O conceito
de gerações engloba “o conjunto de pessoas nascidas na mesma época
dentro de um espaço de tempo (aproximadamente 25 anos) que vai de uma
geração a outra” (Minidicionário Aurélio). Cada
geração tende a viver conforme os conceitos preestabelecidos pelo mundo
que a cerca. Fatores econômicos, sociais, religiosos e culturais,
somados aos paradigmas da família, influenciam o comportamento, o
estabelecimento de valores e a formação de seus pontos de vista com
relação à vida.
Embora
sociologicamente as gerações não possuam um limite fixado pela idade e
não exista base cronológica que permita datá-las com exatidão,
cientistas sociais viram a necessidade de nomeação das gerações a fim de
entendê-las melhor. Em linhas gerais, essa nomeação compreende seis
principais gerações:
Tradicionais (até 1945): É a
geração que enfrentou uma grande guerra e passou pela Grande Depressão.
Com os países arrasados, precisaram reconstruir o mundo e sobreviver.
São práticos, dedicados, gostam de hierarquias rígidas, ficam bastante
tempo na mesma empresa (organização) e sacrificam-se para alcançar seus
objetivos.
Baby Boomers (1946-1964): Inicialmente essa nomenclatura não era uma geração, mas era um termo usado para descrever quem nasceu logo após a Segunda Guerra Mundial, quando houve um grande aumento no número de nascimentos, provavelmente resultado da empolgação dos soldados que voltaram da guerra para seus países de origem. O termo foi usado pela primeira vez em um artigo do Washington Post em 1970. São os filhos do pós-guerra, que romperam padrões e lutaram pela paz. Não conheceram o mundo destruído e puderam pensar em valores pessoais e na boa educação dos filhos. Têm relações de amor e ódio com os superiores, são concentrados e preferem agir em consenso com os outros.
Geração X (1965-1977): Com o nome baseado no livro de Douglas Copeland Geração X: Contos para uma cultura acelerada, essa geração é a herdeira do recomeço experimentado pelos Baby Boomers.
Pressionados para serem os melhores, é a geração que experimentou os
livros de autoajuda, programas de auto-treinamento e viveram em
permanente estado de ansiedade – social, financeira e sexual. Nesse
período, as condições materiais do planeta permitiram que os integrantes
dessa geração pensassem em qualidade de vida, liberdade no trabalho e
nas relações. Com o desenvolvimento das tecnologias de comunicação,
tentaram equilibrar vida pessoal e trabalho. Mas, como enfrentaram
crises violentas, incluindo a do desemprego na década de 1980, também se
tornaram céticos e superprotetores.
Geração Y ou Millenials (1978-1999): Nascidos
e crescendo em meio a um mundo onde a tecnologia digital e a internet
se proliferava e se barateava, essa é a geração moldada pela influência high tech. Alguns, herdando os anseios dos Yuppies, se tornaram bilionários da tecnologia com serviços como redes sociais. O nome Geração Y foi usado primeiro em um artigo de Ad Age, já o termo millennials foi cunhado pelos sociologistas Neil Howe e William Strauss. Confortáveis em compartilhar toda sua vida online,
essa é uma geração que experimenta o crescimento da individualidade e
da autossuficiência. De modo geral, é a geração onde ser relevante no
mundo é vivenciar experiências exclusivas e ser interessante.
Geração Z (2000-2009): Nascidos em meio a um turbilhão político e financeiro, a Geração Z é preocupada com seu dinheiro e em fazer do mundo um lugar melhor. É
a primeira geração 100% digital e já nascem em um mundo conectado.
Desse modo, se usam da internet e das tecnologias digitais para se
tornarem mais inteligentes, seguros e maduros, mesmo muito novos. Costumam
ser dispostos a trabalhos voluntários, conscientes da importância da
educação e possuem fortes noções éticas e sociais. De modo geral, é a
geração que abraça a diversidade absorvida na internet e lidera a
mudança ao agir no mundo por meio de ações práticas.
