sexta-feira, 30 de outubro de 2015

498 anos de Reforma Protestante e os Mártires da Fé


Para alguns, Lutero é um ogro que destruiu a unidade da Igreja Católica Romana, uma besta selvagem, um monge renegado determinado a acabar com os fundamentos da vida monástica. Para outros, ele é o grande herói que liderou a pregação do evangelho puro de Jesus e da Bíblia, o reformador de uma igreja corrupta. Em 31 de outubro de 1517, véspera da festa católica de Todos os Santos, Martinho Lutero anunciou suas teses, e o impacto foi tal que a data é apontada como o início da Reforma Protestante. 

Poucas pessoas na história do cristianismo têm sido discutidas tão acaloradamente como Lutero. Ele mudou o curso da história pela coragem, desafiando o poder do papado e do império, mantendo pontos de vista contrários à prática e preceitos da religião estabelecida, o catolicismo romano, por serem conflitantes ao conteúdo da Bíblia. 

O principal ensinamento do Evangelho contra o qual Lutero se rebelou foi o da penitência. A salvação é graça de Deus e não pagamos nada por isso. A centelha que se acendeu no ex- monge provavelmente veio em 1515, quando Lutero começou a dar palestras sobre a carta de Paulo aos Romanos. Como ele mesmo disse, foi logo no primeiro capítulo do livro que Lutero encontrou a resposta às suas dificuldades. 

Por conseguinte, o monge passa a comentar sobre sua descoberta: “Senti que nasci de novo e que eu havia sido carimbado para entrar no paraíso. Toda a Escritura teve um novo significado. E desde então 'a justiça de Deus' passou a indescritivelmente doce para mim estava sob um grande amor “. 

Lutero parece ter sido um homem relativamente calmo, dedicado aos seus estudos e com lutas espirituais. Sua grande descoberta – ele trouxe uma nova compreensão da Palavra de Deus – não o levou imediatamente a protestar contra a forma como a Igreja Católica Romana ainda compreende a fé cristã. Pelo contrário, o monge dedicado continuou os seus ensinamentos e pastorais e, embora haja evidências de que mostrou sua nova teologia, não tinha intenção de se opor ao que ensinavam no catolicismo romano. 

Em 1517, quando Lutero pregou – a forma de se divulgar os fatos na época – suas famosas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, não tinha a intenção de criar uma turbulência religiosa. Ele anunciou as teses na véspera da festa de Todos os Santos e o impacto foi tal que marcou a data de 31 de outubro, como o início da Reforma Protestante e da reafirmação da palavra Deus. 

As 95 teses estão condenadas pela Igreja Católica Romana desde 15 de junho de 1520. Lutero, então, abertamente em conflito com a Igreja Católica Romana, foi excomungado no início do ano seguinte. O papa Leão X exigiu que Lutero se retratasse pelo menos de 41 de sua teses, mas o monge alemão, já famoso em toda a Europa, rejeitou publicamente. Foi o último passo para o que se tornaria a Reforma Protestante. 

Os Mártires da Fé
O vídeo abaixo, filmado em importantes lugares históricos da Europa, apresenta uma visão panorâmica do declínio do cristianismo pós-apostólico e de sua posterior restauração através de sucessivos reformadores. 

1. Os mártires da fé 
2. Apostasia do cristianismo primitivo 
3. Os Valdenses 
4. João Wycliffe 
5. Huss e Jerônimo 
6. Martinho Lutero



Em comemoração hoje ao Dia da Reforma Protestante, sugiro, como reflexão, a leitura deste trecho do livro O Grande Conflito, de Ellen White (p. 132-133):

