprendemos a lidar com gente falsa e não gostamos das atitudes fingidas de certos colegas. Esse tipo de falsidade constrange a vida profissional e destrói reputações no local de trabalho. É preciso ter calma, pois quem não consegue conviver com os conflitos gerados pela falsidade acaba colocando em risco o seu emprego.

Na família, por ser uma situação delicada, no primeiro momento é não desacreditar o parente falso, porque ele poderá reverter os fatos e pôr a culpa em nós. O tempo se encarrega de colocar as coisas no seu devido lugar nas relações familiares, mas isso não significa que nunca possamos impor um limite nesse familiar.

Na mídia e nas redes sociais a falsidade reside na distribuição de fofocas, boatos e difamações, que ainda prejudica a cobertura da imprensa, tornando difícil cobrir as notícias sérias. Assim todo o cuidado é pouco, quando se trata de “fake news”, por isso é importante não compartilhar coisas que tenham um conteúdo sensacionalista ou manipulador.

A falsidade na política tem o caráter sórdido da demagogia, por suas acusações, trapaças e canalhices, todas relacionadas a esquemas de corrupção ou desvios de recursos públicos. É a mesma lógica das falsas religiões, que são especialistas em enganar as pessoas para ganhar dinheiro, em troca da cura das doenças e da prosperidade dos fiéis. Mas Jesus, há dois mil anos, nos alertava para ter precaução com esses “lobos vestidos com pele de cordeiro.”

Para o psicanalista Donald Winnicott a falsidade ocorre quando a pessoa se afasta da sua essência. É um indivíduo que não consegue se demonstrar vulnerável, criando um “ eu falso”, que acredita nas suas próprias mentiras. As pessoas com esse traço patológico criam pontos de vistas falsos da vida, que tentam iludir os demais com as suas necessidades, tornando qualquer relacionamento muito difícil.

Sendo assim, a cautela e a calma são ferramentas eficazes para lidar com a falsidade, como afirmou Bertholt Brecht: “Se se pretende dizer eficazmente a verdade sobre um mau estado de coisas, é preciso dizê-la de maneira que permita reconhecer as suas causas evitáveis. Uma vez reconhecidas as causas evitáveis, o mau estado de coisas pode ser combatido”.

Jackson César Buonocore (via Conti Outra)

Fique com algumas dicas que encontramos na Bíblia sobre a falsidade humana:

"Eu não ando na companhia de gente falsa e não vivo com hipócritas." (Salmos 26:4) 

"A integridade dos justos os guia, mas a falsidade dos infiéis os destrói." (Provérbios 11:3) 

"A testemunha sincera não engana, mas a falsa transborda em mentiras." (Provérbios 14:5) 

"Mantém longe de mim a falsidade e a mentira." (Provérbios 30:8) 

"Quem odeia disfarça as suas intenções com os lábios, mas no coração abriga a falsidade." (Provérbios 26:24)

Vejamos também o que Ellen G. White nos diz sobre esse assunto:

"A intenção de enganar é o que constitui a falsidade. Por um relance de olhos, por um movimento da mão, uma expressão do rosto, pode-se dizer falsidade tão eficazmente como por palavras. Todo o exagero intencional, toda a sugestão ou insinuação calculada a transmitir uma impressão errônea ou desproporcionada, mesmo a declaração de fatos feita de tal maneira que iluda, é falsidade." (Patriarcas e Profetas, p. 309)

"Engano, falsidade e infidelidade podem ser dissimulados e ocultos dos olhos humanos, mas não dos olhos de Deus. Os anjos de Deus que observam o desenvolvimento do caráter e pesam o valor moral, registram no livro do Céu essas pequeninas transações reveladoras do caráter." (Testemunhos Seletos, vol. 1, p. 508)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Os Arrais: “Deus não é nem de esquerda, nem de direita”

Os irmãos pastores adventistas André (formado em Direito, com Mestrado em Teologia pela Andrews University) e Tiago Arrais (Professor e Dr. em Antigo Testamento e Filosofia pela Andrews University) foram entrevistados no programa Veja Música, da revista Veja, onde falaram sobre o lançamento de “Como, Então, Viveremos”, e também comentaram sobre o cenário político no país.

Durante as eleições do ano passado, Tiago Arrais criticou, através das redes sociais, os candidatos que usavam o nome de Deus para conquistar voto. Na entrevista, eles comentaram sobre uma declaração deles nas redes sociais que dizia: “Deus não é de direita, nem de esquerda”. Eles confirmaram esse posicionamento político, dizendo que estavam respondendo a um seguidor que questionou sobre as letras que falam sobre o silêncio de Deus. 

Os comentários são a partir do momento 15:15 do vídeo abaixo:



Tenho acompanhado ao longo dos últimos anos, o discurso, falas e afirmações de vários candidatos durante o processo das campanhas eleitorais, e sempre me deparo com as invocações a Deus, como se fosse um cabo eleitoral invisível e com força para sensibilizar os eleitores. O que mais chama a atenção, é que a maioria dos candidatos que fazem uso destas expressões são pessoas que, em sua vida particular e pública, não demonstram em seus atos que temem a algum Deus, pois agem como se Ele sequer existisse. 