Geração Alpha (a partir de 2010): Herdeiros da segurança e das noções éticas da Geração Z, os Alphas vibram em uma energia de transformação como nunca antes. De
modo geral, é a geração dos conectados e autossuficientes que não verão
mais a tecnologia como algo separado da vida humana. Tudo será
tecnologia digital e tudo estará conectado com o resto do mundo.
Biblicamente,
a duração de uma geração é mutável. O teólogo Alberto Fonseca lembra
que, de acordo com Jó 42:16, uma geração era um período de
aproximadamente 30 a 40 anos e, em Gênesis 15:16, cerca de 100 anos.
Mateus 1 mostra que se tratava de um período de vida humana,
independentemente da duração.
A pedagógica divisão proposta pelos sociólogos e especialistas da
atualidade é parâmetro para tentar compreender os valores humanos
contemporâneos. Eles afirmam que, em uma família, várias gerações estão
presentes: avós, pais, filhos e netos. Isso significa distintas visões
de mundo e presença de variados pensamentos, conceitos e valores. E como
cada geração tem sua maneira de agir, sentir, pensar e decidir,
diversos conflitos acabam aparecendo.
Nos últimos anos, o choque de gerações, que era mais visível apenas no
contexto familiar, passou a ser o grande quebra-cabeças dos
especialistas em recursos humanos, especialmente por causa da inserção
de um grande número de jovens na faixa etária entre 20 e 30 anos em
postos hierarquicamente elevados nas mais diferentes organizações.
O embate de gerações existe não somente na família e no ambiente de
trabalho, mas também em toda relação de convivência de pessoas com
intervalos diferentes de idade geracional, e isso inclui a igreja, pois
ela também é um grupo social composto por pessoas de diferentes
segmentos etários. Ela é palco de encontros de famílias e de interações,
onde crianças, adolescentes e jovens participam de atividades
litúrgicas e diversos outros eventos com seus pais e demais adultos das
mais variadas idades.
Nesse contexto, uma vez que a igreja pode ser classificada como
multigeracional, é necessário muito esforço para atender as necessidades
de todas as gerações que a compõem. Essa realidade leva a sérias
questões: (1) Como atender as necessidades e expectativas de gerações
tão diversas? (2) Como promover um clima harmonioso entre elas dentro da
igreja? (3) Quais são os principais pontos que devem ser explorados
para diminuir as chances de conflitos? (4) Como a comunidade eclesial
pode desfrutar melhor do imenso potencial dos jovens sem desvalorizar a
experiência dos mais vividos? (5) O que tem contribuído mais para
afastar os jovens das gerações anteriores? (6) Como “agradar” os mais
idosos que cobram o retorno dos “marcos antigos” e, ao mesmo tempo, como
agradar os mais jovens que pedem o avanço das “novas conquistas”?
Para uma reflexão mais acurada sobre a existência de conflitos de
gerações na igreja e a busca de soluções dentro de uma perspectiva
cristã, as pedagógicas divisões geracionais propostas por especialistas
do comportamento humano serão subdivididas em dois grupos: os mais
jovens e os mais idosos. Essa classificação tem a proximidade
cronológica de faixas etárias como principal fator de ligação. Assim, o
primeiro grupo é formado da geração X para trás. E o segundo grupo, a
partir da geração Y. Feita essa divisão, também fica mais fácil garimpar
referências bíblicas que mostram, explícita ou implicitamente, a
tendente conduta comportamental tanto dos mais idosos quanto dos mais
jovens de todas as épocas.
Os mais idosos
A Bíblia apresenta os mais idosos como símbolo da pessoa repleta de
sabedoria e do temor de Deus. Ela também revela que, em momentos
decisivos, o conselho de anciãos se reunia para que o melhor caminho
fosse procurado e indicado. Há amplo consenso no pensamento de que,
quanto mais se vive, mais se acumula experiência. Velhice não é
finalização das atividades, tampouco doença, mas uma fase de riqueza em
sabedoria armazenada num arquivo vivo que, se for sensatamente
“pesquisado”, mostrará como tomar decisões prudentes e como aprender sem
dor desnecessária. Os mais idosos têm perdas no aspecto físico, mas, em
contrapartida, ganham muito em espiritualidade e sensatez.
