sexta-feira, 2 de julho de 2021

CONSTRUINDO O DIÁLOGO

PONTOS EM COMUM
Os adventistas do sétimo dia ocupam uma posição privilegiada quanto ao relacionamento com pessoas de outras denominações cristãs e religiões. Existem intersecções de valores que podem funcionar como ponto de partida para diálogos e parcerias com o intuito de melhorar as condições de vida de toda a família humana.

Por exemplo, os adventistas adotaram a abstinência de bebidas alcoólicas, um ponto em comum com os muçulmanos. Muitos adventistas também se abstêm de comer carne, ponto em comum com o hinduísmo e o budismo. A maioria dos adventistas evita as bebidas cafeinadas, ponto em comum com os mórmons. Mesmo os adventistas que comem carne se abstêm das que são consideradas imundas (Lv 11; Dt 14), ponto em comum com os judeus.

Em nível mais profundo, embora as nuances de conteúdo devam ser levadas em consideração, a crença na criação e na segunda vinda de Jesus à Terra, sugerida no nome “adventista do sétimo dia”, é compartilhada por religiões que enfatizam a intervenção escatológica divina para restaurar a justiça e a paz no mundo. Portanto, o adventismo é uma ponte oportuna para a maioria das religiões, e sua mensagem pode ecoar positivamente em vários contextos e culturas.

Há premissas filosóficas que influenciam o compromisso dos adventistas de construir pontes com pessoas de outras denominações, ou com ateus e agnósticos. Todas convergem na convicção de que Jesus Cristo é o “Desejado de todas as nações” (Ag 2:7-9, ARC), isto é, Ele é o Deus que as pessoas desejam profundamente conhecer, ainda que não estejam conscientes disso. Portanto, nosso diálogo é motivado pelo sincero desejo de testemunhar de Cristo, conforme O compreendemos a partir das Escrituras.

Entendemos também que, para dialogar, é preciso compreender o outro e ser compreendido por ele. Por isso, os adventistas procuram genuinamente conhecer melhor as crenças, as concepções de mundo e os valores de pessoas de outras religiões ou convicções, em seus próprios termos, de acordo com sua própria visão de mundo.

Existem várias declarações oficiais facilmente acessíveis que fornecem diretrizes a respeito de como os adventistas devem se relacionar com outras organizações religiosas. O livro Declarações da Igreja (CPB, 2012), traz alguns posicionamentos sobre o tema nas páginas 19-26, 133-138, 141-153.

Essas orientações giram em torno de uma abordagem positiva para com outras religiões e a necessidade de se garantir a liberdade de crença e autonomia para que todos possam testemunhar em favor de suas convicções. Adota-se a mesma abordagem quando se trata de pessoas que não professam nenhuma religião, adeptas de filosofias puramente seculares.

EVITANDO CONFLITOS
Para evitar equívocos ou conflitos em nossos relacionamentos com outras igrejas cristãs e organizações religiosas, vejamos algumas diretrizes que foram estabelecidas por Ellen G. White:

1. Agir com cautela
Sejam cautelosos em seus trabalhos, irmãos, não ataquem com demasiado vigor os preconceitos das pessoas. Não se deve sair do caminho para investir contra outras denominações, pois isso só cria um espírito combativo e fecha ouvidos e corações à entrada da verdade. Temos uma obra a fazer, a qual não é derrubar, mas construir. – Evangelismo, p. 574

2. Evitar barreiras
Não devemos, ao entrar em um lugar, criar barreiras desnecessárias entre nós e outras denominações, especialmente os católicos, de maneira que eles pensem que somos declarados inimigos seus. Não devemos despertar desnecessariamente preconceito na mente deles, fazendo ataques contra eles. – Evangelismo, p. 573