No livro Os Escolhidos de Ellen G. White (versão na linguagem de hoje do livro Patriarcas e Profetas), no capítulo 27, lemos: “'Não tomarás em vão o nome do Senhor, o teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o Seu nome em vão' (Êxodo 20:7). Esse mandamento nos proíbe de usar o nome de Deus de maneira descuidada. Ao mencionar Deus impensadamente na conversação comum e pela frequente repetição irrefletida de Seu nome, nós O desonramos. Seu santo nome deve ser pronunciado com reverência e solenidade." 

Todas as ideologias querem Deus como seu garoto propaganda, e assim, Sua mensagem vai se adequando à agenda política de cada grupo. O nome de Deus não cabe dentro de qualquer arranjo ideológico.


Sobre os cristãos que dizem que Deus é de esquerda, assim como os que dizem que a solução divina virá sempre pela direita, sinceramente, não sei em que evangelho se basearam para chegar a essas conclusões, mas, certamente, não foi o evangelho puro de Cristo Jesus, não foi o evangelho da graça. 

Aliás, quem diz isso, nunca notou que o mesmo Jesus que andou com ladrões e prostitutas, também curou a orelha de um violento soldado romano, e repreendeu Seu discípulo que o ferira. O mesmo Jesus que perdoou uma adúltera e chamou uma polígama ao arrependimento, também mandou pagar impostos ao César opressor e foi enterrado em sepultura de ricos. Como querer rotular o próprio Deus? 

A solução definitiva para os problemas humanos, seja no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo, certamente não virá da chamada esquerda, nem da direita - meras referências humanas - mas, sim, do Alto - a referência divina - onde está nossa cidade e "de onde aguardamos o Senhor". 

Tem um texto bíblico que acho muito prudente citar: “Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, Eu deste mundo não sou” (João 8:23).

domingo, 27 de janeiro de 2019

Não choramos mais lágrimas e nem sangue. Choramos lama.

Debaixo da lama da barragem de dejetos de Brumadinho jazem vidas ignoradas, jazem casas invisíveis, jazem sonhos de uma vida menos sofrida. As mineradoras fazem vistas grossas às tecnologias disponíveis para fiscalizar a integridade dos muros, porque dejetos não geram lucros, porque – na opinião torta delas -, pessoas são menos importantes que dinheiro.

Há três anos da tragédia de Mariana, famílias continuam devastadas, pessoas seguem mortas e suas vidas não valem nada. Foram esquecidas. Técnicos de outras partes do mundo vieram analisar os impactos da tragédia ambiental. O solo do Brasil é palco do descaso dos órgãos públicos que deveriam nos proteger do perigo. Mas, protegem os lucros astronômicos de empresas sólidas, riquíssimas e assassinas.

A lama segue seu curso…

E eu fico aqui pensando nos perigos ao meu entorno, no quanto nos omitimos, nos calamos e também esquecemos tantas dores alheias porque saíram das pautas emergenciais das mídias digitais.

Do ponto de vista simbólico, todos nós – sem exceção! -, temos nossas barragens de contenção de dejetos. Será que em nosso microcosmo somos menos irresponsáveis em relação ao nosso lixo, à nossa lama?

Ou será que também fazemos vistas grossas à nossa falta de jeito de olhar para a dor do outro que, próximos ou distantes, travam lutas para sobreviver.

Será que somos cegos também? Cegos emocionais autocentrados em nossas dores particulares? Protegidos atrás de muros altos e seguros, nos esquivamos de olhar a lama que deixamos vazar pouco a pouco e invadir os quintais, as casas, os corações do outro?

Somos facilmente enganados por nós mesmos. Em nossas próprias urgências e dores, vamos nos encolhendo num movimento fetal, a partir do qual nos acostumamos com a única visão de nosso próprio umbigo.

Na hora máxima da dor, queremos falar a respeito; queremos postar imagens de repúdio e de solidariedade; queremos enviar água, produtos de limpeza e alimentos não perecíveis. Esse movimento nos apazigua. Temos a impressão de estarmos fazendo a nossa parte. E estamos mesmo!

Mas… e depois? Daqui uma semana… um mês… um ano…

Teremos esquecido os soterrados sob a lama de Brumadinho. Porque haverá outras tragédias mais atuais, talvez maiores, mais terríveis. E, nos acostumamos a lidar com as urgências. Nos acostumamos a travar batalhas mais próximas. Gritamos muito, somos acometidos por uma fúria diante da desigualdade, dos comportamentos abusivos, da violência contra os diferentes, do machismo, da xenofobia, da homofobia.

Vivemos absortos num redemoinho de batalha de ideias e abrimos mão de aprender a agir. Esquecemos de como se faz para arregaçar as mangas e as barras de nossas calças para ajudar a puxar o rodo para limpar a lama que cobriu o povo.

