sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

TEMPO DE ANGÚSTIA

A expressão “tempo de angústia” ocorre várias vezes na Bíblia. O povo de Deus, em diferentes épocas, passou por momentos difíceis com perseguições, escravidão, guerras e fome. Vale ressaltar nas primeiras palavras desse artigo que Deus não é o causador da angústia, no sentido de que Ele não cria situações de sofrimento para os seres humanos. Isso é consequência do pecado.

Nesse artigo, vou explorar quatro tempos específicos de angústia que estão relacionados com a Igreja de Deus nos últimos dias. Esses momentos nos ajudam a entender para onde estamos indo e como Deus tem cuidado de cada detalhe da história para que os Seus propósitos sejam cumpridos.

Os 4 tempos são: os 1260 anos, o pequeno tempo de angústia, a grande angústia e por fim a angústia de Jacó.

1. A angústia dos 1.260 anos – Apocalipse 12:6
Cristo foi para o céu e a mulher, que representa a igreja, encontrou proteção divina no deserto durante o período de tempo profético de 1.260 dias. Neste tempo, ela aguarda o retorno de Cristo e o estabelecimento do reino eterno de Deus, mas não pode se manifestar publicamente por causa da intensa perseguição.

Esse período é o da supremacia papal, que começa no ano de 538 d.C., quando os ostrogodos são vencidos por Belizário, general de Justiniano, e expulsos de Roma. Nesse ano, cai o terceiro dos três chifres descritos no livro de Daniel 7:8, 20. O imperador Justiniano faz um decreto onde reconhece a supremacia do bispo de Roma e a partir daí começa a perseguição a quem não obedecer às doutrinas humanas que passam a fazer parte da igreja cristã.

As perseguições sobre os seguidores de Cristo são intensas. A Bíblia descreve essa angústia sendo “grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais.” (Mateus 24:21).

2. Tempo de angústia depois do deserto – Apocalipse 10:10
O propósito de Apocalipse 10 não é apenas dar uma descrição da experiência de João comendo o livro. Lembre-se que o Apocalipse é um livro de profecia e o seu objetivo é dizer ao povo de Deus o que acontecerá no futuro (1:1; 22:6). Assim, a experiência visionária de João tem um propósito muito mais profundo. Ele representa a igreja, comissionada para proclamar o evangelho por toda parte do mundo durante o tempo entre o período profético especificado em Daniel e a Segunda Vinda. Isto é, durante este período que, por meio da igreja, Deus advertirá os habitantes da Terra do Seu julgamento (14:6-12).

A experiência de João aponta para outro evento que ocorreu no final da profecia de Daniel sobre os 1260 dias. Os adventistas do sétimo dia viram um paralelo entre a experiência de João e o Grande Desapontamento experimentada pelos mileritas em 1844.

Sob a liderança do revivalista Guilherme Miller, eles erroneamente concluíram que a segunda vinda de Jesus ocorreria no outono de 1844. A mensagem sobre a vinda de Cristo foi muito doce no começo. No entanto, quando a data passou sem o retorno, os mileritas ficaram desapontados experimentaram a amargura da mensagem que eles haviam crido e pregado.

Os adventistas viram na comissão de Cristo a João para “profetizar novamente sobre muitos povos e nações e línguas e reis”, o comissionamento da igreja de Deus para proclamar a mensagem da Segunda Vinda “para aqueles que vivem na terra e para todas as nações e tribos e línguas e povos” (Apocalipse 14:6). Quando a mensagem do evangelho for ouvida no mundo inteiro, então o fim virá e a história da Terra irá terminar (Mateus 24:14).

3. O grande tempo de angústia
O grande tempo de angústia é mencionado nos escritos proféticos de Daniel. “Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro” (Daniel 12:1).

O texto de Daniel esclarece que o tempo da grande angústia ocorrerá quando Miguel Se levantará no Céu. Miguel é uma figura de Cristo, e na Sua ascensão ao Céu depois de Sua ressurreição Ele “assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hebreus 1:3).

Como o assentar-se indica o início de Sua obra no Céu, assim o levantar-se anuncia o fim. Então o levantar-se é simultâneo ao fim da graça e o início das sete últimas pragas.

Esse tempo de angústia vai do momento em que se pronuncia no Céu o decreto de Apocalipse 22:12 – é o momento em que termina a graça ou a oportunidade de salvação – até o dia da segunda vinda de Cristo.

Será uma oportunidade para Satanás demonstrar suas intenções sobre a Terra. Após o fim da graça, ele terá domínio completo sobre os habitantes e elementos da Terra. Para esse momento ele planejou todo tempo. Agora lhe é permitido ser o pretenso Cristo e ele imagina que pode governar o mundo.

Antes desses dias, vivemos a intensificação dos sinais preditos por Jesus em Mateus 24 – guerras, rumores de guerras, furacões, enchentes, aumento da indiferença, tragédias, fome entre tantas coisas mais. O aumento desses sinais em quantidade e intensidade são evidências que nos aproximamos do fim de todas as coisas.

4. Angústia de Jacó
A expressão “angústia de Jacó” ocorre apenas uma vez na Bíblia, em Jeremias 30:7.

Esse tempo da angústia inicia com o decreto de morte promulgado no fim da segunda praga e antes do início da terceira. A primeira praga será uma chaga maligna, e, na segunda, o mar se transformará em sangue. Daí o apóstolo João declara: “Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Tu és justo, tu és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas; porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tem dado a beber: são dignos disso” (Apocalipse 16:5, 6).

Por condenar à morte os filhos de Deus, os incrédulos se tornarão verdadeiramente culpados pelo seu sangue como se eles já o tivessem derramado com suas mãos. Assim Deus envia a terceira praga porque os ímpios promulgarão um decreto de morte contra os filhos de Deus. No auge da perseguição, os fiéis viveram essa angústia que tem suas razões:
1. Medo de serem mortos.
2. Medo de que seus pecados não foram perdoados. Assim como Satanás acusou Jacó, acusará o povo de Deus.
3. Estarão perfeitamente conscientes de sua fraqueza e indignidade. Satanás se esforçará por aterrorizá-los com o pensamento de que seus casos não dão margem à esperança.
4. Medo de não terem se arrependido de todos os pecados.
5. Medo de desonrar o nome de Deus.
O final de todo o período de angústia será por ocasião da Volta de Jesus. E o povo de Deus O receberá com uma grande aclamação de vitória. Rapidamente os fiéis são atendidos pelos anjos e todo o Céu estará brilhante com a glória de Deus. A angústia terminou para sempre. O prêmio final será para todos os que permanecerem até o final ao lado do Senhor (Mateus 24:13). Por isso, não desista, falta somente um pouco mais.

“Crede no Senhor vosso Deus e estareis seguros”, diz 2 Crônicas 20:20.

Rafael Rossi (via ASN)

Leia também o capítulo 39 do livro O Grande Conflito de Ellen G. White chamado Aproxima-se o Tempo de Angústia.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

SEGUNDA CHANCE PARA SATANÁS?

“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3:22, 23).

Quantas vezes erramos, ferimos alguém que amamos, não cumprimos um compromisso, traímos a confiança de alguém, mentimos, roubamos, cometemos graves crimes? Quantas vezes tentamos fazer alguma coisa em casa, no trabalho, na escola e fracassamos, e queremos ardentemente ter uma segunda chance? Muitas vezes lamentamos dizendo: “Ah! Se eu tivesse mais uma chance, faria tudo diferente”. Nesta vida, nós estamos sujeitos a cair. Mas às vezes ela não nos dá uma segunda chance.

Mas ao refletir na história de Adão, Abraão, Jacó, Moisés, Elias, Sansão, Jonas, Davi, Marcos, Pedro e um incontável número de outros fracassados, lembro-me dos braços divinos que os envolveram em suas crises e derrotas, animando-os e reabilitando-os. Por isso, há esperança para todos nós. Deus sempre nos dá uma nova oportunidade. “Porque sete vezes cairá o justo e se levantará” (Pv 24:16). O nosso Deus é especialista em dar segunda chance às pessoas! Ele é especialista em trabalhar com pessoas imperfeitas.

Segunda chance para Satanás?
Depois que Satanás foi expulso do céu (como lemos em Ap 12:7-9), ele já havia recebido todas as oportunidades possíveis. Por isso, quando foi jogado para a Terra (Ap 12:12; Lc 10:18), o destino dele já estava selado, pois ele escolheu assim. Oportunidades não faltaram a Lúcifer. Podemos ter certeza disso. Afinal, a Bíblia ensina que “Deus é amor” (1Jo 4:8, 16), que Ele tem “prazer na misericórdia” (Mq 7:19) e que o Criador é “[…] Deus compassivo e cheio de graça, paciente e grande em misericórdia e em verdade”. Além disso, Ele se alegra em ver que o indivíduo, por mais perverso que seja, se converta e viva (Ez 18:23, 32). Ellen G. White nos conta:

“Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Satanás. Este não foi imediatamente degradado de sua posição elevada, quando a princípio condescendeu com o espírito de descontentamento, nem mesmo quando começou a apresentar suas falsas pretensões diante dos anjos fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu. Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a condição de que se arrependesse e submetesse” (O Grande Conflito, pp. 495-496).