Entretanto, como alerta a escritora Orfelina Melo no livro Espiritualidade na Terceira Idade e Melhor Idade, “a soma dos anos por si só não jubila ninguém, mas o bom uso dos seus dias colocados a serviço do próximo é que dá sentido, amadurece e plenifica uma existência”. É preciso saber aceitar, mesmo a contragosto, as mudanças que não sepultam princípios. Aceitar algo novo não significa necessariamente aprová-lo ou reprovar o antigo. Aceitar o novo significa aprender a viver com as mudanças inevitáveis na vida pessoal, no lar, na educação, no trabalho, na igreja e na sociedade em geral. Muitos conflitos de gerações surgem devido à falta dessa capacidade. Portanto, diante de algumas mudanças, esse tipo de conduta é uma das maneiras de viver a linda oração coletiva feita por Moisés (Sl 90:12), na qual, após reconhecer a eficácia do incomparável refúgio encontrado em Deus (v. 1) – Sua eternidade e Seu insuperável poder (v. 2, 3) contrastados com a mortalidade e finitude humana (9, 10) –, ele elucida: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.”
Talvez outro ponto a ser
melhorado em algumas pessoas mais vividas seja a prática da arte de
conversar, ou seja, falar com o próximo e ouvi-lo. Não pode haver
interação e harmoniosa amizade entre pessoas que não sabem conversar
umas com as outras. É preciso perseguir o interminável aprimoramento da
prática da comunicação verbal, pois esse é o tipo mais usado nas
relações interpessoais.
Na condição de representante da ala da igreja composta pelos mais idosos, Ellen G. White disse: “Em nossa obra em prol dos jovens, devemos chegar até eles, se os queremos auxiliar. Quando jovens discípulos são vencidos pela tentação, não os tratem os mais experientes com aspereza, nem olhem com indiferença seus esforços. Lembrem-se de que vocês têm manifestado muitas vezes pouca força para resistir ao poder do tentador. Sejam tão pacientes com esses cordeiros do rebanho como gostariam que os outros fossem para com vocês” (Obreiros Evangélicos, p. 209).
Também é
preciso não esquecer que há muitas coisas consideradas importantes, mas
não fundamentais. Logo, muitos conflitos podem ser evitados com bom
senso e tolerância, à medida que se identifica o que é essencial e o que
é secundário; ou o que é inegociável e o que é tolerável. Quantas vezes
ocorrem brigas por algo que, após pouco tempo, não tem valor nenhum
para ninguém? Essa conduta faz parte do preparo para um envelhecimento
que não os torne amargos, alienados e fixados em só falar do passado.
Ter discernimento e sabedoria para desfrutar as conquistas modernas, sem
menosprezar a Bíblia como a mais eficaz bússola para um viver sensato, e
ter abalizada autocrítica para filtrar aspectos positivos e negativos
dos ganhos no mundo atual, é uma das consequências da incessante busca
pela vivência do Salmo 71:18: “Não me desampares, pois, ó Deus, até à
minha velhice e às cãs; até que eu tenha declarado à presente geração a
Tua força e às vindouras o Teu poder.”
Os mais jovens
Um olhar retrospectivo na História mostra que boa parte das grandes
realizações humanas teve pessoas jovens como protagonistas. Atualmente,
não é diferente. A juventude é possuidora de grande potencial; sua
personalidade é formada em uma época de avanços tecnológicos constantes.
Para eles, a tecnologia e a interação digital são tão comuns quanto
escovar os dentes. Conseguem se dedicar a muitas atividades simultâneas,
gostam de desafios, são rápidos, criativos e usam recursos tecnológicos
para criar soluções.