Somos culpados também! Somos omissos, não buscamos descobrir como é que age alguém que vive num país democrático! Usamos a nossa voz apenas numa cantilena repetitiva e inútil porque acreditamos que essa falação tem algum poder ou serventia.

Que a lama de Brumadinho nos revele a covardia de cada um de nós – e eu me incluo nesse “nós”. Que a lama de Brumadinho desperte em nós um desejo de fazer faxina… para limpar os dejetos da mineradora, para varrer os dejetos do egoísmo da nossa alma.

Hoje não choramos mais lágrimas e nem sangue. Choramos lama.

Ana Macarini (via Conti Outra)

"O egoísmo é a essência da depravação, e, devido a se terem os seres humanos submetido ao seu poder, o que se vê no mundo é o oposto à fidelidade a Deus. Nações, famílias, e indivíduos estão cheios do desejo de fazer do eu um centro. [...] Cristo veio ao mundo para revelar o amor de Deus. Devem Seus seguidores continuar a obra que Ele começou. Esforcemo-nos por ajudar e fortalecer uns aos outros. A maneira em que se pode alcançar a verdadeira felicidade é buscar o bem alheio. Não trabalha o homem contra os seus próprios interesses, quando ama a Deus e aos seus semelhantes. [...] Cristo é o nosso exemplo. Deu Sua vida como um sacrifício por nós, e nos pede que demos nossa vida em sacrifício por outros. Assim poderemos nós afastar o egoísmo que Satanás está constantemente se esforçando por nos implantar no coração. Esse egoísmo é a morte de toda piedade, e só pode ser vencido ao manifestar amor a Deus e aos nossos semelhantes. Cristo não permitirá que uma pessoa egoísta entre nas cortes celestes.
" (Ellen G. White - Conselhos sobre Mordomia, p. 24-26)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

'Relógio do Juízo Final' continua a 2 minutos da 0h

No ano passado, o famoso Relógio do Juízo Final do Boletim dos Cientistas Atômicos chegou mais perto do que nunca da meia-noite. A atualização deste ano testa se você é uma pessoa que vê o copo meio cheio ou meio vazio. O relógio está no mesmo precipício assustador que no ano passado graças às “duas ameaças existenciais simultâneas” da mudança climática e da guerra nuclear, bem como a preocupação crescente com os esforços para rebaixar a verdade e com a guerra de informação.

O Relógio do Juízo Final é uma relíquia encantadora da Guerra Fria, ou pelo menos foi até começar a chegar perto da meia-noite. O Boletim dos Cientistas Atômicos inicialmente concebeu o relógio para medir quão próximo o mundo estava da aniquilação nuclear a partir de 1947. Mas a partir de 2007, expandiu-se para considerar a mudança climática. E não é de surpreender que isso tenha adiantado o ponteiro para mais perto da meia-noite.

Em 2018, ele chegou aos dois minutos da meia-noite, empatando em 1953 como o momento mais perigoso em que o mundo já havia estado. Em 2019, ainda estamos lá, vivendo em um mundo que os organizadores de relógios chamam de “novo anormal” em uma coletiva de imprensa realizada hoje. É um espaço liminar arriscado para habitar, onde a complacência pode significar um desastre para a humanidade.

“Parece que estamos normalizando um mundo muito perigoso em termos de risco de armas nucleares e mudança climática”, diz Rachel Bronson, presidente do Bulletin of the Atomic Scientists, na entrevista coletiva deste ano.

Esses guardiões do fim dos tempos escolheram manter o relógio em dois minutos para a meia-noite por alguns motivos. Na frente nuclear, novos mísseis sendo implantados pela Rússia, a instabilidade da Coreia do Norte e o comportamento errático do presidente Trump estão aumentando o risco de uma guerra nuclear, intencional ou não.

A guerra cibernética é também uma força desestabilizadora sobre as nações, assim como ataques contra nossa realidade compartilhada. Esses ataques à realidade têm sido particularmente pronunciados quando se trata de mudanças climáticas, o que está criando um verdadeiro cenário de inação, um completo pesadelo.

A humanidade está entrando em uma década crítica, em que percorrerá um longo caminho para decidir em que tipo de clima nós vamos viver. Apesar disso, as emissões de carbono aumentaram em 2018, e o acordo climático do mundo está em sérios problemas. E, claro, os EUA, o maior emissor histórico de carbono do mundo, estão avançando a todo vapor com a produção de combustíveis fósseis.

“O novo clima anormal que temos já é extremamente perigoso, e estamos caminhando para um caminho que o tornará ainda mais perigoso”, disse Susan Solomon, cientista climática do MIT, na coletiva.