O dia em que Satanás desejou voltar ao Céu
Havendo perdido sua posição nas cortes celestiais, Satanás ainda solicitou para ser readmitido no Céu, mas Cristo lhe disse que isto seria impossível. Ellen White relata o que aconteceu:

"Satanás agora observava os terríveis resultados de sua rebelião. Satanás estava espantado ante sua nova condição. Sua felicidade acabara. Olhava para os anjos que, com ele, outrora foram tão felizes, mas que tinham sido expulsos do Céu em sua companhia. (...) Ele está sozinho, meditando sobre o passado, o presente e o futuro de seus planos. Sua poderosa estrutura vacila como numa tempestade. (...) Um anjo do Céu está passando. Ele o chama e suplica uma entrevista com Cristo. Isto lhe é concedido. Então, relata ao Filho de Deus que está arrependido de sua rebelião e deseja voltar ao favor divino. Está disposto a tomar o lugar que previamente Deus lhe designara e sujeitar-se a Seu sábio comando. Cristo chorou ante o infortúnio de Satanás, mas disse-lhe, como pensamento de Deus, que ele jamais poderia ser recebido no Céu. O Céu não devia ser colocado em perigo. Se fosse recebido de volta, todo o Céu seria manchado pelo pecado e rebelião originados com ele. As sementes da rebelião ainda estavam nele. Não tivera, em sua rebelião, nenhum motivo para seu procedimento, e arruinara irremediavelmente não só a si mesmo, mas a multidão de anjos, que teria sido feliz no Céu, tivesse ele permanecido firme. A lei de Deus podia condenar, mas não podia perdoar. Ele não se arrependeu de sua rebelião porque visse a bondade de Deus, da qual havia abusado. 

Não era possível que seu amor por Deus tivesse aumentado tanto desde a queda, que o levasse a uma alegre submissão e feliz obediência à Sua lei, por ele desprezada. A desgraça que experimentara em perder a doce luz do Céu, o senso de culpa que o oprimia, o desapontamento que sentiu em não ver realizadas suas esperanças, foram a causa de sua dor. Ser comandante fora do Céu era vastamente diferente de ser assim honrado no Céu. A perda que sofreu de todos os privilégios celestiais parecia demais para suportar. Desejava recuperá-los. Esta grande mudança de posição não tinha aumentado seu amor por Deus, nem por Sua sábia e justa lei. 

Quando Satanás se tornou plenamente convencido de que não havia possibilidade de ser reintegrado no favor de Deus, manifestou sua maldade com aumentado ódio e feroz veemência. Deus sabia que tão determinada rebelião não permaneceria inativa. Satanás inventaria meios para importunar os anjos celestiais e mostrar desdém por Sua autoridade. Como não podia ser admitido no interior dos portais celestes, aguardaria mesmo à entrada, para escarnecer dos anjos e procurar contender com eles ao passarem. Procuraria destruir a felicidade de Adão e Eva. Esforçar-se-ia por incitá-los à rebelião, sabendo que isto causaria tristeza no Céu” (História da Redenção, pp. 24-27).

Conclusão
Deus nos dá as mesmas oportunidades para arrependimento e mudança de nossos conceitos religiosos equivocados que podem nos levar à perdição eterna. Iremos aproveitar as oportunidades que o Espírito Santo nos oferece todos os dias? “Como diz o Espírito Santo: Se hoje vocês ouvirem a voz de Deus, não sejam teimosos...” (Hb 3:7, 8, NTLH).

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

PROGRAMAS PINGA-SANGUE

Primeiramente, um pouco de história: programas pinga-sangue têm origem nos tempos da ditadura. “Um dos pioneiros nesta linha foi Jacinto Figueira Júnior, que estreou, em 1966, o programa "O Homem do Sapato Branco" e permaneceu no ar com seu show de misérias por vários anos”, escreveu o filósofo e teólogo padre Jaime Carlos Patias, em “O telejornal sensacionalista, a violência e o sagrado”. 
Jacinto começou na TV e depois foi também para o rádio. Várias outras figuras pioneiras, como Gil Gomes, Afanásio Jazadji e o furioso apresentador Carlos Alborghetti, começaram como radialistas de noticiário policial antes do fim do regime.

Depois vieram o “Aqui Agora”, um ambicioso e bem financiado projeto de jornalismo sensacionalista que duraria até 1997 e o "Brasil Urgente" com o apresentador José Luiz Datena. Quem viu a cobertura jornalística de um programa pinga-sangue, viu todas.

Atualmente, somos atingidos o tempo todo por notícias adversas, vindas de todos os lugares: televisão, internet, redes sociais, mensagens no celular e, o pior, nos chegam sem interrupção, 24 horas por dia, sete dias por semana. Ellen G. White alerta:

“As condições do mundo mostram que estão iminentes tempos angustiosos. Os jornais diários estão repletos de indícios de um terrível conflito em futuro próximo” (Serviço Cristão, p. 57).

Importante que você saiba é que, quando nosso cérebro percebe uma situação como ameaçadora, o sistema nervoso simpático aumenta a produção de cortisol e adrenalina, fazendo com que os batimentos cardíacos e a respiração acelerem. O perigo faz também com que nossa pressão suba e os músculos se contraiam. Até aqui, obviamente, nada de anormal, pois fomos preparados ao longo de toda nossa vida para lidarmos com as adversidades da vida.

Entretanto, quando esse processo deixa de ser ocasional e se torna crônico e repetitivo, as reações sentidas pelo corpo são potencializadas e podem, dessa forma, dar início a uma série de efeitos prejudiciais como, por exemplo, reduzir o calibre dos vasos que, com o passar do tempo, aumentam o risco de hipertensão, de arritmias cardíacas, dos problemas de pele, distúrbios digestivos e, finalmente, tem o poder de reduzir nossa capacidade mental. Ellen G. White aconselha:

"Os que não querem cair presa dos enganos de Satanás, devem guardar bem as vias de acesso à mente; devem-se esquivar de ler, ver ou ouvir tudo quanto sugira pensamentos impuros. Não devem permitir que a mente se demore ao acaso em cada assunto que o inimigo possa sugerir. O coração deve ser fielmente guardado, pois de outra maneira os males externos despertarão os internos, e a mente vagará em trevas" (Fundamentos do Lar Cristão, p. 133).

Além disso, sabe-se que, à medida que o contato com as notícias desfavoráveis volta a acontecer, nosso cérebro começa a criar uma espécie de "barreira de proteção" emocional – um tipo de anestesia psicológica -, fazendo com que nos acostumemos de maneira progressiva aos fatos ruins, ou seja, nos fazendo ficar mais tolerantes e insensíveis aos fatos. Ellen G. White adverte:

"Satanás está empregando todos os meios para tornar populares o crime e o vício aviltante. A mente é educada de maneira a familiarizar-se com o pecado. A conduta seguida pelos que são baixos e vis é posta perante o povo nos jornais do dia, e tudo que pode provocar a paixão é trazido perante eles em histórias excitantes. Ouvem e leem tanto acerca de crimes aviltantes que a consciência, que já fora delicada, e que teria recuado com horror de tais cenas, se torna endurecida, e ocupam-se com tais coisas com ávido interesse" (Patriarcas e Profetas, p. 336).

De acordo com alguns pesquisadores, a exposição ao conteúdo negativo e violento, advindos dos meios de comunicação, muitas vezes, pode ter efeitos emocionais danosos e mais duradouros. Portanto, a exposição às temáticas mais carregadas das mídias, pode exacerbar e contribuir para o desenvolvimento do estresse, ansiedade, depressão ou ainda o conhecido transtorno de estresse pós-traumático – aquele descrito pelos soldados que retornam de uma guerra.

Eu também, assim como você, tenho, muitas vezes, a clara impressão de que o mundo está, literalmente, desmoronando à nossa volta, que as coisas só pioram, que a insegurança aumenta, estamos mais infelizes etc. Como você, também sinto que tudo já se tornou meio que "normal", não é verdade? Como se não houvesse outra possibilidade a não ser a de resignação.

Sempre há uma saída, entretanto. Minha sugestão é a de que possamos, de alguma forma, começar a tentar regular a quantidade de tempo de exposição aos fatos negativos. Como cuidamos de nosso sono ou de nossa alimentação, evitando frituras, por exemplo, penso que seria interessante começar a adotar uma atitude de um pouco mais de resguardo em relação a esse entorno mais negativo. Como? Destine menos tempo e menor atenção a esses fatos, simples assim. Ellen G. White dá uma preciosa dica:

"Sabes que nosso corpo é composto do alimento que assimila. Ora dá-se o mesmo com a nossa mente. Se fazemos a mente demorar-se nas coisas desagradáveis da vida, não teremos nenhuma esperança. Precisamos demorar-nos nas cenas prazenteiras do Céu" (Manuscrito 7, 1888).

E se você tem filhos, recomendo conversar com eles sobre como estão se sentindo em relação às notícias ruins. Afinal de contas eles também prestam atenção nos meios de comunicação e nas conversas dos adultos com quem convivem. Ellen G. White deixa este sábio conselho aos pais:

"Devemos fazer todo o possível para nos colocarmos, e a nossos filhos, em posição onde não vejamos a iniquidade que é praticada no mundo. Devemos guardar cuidadosamente nossa habilidade de ver e ouvir, para que essas coisas más não entrem em nossa mente. Quando os jornais chegam em casa, quase desejo escondê-los, para que as coisas ridículas e sensacionalistas não sejam vistas. Parece que o inimigo é responsável por muitas coisas que aparecem nos jornais. Todo mal que pode ser encontrado é descoberto e desnudado perante o mundo" (Fundamentos do Lar Cristão, p. 133).

