quinta-feira, 22 de abril de 2021

ELLEN WHITE FOI UMA AMBIENTALISTA?

Ellen G. White foi uma ambientalista? Estava ela preocupada com questões ligadas à ecologia, reciclagem, poluentes químicos e os efeitos do consumismo desenfreado dos nossos dias? Embora tivesse vivido a maior parte de sua vida no século 19, antes de os plásticos serem inventados, da energia nuclear, de produtos químicos antropogênicos contaminarem nossos rios e córregos e antes de a ganância por petróleo poluir os ecossistemas, ela foi uma forte defensora do cuidado com o meio ambiente. Sua consciência ambiental veio de duas fontes: as Escrituras e a inspiração vinda de Deus.

"Mas o que sobre todas as demais considerações deve levar-nos a apreciar a Bíblia é que nela está revelada aos homens a vontade de Deus. Ali aprendemos o objetivo de nossa criação e os meios pelos quais esse objetivo pode ser atingido. Aprendemos a melhorar sabiamente a presente vida, e a conseguir a futura." (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 53)

Em relação à fonte de seus conselhos, Ellen G. White afirmou:

"Nestas cartas que escrevo, nos testemunhos de que sou portadora, comunico-lhes aquilo que o Senhor me apresentou. Não escrevo um artigo sequer, na revista, expressando meramente ideias minhas. É o que Deus me revelou em visão – os preciosos raios de luz que brilham do trono." (Testemunhos Seletos. vol. 4, p. 261)

Ellen G. White teve uma abordagem holística para sua vida e missão. Assim, para ela, cuidar da Terra não era uma atitude de distração para a alma. De fato, em sua visão de mundo, a própria alma é alimentada através da beleza do mundo criado por Deus.

"[Jesus] veio como embaixador de Deus, para nos mostrar a maneira de viver de modo a conseguir na vida os melhores resultados. Quais foram as condições escolhidas pelo Pai infinito para seu Filho? Uma habitação isolada nas colinas da Galileia, [...] a serenidade da alvorada ou do crepúsculo no verdor do vale; o sagrado ministério da natureza; o estudo da criação e da providência; a comunhão da alma com Deus – tais foram as condições e oportunidades dos primeiros anos de vida de Jesus." (A Ciência do Bom Viver, p. 365-366)

Além disso, ela acreditava que a própria natureza não só promove a glória de Deus, mas também traz descanso e alegria para pessoas de todas as idades.

"É repousante para os olhos e para a mente demorar-se sobre as cenas da natureza, sobre as florestas, os montes, vales e rios, desfrutando o prazer de infindáveis variedades de forma e cor, e a beleza com que as árvores, arbustos e flores estão agrupados no jardim da natureza, fazendo-a um quadro de beleza. Crianças, jovens e adultos podem igualmente encontrar repouso e satisfação aí." (O Lar Adventista, p. 154)

Ela também incentivava as pessoas a comprar um pedaço de terra para cultivar.

"Compre um pequeno pedaço de terra, onde você pode ter um jardim, onde as crianças podem ver as flores crescendo, e aprender lições de simplicidade e pureza." (General Conference Bulletin, 30 de março de 1903, p. 29)

Ela também acreditava no poder terapêutico das plantas.

“Há vivificantes propriedades no bálsamo do pinheiro, na fragrância do cedro e do abeto, e outras árvores têm também propriedades curadoras.” (A Ciência do Bom Viver, p. 264)

Como Ellen G. White praticava o que ela pregou sobre ecologia? Ela gostava de jardinagem orgânica, caminhadas, acampar nas montanhas, piqueniques com a família ao ar livre, e deu (assim como recebeu) tratamento natural para os doentes, incluindo hidroterapia, massagem e outras intervenções de saúde integral. Em seu diário, durante a viagem no norte da Itália, Ellen G. White escreveu com entusiasmo sobre o mundo natural:

"Temos outra bela manhã. Os Alpes cobertos de neve linda com o sol que descansa em cima [...] Este é o cenário mais impressionante que já vimos. Assemelha-se muito ao Colorado e suas montanhas rochosas selvagens, precipícios, ravinas, profundos desfiladeiros e vales estreitos." (Manuscript Releases, p. 303)

Em sua última casa, em Elmshaven, Ellen G. White arrumava cuidadosamente sua mesa, e os seus netos se lembram de que havia argolas para guardanapos e buquês de flores no sábado. Para ela, a natureza é um dom de Deus para nós e Ele pretende que nós nos importemos com ela.