Nada disso quer dizer que vamos chegar à meia-noite. Ainda parece muito triste estar tão perto da aniquilação, mas o relógio já foi para trás antes. Bronson disse que o objetivo do relógio é fazer com que as pessoas falem sobre os riscos que a humanidade enfrenta e exigir ações para enfrentá-los. O mundo só precisa se apressar, porque estamos ficando sem tempo. (Gizmodo)

Nota: Não importa se estamos a 2, 3 ou 17 minutos para o fim deste mundo. Para nós, a vinda do fim tem a ver com a consumação do Reino de Deus (1Co 15:24), e não com guerras e agitações políticas (“mas ainda não é o fim”; Mt 24:6). Para isso, o evangelho do Reino será pregado por todo o mundo, “então, virá o fim” (Mt 24:14). A Bíblia enfatiza Cristo, Seu Reino, Sua Igreja e Sua missão. Para nós, Cristo é o "evento" que mais importa nestes “últimos minutos para a meia-noite”. 

"A brevidade do tempo é frequentemente realçada como incentivo para buscar a justiça e fazer de Cristo o nosso amigo. Este não deve ser o grande motivo para nós; pois cheira a egoísmo. É necessário que os terrores do dia de Deus sejam mantidos diante de nós, a fim de sermos compelidos à ação correta pelo medo? Não devia ser assim. Jesus é atraente.” (Ellen G. White - Review and Herald, 02/08/1881)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Quem são os 144 mil mencionados no livro do Apocalipse?

Um dos temas que mais intrigam os adventistas e os cristãos em geral são os 144 mil do Apocalipse. Muitos não compreendem nem mesmo os aspectos mais básicos em relação a eles – se o número é literal ou simbólico, se eles fazem parte da chamada “grande multidão” e, principalmente, quem são eles. Em grande parte, isso se deve a um conselho de Ellen White, de se evitar discussões inúteis sobre esse assunto, assim como outros não essenciais para a salvação.[1] No entanto, ela mesma citou esse grupo dezenas de vezes em seus escritos, relacionando-o a acontecimentos cruciais para o povo de Deus no tempo do fim, como o selamento e a grande tribulação. Tamanha foi a importância desse grupo em seu ministério profético, que os 144 mil foram representados logo em sua primeira visão, sobre o povo do advento.[2]

Apesar de haver escrito tanto sobre os 144 mil, Ellen White nunca os definiu claramente. A própria Igreja Adventista até hoje não tem uma posição oficial abrangente sobre o assunto. Embora o Instituto Bíblico de Pesquisas, órgão oficial da Associação Geral, interprete o número como simbólico[3], a igreja não determina oficialmente essa compreensão como uma crença.[4] E, apesar de o Seventh-day Adventist Commentary declarar que, até à época de sua reedição (1980), os adventistas favoreciam a interpretação de que os 144 mil são um grupo especial do povo de Deus nos últimos dias – um grupo à parte da grande multidão[5] –, essa também não era nem é até hoje uma posição oficial da igreja. O assunto ainda está em estudo, e o que se enfatiza não é quem são os 144 mil, mas como ser parte deles, como alcançar a salvação.[6]

Por outro lado, se Ellen White condenou discussões inúteis, também encorajou os adventistas a não desistir de buscar conhecer cada vez mais a Bíblia e as profecias.[7] Em uma de suas mais fortes declarações, ela afirmou: “A história da igreja nos ensina que o povo de Deus não deve ficar estereotipado em suas teorias da fé, mas preparar-se para nova luz, para abrir a verdade revelada em Sua Palavra.”[7]

Portanto, os ensinos e profecias da Bíblia podem e devem ser compreendidos cada vez mais à medida que o tempo passa e os estudos progridem. Aspectos como a justificação pela fé, que Ellen White não compreendia inicialmente, foram entendidos por ela décadas depois. Da mesma forma, partes da Bíblia que ela não entendia, pela falta de estudos mais profundos à época, hoje podem ser mais bem compreendidas (assim como Daniel não entendia suas próprias profecias, mas hoje podemos compreendê-las, ver Daniel 12:4).

Avanços
Nas últimas décadas, diversos estudos envolvendo os 144 mil têm sido divulgados por meios oficiais da igreja, como o Instituto Bíblico de Pesquisas da Associação Geral (BRI, sigla em inglês), lançando mais luz sobre o assunto. Uma importante coleção de materiais sobre Daniel e Apocalipse lançada no início dos anos 1990 é a série Daniel & Revelation Comitee Series, conhecida como “Darcom”. Num dos volumes da coleção, um capítulo escrito por Beatrice Neall, “Sealed Saints and the Tribulation” (“Os Santos Selados e a Tribulação”) trata diretamente dos 144 mil.[8] Nesse estudo, um ponto especial pode ser destacado: a relação entre os 144 mil e a “grande multidão” de Apocalipse 7. Em vez de enfatizar as diferenças entre ambos os grupos, a autora apresenta diversas “marcas de identificação” entre eles – evidências de que podem constituir um só grupo. Assim como ela, outros acadêmicos adventistas, como Ekkehardt Mueller, um dos diretores associados do BRI, também favorecem essa posição.