A Palavra de Deus nos dá esta maravilhosa promessa: "O que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue, e fecha os seus olhos para não ver o mal. Este habitará nas alturas" (Isaías 33:15, 16). Concluo com este pensamento de Ellen G. White:

"Os que desejam ter a sabedoria que vem de Deus devem tornar-se néscios no pecaminoso conhecimento deste século, para serem sábios. Devem fechar os olhos, para não verem nem aprenderem o mal. Devem fechar os ouvidos, para que não ouçam o que é mau e não obtenham o conhecimento que lhes mancharia a pureza de pensamentos e de ação. E devem guardar a língua, para que não profira palavras corruptas e o engano se encontre em sua boca" (O Lar Adventista, p. 76).

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

COMO ASSIM, “NÃO TOQUEIS NO UNGIDO DO SENHOR”?

Há várias passagens na Bíblia onde aparecem expressões iguais ou semelhantes a estas do título desta postagem: "A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas" (1Cr 16:21-22; cf. Sl 105:15).

Todavia, a passagem mais conhecida é aquela em que Davi, sendo pressionado pelos seus homens para aproveitar a oportunidade de matar Saul na caverna, respondeu: “O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele [Saul], pois é o ungido do Senhor” (1Sm 24:6).

Noutra ocasião, Davi impediu com o mesmo argumento que Abisai, seu homem de confiança, matasse Saul, que dormia tranquilamente ao relento: “Não o mates, pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor e fique inocente?” (1Sm 26:9). Davi de tal forma respeitava Saul, como ungido do Senhor, que não perdoou o homem que o matou: “Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor?” (2Sm 1:14).

Esta relutância de Davi em matar Saul por ser ele o ungido do Senhor tem sido interpretado por muitos evangélicos como um princípio bíblico referente aos pastores e líderes a ser observado em nossos dias, nas igrejas cristãs. Para eles, uma vez que os pastores, bispos e apóstolos são os ungidos do Senhor, não se pode levantar a mão contra eles, isto é, não se pode acusá-los, contraditá-los, questioná-los, criticá-los e muito menos mover-se qualquer ação contrária a eles. A unção do Senhor funcionaria como uma espécie de proteção e imunidade dada por Deus aos seus ungidos. Ir contra eles seria ir contra o próprio Deus.

Mas, será que é isto mesmo que a Bíblia ensina?

A expressão “ungido do Senhor” usada na Bíblia em referência aos reis de Israel se deve ao fato de que os mesmos eram oficialmente escolhidos e designados por Deus para ocupar o cargo mediante a unção feita por um juiz ou profeta. Na ocasião, era derramado óleo sobre sua cabeça para separá-lo para o cargo. Foi o que Samuel fez com Saul (1Sm 10:1) e depois com Davi (1Sm 16:13).

A razão pela qual Davi não queria matar Saul era porque reconhecia que ele, mesmo de forma indigna, ocupava um cargo designado por Deus. Davi não queria ser culpado de matar aquele que havia recebido a unção real.

Mas, o que não se pode ignorar é que este respeito pela vida do rei não impediu Davi de confrontar Saul e acusá-lo de injustiça e perversidade em persegui-lo sem causa (1Sm 24:15). Davi não iria matá-lo, mas invocou a Deus como juiz contra Saul, diante de todo o exército de Israel, e pediu abertamente a Deus que castigasse Saul, vingando a ele, Davi (1Sm 24:12). Davi também dizia a seus aliados que a hora de Saul estava por chegar, quando o próprio Deus haveria de matá-lo por seus pecados (1Sm 26:9-10).

O Salmo 18 é atribuído a Davi, que o teria composto “no dia em que o Senhor o livrou de todos os seus inimigos e das mãos de Saul”. Não podemos ter plena certeza da veracidade deste cabeçalho, mas existe a grande possibilidade de que reflita o exato momento histórico em que foi composto. Sendo assim, o que vemos é Davi compondo um salmo de gratidão a Deus por tê-lo livrado do “homem violento” (Sl 18:48), por ter tomado vingança dos que o perseguiam (Sl 18:47).

Em resumo, Davi não queria ser aquele que haveria de matar o ímpio rei Saul pelo fato do mesmo ter sido ungido com óleo pelo profeta Samuel para ser rei de Israel. Isto, todavia, não impediu Davi de enfrentá-lo, confrontá-lo, invocar o juízo e a vingança de Deus contra ele, e entregá-lo nas mãos do Senhor para que ao seu tempo o castigasse devidamente por seus pecados.

O que não entendo é como, então, alguém pode tomar a história de Davi se recusando a matar Saul, por ser o ungido do Senhor, como base para este estranho conceito de que não se pode questionar, confrontar, contraditar, discordar e mesmo enfrentar com firmeza pessoas que ocupam posição de autoridade nas igrejas quando os mesmos se tornam repreensíveis na doutrina e na prática.

Não há dúvida que nossos líderes espirituais merecem todo nosso respeito e confiança, e que devemos acatar a autoridade deles – enquanto, é claro, eles estiverem submissos à Palavra de Deus, pregando a verdade e andando de maneira digna, honesta e verdadeira. Quando se tornam repreensíveis, devem ser corrigidos e admoestados. Paulo orienta Timóteo da seguinte maneira, no caso de presbíteros (bispos/pastores) que errarem:

“Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam” (1Tm 5:19-20).

Os “que vivem no pecado”, pelo contexto, é uma referência aos presbíteros mencionados no versículo anterior. Os mesmos devem ser repreendidos publicamente.

Mas, o que impressiona mesmo é a seguinte constatação. Nunca os apóstolos de Jesus Cristo apelaram para a “imunidade da unção” quando foram acusados, perseguidos e vilipendiados pelos próprios crentes. O melhor exemplo é o do próprio apóstolo Paulo, ungido por Deus para ser apóstolo dos gentios. Quantos sofrimentos ele não passou às mãos dos crentes da igreja de Corinto, seus próprios filhos na fé! Reproduzo apenas uma passagem de sua primeira carta a eles, onde ele revela toda a ironia, veneno, maldade e sarcasmo com que os coríntios o tratavam:

“Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco. Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos. Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados. Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores” (1Co 4:8-17).

Por que é que eu não encontro nesta queixa de Paulo a repreensão, “como vocês ousam se levantar contra o ungido do Senhor?” Homens de Deus, os verdadeiros ungidos por Ele para o trabalho pastoral, não respondem às discordâncias, críticas e questionamentos calando a boca das ovelhas com “não me toque que sou ungido do Senhor,” mas com trabalho, argumentos, verdade e sinceridade.

“Não toque no ungido do Senhor” é apelação de quem não tem nem argumento e nem exemplo para dar como resposta.

Augustus Nicodemus Lopes (via Elevados)

Nota do blog: Ellen G. White toca neste assunto em alguns textos:

"Frequentemente tem-se de dizer claramente a verdade e os fatos aos que erram, a fim de os levar a verem e sentirem o erro, para que se reformem. Mas isto deve ser feito sempre com piedosa delicadeza, não com aspereza ou severidade, mas considerando a própria fraqueza, não seja ele próprio tentado também. [...] Especialmente os erros dos pastores empenhados na obra de Deus devem ser conservados dentro do menor círculo possível, pois há muitas pessoas fracas que disso se prevalecerão, caso saibam que aqueles que ministram na palavra e na doutrina têm fraquezas como os outros homens. Coisa mui cruel é serem as faltas de um pastor expostas a descrentes, caso seja ele considerado digno de trabalhar futuramente pela salvação de almas. Bem algum pode vir de assim o expor, mas unicamente mal. O Senhor Se desagrada com essa atitude, pois ela destrói a confiança do povo naqueles que Ele aceita para levarem avante Sua obra. O caráter de todo coobreiro deve ser zelosamente guardado pelos irmãos do ministério. Disse Deus: 'Não toqueis nos Meus ungidos, e não maltrateis os Meus profetas' (1Cr 16:22; Sl 105:15). Cumpre nutrir amor e confiança. Há maior poder no amor, do que jamais se encontrou na censura. O amor abrirá caminho por entre barreiras, ao passo que a censura fechará toda entrada da alma" (Testemunhos Seletos, vol. 1, pp. 302-304).