"Ele pôs, no princípio, nossos primeiros pais entre os belos quadros e sons em que deseja que nos regozijemos ainda hoje. Quanto mais chegarmos a estar em harmonia com o plano original de Deus, mais favorável será nossa posição para assegurar saúde ao corpo, espírito e alma." (A Ciência do Bom Viver, p. 365)

Provavelmente nenhum dos conselhos de Ellen G. White é tão voltado para o meio ambiente como sua defesa de uma dieta vegetariana. Observe que só o praticar o vegetarianismo resultaria em melhor saúde, e também poderia ajudar a salvar os animais e a Terra.

"Cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime alimentar escolhido por nosso Criador. Esses alimentos, preparados da maneira mais simples e natural possível, são os mais saudáveis e nutritivos. Proporcionam uma força, uma resistência e vigor intelectual que não são promovidos por uma alimentação mais complexa e estimulante." (A Ciência do Bom Viver, p. 296)

Embora Ellen G. White escrevesse antes da ganância por petróleo dominar a política do mundo, e que a água se tornasse um recurso ameaçado, sua defesa vegetariana pode proteger esses produtos em declínio. A produção de alimentos de origem vegetal requer muito menos fertilizantes, energia, pesticidas, água e menos terra do que a produção de alimentos de origem animal. Comer uma dieta baseada em vegetais protege nosso planeta, poluindo menos o ar e a água, produzindo menos gases causadores do efeito estufa e evitando a erosão do solo.

Ellen G. White também reconheceu a importância da água pura e do ar limpo.

"As preciosas coisas do vale se alimentam dessas montanhas eternas. Os Alpes da Europa são a sua glória. Os tesouros das colinas concedem suas bênçãos aos milhões. Observamos inúmeras cataratas correndo dos topos das montanhas para os vales abaixo." (Manuscript Releases, v. 3, p. 215)

Em relação à poluição atmosférica, ela afirmou:

"O ambiente material das cidades constitui muitas vezes um perigo para a saúde. O estar constantemente sujeito ao contato com doenças, o predomínio de ar poluído, água e alimento impuros, as habitações apinhadas, obscuras e insalubres, são alguns dos males a enfrentar." (A Ciência do Bom Viver, p. 365)

Ellen G. White vincula a ecologia à comissão evangélica, incluindo o que comemos, a forma como podemos viajar, como gastamos o nosso dinheiro, mesmo como podemos restaurar terra utilizada abusivamente. Era o plano de Deus, pelo seu povo do passado e atualmente, ensinar todas as nações como cuidar da Terra de forma adequada e como se manter livre de doenças, apontando, assim, para o Criador como fonte de saúde, beleza e alegria. Qualquer coisa que o cristão faz para a melhoria do ambiente ecológico da humanidade oferece maior oportunidade para também melhorar a humanidade fisicamente e espiritualmente.

"Desde o solene ribombar do trovão profundo e do bramir incessante do velho oceano, até os alegres cantos que fazem as florestas ressoarem de melodia, os milhares de vozes da natureza proclamam o seu [de Deus] louvor. Na terra, no mar e no céu, com seus maravilhosos matizes e cores, variando em esplendoroso contraste ou confundindo-se harmoniosamente, contemplamos sua glória. As colinas eternas falam de seu poder." (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 54)

Nos últimos anos, tem havido uma proliferação de pesquisas que mostram o potencial de desenvolvimento moral do mundo natural. No entanto, Ellen G. White falou sobre o potencial de desenvolvimento moral na natureza há mais de cem anos. Ela acreditava que a natureza proveu oportunidades para aprender e aprofundar os valores espirituais, que nos são intencionais em apontar para Deus como Criador da natureza. Assim, a ecologia não é um fim em si mesmo. Um ambiente intocado aponta para um Deus que se deleita na beleza. O respeito pela criação, na visão de Ellen G. White, inclui o respeito pelo Criador.

Adão e Eva perderam o ambiente perfeito do Éden por causa do pecado. Estamos novamente correndo o risco de perder o nosso meio ambiente por causa dos pecados do materialismo, ganância, poluição e desprezo dos recursos ambientais. Em Cristo, podemos ser restaurados à imagem de Deus, uns com os outros e com a natureza. O cristão não deve olhar só para a frente, para a restauração final da Terra ao seu estado original, mas também honrar a Deus hoje, cuidando de forma responsável do planeta que Ele lhe confiou.

Wellington dos Santos Silva (leia o artigo completo em Revista Kerygma)

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