Os 144 mil são apresentados em duas seções, em Apocalipse: 7:1-8 e 14:1-5. No capítulo 7, o relato sobre os 144 mil é seguido pela descrição de uma multidão inumerável. A primeira grande evidência de que os 144 mil e a grande multidão podem ser o mesmo grupo é a própria estrutura do livro do Apocalipse. O capítulo 7 é um hiato, um parêntese entre o sexto e o sétimo selos. Ele responde a uma pergunta básica feita pelos ímpios no sexto selo.

Diante da expectativa da vinda de Jesus, os ímpios clamam aos montes e aos rochedos: “Caí sobre nós e escondei-nos da face dAquele que Se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira dEles; e quem é que pode suster-se?” (Ap 6: 16, 17). Parafraseando, “quem poderá ficar de pé quando Cristo voltar?” Em 7:9, a resposta é direta: “Depois destas coisas, vi e eis grande multidão que ninguém podia enumerar [...] em pé diante do trono e diante do Cordeiro” (v. 9). Mais à frente, no livro, os 144 mil são vistos em pé junto ao Cordeiro, no monte Sião (Ap 14:1). 

Os 144 mil e a grande multidão são descritos em momentos diferentes, como os únicos que podem ficar de pé diante de Cristo, em Sua vinda à Terra. Isso deixa claro que ambos são o retrato do povo de Deus que estará vivo por ocasião da volta de Jesus. A questão é: Eles são dois grupos ou um só?

Um grupo
Assim como Beatrice Neall, Ekkehart Mueller, em seu artigo “The 144,000 and the Great Multitude”[9] (“Os 144 mil e a Grande Multidão”), apresenta argumentos convincentes em favor de que ambos os grupos são um só: (1) João ouve o número dos selados (144 mil), mas, na sequência, contempla uma grande multidão (7:4, 9), assim como em 5:5, 6 ele tinha ouvido sobre um Leão, mas viu um Cordeiro; (2) no capítulo 7, os 144 mil são os justos do tempo do fim descritos ainda na Terra; a grande multidão é um retrato desse povo já no Céu; (3) os 144 mil são a descrição do povo de Deus no tempo do fim, que vai passar pela grande tribulação (representada pela liberação dos ventos); a grande multidão são os que já passaram pela tribulação (7:3, 14); (4) os 144 mil são os selados antes da liberação dos ventos (7:3); a grande multidão logicamente precisou ser selada antes de passar pela grande tribulação (7:14).[10]

O selamento e a grande tribulação são as principais marcas de identificação, conforme Neall chama, entre os 144 mil e a grande multidão. Ambas as marcas dão fundamentos para se enxergar semelhanças, não diferenças, entre os grupos. Os dois grupos foram selados e passaram pela tribulação. Não é à toa que, no livro O Grande Conflito, Ellen White se refira aos 144 mil, citando versículos referentes diretamente à grande multidão (Ap 7:14-16).[11]

Assim, resta uma dúvida: O que poderia diferenciar os 144 mil da grande multidão? Haverá dois grupos de justos vivos quando Cristo voltar? Alguns argumentam que os 144 mil são as “primícias” (Ap 14:4), um grupo especial em relação à grande multidão. No entanto, “primícias” pode se referir aos 144 mil como os primeiros frutos da “colheita universal de redimidos de todas as eras”. Diante disso, Mueller conclui que “é melhor entender que os 144 mil e a grande multidão são o mesmo grupo, visto por diferentes perspectivas”. Para ele, os 144 mil representam um “termo simbólico”, enquanto a grande multidão “descreve a realidade”. [12]

O simbolismo dos 144 mil pode encontrar sua realidade na grande multidão em diversos outros aspectos, entre eles: (1) origem étnica – João ouviu de um grupo composto por 12 tribos de 12 mil filhos de Israel, mas viu uma multidão de tribos (7:9); (2) número – João ouviu um número exato, mas viu uma multidão inumerável (7:4, 9); (3) pureza – os 144 mil são descritos como puros, sem mancha, assim como a grande multidão, vestida de vestiduras brancas (14:4. 5; 7:14); (4) proximidade ao Cordeiro – os 144 mil “seguem o Cordeiro para onde quer que vá”, assim como a grande multidão serve de “dia e de noite” diante do trono e do Cordeiro (14:4; 7:15, 17); (5) serviço – os 144 mil são “servos de Deus”, e a grande multidão também “serve a Deus” (7:3, 15).