"É Deus quem permite que os homens sejam colocados em posições de responsabilidade. Quando erram, tem poder para corrigi-los, ou para retirá-los do cargo que exercem. Devemos acautelar-nos de não tomar em nossas mãos o direito de julgar, que pertence a Deus. A conduta de Davi para com Saul contém uma lição. Por ordem de Deus, Saul foi ungido como rei de Israel. Devido à sua desobediência, o Senhor declarou que o reino lhe seria tirado, e contudo quão amável, atenciosa e paciente foi a conduta de Davi para com ele! Procurando Davi para lhe tirar a vida, Saul dirigiu-se para o deserto, e sozinho penetrou justamente na caverna em que Davi, com seus homens de guerra, estava escondido: 'Então, os homens de Davi lhe disseram: Eis aqui o dia do qual o Senhor te diz: Eis que te dou o teu inimigo nas tuas mãos, e far-lhe-ás como te parecer bem a teus olhos. ... E disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do Senhor' (1 Samuel 24:4 e 6). Ordena-nos o Salvador: 'Não julgueis, para que não sejais julgados, porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós' (Mateus 7:1-2). Lembrai-vos de que cedo o relato da vossa vida passará em revista diante de Deus. Lembrai-vos de que Ele disse: 'És inescusável quando julgas, ó homem; ... pois tu, que julgas, fazes o mesmo' (Romanos 2:1)" (A Ciência do Bom Viver, p. 484).

O “ungido do Senhor” pode errar, mas deve ser tratado com carinho e respeito. Portanto, precisamos aprender “a criticar” de forma positiva o seu pastor. Segue abaixo algumas dicas do pastor Rafael Stehling (via Revista Adventista) para que você consiga ajudá-lo, sem impor sobre ele uma carga maior.

1. Ore por seu pastor e peça sabedoria divina para sua fala. Deus lhe dará palavras sábias e sensatas e preparará o coração do seu pastor para ouvir as observações.

2. Não o convide para ir à sua casa a fim de criticá-lo. Pense num time que joga fora de campo. É chato ir a uma visita e sair de lá criticado. Tenha o carinho de visitar seu pastor no seu escritório ou em sua casa para realizar tal conversa.

3. Entenda a dificuldade do seu pastor em separar crítica ao trabalho de crítica pessoal. Ele não tem trabalho; o ministério pastoral é uma vocação. É a vida dele. Então, seja carinhoso.

4. Evite comparar com outros pastores. Cada ministro tem suas características e estilo. Muitas vezes, um pastor compensará justamente naquilo que o anterior era falho e agradará pessoas diferentes. Então, respeite essas peculiaridades e aproveite ao máximo o seu pastor naquilo que ele é bom.

5. Evite fazer críticas inúteis. Algumas vezes criticamos mais para nosso alívio do que por um objetivo efetivo. Questionar a simpatia ou o temperamento do pastor, por exemplo, não ajuda. Talvez ele já não goste de algo em sua personalidade há anos. Se a crítica não tiver a chance de motivar uma mudança, esqueça-a.

6. Critique sem condenar. Tenha empatia e se coloque no lugar dele. Reflita sobre como seu pastor vai ouvir suas palavras. Talvez a “verdade” precise ser melhor trabalhada no amor.

7. Compartilhe seus sentimentos. Isso significa contar sobre suas lutas e falhas, mostrar que você entende seu pastor. Falar de suas batalhas aproxima o pastor de seu ponto de vista.

8. Não use as mídias sociais. O avanço das tecnologias de informação está facilitando muito a vida de todos, mas também complicando as coisas. A conversa direta não tem comparação com uma mensagem de texto enviada friamente por WhatsApp ou Facebook.

9. Ouça o ponto de vista dele. Muitas observações são injustas por falta de conhecimento de causa. O pastor precisa manter sigilo sobre muitos casos. Considere a possibilidade de você estar equivocado. Não foram poucos os casos em que fui questionado por decisões administrativas que, se expostas a público, seriam prontamente apoiadas.

10. Esteja disposto a ajudar. A pior coisa é receber críticas de quem nada faz. Sugira mudanças práticas, comprometa-se em ajudar e seja ativo em sua realidade.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

“Pensai por conta própria e deixai que os demais desfrutem do direito de fazer o mesmo” (Voltaire).

Um dos pilares da democracia é a liberdade de expressão. Qualquer tipo de censura é contrário ao espírito democrático. Parafraseando Voltaire, ainda que eu não concorde com as ideias de alguém, devo defender o seu sagrado direito de expressá-las. Se impedirmos que as pessoas se expressem livremente, jamais saberemos o que há em seu coração. Sobre isso, Jesus disse:

“Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má e o seu fruto mau, pois pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que está cheio o coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Mas eu vos digo que de toda palavra frívola que os homens proferirem hão de dar conta no dia do juízo” (Mateus 12:33-36).

Liberdade de expressar suas ideias, opiniões, dúvidas, anseios e temores, é condição sine qua non para que o ser humano desfrute de saúde emocional. Entretanto, deve-se tomar cuidado para que tal liberdade não esbarre no bom senso, possibilitando difamar pessoas e instituições, insuflando a sociedade a cometer injustiças. Como disse o escritor e médico americano Oliver Wendell Holmes, "liberdade de expressão não dá direito a alguém de gritar 'Fogo' em um teatro lotado".

A liberdade de expressão, como todo poder, demanda responsabilidade. Não se trata de censura, ou de algum tipo de mordaça, mas de responsabilidade. Quem quer desfrutar de plena liberdade de expressão, tem que estar disposto a arcar com a responsabilidade sobre aquilo que diz e faz. Por isso, Jesus diz que o homem deve dar conta de tudo quanto diz, mesmo que em tom jocoso.

Todo ser humano tem o direito de discordar, questionar, argumentar e defender suas ideias. Ninguém deve ser privado desse direito, nem mesmo no ambiente político ou eclesiástico.

Porém, a partir do momento em que sua fala configure crime, deve ser judicialmente implicado, arcando com as suas consequências. Não se pode, em nome da liberdade de expressão, discriminar, fomentar preconceitos, disseminar ódio, promover práticas nocivas à sociedade ou ao indivíduo, como tortura, pedofilia, racismo, xenofobia, etc. Nem tampouco se pode usar desta liberdade para se locupletar da ingenuidade e da boa fé alheias. O apóstolo Paulo denuncia os que ele chama de “faladores vãos e enganadores”, e diz que “é preciso tapar-lhes a boca, porque arruínam casas inteiras ensinando o que não convém, por pura ganância” (Tito 1:10-11).

Devo concordar com o escritor e filósofo italiano Umberto Eco, um crítico do papel das novas tecnologias no processo de disseminação de informação, ao afirmar que as redes sociais dão o direito à palavra a uma "legião de imbecis" que antes falavam apenas "em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade."

É por essas e outras que apoio a medida adotada por algumas redes sociais em suspender ou bloquear a conta de usuários que não respeitem a sua política, usando-as para disseminar desinformação. Nem mesmo gente poderosa foi poupada.

Por essas e outras que apoio a decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) por ameaças contra os integrantes do STF em vídeo publicado na internet. Além de defender a destituição dos ministros da mais alta corte brasileira, o deputado protagonizou a revoltante cena durante um comício no Rio de Janeiro, em que quebrou a placa em homenagem à vereadora e ativista Marielle Franco, assassinada brutalmente numa emboscada.

[via blog de Hermes C. Fernandes]
 
Nota do blog: O artigo 19 da Declaração dos Direitos Humanos, documento datado de 1948, diz que “todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

Já a Convenção Americana de Direitos Humanos, assinada em 1969 na Costa Rica, vai um pouco mais além e determina, no seu artigo 13, que “o exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores (posteriores), que devem ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para assegurar: a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas”.

Ou seja, apesar de muitas opiniões divergentes, é impensável falar em censura prévia à liberdade de um ser humano se expressar sobre o que pensa, assim como é igualmente impensável imaginar liberdade de expressão sem qualquer responsabilidade.

Hoje líderes e especialistas do mundo inteiro se orgulham de afirmar com veemência que as sociedades democráticas têm como uma das bases sólidas o princípio da liberdade de expressão. Mas eu me pergunto: será que há uma conexão entre liberdade e respeito ao outro?

Nos dias de hoje, todos querem gritar que liberdade é um dom inegociável. Pois bem. Estão certos. Mas compreendam que, com essa liberdade, vem o respeito também, porque os dois andam juntos. Há direito de expressão, mas há um limite a ser percebido. Quem não enxerga, talvez pense que viva sozinho nesse mundo. Mas essa não é a realidade. É uma distorção.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

NÃO SEI ORAR BONITO

Falar sobre oração é sempre assunto complicado e controverso. Algumas pessoas logo deixam de ler ou de ouvir qualquer palavra, ensino ou comentário sobre oração. Talvez, algumas tenham medo da pergunta: “Como anda sua vida de oração?" Essa é uma típica pergunta que todos deveriam responder: “Minha vida de oração poderia ser melhor." Essa seria uma boa resposta dada por qualquer um, mesmo por um grande pastor ou até pelo papa.


A verdade é que o maior exemplo de pessoa de oração que temos é Jesus Cristo. Ele não teve grandes momentos de ensino acerca da oração, mas sua vida demonstrava a importância de se tecer a vida com a oração. Quando o apóstolo Paulo escreveu orai sem cessar, se remetia a Cristo. Não significa que devemos não parar de orar um único segundo (o que não seria má ideia), mas sim que deveríamos tecer nossa vida com a oração.

Permita-me utilizar todos os meus conhecimentos filosóficos, sociológicos, teológicos, políticos, sociais e culturais para definir oração: oração é conversar com Deus. É simples tal como deve ser uma oração. Sendo assim, tecer a vida com oração, orando sem cessar é tão somente conversar com Deus em todo o tempo. Assim: você está dirigindo e conversando com Deus; você está na mesa do trabalho, digitando no celular e conversando com Deus; ao acordar, você conversa com Deus, e antes de ir dormir, você conta a Deus como foi o seu dia.