Posto que Lutero tivesse sido movido pelo Espírito de Deus para iniciar sua obra, não a deveria ele levar avante sem severos conflitos. As acusações dos inimigos, a difamação de seus propósitos e os injustos e maldosos reparos acerca de seu caráter e intuitos, sobrevieram-lhe como um dilúvio avassalador; e não ficaram sem efeito. Ele confiara em que os dirigentes do povo, tanto na igreja como nas escolas, se lhe uniriam alegremente nos esforços em favor da Reforma. Palavras de animação por parte dos que se achavam em elevadas posições, haviam-lhe inspirado alegria e esperança. Já, em antecipação, vira ele um dia mais radiante despontar para a igreja. Mas a animação tinha-se transformado em censuras e condenações. Muitos dignitários, tanto da Igreja como do Estado, estavam convictos da verdade de suas teses; mas logo viram que a aceitação dessas verdades implicaria grandes mudanças. Esclarecer e reformar o povo corresponderia virtualmente a minar a autoridade de Roma, sustar milhares de torrentes que ora fluíam para o seu tesouro e, assim, grandemente cercear a extravagância e luxo dos chefes papais. Demais, ensinar o povo a pensar e agir como seres responsáveis, buscando apenas de Cristo a salvação, subverteria o trono do pontífice, destruindo finalmente sua própria autoridade. Por esta razão recusaram o conhecimento a eles oferecido por Deus, e se dispuseram  contra Cristo e a verdade pela sua oposição ao homem que Ele enviara para os esclarecer.
 Lutero tremia quando olhava para si mesmo – um só homem opor-se às mais poderosas forças da Terra. Algumas vezes duvidava se havia sido, na verdade, levado por Deus a colocar-se contra a autoridade da igreja. “Quem era eu”, escreveu ele, “para opor-me à majestade do papa, perante quem… os reis da Terra e o mundo inteiro tremiam? … Ninguém poderá saber o que meu coração sofreu durante estes primeiros dois anos, e em que desânimo, poderia dizer em que desespero, me submergi.” – D”Aubigné. Mas ele não foi abandonado ao desânimo. Quando faltou o apoio humano, olhou para Deus somente, e aprendeu que poderia arrimar-se em perfeita segurança Àquele todo-poderoso braço.     A um amigo da Reforma, Lutero escreveu: “Não podemos atingir a compreensão das Escrituras, quer pelo estudo quer pelo intelecto. Teu primeiro dever é começar pela oração. Roga ao Senhor que te conceda, por Sua grande misericórdia, o verdadeiro entendimento de Sua Palavra. Não há nenhum intérprete da Palavra de Deus senão o Autor dessa Palavra, como Ele mesmo diz: “E serão todos ensinados por Deus.” Nada esperes de teus próprios trabalhos, de tua própria compreensão: confia somente em Deus, e na influência de Seu Espírito. Crê isto pela palavra de um homem que tem tido experiência.” – D”Aubigné. Eis aqui uma lição de importância vital para os que sentem que Deus os chamou a fim de apresentar a outrem as verdades solenes para este tempo. Estas verdades suscitarão a inimizade de Satanás e dos homens que amam as fábulas que ele imaginou. No conflito com os poderes do mal, há necessidade de algo mais do que força de intelecto e sabedoria humana.
Quando inimigos apelavam para os costumes e tradições, ou para as afirmações e autoridade do papa, Lutero os enfrentava com a Bíblia, e com a Bíblia unicamente. Ali estavam argumentos que não podiam refutar; portanto os escravos do formalismo e superstição clamavam por seu sangue, como o fizeram os judeus pelo sangue de Cristo. “Ele é um herege”, bradavam os zelosos romanos. “É alta traição à igreja permitir que tão horrível herege viva uma hora mais. Arme-se imediatamente para ele a forca!” – D”Aubigné.
Lutero, porém, não caiu vítima da fúria deles. Deus tinha uma obra para ele fazer, e a fim de o proteger foram enviados anjos do Céu. Entretanto, muitos que de Lutero tinham recebido a preciosa luz, tornaram-se objeto da ira de Satanás, e por amor à verdade sofreram corajosamente tortura e morte.
  Os ensinos de Lutero atraíram a atenção dos espíritos pensantes de toda a Alemanha. De seus sermões e escritos procediam raios de luz que despertavam e iluminavam a milhares. Uma fé viva estava tomando o lugar do morto formalismo em que a igreja se mantivera durante tanto tempo. O povo estava diariamente perdendo a confiança nas superstições do romanismo. As barreiras do preconceito iam cedendo. A Palavra de Deus, pela qual Lutero provava toda a doutrina e qualquer reclamo, era semelhante a uma espada de dois gumes, abrindo caminho ao coração do povo. Por toda parte se despertava o desejo de progresso espiritual. Fazia séculos que não se via, tão generalizada, a fome e sede de justiça. Os olhos do povo, havia tanto voltados para ritos humanos e mediadores terrestres, volviam-se agora em arrependimento e fé para Cristo, e Este crucificado.

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