Hans K. LaRondelle, eminente teólogo adventista, apontou os 144 mil como o povo remanescente de Deus no tempo do fim, fiéis de todas as nações que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé em Jesus” (Ap 14:12). Segundo LaRondelle, eles enfrentarão a crise final promovida no mundo pelo anticristo. Ou seja, ele enxerga nos 144 mil um simbolismo do remanescente que passará pela grande tribulação.[14]

Diante das evidências apresentadas, torna-se ainda mais claro que o número 144 mil é simbólico. O próprio contexto das passagens indica isso: tanto no capítulo 7:1-8, como em 14:1-5, a linguagem diretamente ligada aos 144 mil tem forte simbolismo – ventos, quatro anjos, quatro cantos, selamento na testa, homens virgens, doze tribos de Israel (a maioria extinta, além de a lista não corresponder à original dos doze patriarcas), etc. É mais coerente entender os 144 mil das 12 tribos de Israel como que simbolizando a unidade, perfeição, completude e vastidão da igreja de Deus.[15]

Portanto, é possível concluir que os 144 mil simbolizam a grande multidão – a multidão inumerável que atravessará a crise final da Terra. Há razões para se acreditar que Jesus não virá para buscar um pequeno grupo de remidos, nem dois grupos de justos vivos na Terra, mas um remanescente fiel composto por uma multidão inumerável de todas as nações. Virá buscar um povo que terá passado por muitas dificuldades, mas que contou com a proteção de um Deus que lhes enxugará pessoalmente “toda lágrima” (Ap 7:17). Mais importante ainda é nos prepararmos para pertencer a esse grupo.

(Diogo Cavalcanti, editor na Casa Publicadora Brasileira)

Referências:
1. White, Ellen G. Eventos Finais, p. 268. 
2. White, Ellen G. Primeiros Escritos, p. 15-23. 
3. Pfandl, Gerhard. “Information on the Seventh-day Adventist Reform Movement”. Biblical Research Institute. Num ponto desse artigo, a crença reformista de que 144 mil é um número literal é posta em contraste com a crença adventista do sétimo dia de que o número é simbólico. Disponível em:http://www.adventistbiblicalresearch.org/Independent%20Ministries/SDA%20Reform%20movement.htm
4. Nichol, F. D. (Ed.). Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 7. Hagerstown, MD: Review and Herald, 1980. p. 783. 
5. Ibid., p. 785. 
6. Ibid., p. 783. 
7. White, Ellen G. Caminho a Cristo, p. 112. Conselhos Sobre a Escola Sabatina, p. 23. 
8. White, Ellen G. Cristo Triunfante, p. 317. 
9. Frank Holbrook (ed.). Beatrice Neall. “Sealed Saints and the Tribulation”. Symposium on Revelation – Book I. Daniel & Revelation Committee Series. Hagerstown: Review and Herald, 2000. p. 245-278. 
10. Mueller, Ekkehardt. “The 144,000 and the Great Multitude”. Biblical Research Institute. Disponível em:http://www.adventistbiblicalresearch.org/documents/144%2C000greatmultitude.htm
[1]1. Ibid. 
[1]2. White, O Grande Conflito, 648, 649. 
[1]3. Mueller. Ibid. 
[1]4. LaRondelle, Hans K. “Prophetic Basis of Adventism”. Adventist Review, 1° de junho-20 de julho, 1989. Disponível em:http://www.adventistbiblicalresearch.org/documents/Prophetic%20Basis%20Adventism.htm
[1]5. Neall, Ibid. 262, 269.

Assista também este vídeo do prof. Leandro Quadros sobre esse assunto:

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Sacudidura: os 14 grupos que deixarão a igreja

“Sacudidura” é uma palavra figurativa usada em nossa igreja que designa uma experiência especial de seleção entre o povo de Deus. A palavra vem do ambiente agrícola. Após a colheita, os grãos são peneirados e sacudidos, método que descarta os grãos quebrados e a palha é soprada para fora.

"Vou dar ordem e vou separar os bons dos maus em Israel, como quem separa o trigo da casca, sem perder um só grão." (Amós 9:9)

A sacudidura escatológica, conforme ensinam os adventistas, é um período que acontecerá antes da segunda vinda de Jesus Cristo, finalizando com o término do juízo investigativo no santuário celestial (fechamento da porta da graça), abrangendo tanto indivíduos como grupos.

“A sacudidura deve em breve acontecer para purificar a igreja.” (Carta 46, 1887, p. 6)

"Haverá uma sacudidura da peneira. No devido tempo, a palha precisa ser separada do trigo. Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos está esfriando. Este é precisamente o tempo em que o genuíno será o mais forte." (Eventos Finais, p. 173)

Quem são os que deixarão a Igreja, sob a ação da sacudidura, identificados de forma geral sob as figuras do “joio”, “palha” e “mornos”? Em diferentes fontes, nos escritos de Ellen White, encontramos pelo menos 14 grupos que, eventualmente, deixarão a igreja: 