Orar é conversar com Deus, humildemente, respeitosamente e informalmente. Quando questionado sobre a maneira de orar, Jesus disse primeiro aos discípulos como não orar. Quando orardes não façam como as pessoas religiosas. Engraçado Jesus dizer que o exemplo de como não orar são justamente as pessoas que mais pareceriam ser o exemplo de como orar. Digo isso: quando orar não olhe para os grandes televangelistas, para o papa, para o pastor sênior da sua igreja. Assim como Jesus instruiu, vá para o quarto e diga Pai nosso…

Orar é conversar com Deus, o tendo como Pai. Sinceramente, quando vou pedir a meu pai, por exemplo, para me emprestar o carro, não faço assim: “Poderoso pai, venho te pedir que o senhor me empreste o seu carro, para que eu possa…”. Não há necessidade. É melhor e mais bonito uma oração que se faz humildemente, respeitosamente e informalmente: “Pai, o senhor poderia me emprestar o carro…”. Orar é conversar com Deus.

Pessoas não oram porque pensam não saber orar “bonito” como o irmão o faz. Deus não quer orações com palavras difíceis, mãos erguidas e carinha de coitado. Deus quer um coração puro e sincero, orando humildemente, respeitosamente e informalmente. E, conforme diz Ed Rene Kivitz: “O resultado da oração não é necessariamente a mudança da realidade a respeito da qual se ora, mas a mudança da pessoa que ora.”

Para concluir, vejamos estes textos de Ellen G. White: 
 
"A oração é o abrir do coração a Deus como a um amigo" (Caminho a Cristo, p. 93).

“A linguagem floreada é inadequada à oração, seja a petição feita no púlpito, no círculo da família, ou em particular. Especialmente o que ora em público deve servir-se de linguagem simples, para que os outros possam entender o que diz, e unir-se à petição. É a oração de fé, que vem do coração, que é ouvida no Céu, e atendida na Terra. Deus compreende as necessidades humanas. Sabe o que desejamos antes de Lho pedirmos. Ele vê o conflito da alma com a dúvida e a tentação. Observa a sinceridade do suplicante. Aceita a humilhação da alma e sua aflição" (Obreiros Evangélicos, p. 177).
 
Hoje daremos início ao projeto 10 Dias de Oração e Jejum em nossas igrejas. Dos dias 18 a 27 de fevereiro, vamos aprender juntos sobre como melhorar nossos relacionamentos familiares usando as ferramentas encontradas na Bíblia. Participe!!!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Fiéis da Igreja Católica iniciam nesta quarta-feira (17) ritos e preparações para o período de Páscoa. Por conta da pandemia do novo coronavírus, as cerimônias ocorrem de forma reduzida, seguindo protocolos. A Quarta-feira de Cinzas indica o primeiro dia da Quaresma que representa os 40 dias antes da páscoa sem contar os domingos. Esta cerimônia também é chamada como “Dia de Cinzas”.


A cerimônia é tradicional pela igreja católica e acontece sempre na quarta-feira após as festividades do carnaval, mesmo sob um ano de pandemia, em que as tradicionais festas não aconteceram na maioria das cidades. As cinzas utilizadas neste ritual provêm da queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. A estas cinzas mistura-se água benta e de acordo com a tradição, o celebrante desta cerimônia (Padre) utiliza essas cinzas úmidas para sinalizar uma cruz na fronte de cada fiel, proferindo a frase “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” ou a frase “Convertei-vos e crede no Evangelho”, deixando a marca até o horário do pôr-do-sol. 
 
Na cerimônia, as pessoas são desafiadas a refletirem na mortalidade e abandonarem os hábitos pecaminosos. Embora milhares de pessoas sinceras participem desta cerimônia, apreciaria que de coração aberto, você analisasse as seguintes ponderações:

1. Não há registro bíblico de que os cristãos devam participar desta cerimônia. Jesus, os discípulos e até mesmo o apóstolo Paulo não participaram de nenhuma quarta-feira de cinzas. Assim, fica fácil identificar que se trata de uma tradição e jamais deva ser visto como uma ordenança bíblica.

2. A Bíblia contém inúmeras narrativas de pessoas usando “poeira e cinzas” como símbolo de arrependimento e ou sofrimento (Gênesis 18:27; 2 Samuel 13:19; Ester 4:1; Jó 2:8; Daniel 9:3; Mateus 11:21). Porém, essa prática cultural comumente destacada em vários personagens bíblicos, não se limitava apenas a um período específico do ano como acontece na quarta-feira de cinzas, mas quando houvesse a necessidade de externar o sentimento de desgraça ocasionado geralmente por uma tragédia e ou pecado.

É bem verdade, que enquanto vivermos neste mundo pecaminoso, o sofrimento, seja aquele ocasionado de maneira direta ou indireta, nos faz lembrar que não somos nada sem Deus, somos apenas pó, seres mortais e que carecemos da sua libertação e vida eterna. Por essa razão, Deus não especificou um dia para essa prática religiosa por que carecemos de uma entrega pessoal diariamente.

3. Muitos abusam da graça de Deus no carnaval (Festa da Carne) sob o pretexto de que na quarta-feira de cinzas os pecados serão perdoados. A impressão que tenho é que a filosofia de muitos é que quanto pior forem os seus atos, aí que Deus aparecerá. 
 
Imagine as seguintes situações: Um filho procura a sua mãe e diz: - Mamãe eu vou deixar o quarto bagunçado para você mostrar que é uma boa mãe. Um empregado diz para o patrão que a razão de sua preguiça é dar a oportunidade ao chefinho de demonstrar perdão e paciência. Ou então um mendigo que afirma viver em tais circunstâncias, para dar oportunidade ao governo federal demonstrar benevolência. Frases hilárias, não é verdade? Mas não é assim que as pessoas fazem com Deus? Pecam, para que em seguida Deus demonstre misericórdia. 
 
Qual o aspecto de um cristão conduzido pela graça? A Bíblia responde: 
 
“Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?" (Romanos 6:1 a 2). 
 
Não é a meta de Deus promover a desobediência para provar o seu amor e perdão. Ao contrário, Deus salva os seus filhos para que continuem salvos, livres do pecado. 
 
"Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado; pois quem morreu, foi justificado do pecado. Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos. Pois sabemos que, tendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer outra vez: a morte não tem mais domínio sobre ele. Porque morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; mas vivendo, vive para Deus. Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos. Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça" (Rm 6: 6-13).
 
Pense nisso!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

MUNDOS NÃO CAÍDOS

Sobre a existência de outros mundos habitados, encontramos algumas diretas evidências na Palavra de Deus. Há, porém, um número maior ainda de evidências indiretas, que no contexto geral das Escrituras nos levam a crer na existência de outros mundos.

Em 1 Coríntios 4:9 encontramos umas das evidências mais contundentes em favor do nosso ponto de vista. Temos que analisar em primeiro lugar, o contexto no original grego para descobrirmos o que estava na mente de Paulo e qual era para ele o significado das palavras “mundo”, ou “universo”.
 
Kosmos
Observe que na parte final do verso 9, lemos que “nos tornamos espetáculo ao “mundo”, aos anjos e aos homens”. A palavra “mundo” traduzida da palavra grega kosmos, tem o significado usual de “a terra habitada”, mas também significa “universo”. Por exemplo, W. C. Taylor, em seu “Dicionário do Novo Testamento Grego”, assim define a palavra kosmos: “O universo, o mundo, (a soma das coisas criadas); a Terra habitada, os habitantes da Terra toda, etc.” Está aí uma ideia muito interessante, perfeitamente cabível no texto analisado.

Também o autorizado “The Analytical Greek Lexicon”, analisando o sentido da palavra kosmos, conclui: “também significa universo material, e em 1 Coríntios 4:9, o agregado da existência sensitiva”.

Temos também a favor dessa tese, a confirmação de algumas versões bíblicas que traduzem kosmos como “universo” nessa passagem. Entre elas podemos citar a Bíblia espanhola “Version Moderna”, editada pelas Sociedades Bíblicas Unidas, e a New English Bible. Ambas dizem: “somos espetáculo a todo o Universo”. 
 
Entre as evidências indiretas podemos citar Jó 2:1, 2 e Romanos 8:19. Contudo, temos que cuidar para não sermos enganados com a onda de misticismo atual e a crença popular que seres de outros mundos estão nos “visitando”. Esses outros mundos criados por Deus são mundos que não caíram em pecado, portanto, eles não poderiam entrar em contato conosco. Os ovnis, extraterrestres, ou qualquer aparição alardeada, são brinquedos de Satanás, operando maravilhas entre os homens para desviá-los da verdade da Palavra de Deus, a qual é a nossa única fonte segura de informação, de salvação e de orientação em relação aos últimos acontecimentos da história desse mundo. Mais do que nunca devemos fundamentar nossa confiança na revelação inspirada de Deus.
 
O que Ellen G. White fala sobre outros mundos e seus habitantes?
 
