quarta-feira, 27 de maio de 2015

451 anos da morte do reformulador religioso João Calvino


Claro, assim como qualquer homem com exceção de Jesus Cristo, João Calvino era imperfeito. Sua reputação não se deve à infalibilidade, mas à sua incansável submissão às Escrituras como a Palavra de Deus em uma época em que a Bíblia havia sido praticamente engolida pela tradição da igreja. Ele nasceu em Julho de 1509, em Noyon, França, e estudou nas melhores universidades de Direito, Teologia e Línguas Clássicas. Aos vinte e um anos de idade, foi dramaticamente convertido de um Catolicismo medieval centrado em tradições para uma fé evangélica bíblica e radicalmente centrada em Cristo e Sua Palavra. Ele disse:
"Deus, através de uma repentina conversão, subjugou e levou minha mente para um estado em que agora ela podia ser ensinada, e ela estava mais endurecida em relação a esses assuntos do que já estivera em fases anteriores de minha vida. Tendo, pois, recebido um pouco do gosto e conhecimento da verdadeira piedade, fui imediatamente inflamado por um desejo tão intenso de entender melhor que, apesar de não ter abandonado completamente os outros estudos, passei a buscá-los com menor entusiasmo."
Há uma razão de por que Calvino afastou-se de seus outros estudos para ingressar em uma vida dedicada a Palavra de Deus. Algo dramático aconteceu em sua percepção da realidade conforme ele mesmo lia as Escrituras. Ele ouviu nelas a voz de Deus e viu a majestade de Deus:
"Assim sendo, esse poder que é peculiar às Escrituras se torna claro a partir do fato de que, dentre todos os escritos humanos, embora artisticamente belos, não existe um único capaz de nos afetar como as Escrituras o fazem. Leia Demóstenes ou Cícero; leia Platão, Aristóteles e outros desse porte. Eles irão, admito, encantá-lo, agradá-lo, emocioná-lo, entusiasmá-lo de uma maneira maravilhosa. Mas lance mão deles e vá para a leitura sagrada. Então, seja você quem for, elas irão te impactar tão profundamente, penetrarão tanto seu coração e se fixarão no âmago de seu ser que, considerando as impressões mais profundas delas, o vigor dos oradores e filósofos praticamente desaparecerão. Consequentemente, é fácil perceber que as Sagradas Escrituras, que em muito ultrapassam todos os dons e graças do empreendimento humano, sopram algo divino."
Após essa descoberta, Calvino foi completamente “aprisionado” pela Palavra de Deus. Ele foi um pregador em Genebra por vinte e cinco anos até sua morte, aos cinquenta e quatro, em 27 de Maio de 1564. Seu costume era pregar duas vezes no domingo e uma vez todos os dias em semanas alternadas; ou seja, pregava, em média, dez vezes a cada duas semanas. Seu método era pegar poucos versículos, explicá-los e aplicá-los para a fé e vida do povo. Trabalhou dessa forma livro após livro. Por exemplo, ele pregou 189 sermões no livro de Atos, 271 em Jeremias, 200 em Deuteronômio, 343 em Isaías e 110 em 1 Coríntios. Uma vez ficou exilado por cerca de dois anos. Retornando à Genebra, foi para seu púlpito na Igreja de São Pedro e retomou os sermões a partir do texto em que havia parado.

Essa incrível devoção à exposição da Palavra de Deus ano após ano foi devido a sua profunda convicção de que a Bíblia é a própria Palavra de Deus. Ele disse:
"A lei e as profecias não são ensinamentos que provêm da vontade humana, mas decretados pelo Espírito Santo… Devemos às Escrituras a mesma reverência que é devida a Deus, porque ela procede dEle somente, e não tem nada do homem misturado nela."
O que Calvino viu na Bíblia, acima de tudo, foi a majestade de Deus. Ele disse que através das Escrituras, “de um modo que excede o julgamento humano, somos completamente convencidos, como se contemplássemos nela a majestade do próprio Deus”

A Bíblia, para Calvino, era acima de tudo um testemunho de Deus sobre a majestade de Deus. Isso levou inevitavelmente ao que é o coração do Calvinismo. Benjamin Warfield coloca da seguinte maneira:
"Calvinista é a pessoa que vê Deus por trás de todos os fenômenos, e em tudo que ocorre reconhece a mão de Deus… ‘que faz da atitude da alma voltada a Deus em oração uma atitude permanente…’ e se lança na graça de Deus somente, excluindo qualquer traço de dependência em si próprio em todo o processo de salvação."
É isso o que quero ser: alguém que exclui todos os traços de dependência em si mesmo em todo o processo de salvação. Dessa maneira, desfrutarei da paz que reside em Deus somente, e Deus receberá toda a glória como aquele do qual e através do qual e para o qual são todas as coisas, e a mensagem da igreja ressoará para todas as nações.

John Pipper | Traduzido por Alex Daher | Reforma21.org | Original aqui

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