quarta-feira, 5 de abril de 2023

VIDA FAMILIAR NO CÉU?

As Sagradas Escrituras afirmam enfaticamente que Jesus voltará e não tardará (Jo 14:1-3; Hb 10:37). Ele levará os fiéis de todos os tempos para o Céu, onde passarão mil anos. Após esse longo período, a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, descerá do Céu para a Terra. Esta será purificada pelo fogo. Quando não mais existir pecado e pecadores, está terra será renovada para ser o lar eterno dos santos por toda a eternidade. Será o Éden restaurado perdido pelos nossos primeiros pais (Ap 20:1-15).

A morte será abolida para sempre, mesmo no reino animal. Tudo será paz. Não haverá necessidade de lágrimas, pois não mais haverá morte, tristeza, pranto ou dor. A vida como a conhecemos agora será banida para sempre (Ap 21:4). A maior das alegrias dos cristãos que viveram para Cristo nesta vida será ver face a face Aquele por quem trabalharam e viveram. Paulo diz: “Porque, agora, vemos como espelho, obscuramente; então, veremos face a face” (1Co 13:12). O Apocalipse diz que os remidos “contemplarão a Sua face, e na sua fronte está o nome dEle” (Ap 22:4). Quantas coisas maravilhosas e fantásticas nos aguardam no perfeito e encantador Mundo de Amanhã, na “Terra Renovada”!

As perguntas que surgem, de pronto, quando estudamos esse tema é: Na Nova Terra, continuaremos como família assim como somos aqui nesta Terra? Esposo, esposa e filhos continuarão sendo família, e morarão juntos? Haverá relações conjugais no mundo vindouro?

Antes de tentarmos responder a essas questões, é preciso primeiro considerarmos o seguinte: “Há coisas que não sabemos, e elas pertencem ao Eterno, o nosso Deus; mas o que ele revelou, isto é, a sua lei, é para nós e para os nossos descendentes, para sempre. Ele fez isso a fim de que obedecêssemos a todas as suas leis” (Dt 29:29, BLH). Deus não nos revelou tudo a respeito da vida futura. As “‘coisas encobertas’ são as que Deus não achou aconselhável nos revelar. (...) As coisas que Ele revelou sobre a lei e a vida podemos contemplar. Nas escrituras temos a vontade divina revelada; ela pertence a nós” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 1, p. 1164).

Cremos que a Palavra de Deus revela tudo o que é absolutamente necessário ao conhecimento da salvação em Cristo Jesus e todas as coisas a ela relacionadas. Aquilo que não é essencial para a nossa salvação, “Deus achou não achou aconselhável nos revelar”. Logo, não podemos nos demorar em questões que Deus não nos revelou. Do contrário, pode levar a uma especulação descomedida que resulta, não raras vezes, em crendices e exageros sem fundamentação bíblica. Portanto, todo cuidado é pouco quando se trata de interpretar o que a Bíblia diz e especialmente o que ela não diz.

Ao invés de tomarmos tempo com tais especulações devemos ter a confiança de que em Sua providência Ele traçou planos para nossa completa felicidade futura:

“Os obreiros de Deus não devem gastar tempo especulando quanto às condições que hão de reinar na Nova Terra. É presunção ocupar-se com suposições e teorias relativamente a assuntos que o Senhor não revelou. Ele tem tomado todas as providências para nossa felicidade na vida futura, e não nos compete especular quanto a Seus planos a nosso respeito. Nem devemos calcular as condições da vida futura pelas desta vida. (...) Assuntos de importância vital são revelados na Palavra de Deus, e esses são merecedores de nossa mais profunda meditação. Mas não devemos indagar assuntos sobre os quais Deus silenciou. Quando se erguem questões sobre as quais nos achamos incertos, perguntemos: Que diz a Escritura? E, se ela guarda silêncio quanto a tal assunto não se torne ele objeto de discussão.” (Obreiros Evangélicos, p. 314).

Tendo esse princípio em mente, vamos à resposta das questões levantadas anteriormente. No que se refere às relações sexuais, o pensamento prevalecente entre os adventistas, é de que não haverão novos casamentos, nem relacionamento conjugal (sexual) na Nova Terra, pois o modo de vida será diferente do que temos atualmente sob o pecado.

Porém, existem algumas teorias de que o casamento foi instituído por Deus no Éden, e que não há nenhum problema no casamento santo e fiel entre marido e mulher. Portanto, para estas pessoas, mesmo durante a eternidade, continuarão a existir os relacionamentos conjugais normais que existem hoje, em nosso mundo. Mas entendemos que não existirá relacionamento conjugal, novos casamentos, nem contatos íntimos na Nova Terra, mesmo entre os que já são casados aqui.

Um indicativo de que a estrutura familiar humana será modificada é a declaração de Jesus acerca de casamentos na vida futura: “Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mt 22:30). Há pessoas que não se conformam com a possibilidade de que na sociedade da Nova Terra não mais existam relacionamento sexual. Tais coisas devem-se à realidade humana sobre a Terra. Não temos garantias de sua continuidade, mas, certamente sabemos que Deus não nos privará de algo valioso sem substituir em maior dimensão por outras coisas que nos proporcionem alegrias e prazeres eternos. Jesus afirmou no mesmo texto de Mateus 22:29 que as pessoas que duvidam da capacidade de Deus são como os saduceus aos quais ele afirmou: “errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.”