Outros mundos já existiam antes da rebelião de Satanás
"Satanás era grandemente amado pelos seres celestiais, era forte sua influência sobre eles. Alguma atitude deveria ser tomada para afastá-lo da simpatia dos seres celestiais. O governo de Deus incluía não somente os habitantes do Céu, mas de todos os mundos que Ele havia criado; e Satanás pensou que se ele pôde levar consigo os anjos do Céu à rebelião, poderia também levar os outros mundos" (RH, 9 de março de 1886).
 
Moral livre dos habitantes dos outros mundos
"O homem foi criado como um ser moral livre como os habitantes de todos os outros mundos, devendo estar sujeito às mesmas provas da obediência" (PP, pp. 331-332).
 
"Cristo veio em forma humana para mostrar aos habitantes dos mundos não caídos e do mundo caído, que amplas providências foram tomadas para habilitar os seres humanos a viverem em lealdade com seu Criador" (ME1, p. 227).

Mundos obedientes às leis de Deus
“Deus tem mundos inumeráveis que são obedientes a Suas leis, e que se conduzem de acordo com Sua glória” (The Faith I Live By, p. 61).

Seres não caídos assistem à controvérsia neste Mundo
"Cada olho no universo não caído está voltado para aqueles que manifestam ser seguidores de Cristo. Em nosso minúsculo mundo trava-se uma guerra intensa" (RH, 29 de setembro de 1891).

“O resultado da luta [entre Cristo e Satanás] teve uma implicação no futuro de todos os mundos, e cada passo que tomou Cristo na senda da humilhação foi observado por eles com o mais profundo interesse” (Advent Review and Sabbath Herald, março de 1901).
 
"Os mundos não caídos e os anjos celestiais vigiavam com intenso interesse o conflito que se aproximava do desfecho" (DTN, p. 489).

A controvérsia não seria levada a outros mundos
"A controvérsia não deveria se espalhar a outros mundos do universo, mas ela deveria prosseguir no próprio mundo, na mesma esfera que Satanás reivindicava como sua" (RH, 9 de março de 1886).

“A morte de Cristo terminou para sempre toda a polêmica nos mundos não caídos, acerca dos princípios de ação de Satanás, seus métodos desonestos e mentirosos. Satanás nunca mais poderia encontrar a menor simpatia entre eles. Seu poder e domínio, que haviam desafiado a Lei de Jeová, teriam fim, e a paz reinaria no céu eternamente” (YI, 5 de agosto de 1897).
 
"Para os anjos e os mundos não caídos, o brado: 'Está consumado' teve profunda significação. Fora em seu benefício, bem como no nosso, que se operara a grande obra da redenção. Juntamente conosco, compartilham eles os frutos da vitória de Cristo. Até à morte de Jesus, o caráter de Satanás não fora ainda claramente revelado aos anjos e mundos não caídos. O arqui-apóstata se revestira por tal forma de engano, que mesmo os santos seres não lhe compreenderam os princípios. Não viram claramente a natureza de sua rebelião" (DTN, p. 537).
 
"No Céu e entre os mundos não caídos, liquidou-se a questão quanto ao poder enganador de Satanás e seus princípios malignos, e provou-se de uma vez para sempre a perfeita pureza e santidade de Cristo, que sofria a prova e aflição em favor do homem caído. Mediante o desdobramento do caráter e princípios de Satanás, foi ele para sempre desarraigado das afeições dos mundos não caídos, e a controvérsia acerca de suas pretensões e das reivindicações de Cristo ficou para sempre assentada no Céu" (ME1, p. 348).

Deus criou o plano de salvação para beneficio de todos os mundos
"Antes da criação do mundo determinou-se, conforme relato de Deus, que o homem deveria ser criado e dotado de poder para fazer a vontade divina. A queda do homem, com todas as suas consequências, não foi desconsiderada pela Onipotência e o plano da redenção foi um pensamento anterior, formulado antes da queda de Adão, com um propósito eterno, foi elaborado para remir pela graça, não apenas este mundo minúsculo, mas para o bem de todos os mundos que Deus criou" (ST, 13 de fevereiro de 1893).
 
"O universo celeste, os mundos não caídos, o mundo caído e a confederação do mal não podem dizer que Deus poderia fazer mais pela salvação do homem do que fez. Jamais será ultrapassado Seu dom, não pode nunca exibir mais preciosa profundidade de amor. O Calvário representa Sua obra-prima" (Nossa Alta Vocação, p. 8).
 
A Terra comparada a outros mundos
"Quão agradecidos deveríamos ser, pelo fato de que, apesar desta Terra ser tão pequena em comparação aos mundos criados, Deus ainda nos observa. Eis que as nações são consideradas por Ele como um pingo que cai dum balde, e como um grão de pó na balança" (RH, 9 de março de 1886).

"Este mundo não é mais do que um pequenino átomo no vasto domínio sobre o qual Deus preside" (TM, p. 324).

"Ele carregou a cruz, suportou a vergonha e fez isso, tendo em vista os resultados do que Ele realizaria, em favor, não apenas dos habitantes deste pequeno mundo, mas do universo inteiro e de todos os mundos criados por Deus" (RH, 4 de setembro de 1900).

“[Deus] conta as estrelas, Ele que criou os mundos – entre os quais esta Terra é apenas um grão de pó, e quase não se notaria sua ausência dentre os numerosos mundos” (In Heavenly Places, p. 40).


Milhões de mundos são habitados
"Se todos os habitantes deste pequeno mundo recusassem obediência a Deus, Ele não seria deixado sem glória. Num momento, Ele poderia varrer da face da Terra todo mortal e criar uma nova raça para povoá-la e glorificar Seu nome. Deus não depende do homem para ser honrado. Ele poderia ordenar às constelações lá dos céus, aos milhões de mundos do alto, que elevassem um cântico de honra e louvor, e glória ao Seu nome" (Santificação, p. 77).
 
Os mundos não caídos na eternidade
"Todos os tesouros do Universo estarão abertos aos remidos de Deus. Livres da mortalidade, alçarão voo incansável para os mundos distantes. Os filhos da Terra entram de posse da alegria e sabedoria dos seres não caídos e compartilham de tesouros de entendimento adquiridos durante séculos e séculos. Com visão clara, olham para a glória da criação — sóis e estrelas e sistemas, todos na sua indicada ordem, a circular em torno do trono da Divindade" (GCC, p. 293).
 
Visão dada a Ellen White de outros mundos
“O Céu é um lugar agradável. Anseio ali estar, e contemplar meu amorável Jesus, que por mim deu Sua vida, e achar-me transformada a Sua imagem gloriosa. Oh! quem me dera possuir linguagem para exprimir as glórias do resplandecente mundo vindouro! Estou sedenta das águas vivas que alegram a cidade de nosso Deus. O Senhor me proporcionou uma vista de outros mundos. Foram-me dadas asas, e um anjo me acompanhou da cidade a um lugar fulgurante e glorioso. A relva era de um verde vivo, e os pássaros gorjeavam ali cânticos suaves. Os habitantes do lugar eram de todas as estaturas; nobres, majestosos e formosos. Ostentavam a expressa imagem de Jesus, e seu semblante irradiava santa alegria, que era uma expressão da liberdade e felicidade do lugar. Perguntei a um deles por que eram muito mais formosos que os da Terra. A resposta foi: 'Vivemos em estrita obediência aos mandamentos de Deus, e não caímos em desobediência, como os habitantes da Terra.' Vi então duas árvores. Uma se assemelhava muito à árvore da vida, existente na cidade. O fruto de ambas tinha belo aspecto, mas o de uma delas não era permitido comer. Tinham a faculdade de comer de ambas, mas era-lhes vedado comer de uma. Então meu anjo assistente me disse: 'Ninguém aqui provou da árvore proibida; se, porém, comessem, cairiam.' Então fui levada a um mundo que tinha sete luas. Vi ali o bom e velho Enoque, que tinha sido trasladado. Em sua destra tinha uma palma resplendente, e em cada folha estava escrito: 'Vitória.' Pendia-lhe da cabeça uma grinalda branca, deslumbrante, com folhas, e no meio de cada folha estava escrito: 'Pureza', e em redor da grinalda havia pedras de várias cores que resplandeciam mais do que as estrelas, e lançavam um reflexo sobre as letras, aumentando-lhes o volume. Na parte posterior da cabeça havia um arco em que rematava a grinalda, e nele estava escrito: 'Santidade.' Sobre a grinalda havia uma linda coroa que brilhava mais do que o Sol. Perguntei-lhe se este era o lugar para onde fora transportado da Terra. Ele disse: 'Não é; minha morada é na cidade, e eu vim visitar este lugar.' Ele percorria o lugar como se realmente estivesse em sua casa. Pedi ao meu anjo assistente que me deixasse ficar ali. Não podia suportar o pensamento de voltar a este mundo tenebroso. Disse então o anjo: 'Deves voltar e, se fores fiel, juntamente com os 144 mil terás o privilégio de visitar todos os mundos e ver a obra das mãos de Deus'" (PE, pp. 39 e 40).

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

LIVRE ARBÍTRIO

Fomos totalmente corrompidos pelo pecado? E nosso livre arbítrio? Temos, ainda, a habilidade de escolher entre o bem e o mal?


