O rock traz à tona o “animal” que há em todos nós. Pelo menos em alguns casos, como a versão distorcida do hino nacional americano de Jimi Hendrix de Woodstock em 1969.
Segundo um novo estudo da Universidade da Califórnia (Los Angeles, EUA), certas alterações repentinas de tom e frequência em uma música acionam os mesmos mecanismos emocionais em nós que os sinais de alerta de perigo nos animais.
Quando os animais sinalizam perigo, eles forçam uma grande quantidade de ar através da sua caixa de voz muito rapidamente, produzindo um efeito dissonante projetado para capturar a atenção e provocar uma resposta emocional em outros animais.
Sendo assim, a música de Hendrix, bem como trilhas sonoras de filmes de terror como o som estridente da cena do chuveiro em Psicose (filme de 1960 de Alfred Hitchcock), provocam reações fortes nas pessoas (aliás, estudos indicam que as partituras musicais que acompanham clássicos de terror e drama tendem a imitar sons que naturalmente afligem as pessoas, como ruídos estáticos ou gritos).
E eis aqui uma curiosidade: como esses sons são também associados ao perigo, essas fortes reações incluem geralmente emoções negativas, como sentimento de raiva, tristeza, medo. Faz sentido, não?
“Esse estudo ajuda a explicar porque a distorção do Rock and Roll anima as pessoas: ela traz à tona o animal em nós. Os compositores têm conhecimento intuitivo do que parece assustador, sem saber por quê. O que eles geralmente não percebem é que estão explorando nossas predisposições de ficar excitado e ter emoções negativas ao ouvir determinados sons”, explica Greg Bryant, autor do estudo.
Me peguei até pensando na imagem que o rock tem: de algo muitas vezes sombrio, triste, violento, invocando até um certo preconceito em relação aos amantes do estilo, considerados “do mal” por alguns.
Aliás, um estudo da Universidade de Cambridge (Reino Unido) confirmou que as pessoas fazem suposições sobre a personalidade e valores dos outros com base nas suas preferências musicais.
O rock tem muitos fãs, mas quem sabe essa “tendência à negatividade” não esteja prejudicando um pouco o estilo musical. Genericamente, o nosso cérebro tem tendência a gostar mesmo é de música clássica; segundo pesquisa do biólogo Nicholas Hudson, as pessoas tendem a gostar de músicas que soam “complexas” aos ouvidos, mas que são “decifráveis” e facilmente “compactadas” pelo cérebro, exatamente como as composições eruditas.
Mas, voltando à famosa pesquisa de Cambridge, aqueles que gostam de música clássica são vistos como feios e tediosos (é mole?), enquanto roqueiros são considerados emocionalmente instáveis e fãs de pop são vistos como pessoas “genéricas” (claro, afinal, são músicas “pop” porque são “populares” e “todo mundo” ouve. É nessa hora que um “emocionalmente instável” se irrita).
No estudo, várias peças de 10 segundos de música original foram compostas, projetadas para serem genéricas e emocionalmente neutras, ou começarem devagar e em seguida distorcerem de repente.
Estudantes voluntários acharam as músicas distorcidas mais emocionantes e mais carregadas de sentimento negativo.
Em um estudo paralelo, os pesquisadores colocaram as mesmas composições em clipes de vídeo emocionalmente neutros, com pessoas caminhando ou tomando café. Um outro grupo de voluntários viu os vídeos e não achou a música distorcida mais excitante, mas a percebeu como mais negativa, mostrando que imagens não neutralizam o conteúdo emocional da música.
Fonte: Telegraph / Hypescience
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