Ellen G. White de forma inspirada mencionou que preocupações desta natureza não deveriam invadir nossa mente: “Homens há, hoje em dia, que exprimem sua crença em que haverá casamentos e nascimentos na Nova Terra; aqueles, porém, que acreditam nas Escrituras, não podem aceitar tais doutrinas. A doutrina de que nasçam crianças na Nova Terra não é parte da 'firme palavra da profecia' (...) É presunção condescender com suposições e teorias quanto a temas que Deus não nos deu a conhecer em Sua Palavra. Não necessitamos entrar em especulação relativamente ao nosso estado futuro” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pp. 172 e 173).

Há uma outra declaração de Ellen G. White que contribui para esclarecer a origem das crenças referentes a casamento na nova terra. Em carta endereçada a determinado irmão ela afirmou:

"O inimigo ganha muito quando consegue levar a imaginação de um dos escolhidos servos de Jeová a demorar o pensamento nas possibilidades de associação, no mundo por vir, com uma mulher a quem ama, e ali criar família. Não precisamos desses quadros aprazíveis. Todos esses pontos de vista se originam da mente do tentador. Temos a clara afirmação de Cristo de que no mundo vindouro os redimidos “não se casam, nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”. (Lc 20:35 e 36). Foi-me apresentado o fato de que as fábulas espirituais estão levando cativos a muitos. Tua mente é sensual e, a menos que venha uma mudança, isso se demonstrará tua ruína. A todos os que condescendem com fantasias profanas, desejo dizer: Parai por amor de Cristo, parai exatamente onde estais. Estais em terreno proibido. Arrependei-vos, eu vos rogo, e convertei-vos" (Carta 231, 1903).

Desse modo, pode-se perceber que os ensinos relacionados com a realização de casamentos, relações sexuais e procriação a terem lugar na Nova Terra têm sua origem e inspiração com Satanás, o inimigo de Deus. Como bem se pode constatar, não haverá relacionamento conjugal na vida pós-ressurreição, no sentido de relações íntimas e procriação. Por outro lado, haverá convivência familiar. Com relação à questão se continuaremos unidos à nossa família após a volta de Jesus, existem três declarações de Ellen G. White que oferece esclarecimento.

Para um irmão que perdeu a esposa, Ellen White escreveu:

"Oraremos por vós e por vossos preciosos pequeninos, para que possais, mediante paciente continuação em fazer o bem, conservar vossa face e vossos passos sempre em direção do Céu. Oraremos para que tenhais influência e êxito em guiar vossos pequenos, a fim de que, com eles, possais alcançar a coroa da vida, e no lar lá de cima, que agora está sendo preparado para nós, vós e vossa esposa e filhos possais ser uma família reunida, feliz e jubilosa, para nunca mais vos separardes" (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pp. 262-263).

Escrevendo para crianças que perderam o pai, Ellen G. White as encoraja com estas palavras:

“Dai vosso coração ao amante Salvador, e fazei tão-somente aquilo que é agradável a Sua vista. Não façais nada que entristeça vossa mãe. Lembrai-vos de que o Senhor vos ama, e que cada um de vós pode tornar-se membro da família de Deus. Se fordes fiéis aqui, quando Ele vier nas nuvens do céu revereis vosso pai, e sereis uma família unida” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pp. 265-266).

Ellen G. White também escreve essa tocante passagem:

“Ao surgirem os pequeninos, imortais, de seu leito poento, imediatamente seguirão caminho, voando, para os braços maternos. Reencontrar-se-ão, para nunca mais se separarem” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 260).

Portanto, mesmo que o relacionamento sexual íntimo deixe de existir na Nova Terra, as famílias que forem salvas permanecerão juntas por toda a eternidade.

Ellen G. White, que teve o privilégio de ter uma visão do mundo de amanhã, diz-nos: “Foi-me revelada a glória do mundo eterno. Quero dizer-vos que vale a pena alcançar o Céu. Deve ser o objetivo de vossa vida habilitar-vos para o convívio dos remidos, dos santos anjos, de Jesus, o Redentor do mundo” (Maranata, o Senhor Vem!, p. 353).

Alguns não conseguem compreender por que na nova ordem da vida pós-ressurreição não haverá casamento, relações sexuais e procriação. Argumentam que aquilo que era bom e não tinha relação com o pecado deveria continuar na eternidade. Pareceria uma injustiça privar os salvos da intimidade do relacionamento conjugal. Neste aspecto, trata-se de uma subestimação pueril do caráter e poder de Deus. É bom lembrar as palavras do apóstolo Paulo: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam” (1Co 2:9). É preciso confiar, Deus tem algo infinitamente melhor entesourado para os Seus filhos redimidos do que casamento e sexo. Certamente os relacionamentos na vida por vir serão mais íntimos do que no casamento, e a comunicação, mais profunda do que o sexo.

Adaptação de textos de Centro White e A Verdade Como é em Jesus

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