Mas não basta ter potencial e grande aspiração; também é preciso
descobrir o caminho que conduz ao êxito. E todo êxito genuíno e
duradouro tem Deus como esteio. Assim como o jovem não compreende a
ideia de uma vida longe da comunicação instantânea, deve também ser para
ele inconcebível uma vida sem a contínua dependência do Senhor.
A Bíblia faz muitas referências aos mais jovens. Uma delas diz que eles
são fortes quando a Palavra de Deus é mantida no coração deles, e assim
podem vencer continuamente o maligno (1Jo 2:14). Eles também são
exortados a ser criteriosos em todas as coisas (Tt 2:6). São
incentivados a se lembrar do Criador durante a fase da “eterna
juventude”, para depois não ter seu sentido e contentamento de viver
“deletados” pelas vicissitudes da vida, que geralmente se agigantam na
fase adulta (Ec 12:1). Somente observando a Palavra de Deus podem ter
seu caminho purificado (Sl 119:9). E, quando guardam os preceitos de
Deus, podem ser mais prudentes que os idosos (Sl 119:100).
Mesmo sendo possuidor da constante dificuldade que todo mortal tem de conceder a primazia da vida para o Senhor Jesus Cristo, o jovem cristão geralmente reconhece ser imprescindível o senhorio de Cristo para uma existência humana com sentido e verdadeira realização. Porém, quando o foco é a esfera humana, no que tange à relevância do respeito e à convivência harmoniosa com os mais idosos, geralmente os mais jovens sentem muita dificuldade, pois, em relação a eles, possuem ideias, gostos e estilos antagônicos. Por isso, muitas vezes podem considerar as pessoas mais idosas retrógradas e descartadas. No entanto, pelas lentes da Bíblia, o mais idoso pode ser um portador de valores e de experiências e sua riqueza vivencial pode representar relevante contribuição para as outras gerações. Contundentemente, Pedro exorta os jovens a respeitar os mais idosos quando declara: “Rogo igualmente aos jovens: Sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, ao humildes concede a Sua graça” (1Pe 5:5).
Ênio R. Mueller, em seu livro I Pedro: Introdução e Comentário, explica
que a expressão “ser submisso” é uma característica do comportamento
cristão, a qual consiste na decisão de se postar debaixo da liderança de
outros, por amor à ordem e para a prática do bem. Para tanto, é
indispensável o revestimento da humildade. O texto usa o termo “cingir”
como uma figura para a leal disposição com relação a alguma coisa. Nesse
caso, a firme disposição pela humildade. Essa aplicação é relevante
para o realce da contraposição e a constante inimizade entre a humildade
e a repulsiva soberba feita na segunda parte do verso.
Essa
voluntária submissão evoca três aspectos: (1) equivale a respeitar os
mais idosos em respeito a Deus; (2) promove relações interpessoais não
conflitantes; (3) reconhece a vantajosa experiência de vida que os mais
idosos detêm. Provérbios 15:22 diz: “Onde não há conselho, fracassam os
projetos.”
Na escalada da montanha da existência humana, os que apenas passaram do sopé precisam da experiência dos que já estão mais próximos do cimo, para completar o percurso a contento. Nesse contexto, a Bíblia registra a imprudência do jovem monarca Roboão, quando sucedeu seu pai Salomão. Como novo detentor do cetro do reino israelita, “tomou o rei Roboão conselho com os homens idosos, que estiveram na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: ‘Como aconselhais que se responda a este povo?’ Eles lhe disseram: ‘Se te fizeres benigno para com este povo, e lhes agradares, e lhes falares boas palavras, eles se farão teus servos para sempre’” (2Cr 10:6, 7). Com base em 1 Reis 12:9, Ellen G. White explica que, não satisfeito, Roboão se voltou para os jovens que com ele tinham se associado durante sua juventude e maturidade, e inquiriu deles: “Que aconselhais vós, que respondamos a este povo, que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs?” (Profetas e Reis, p. 89). Os jovens sugeriram que ele tratasse asperamente com os súditos de seu reino, e lhes tornasse claro que desde o princípio ele não admitiria interferência com seus desejos pessoais. Inflado pela perspectiva de exercer suprema autoridade, Roboão determinou desconsiderar o conselho dos homens mais idosos do seu reino, e fazer dos jovens seus conselheiros. Como consequência, a nação foi dividida e a parte norte estabeleceu outro rei para si.