1. Os autoenganados (Testemunhos para a Igreja, v. 4, p. 89, 90; v. 5, p. 211, 212). 

2. Os descuidados e indiferentes (Testemunhos para a Igreja, v. 1, p. 182). 

3. Os ambiciosos e egoístas (Primeiros Escritos, p. 269). 

4. Os que recusam sacrificar-se (Primeiros Escritos, p. 50). 

5. Os orientados pelo mundanismo (Testemunhos para a Igreja, v. 1, p. 288). 

6. Os que comprometem a verdade (Testemunhos para a Igreja, v. 5, p. 81). 

7. Os desobedientes (Testemunhos para a Igreja, v. 1, p. 187). 

8. Os invejosos e críticos (Testemunhos para a Igreja, v. 1, p. 251). 

9. Os fuxiqueiros, que acusam e condenam (Olhando Para o Alto, p. 236). 

10. A classe conservadora superficial (Testemunhos para a Igreja, v. 5, p. 463). 

11. Os que não controlam o apetite (Testemunhos para a Igreja, v. 4, p. 31). 

12. Os que promovem desunião (Review and Herald, 18 de junho de 1901). 

13. Os estudantes superficiais das Escrituras (Testemunhos para Ministros, p. 112). 

14. Os que perderam a fé no dom profético (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 84). 

Dois fatos aqui são convergentes. Primeiramente, a ampla variedade desse catálogo. Em segundo lugar, todas essas categorias estão hoje representadas na igreja. 

"Ao aproximar-se a tempestade, uma classe numerosa que tem professado fé na mensagem do terceiro anjo, mas não tem sido santificada pela obediência à verdade, abandona sua posição, passando para as fileiras do adversário." (O Grande Conflito, p. 608)

Novamente, a ênfase é colocada no fato de que são os infiéis que abandonarão a igreja. 

"Ele, porém, respondeu: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada." (Mateus 15:13)

No texto acima, Jesus nos adverte contra as heresias teológicas do rigorismo farisaico como plantas que Deus não plantou. As heresias, contudo, não se limitam às doutrinas. Há também as heresias do comportamento, que serão também eliminadas.

"Introduzir-se-ão divisões na igreja. Desenvolver-se-ão dois partidos. O trigo e o joio crescerão juntos para a ceifa." (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 114)

"É uma solene declaração que faço à igreja, de que nem um entre vinte dos nomes que se acham registrados nos livros da igreja, está preparado para finalizar sua história terrestre, e achar-se-ia tão verdadeiramente sem Deus e sem esperança no mundo, como o pecador comum." (Eventos Finais, p. 172) 

O extraordinário a respeito desse processo é que ele ocorrerá naturalmente, como resultado da incompatibilidade fundamental entre a verdade e tudo aquilo que é contrário a ela. Nosso desafio é: 

"Quando a religião de Cristo for mais desprezada, quando Sua lei mais desprezada for, então deve nosso zelo ser mais ardoroso e nosso ânimo e firmeza mais inabaláveis. Permanecer em defesa da verdade e justiça quando a maioria nos abandona, ferir as batalhas do Senhor quando são poucos os campeões - essa será nossa prova. Naquele tempo devemos tirar calor da frieza dos outros, coragem de sua covardia, e lealdade de sua traição." (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 31)

A purificação da igreja virá, mas administrada pelo Senhor da igreja.

"Mas quem suportará o dia da Sua vinda? E quem subsistirá, quando Ele aparecer? Porque Ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros. E assentar-Se-á, refinando e purificando a prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata." (Malaquias 3:2 e 3)

"Estamos no tempo da sacudidura, tempo em que cada coisa que pode ser sacudida, sacudir-se-á. O Senhor não desculpará os que conhecem a verdade, se não obedecem a Seus mandamentos por palavra e ação." (Eventos Finais, p. 173) 

Contudo, a igreja não cairá, e por fim, novos conversos ocuparão os lugares dos que se retirarem: 

"A igreja talvez pareça como prestes a cair, mas não cairá. Ela permanece, ao passo que os pecadores de Sião serão lançados fora na sacudidura - a palha separada do trigo precioso. É esse um transe terrível, não obstante importa que tenha lugar." (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 380)

"Os lugares vagos nas fileiras serão preenchidos pelos que foram representados por Cristo como tendo chegado na hora undécima. Há muitos com quem o Espírito de Deus está lutando. O tempo dos juízos destruidores da parte de Deus é o tempo de misericórdia para aqueles que [agora] não têm oportunidade de aprender o que é a verdade. O Senhor olhará para eles com ternura. Seu coração compassivo se enternece, e a mão do Senhor ainda está estendida para salvar, enquanto a porta é fechada para os que não querem entrar. Será admitido um grande número de pessoas que nestes últimos dias ouvirem a verdade pela primeira vez." (Eventos Finais, p. 182)

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

A maneira certa de estudar as profecias relacionadas com o fim

Nascido do sonho de ver Jesus voltar nas nuvens, o adventismo tem a escatologia em seu DNA. Contudo, essa ênfase não significa especulação a respeito do fim nem marcação de datas, e sim uma firme esperança com base nas promessas do livro sagrado. Pelo menos deveria ser assim. Dentro desse espírito, veja sete regras úteis para entender melhor a mensagem bíblica sobre o futuro. 

1. Preste atenção na intertextualidade. Os autores do Novo Testamento fizeram intenso uso das profecias do Antigo Testamento. Por exemplo, o Apocalipse é um mosaico de citações, alusões e ecos de Daniel, Ezequiel, Isaías, Zacarias e outros profetas. Por isso, tente descobrir de onde vêm as ideias, as imagens e os símbolos do livro. 