3. Enfatizar pontos em comum
Ao trabalharem em campo novo, não pensem ser dever de vocês declarar imediatamente ao povo: “Somos adventistas do sétimo dia; cremos que o dia de repouso é o sábado; acreditamos que a alma não é imortal”. Isso levantaria enorme barreira entre vocês e aqueles a quem desejam alcançar. Quando houver oportunidade, falem sobre pontos de doutrina sobre as quais vocês estão em harmonia com eles. Enfatizem a necessidade da espiritualidade prática. Deixem claro que vocês são cristãos, que desejam a paz e que amam essas pessoas. Que elas vejam que vocês são conscientes. Assim vocês ganharão a confiança; e depois haverá tempo suficiente para as doutrinas. – Obreiros Evangélicos, p. 119-120

4. Não afugentar as pessoas
Temos a solene responsabilidade de apresentar a verdade aos incrédulos da maneira mais convincente. Que cuidado devemos ter em não apresentá-la de maneira que possa afugentar homens e mulheres! Os mestres religiosos ocupam uma posição em que tanto podem realizar grande bem como grande mal. Cumpre-nos apresentar a verdade pela maneira por que Cristo disse a Seus discípulos que o fizessem — em simplicidade e amor.– Evangelismo, p. 143

5. Não desafiar
É nosso trabalho retirar de todas as nossas apresentações qualquer coisa que tenha o sabor de retaliação ou desafio, aquilo que poderia causar ações contra igrejas ou indivíduos, pois esse não é o caminho nem o método de Cristo. — Testemunhos para a Igreja, v. 9, p. 244

6. Não publicar críticas e acusações
Todo artigo que escrevemos pode ser inteiramente verdadeiro, mas, se contiver uma gota de fel, será veneno para o […] leitor. Por causa dessa gota de veneno, alguém irá rejeitar todas as nossas boas e aceitáveis palavras. Não recebemos a tarefa de reprovar ou proferir ataques pessoais em nossos periódicos. Essa atitude é enganosa. Lembremo-nos de que através de nossa atitude espiritual demonstramos que estamos nos alimentando de Cristo, o Pão da vida. Por nossas palavras, nosso temperamento e nossas ações, testificamos àqueles com quem entramos em contato que o Espírito de Cristo habita em nós.– O Outro Poder: Conselhos aos Escritores e Editores, p. 44

7. Considerar os pastores de outras denominações
É necessário que seja sempre manifesto que somos reformadores, mas não fanáticos. Quando nossos obreiros entram em um novo campo, devem buscar se relacionar com os pastores das várias igrejas do lugar. Muito se tem perdido por negligenciar isso. Se nossos ministros se mostrarem amigáveis e sociáveis, […] isso terá excelente efeito, e podem dar a esses pastores e a suas congregações impressões favoráveis da verdade. – Evangelismo, p. 143

8. Falar em outras igrejas
Talvez vocês tenham a oportunidade de falar em outras igrejas. Aproveitando essas ocasiões, lembrem-se das palavras do Salvador: “Portanto sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas”. Não despertem a malignidade do inimigo com discursos denunciadores. Assim vocês fecharão as portas à verdade. […] Refreiem toda expressão áspera. Tanto na palavra como na ação, sejam prudentes para a salvação, representando Cristo a todos com quem entrarem em contato. – Evangelismo, p. 563

RELAÇÕES ENTRE IGREJAS
Apesar de não fazerem parte das organizações ecumênicas que exigem adesão, os adventistas desfrutam do status de convidados ou observadores nas reuniões. A cooperação com outras denominações cristãs está de acordo com a visão que a Igreja Adventista tem dos demais cristãos. Reconhecemos “todas as organizações que elevam Cristo perante os homens como parte do plano divino de evangelização do mundo, e [...] têm grande estima pelos homens e mulheres cristãos de outras denominações que estão empenhados em ganhar almas para Cristo” (Declarações da Igreja, p. 152, 153).

Ellen White escreveu também algumas vezes sobre a necessidade de cooperação entre as igrejas. A respeito do debate público de sua época em torno de questões da temperança, ela aconselhou que os adventistas se unissem às pessoas que defendiam a mesma causa que eles (Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 110). Em outra citação, ela orientou os pastores adventistas a orar pelos líderes de outras denominações, pois sobre esses homens, como “mensageiros de Cristo”, pesava grande responsabilidade (p. 78).

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