Estive nos
Estados Unidos, certa vez, poucos dias antes do fatídico dia de a
maioria das pessoas assumirem um lado tétrico e de nítida apologia à
morte e fiquei surpreso. Uma semana antes, casas eram “decoradas” com
alguma coisa que parecia ser teia de aranha, além de réplicas de lápides
de cemitério com a inscrição RIP (que significa rest in peace,
ou descanse em paz, em alusão clara ao falecimento). Sem falar na
quantidade absurda de abóboras sem recheio que “enfeitam” a frente de
muitas residências.
Enquanto isso, do outro
lado da rua, em uma igreja cristã, a amnésia histórica tomou conta dos
cristãos que, um dia, de alguma forma, estiveram ligados a um episódio
emblemático ocorrido também num 31 de outubro (de 1517), no distante
castelo de Wittenberg, na Alemanha. Ali, um monge questionador e sincero
temente a Deus, chamado Martinho Lutero, afixou na porta do castelo o
que se convencionou chamar de as 95 teses sobre justificação pela fé.
Talvez não saibamos de memória o conteúdo do que Lutero escreveu, mas
sabemos que ele questionava atitudes, conceitos e ensinamentos
contrários à Bíblia. E mais ainda: ele exaltava a Bíblia como regra de
fé para os que se dizem seguidores de Cristo.
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
Halloween ou Reforma Protestante?
Doces ou travessuras? É a pergunta tradicional feita há muitos anos por crianças em várias partes do mundo, inclusive em alguns lugares do Brasil, no tal Halloween ou Dia das Bruxas, que é lembrado no 31 de outubro. Não se sabe bem a origem da data, mas tem a ver com cultos pagãos da antiga Europa e com tradições que conduzem ao Dia dos Mortos. Pessoas, sobretudo os pequenos, saem de casa fantasiadas de bruxas ou bruxos, ou mesmo de monstros, em uma estranha honra ou reconhecimento a algo que talvez nem entendam exatamente do que se trata.
Mas a
pergunta hoje é outra. Aliás, há outras indagações. O que está sendo
mais bem promovido: o Halloween ou a Reforma Protestante? O que é mais
lembrado pela sociedade, especialmente a que se autodeclara cristã e
conhecedora da Bíblia Sagrada?
O tempo vai passando, mas o Halloween é visto na TV, nas lojas de brinquedos, nos adereços dos supermercados, dos shoppings,
nas escolas e ouso até acreditar que em algumas igrejas. A atmosfera do
Dia das Bruxas é sentida em vários ambientes e trata de impregnar a
todos quantos for possível. Virou moda. É produto tipo exportação para
crianças e adolescentes que sabem o que devem fazer nesse dia se
quiserem estar em harmonia com a data, mas não sabem, talvez, quem foi
Lutero, desconhecem o que diz na Bíblia e são hesitantes ao falar do
próprio Jesus Cristo.
Não adianta culpar a Europa antiga e nem a atual por seu desprezo à
origem protestante. A responsabilidade é minha e é sua também, que está
lendo esse texto. O cristianismo bíblico precisa estar na mente da
sociedade, especialmente de crianças, adolescentes e jovens. A Bíblia,
contudo, será lembrada com amor, carinho e interesse se for realidade
para esse grupo. Eles precisam ver exemplos de adultos, pais,
professores, líderes, que realmente consideram o livro sagrado do
cristianismo como algo sagrado mesmo. Sagrado, não porque seja
intocável, mas porque é a Palavra de Deus válida para hoje e para
sempre. Palavra que levou um homem solitário como Lutero a escrever
cartas ao líder máximo de sua igreja, à época, pedindo que se
observassem os ensinos ali contidos. Que o levou a defender a fé
inabalável em Jesus Cristo como suficiente para salvação sem necessidade
de indulgências, obras de sacrifício físico, misticismos inventados por
inescrupulosos aproveitadores do fervor sincero.
E então? A maior propaganda da Bíblia parece ser uma vida em harmonia
com ela. Halloween é forte, principalmente porque o espírito de
reformadores, como Lutero, hoje é fraco. Na falta de seguidores fieis e
equilibrados da Bíblia, o povo prefere bruxas, doces e travessuras no 31
de outubro. Mas dá tempo de mudar ainda. Basta os cristãos voltarem a
ser cristãos.
Felipe Lemos (via Comunicação Estratégica) (Título original: Bruxas ou Bíblias?)
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