Diante das suspeitas em relação à qualidade da carne produzida no Brasil, muitos internautas têm demonstrado dúvidas quanto ao consumo do alimento. Para esclarecê-las, a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) conversou com o diretor do departamento de Saúde da Igreja Adventista em oito países sul-americanos, o médico oncologista Rogério Gusmão, que comparou o valor nutricional da carne com a alimentação vegetariana.
As notícias que envolvem a suposta falta de qualidade na carne produzida no Brasil indicam que, principalmente no atual contexto, há riscos em seu consumo?
Sem dúvida. A corrupção em órgãos fiscalizadores põe em risco todo o sistema que é bem montado e validado internacionalmente, segundo os mais rigorosos padrões da controle de qualidade do mundo.
Quanto à sua utilização, a carne é necessária para o organismo, dispensável ou pode ser substituída por outros alimentos sem prejuízo ao corpo?
Totalmente substituível. Mesmo para vegetarianos estritos ou veganos, existe como substituí-la com segurança, mantendo um padrão nutricional no mesmo nível do que os que fazem constante uso da carne, inclusive para atletas de alta performance.
Qual é a grande vantagem da alimentação vegetariana estrita ou ovolactovegetariana?
Possuir o mesmo valor nutricional com menor risco de contaminação, doenças e toxicidade. Imagine uma goiaba deteriorada e cheia de bichos. Isso é fácil de identificar e rejeitar. Porém, ainda que você consuma esse alimento de maneira desavisada, temos de admitir que os efeitos serão muito menos graves do que se isso acontecer com um produto cárneo. Portanto, a alimentação vegetariana é muito mais saudável e segura.
Qual é a orientação da Igreja Adventista quanto à ingestão de carne?
A Igreja orienta que ela deve ser substituída por diversas razões. Algumas delas:
– Os animais foram criados para ser nossos amigos e não nossa fonte de alimento. Assim será na eternidade, e nós estamos nos preparando para viver esse período.
– O alimento cárneo envolve a morte de criaturas que possuem sentimentos e emoções, e o processo de transporte e abate, e às vezes até a criação desses animais em confinamento insano, leva as pessoas envolvidas a um embrutecimento e insensibilidade com o sofrimento e a morte.
– A carne está muito mais associada a doenças transmissíveis e não transmissíveis que o alimento vegetariano.
– O fator segurança é importante, pois se sabe que de 1 a 5% dos animais podem morrer no transporte e que outros tantos serão reprovados no exame clínico antes e depois de sua morte por um médico veterinário criterioso. O descarte desse produto representa renúncia de milhões de dólares e o dinheiro sempre será um convite à fraude, suborno e busca por abatedouros menos criteriosos. [Com informações da ASN]
Nota: Há mais de cem anos, a escritora inspirada Ellen White já havia dado o recado:
"Quando se deixa o uso da carne, há muitas vezes uma sensação de fraqueza, uma falta de vigor. Muitos alegam isso como prova de que a carne é essencial; mas é devido a ser o alimento desta espécie estimulante, a deixar o sangue febril e os nervos estimulados, que assim se lhes sente a falta. Alguns acham tão difícil deixar de comer carne como é ao bêbado o abandonar a bebida; mas se sentirão muito melhor com a mudança.
Quando se abandona a carne, deve-se substituí-la com uma variedade de cereais, nozes, verduras e frutas, os quais serão a um tempo nutritivos e apetitosos.
O lugar da carne deve ser preenchido com alimento são e pouco dispendioso. A esse respeito, muito depende da cozinheira. Com cuidado e habilidade se podem preparar pratos que sejam ao mesmo tempo nutritivos e saborosos, substituindo, em grande parte, o alimento cárneo. Em todos os casos, educai a consciência, aliciai a vontade, supri alimento bom, saudável, e a mudança se efetuará rapidamente, desaparecendo em breve a necessidade de carne.
Não é o tempo de todos dispensarem a carne da alimentação? Como podem aqueles que estão buscando tornar-se puros, refinados e santos a fim de poderem fruir a companhia dos anjos celestes continuar a usar como alimento qualquer coisa que exerça tão nocivo efeito na alma e no corpo? Como podem tirar a vida às criaturas de Deus a fim de consumirem a carne como uma iguaria? Volvam antes à saudável e deliciosa alimentação dada ao homem no princípio, e a praticarem e ensinarem a seus filhos a misericórdia para com as mudas criaturas que Deus fez e colocou sob nosso domínio."
[A Ciência do Bom Viver, p. 316-317]
"Pensem na crueldade que o regime cárneo envolve para com os animais, e seus efeitos sobre os que a infligem e nos que a observam. Como isso destrói a ternura com que devemos considerar as criaturas de Deus. [...] Os animais são muitas vezes transportados a longas distâncias e sujeitos a grandes sofrimentos para chegar ao mercado. Tirados dos verdes pastos e viajando por fatigantes quilômetros sobre cálidos e poentos caminhos, ou aglomerados em carros sujos, febris e exaustos, muitas vezes privados por muitas horas de alimento e água, as pobres criaturas são conduzidas para a morte a fim de que seres humanos se banqueteiem com seu cadáver."
[Conselhos sobre Regime Alimentar, p. 314-315]
“A carne nunca foi o alimento melhor; seu uso agora é, todavia, duplamente objetável, visto as moléstias nos animais estarem crescendo com tanta rapidez. [...] Quando os que conhecem a verdade tomarão atitude ao lado dos princípios corretos para o tempo e a eternidade? Quando serão fiéis aos princípios da reforma de saúde? Quando aprenderão que é perigoso usar alimentos cárneos? Estou instruída a dizer que, se em algum tempo foi seguro comer carne, não o é agora”
[A Ciência do Bom Viver, p. 313]
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