O tema sobre o efeito do pecado sobre nós, e sobre a natureza do livre arbítrio tem sido estudado e discutido há séculos, sem uma conclusão unânime. Vou compartilhar alguns conceitos para estimular seu pensamento. Quero iniciar com um paradoxo: A Bíblia afirma que temos livre arbítrio, mas ensina que somos escravizados pelo pecado. Considere o paradoxo e pense sobre ele.

1. Escravizados pelo Pecado
A queda de Adão e Eva alterou radicalmente a natureza humana. O coração, centro racional e volitivo do ser humano, foi corrompido: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9). O dano foi irreparável; os seres humanos não são apenas incapazes de se compreenderem, também enganam-se uns aos outros. Nenhuma dimensão da natureza humana ficou livre do toque do pecado; assim, ninguém é justo (Romanos 3:10) ou naturalmente busca a Deus (Salmos 53:2-3; Efésios 2:1-3).

O pecado é uma realidade humana. Isaías escreveu: “Somos como o impuro – todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniquidades nos levam para longe” (Isaías 64:6); até os melhores seres humanos estão contaminados com nosso estado pecaminoso. Há uma inimizade natural contra Deus no coração humano que nos incapacita de procurar e de fazer o bem, ou de nos submetermos à Sua vontade (Romanos 8:7). Somos controlados pelos desejos pecaminosos e egoístas de nossa natureza caída (Romanos 8:6-8). A situação é desesperadora porque não há nada que possamos fazer para mudar essa realidade (Jeremias 13:23). Os seres humanos vivem sob o domínio do pecado, governados por um déspota e incapazes de fazer o que, talvez, gostariam de fazer (Romanos 6:16; conforme Romanos 7:18-23).

E o livre arbítrio?

2. A Situação do Livre Arbítrio
Permita-me dar uma definição de livre arbítrio: é o poder de escolha, independente de condições e forças internas ou externas as quais não podemos controlar. Se, é verdade que somos escravizados pelo pecado, então, é difícil falar sobre liberdade de escolha. Mas, se este é realmente o caso, é impossível falar de nossa responsabilidade sobre nossos atos. No entanto, a doutrina bíblica de julgamento e castigo admite que temos livre arbítrio. Podemos argumentar que o pecado não obliterou a imagem de Deus em nós e, portanto, temos livre arbítrio (Romanos 3:23). Se ele faz parte da imagem de Deus e de nossa humanidade, então ainda o temos. Isso, porém, deve ser apropriadamente compreendido. O livre arbítrio que temos, está deteriorado e corrompido. A pergunta agora é: quão deteriorado está ele?

Deixa-me sugerir algo: O pecado mudou a ênfase da função do livre arbítrio, das decisões altruístas que beneficiavam os outros, para a autopreservação. A situação é tal que não há nada que possamos fazer a respeito. O livre arbítrio ainda está sob o poder do pecado!

3. Deus Conosco
Se o livre arbítrio é a ferramenta para atualizar meu egoísmo e minha corrupção, então não é livre coisa nenhuma, e a questão de sermos responsáveis por nossos atos não foi resolvida. Como saímos desse dilema? “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!” (Romanos 7:25). Após a queda, o Filho de Deus não nos abandonou (Apocalipse 13:8). Desde aquele momento Deus está trabalhando no coração humano, convidando cada indivíduo para a verdadeira liberdade do poder do pecado. Por meio do trabalho do Espírito, Deus tem criado nos corações humanos o desejo e a disposição de escolher o bem. Essa graça divina invade o planeta, toma a iniciativa, alcança cada indivíduo (João 1:9), e desperta o livre arbítrio, capacitando os seres humanos a escolher a Cristo ou a continuarem sendo escravos do pecado, que é sua tendência natural. Esse silencioso trabalho do Espírito faz-nos responsáveis por nossas decisões.

Verdadeira liberdade há somente em Cristo.

Angel Manuel Rodríguez (via Revista Adventist World)
 
"A capacidade de discernir entre o que é reto e o que não o é, podemos possuí-la unicamente pela confiança individual em Deus. Cada um deve aprender por si, com auxílio dEle, mediante a Sua Palavra. A nossa capacidade de raciocinar foi-nos dada para que a usássemos, e Deus quer que seja exercitada. Confiando nEle, podemos ter sabedoria para rejeitar o mal e escolher o bem" (Ellen G. White - Educação, p. 231).

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

CULTURA DO CANCELAMENTO

A "cultura do cancelamento" tem se tornado um dos assuntos mais comentados dos últimos dias. Até para quem desconhecia o termo, a ideia de “cancelar” uma pessoa pela sua conduta tem se tornado mais aceitável e, em alguns aspectos, moralmente, correto. Porém, o que define quando e quem cancelar? Existe um limite, uma atitude ou uma barreira pela qual a pessoa atravessa que a conceda o castigo de ser socialmente cancelada?
 
Um caso atual que ilustra essa teoria é o reality show Big Brother Brasil. Na vigésima primeira edição do programa, o cancelamento tem ocorrido dentro e fora da casa. Do lado de dentro, a maioria dos participantes cancelou o jogador Lucas Penteado, enquanto do lado de fora, seus algozes, como Karol Conká, Lumena e Nego Di, entre outros, estão sendo vítimas do cancelamento por parte do público. 

A ascensão da "cultura do cancelamento" não vem do nada, pelo contrário ela é filha da calúnia, difamação, inveja, fofoca. Suas raízes são diabólicas porque ele é o acusador e causador de intrigas desde o começo. Ellen G. White diz: "
inveja não é meramente uma perversidade do gênio, mas uma indisposição que perturba todas as faculdades. Começou com Satanás. Ele desejou ser o primeiro no Céu e, como não alcançasse todo o poder e glória que buscava, rebelou-se contra o governo de Deus. Invejou nossos primeiros pais, tentando-os ao pecado, e assim os arruinou, e a todo o gênero humano" (Conselhos sobre Educação, p. 86).
 
Infelizmente este é o padrão da era secular, onde o indivíduo está acima de todas as coisas, e se vê na condição de julgar e falar o que quiser. Entretanto isso se torna um grande problema para quem confessa ser um cristão e infelizmente essa tem sido a prática de muitos.

Ellen G. White adverte: "Mantende-vos afastados da cadeira de juiz. Todo julgamento é dado ao Filho de Deus. Satanás atua zelosamente para levar os homens a pecar neste ponto. Satanás exulta quando pode difamar ou ferir um seguidor de Cristo. Ele é o "acusador dos irmãos". Deverão os cristãos ajudá-lo em sua obra? O espírito de tagarelice e maledicência é um dos instrumentos especiais de Satanás para semear discórdia e luta, para separar amigos e minar a fé de muitos na veracidade de nossas crenças" (Manuscrito 144).

A difamação é pecado. Ela é resultado de um coração distante de Deus, coração que busca seus próprios interesses, e por não estar tão focado em si, não consegue dimensionar os impactos que isso tem não só para o alvo da calúnia, mas na maioria das vezes impacta pelo menos três pessoas: 

- O caluniador;
- Quem cede os ouvidos e não confronta;
- O caluniado.


Interessante notar que o termo usado no Novo Testamento para caluniador é διαβολος (diabolos), que segundo um dicionário bíblico, significa “dado a calúnia, difamador, que acusa com falsidade, caluniador, que faz falsas acusações, que faz comentários maliciosos”.
 

Provérbios 16:28 diz que “o homem perverso levanta a contenda, e o difamador separa os maiores amigos”. Pode ser que você esteja vivendo essa realidade em algum nível e talvez não saiba o que fazer ou até esteja sem coragem para tomar uma atitude que agrade ao Senhor.

A boa notícia é, uma vez tendo a compreensão correta do evangelho, as três pessoas (ou as demais envolvidas) podem desfrutar do perdão em Cristo e uns pelos outros, independente do estrago que isso tenha causado. Entretanto é necessário temor e obediência a Deus para reconhecer os pecados, confrontar o pecador e liberar perdão.

Entenda quais são as ações práticas para vencer as calúnias, fofocas e difamações:
 
1. O caluniador
Se por algum motivo você deixou a sua carnalidade dominar suas atitudes e pensamentos, peça ajuda do Espírito Santo, arrependa-se e abandone este pecado. Em seguida, na dependência do Senhor e com humildade, retrate com as pessoas que foram envolvidas. Tenha coragem, siga os princípios das Escrituras:

- Paulo diz: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros“ (Efésios 4:25).

- Um pouco mais à frente, o apóstolo diz: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe (podre), mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem“ (Efésios 4:29).

Você tem tudo que precisa para retratar o seu pecado, mesmo que não mude os efeitos que isso tenha causado. Seja obediente a Deus e faça isso o quanto antes.
 
2. Quem cede os ouvidos e não confronta
Se alguém te procurou para caluniar outro irmão em Cristo, você está literalmente no centro da calúnia e tem a responsabilidade de não ceder seus ouvidos para o caluniador. Pelo contrário, você tem a responsabilidade de confrontá-lo em amor. Ao invés de prosseguir com o mal e envolver outras pessoas, seja um promotor do bem e da paz.

Além do mais, lembre-se que como alguém já disse: “quem fala mal de alguém para você, falará mal de você para alguém”. Seja corajoso, siga o conselho das Escrituras:

- O sábio diz que “no coração dos que maquinam o mal há engano, mas os que aconselham a paz têm alegria” (Provérbios 12:20).