2. Examine o tipo de profecia. Como regra, as profecias clássicas são condicionais e locais, enquanto as profecias apocalípticas são incondicionais e universais. Se o foco dos profetas clássicos (como Isaías e Jeremias) era a transformação da realidade de sua época, a ênfase dos profetas apocalípticos (como Daniel e João) estava no cronograma divino para o mundo no tempo do fim.

3. Fique de olho na reinterpretação. Muitas promessas feitas a Israel são reinterpretadas no Novo Testamento e aplicadas ao povo de Deus reunido em torno do Messias. Em certos aspectos, o que era local passa a ser universal e o que era literal se torna espiritual. Essa universalização inclui o próprio conceito de Israel e da “terra” como herança do povo de Deus. 

4. Mantenha o foco no fator central. Cristo é o centro de todas as profecias e a personificação do reino de Deus. Por isso, analise de que maneira o conteúdo da profecia se relaciona com a vida e o ministério Dele. 

5. Considere o presente e o futuro. O Novo Testamento apresenta o reino de Deus em dois estágios (já e ainda não). O reino já foi inaugurado com a primeira vinda de Jesus, mas a consumação dele está no futuro, com a segunda vinda. É importante manter esse equilíbrio. 

6. Evite a “atomização”. As profecias relacionadas com o fim do mundo não estão desconectadas da história da salvação. Portanto, considere o plano completo de Deus para a humanidade. A volta de Jesus não acontecerá num vácuo; ela está ligada a tudo que ocorreu antes. 

7. Tire o olhar do calendário. Muitos grupos tentam marcar datas para a volta de Jesus e especulam quanto ao cumprimento dos últimos eventos, o que é um erro. Ao perceber os sinais, olhe para cima e aguarde Aquele que está voltando. 

Sonhar com o fim e o novo começo faz parte da essência da nossa fé. O senso de iminência e expectativa é bíblico, mas é preciso fundamentar a esperança na revelação da Palavra de Deus. Embora muitos cristãos sejam movidos pelo sensacionalismo, escatologia de jornal pode ser pior do que ausência de escatologia. Por isso, escatologize da maneira correta. 

Marcos De Benedicto (via Revista Adventista)

Tudo na vida é vaidade?

"Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades, tudo é vaidade. " (Ec 1:2)

Na arte ocidental, a vaidade é frequentemente representada por um pavão. Na Bíblia, ela é simbolizada por uma prostituta, Babilônia, pesadamente coberta de joias e adornos. Na alegoria secular, a vaidade é entendida como um dos vícios humanos. Na Renascença, a vaidade foi representada por uma mulher reclinada num sofá, com um espelho, penteando os cabelos. Outros símbolos da vaidade incluem joias, moedas de ouro, uma carteira e frequentemente a figura da própria morte.

Em sentido bíblico original, a “vaidade” não se referia primariamente à obsessão pela aparência, mas à falta final de significado dos esforços humanos. Omnia Vanitas, tudo é vaidade, tornou-se, contudo, um objeto da arte. Em sua lista dos Sete Pecados Mortais, Hyeronymus Bosch representa a vaidade como uma mulher da burguesia se admirando num espelho, sustentado pelo próprio diabo. Por trás dela, encontra-se uma caixa de joias aberta. A famosa pintura de Vermeer, A Garota com um Brinco de Pérola, também é considerada um símbolo do pecado da vaidade, com uma jovem se adornando diante de um espelho, sem qualquer outro atributo alegórico positivo.

Talvez a mais impressionante peça de arte retratando a vaidade humana seja o quadro de C. Allan Gilbert (ilustração acima). Uma bela e bem vestida mulher da nobreza está assentada em seu toucador, repleto de objetos ligados à luxúria, perfumes e cosméticos, iluminada por uma vela à direita. Mas o quadro é no fundo uma ilusão de ótica. Bem observado, ele é uma caveira, que reflete a moça, aparentemente enamorada de sua figura no espelho. No filme O Advogado do Diabo, Satanás, representado por Al Pacino, observa que “a vaidade é seu pecado favorito”.

Todas essas obras artísticas servem para advertir seus observadores sobre a natureza efêmera da juventude e da beleza, bem como da brevidade da vida humana e da inevitabilidade da morte. Salomão utiliza a palavra “vaidade” 35 vezes ao falar da vida “debaixo do sol”. O termo significa vazio, futilidade, vapor, aquilo que desaparece rapidamente sem deixar vestígios. Se do ponto de vista humano a vida parece fútil, por outro lado, resgatada por Deus, ela pode ter um extraordinário significado, servindo aos Seus propósitos e exaltando Sua glória. A escolha desse significado, somos nós que fazemos.

Amin A. Rodor (via Meditações Diárias - Encontros com Deus)

"Por sua própria amarga experiência, Salomão aprendeu como é vazia uma vida que busca nas coisas terrenas seu mais elevado bem." (Ellen G. White - Educação, p. 153)

Assista o vídeo do prof. Leandro Quadros analisando esta passagem: