sexta-feira, 3 de julho de 2020

Dia de São Tomé

O Dia de São Tomé é celebrado hoje pelos católicos. Um exemplo bíblico de alguém que exercitou o ceticismo e a incredulidade é Tomé. Ele é mencionado 11 vezes no Novo Testamento. É um dos 12 apóstolos e seu nome vem de uma palavra grega que significa “gêmeo”.
 
Nem sempre é simples perceber quando devemos acreditar e quando devemos duvidar. Principalmente quando o assunto é a fé. Mas haveria algum espaço para a dúvida na vida cristã? Uma boa definição explica a dúvida como um estado entre fé e incredulidade. A dúvida não seria uma coisa ou outra, apenas um meio-termo. Tem uma frase interessante de Ian Judson que diz: “Dúvida é uma pergunta sincera, descrença é não querer ouvir a resposta.”

A essa altura, alguém perguntaria: “Espere um minuto: Jesus não repreendeu Tomé por ter duvidado?” É válido refletirmos sobre o que realmente aconteceu. Ellen G. White narra assim:

"Quando Jesus Se encontrou pela primeira vez com os discípulos no cenáculo [depois da ressurreição], Tomé não se achava com eles. Ouviu a narração dos outros, e teve abundantes provas de que Jesus tinha ressuscitado; mas a tristeza e a incredulidade enchiam-lhe o coração. Estava decidido a não crer, e por uma semana inteira aninhou aqueles infelizes pensamentos, que pareciam tanto mais sombrios quando contrastavam com a esperança e a fé dos irmãos. Amava ardentemente ao Senhor, mas permitira que ciúme e incredulidade lhe tomassem posse da mente e do coração" (MM 1971 - Vidas que Falam, p. 371).

Tomé é lembrado por ter duvidado da ressurreição de Cristo. Como não havia testemunhado a primeira aparição de Jesus, ao rever o grupo e saber da notícia, ele afirmou firmemente: 

“Se eu não vir as marcas dos pregos nas Suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei” (João 20:25, NVI).

Jesus Se reencontrou com os discípulos uma semana depois da declaração de Tomé. Cristo desafiou Tomé:

“Coloque o seu dedo aqui; veja as Minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no Meu lado. Pare de duvidar e creia” (João 20:27, NVI).

Por que Jesus reagiu de forma tão severa ao lidar com a dúvida de Tomé? Será que toda dúvida é sempre errada? 

Uma coisa é ter dúvidas que sejam fruto de nossa incapacidade de entender determinado fato ou explicação. Outra coisa, bem diferente, é continuar duvidando quando as respostas estão bem à nossa frente! E o que aconteceu com o vacilante Tomé? Apesar de sua fraqueza, o paciente amigo Jesus tratou Tomé de tal maneira que ele se sentiu acolhido e disposto a seguir o Mestre. Vejamos o que diz Ellen G. White:

"Na Sua maneira de tratar com Tomé, Jesus deu uma lição para Seus seguidores. Seu exemplo nos mostra como devemos tratar aqueles cuja fé é fraca, e põem suas dúvidas em destaque. Jesus não esmagou a Tomé com censuras, nem entrou com ele em discussão. Revelou-Se ao duvidoso. Tomé fora muito irrazoável em ditar as condições de sua fé, mas Jesus, por Seu generoso amor e consideração, derribou todas as barreiras. Raramente se vence a incredulidade pela discussão" (O Desejado de Todas as Nações, p. 570).

Confira também o que Ellen G. White nos diz acerca de nossas dúvidas na vida cristã:

"A Palavra de Deus, como o caráter de seu divino Autor, apresenta mistérios que não podem ser nunca perfeitamente compreendidos por criaturas finitas. A entrada do pecado no mundo, a encarnação de Cristo, a regeneração, a ressurreição, e muitos outros assuntos apresentados na Bíblia, são mistérios demasiado profundos para serem explicados, ou mesmo cabalmente compreendidos pelo espírito humano. Não temos, porém, motivos de duvidar da Palavra de Deus pelo fato de não podermos compreender todos os mistérios de Sua providência. [...] Os que querem duvidar têm suficiente oportunidade para isso. Deus não Se propõe fazer desaparecer toda ocasião para a incredulidade. Apresenta evidências que precisam ser cuidadosamente analisadas, com espírito humilde e suscetível ao ensino; e todos devem julgar pela força dessas mesmas evidências. Deus dá aos espíritos sinceros suficientes evidências para crer; o que, porém, voltar os olhos da força dessas provas, somente porque deparou algumas coisas que sua inteligência finita não apreende, será abandonado à atmosfera glacial da incredulidade e da dúvida, vindo a experimentar o naufrágio da fé" (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, pp. 671-680).

Você tem dúvidas? Ótimo! Deus tem mais do que boas respostas: Ele oferece Seu companheirismo. Ellen G. White afirma:

"Jesus está sempre pronto a comunicar paz às almas carregadas de dúvidas e temores. Espera que Lhe abramos a porta do coração, convidando: Fica conosco. Ele diz: 'Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo' (Apocalipse 3:20)" (O Desejado de Todas as Nações, p. 567).

Há muitas coisas que você não entenderá completamente. Para outras, você terá farta evidência ao longo da jornada. Com base naquilo que podemos assimilar por meio de nossa mente limitada, devemos decidir confiar no Salvador e declarar como Tomé: 

“Senhor meu e Deus meu!” (João 20:28, NVI).

[Ilustração: A Incredulidade de São Tomé, obra de Caravaggio de 1599]

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