- Paulo dá uma instrução prática que deve ser sempre levada em conta: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gálatas 6:1).

Você tem tudo o que precisa para repreender e cancelar o ciclo malicioso. Seja obediente a Deus e faça isso o quanto antes.
 
3. O caluniado
Se você de alguma forma tem sofrido por conta de calúnia, difamação, fofoca, cancelamento, etc. lembre-se que esta é uma boa hora para colocar em prática as virtudes cristãs. C. S Lewis diz: “Todos dizem que o perdão é uma ideia maravilhosa até que elas tenham algo para perdoar”.

Pode parecer difícil, e o estrago gerado pela calúnia pode ter manchado a sua imagem e reputação diante das pessoas, até mesmo pessoas da sua confiança. Mas a verdade é que Deus sabe de todas coisas, e Ele está mais preocupado com o seu caráter diante dEle do que a sua reputação diante de outros. Esta é a hora de desfrutar da beleza do perdão, pois só perdoa quem sabe que um dia foi graciosamente perdoado. Coragem, escolha seguir às Escrituras:

- “O que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que renova a questão separa os maiores amigos” (Provérbios 17:9).

- “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1 Pedro 4:8).

Assim como os demais envolvidos, você tem tudo o que precisa para tomar uma atitude correta diante de Deus, e precisa dar o passo correto para que isso seja uma realidade. Escolha perdoar. Seja obediente a Deus e faça isso o quanto antes.

Por fim, Paulo diz aos Colossenses: “Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também” (Colossenses 3:13).

Não deixe que a "cultura do cancelamento", fruto da calúnia que é diabólica em sua essência e forma, tome conta da sua vida e seus relacionamentos. Que os nossos relacionamentos sejam regidos pelo amor a Deus e ao próximo. 
 
Ellen G. White adverte: "Demorando-se continuamente nos erros e defeitos dos outros, muitos se tornam dispépticos religiosos. Os que criticam e condenam uns aos outros estão transgredindo os mandamentos de Deus, e são-Lhe uma ofensa. Irmãos e irmãs, afastemos o entulho da crítica e suspeita e murmuração, e não desgastei os nervos externamente. Se todos os cristãos professos usassem suas faculdades investigadoras para ver quais os males que neles mesmos carecem de correção, em vez de falar dos erros alheios, existiria na igreja hoje uma condição mais saudável" (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 635-638).
 
Como um bom testemunho da nossa fé, lutemos para vivermos em paz com todos e sigamos cuidadosamente as instruções que o Senhor nos dá em Sua Palavra. E que na dependência do Espírito Santo sigamos o exemplo de Cristo, que poderia nos cancelar tendo todas as razões para isso, mas escolheu nos amar sem que merecêssemos, perdoou as nossas ofensas e pecados, nos acolheu em sua graça e restabeleceu o nosso relacionamento com o Pai.

Ellen G. White conclui: "Não devemos permitir que nossas perplexidades e desapontamentos nos corroam a alma, tornando-nos impertinentes e impacientes. Não haja discórdia, nem suspeitas ou maledicência, para não ofendermos a Deus. Meu irmão, se abrires teu coração à inveja e a vis suspeitas, o Espírito Santo não poderá habitar contigo. Busca a plenitude que há em Cristo. Trabalha de modo por Ele indicado. Que cada pensamento, palavra e ato O revele. Precisas de um diário batismo do amor que nos dias dos apóstolos os tornava todos de um mesmo comum acordo. Esse amor trará saúde ao corpo, espírito e alma. Circunda tua alma com uma atmosfera que fortaleça a vida espiritual. Cultiva a fé, a esperança, o ânimo e o amor. Reine a paz de Deus no teu coração" (Testemunhos Seletos, vol. 1, p. 493).

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

IDOLATRIA POLÍTICA

Uma boa definição para a mentalidade da sociedade moderna é o que a Bíblia chama de idolatria, que os profetas descrevem melhor do que ninguém: fazer um deus sob medida, algo ou alguém que construo com os meus pensamentos, atos e palavras, que venero incondicionalmente e dou um valor absoluto.

Quando a gente lê o Velho Testamento, e percebe a infidelidade que marcou a história dos reinos de Judá e Israel - começamos a nos perguntar como é que este povo foi capaz de abandonar a lei, os sinais maravilhosos e os ensinos do Senhor, e se prostituir alegremente atrás de outros deuses, período após período, com raras exceções.

Os antigos livros históricos estão recheados de líderes (patriarcas, juízes, reis e até alguns profetas) que permitiram que seu rebanho se desviasse após divindades estrangeiras como Baal e Astarote.

Ellen G. White relata: "Sob a danosa influência do reinado de Acabe, Israel afastou-se do Deus vivo, e corrompeu seus caminhos perante Ele. Por muitos anos tinham estado a perder o senso de reverência e piedoso temor; e agora parecia não haver ninguém que ousasse expor a vida colocando-se abertamente em oposição à predominante blasfêmia. A escura sombra da apostasia cobria toda a terra. Imagens de Baal e Astarote estavam em todo lugar para serem vistas" (Profetas e Reis, p. 55).

Nós, cristãos do século XXI, sempre olhamos com um certo desdém para o povo bíblico daquela era, nos considerando, por assim dizer, imunes ao paganismo e à idolatria. Entretanto, a realidade da modernidade nos pegou de calças curtas, e nos mostrou - na nossa meninice vaidosa - que a antiguidade não tem nada de diferente dos tempos atuais.

Ellen G. White observa: "Há entre nós um afastamento de Deus, e ainda não se fez a zelosa obra do arrependimento e volta ao primeiro amor essencial à restituição a Deus e à regeneração do coração. A infidelidade está fazendo suas incursões em nossas fileiras; pois é moda apartar-se de Cristo e dar lugar ao ceticismo. Para muitos, o clamor do coração tem sido: 'Não queremos que Este reine sobre nós.' Baal, Baal, é a escolha. A religião de muitos dentre nós será a religião do Israel apostatado, porque amam a seus próprios caminhos, e abandonam o caminho do Senhor" (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 467) 

A pandemia, que hoje devasta a Terra, reforçou o comportamento de muitos "evangélicos" que preferiram dobrar seus joelhos a um poste-ídolo em nome de uma "ideolatria", uma adoração da ideologia que - felizes e gozosos - abraçam e defendem com unhas e dentes.

Um fanatismo inaudito invadiu muitas denominações que se dizem "cristãs", já que não se pode mais chamá-las de "igrejas" visto que funcionam como comitês eleitorais e partidos políticos. Tudo isto aceito com a mais absoluta normalidade.

Ellen G. White adverte: "O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloquência. Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Deus emprega as mais vigorosas imagens para mostrar que não deve haver união entre partidos mundanos e aqueles que estão buscando a justiça de Cristo" (Fundamentos da Educação Cristã, pp. 475-476).

A igreja, como instituição, não deve se envolver na política, quando o faz, ela e os seus líderes se tornam vulneráveis a todas as contingências do mundo político. Também serve de alerta os perigos de dar corda aos políticos que se julgam salvadores da pátria. Há líderes e membros de igrejas com uma expectativa ‘messiânica’ que um determinado político canalize automaticamente as bênçãos de Deus sobre o Brasil, resolvendo todos os problemas que nos afligem. Esse messianismo é muito perigoso, para o país e para a igreja. 

O resultado da idolatria política para a teologia cristã bíblica é catastrófica. Não só Cristo é destituído de seu trono no coração do crente, como a Bíblia e o cristianismo passam a ser usados como meros objetos úteis para a luta política. Da mesma maneira, os políticos e ideólogos alvos da idolatria de seus seguidores passam a usar a Bíblia e o cristianismo como meros objetos úteis para se manterem na posição de divinos profetas ou até Messias.

Não há mal em defender uma posição política e saber o que está acontecendo no atual cenário. Mas o cristão deve zelar, acima de tudo, por princípios bíblicos. Fazer de ideologias, movimentos, partidos, políticos e ideólogos elementos de um evangelho terreno, não passa de idolatria. E fazer uso da Bíblia para defender qualquer tipo de messianismo político é uma clara afronta a Cristo. 

Ellen G. White orienta: "O povo de Deus não deve ter ligação alguma com a idolatria em qualquer de suas formas. Eles devem atingir uma norma mais elevada. Por que se dá tanta atenção a instrumentos humanos, ao passo que há tão pouco esforço mental em direção ao Deus eterno? Por que os que pretendem ser filhos do Rei celestial se acham tão absorvidos nas coisas deste mundo? Que o Senhor seja exaltado! Que a Palavra do Senhor seja engrandecida! Sejam os seres humanos colocados em posição inferior, e que o Senhor seja exaltado! Lembrai-vos de que reinos, nações, reis, estadistas, conselheiros e grandes exércitos terrestres, e toda a magnificência e glória mundanas, são como o pó da balança. Deus tem a fazer um ajuste de contas com todas as nações. Todo reino tem que ser abatido. A autoridade humana deve tornar-se como nada. Cristo é o Rei do mundo, e Seu reino deve ser exaltado" (Fundamentos da Educação Cristã, pp. 481-482).

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!