Via de
regra, os mais jovens têm mais energia. Contudo, os mais idosos conhecem
melhor o caminho da sensatez, pois o tempo lhes trouxe experiência, e
assim têm condição de errar menos. Por essa ótica, é mais coerente o
conselho que Paulo deu ao jovem Timóteo (1Tm 5:1, 2) de não repreender
asperamente uma pessoa idosa, mesmo quando esta cometesse algum
equívoco; ao contrário, ela deveria ser admoestada como pai ou mãe. A
atitude de menosprezar as pessoas mais idosas por achar que elas são
antiquadas, muito defensivas, incapazes de se comunicar com os mais
jovens, contribui para aumentar os conflitos geracionais tanto nas
relações familiares, especialmente na prática de seus papéis do lar,
quanto nas relações fraternais e funcionais da igreja.
Construção de pontes entre as gerações
A diferença de idade gera conflitos entre as gerações, pois cada uma
delas foi criada em um momento da história que contribuiu distintamente
para a construção de sua cosmovisão. Assim, geralmente existem conflitos
entre pessoas de diferentes faixas etárias. Mas esses embates podem ser
diminuídos se ao menos três aspectos forem considerados.
O primeiro é a efetiva comunicação mutuamente respeitosa. Para Fernando Basto de Ávila, em seu livro Introdução à Sociologia, o
reencontro das gerações, no diálogo leal, na redescoberta de valores
comuns e na convergência de esforços para um projeto solidário que
respeite a colaboração específica de cada uma delas, seria uma sensata
forma de superação do conflito. A esse processo de harmonização de
diferenças etárias e culturais ele denomina de alternativa processiva.
Esse diálogo leal ou mutuamente respeitoso evoca a empatia. Quando todo
esforço é feito a fim de entender a posição do outro apenas como uma
posição diferente – nem melhor nem pior –, a convivência se torna mais
harmoniosa. Mas, para isso, é preciso lembrar que ambos os lados
precisam falar e ser ouvidos. Assim, as dissonâncias existentes na
comunicação serão minimizadas ou até eliminadas.
O segundo aspecto é o da complementaridade geracional, por meio da qual a
compreensão, maturidade e boa vontade aliadas ao tirar proveito do
melhor das duas culturas, pela complementaridade de propósitos, valores,
conhecimentos e habilidades são as chaves para minimizar o conflito de
gerações. Trata-se da tentativa de aproximação da sabedoria dos mais
vividos com o dinamismo dos mais jovens. Dentro da dinâmica
administrativa e funcional da igreja, essa adição e esse intercâmbio
enriquecem os dois lados e presenteiam a comunidade eclesial com ganhos
de sábia experiência e força polivalente devidamente canalizadas. Ellen
G. White endossa a relevância desse aspecto ao declarar: “Necessita-se
de jovens na obra – daqueles que assumam o trabalho com interesse e o
executem zelosa e vigorosamente. Mas o Senhor está, e estará sempre, com
os idosos e firmes líderes que se mantiveram apegados à verdade em
tempos de perigo. Quando o fundamento da fé dos jovens líderes parecer
ser varrido, e tombadas as suas casas, será ouvido dos idosos guerreiros
um testemunho como aquele de Calebe: ‘Eia! Subamos e possuamos a terra,
porque, certamente, prevaleceremos contra ela’ (Nm 13:30)” (Cristo
Triunfante, p. 119). Por outro lado, a falta de coexistência leva a uma
perda de energia que impacta os resultados de forma negativa. Em suma,
essa complementaridade mostra a importância do bom uso das “diferenças”
ao buscar os pontos de convergência e identificação, onde e como cada
uma poderá contribuir mais e melhor.
O terceiro
aspecto é o da unidade cristã como principal evidência da genuína
religião. Ele prega que a Bíblia apresenta princípios aplicáveis para a
situação em estudo que norteiam o diligente cristão que deseja a postura
da integração em vez da deliberada rivalidade. É o caso de Efésios
4:11-16, que primariamente não trata da relação entre diferentes
gerações, mas de dons que o Espírito Santo outorga ao corpo de Cristo,
visando ao crescimento espiritual e relacional de cada integrante da
igreja. Por extensão ou secundariamente, essa unidade pode também ser
buscada pelas diferentes gerações como um alvo supremo, pois, para que a
igreja avance e alcance unidade (v. 13), maturidade (v. 14),
discernimento (v. 14) e perfeição cristã (v. 13 = varonilidade e
estatura da plenitude de Cristo), o verso 15 contundentemente orienta
que é imprescindível viver em amor autêntico para crescer em todos os
aspectos em direção a Cristo. Assim que, vivendo uma relação fraterna em
que haja autêntico amor, caracterizado pelo respeito, paciência,
humildade, afetos ternos, diálogo, bondade, mansidão e todas as demais
marcas do fruto do Espírito Santo (Gl 5:22, 23), não apenas poderá o
povo de Deus superar os conflitos entre pessoas e gerações, mas também
aprender com eles e uns com os outros.
A construção da unidade de gerações não é algo facultativo para o
cristão, pois a “prova dos nove” do genuíno cristianismo declarada por
Jesus diz: “Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos: se tiverdes
amor uns aos outros” (Jo 13:35). Logo, não é suficiente gostar apenas
das pessoas da mesma faixa etária. Também se faz necessário gostar
fraternalmente dos que têm idade, comportamento e concepções diferentes.
Essa conduta constrói pontes e não muros de separação e indiferença.
Caso contrário, o cristianismo não passará de hipócrita e seletiva
religiosidade.
Conclusão
A igreja é mais que um local em que se realizam atividades litúrgicas. É
um grupo social, um lugar de encontro de famílias e de interações reais
entre pessoas das mais variadas faixas etárias. Consequentemente,
embates de gerações ocorrem entre seus integrantes. Mas a igreja também é
uma comunidade de pessoas que foram alcançadas pelo amor divino,
transformadas pela graça e instruídas pela Palavra de Deus. Por isso, é o
melhor lugar para se aprender ou reaprender as coisas que estimulam a
superação dos conflitos entre as gerações. Nela há sempre o incentivo ao
companheirismo sadio, ao reconhecimento das diferenças, do valor e da
capacidade que o outro tem.
Quando os mais jovens e os mais idosos, em situações de conflitos,
praticam respeitoso diálogo, ouvindo um ao outro sem se colocar na
defensiva, e as diferenças são desfocalizadas para se apreciar a riqueza
da complementaridade entre cada um dos lados, os embates são dirimidos.
Como resultado, a comunidade eclesial usufrui melhor do polivalente
potencial dos jovens sem desvalorizar e sem abrir mão da experiência dos
mais vividos. Em Cristo, os mais jovens reprimem a conduta de impor o
ponto de vista deles em detrimento das orientações e advertências dos
mais idosos e os mais idosos não ignoram a dinamicidade dos mais jovens,
pois a força jovial aliada à sábia visão dos idosos forma um exército
poderoso (Pv 20:29). Afinal, pelas lentes da eternidade, a didática
classificação das gerações em Tradicional, Baby Boomer, X, Y, Z, Alpha
proposta pelos cientistas sociais, perde sua aplicação, porque os
redimidos pela graça de Cristo, de todas as idades e épocas, formarão
uma só geração: a dos salvos.
"Como é comovente ver a mocidade e a velhice dependendo uma da outra, o jovem olhando ao idoso quanto aos conselhos e à sabedoria, e o ancião ao adolescente em busca de auxílio e simpatia! Assim é como devia ser" (Ellen G. White - Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 746).
Adaptação do artigo de Josimar Rios Oliveira (via Revista Adventista)
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