quarta-feira, 26 de abril de 2023

CIÚMES

Essa é uma questão muito comum entre os que se amam e, com certeza, necessita de esclarecimento. Sentir ciúmes, por si só, não é sinal de pecado ou de problema. O apóstolo Paulo, em sua primeira epístola aos coríntios (1 Coríntios 13:4), fala que “o amor não arde em ciúmes”. O termo grego zeloo (ciúmes) empregado nesta passagem abrange o conceito de “ser zeloso” tanto no bom quanto no mau sentido. No bom sentido pode significar um “cuidado zeloso” que busca o bem, a proteção, o acolhimento a integridade e a felicidade da outra pessoa. O próprio Deus expressa Seu zelo e cuidado por aqueles que criou, dizendo: “Não terás outros deuses diante de Mim. […] Porque Eu sou Deus zeloso” (Êxodo 20:3, 5). Deus rejeita a adoração e o serviço de um coração dividido. O próprio Jesus disse: “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mateus 6:24). Portanto, esse é o aspecto positivo: “quem ama, cuida!”

É preciso destacar que a natureza humana foi corrompida pelo pecado e que, inevitavelmente, podem surgir distorções cognitivas e afetivas. O ser humano é naturalmente egoísta, e o egoísmo é a base do pecado. A atitude de desconfiar de Deus, de colocar o eu e a vontade própria acima de Deus e de Sua vontade é, na verdade, a essência do pecado. O problema do ser humano é o pecado, e o ciúme, no aspecto negativo, reflete essa realidade.

Esse tipo de ciúme é um sentimento que gera sofrimento em relação a outra pessoa de quem se espera amor exclusivo. É o temor de que ela dedique sua afeição a outra pessoa. Quando esse sentimento é justificado por um motivo real o ciúme serve como um alerta emitido para que o problema seja confrontado em amor, visando o bem e a integridade.

Há uma distinção entre ciúme normal e patológico. Victor R. C. Silva Dia em Análise Psicodramática – Teoria da Programação Cenestésica diz: “O ciúmes (normal) é o zelo das pessoas em relação aos seus objetos de amor, sejam eles, pessoas ou coisas. Uma pessoa zelosa defende tudo o que possa invadir esta relação de amor de maneira proporcional a ameaça. O ciúme patológico é a reação desproporcional e angustiante frente à qualquer ameaça aos seus objetos de amor. Na relação com pessoas, o ciúme patológico está sempre ligado à entrada de um terceiro elemento na relação amorosa que vai roubar o objeto de amor do ciumento. Esse terceiro elemento aparece como um rival invencível e permanece constantemente na cabeça do ciumento, que se vê ameaçado o tempo todo. Há uma expectativa permanente de ameaça na relação de amor. Dizemos que o terceiro elemento está ‘na cabeça do ciumento’, pois é uma ameaça desproporcional à realidade.”

Por não conseguir confiar na pessoa amada o ciumento pode se tornar possessivo, desconfiado e inseguro, gerando um grande desgaste na relação. Esta é uma situação confusa, pois pode levar o ciumento a produzir o seguinte tipo de pensamento: “se não for meu, não será de ninguém!” O ciúme pode se tornar um pesadelo de regras, condições e restrições, que desgraçam a vida, tanto dele como de sua vítima, podendo chegar ao ponto de, literalmente, destruir a própria vida (suicídio) ou a vida do outro (homicídio).

No aspecto religioso, quando uma pessoa deixa-se dominar pelo ciúme que “arde”, torna-se difícil para ela aceitar a graça salvadora de Deus em Jesus Cristo. Isto pode levar o indivíduo a rejeitar qualquer forma de religião onde a salvação esteja fora dele mesmo. É por isto que tantas pessoas confiam muito em seus próprios esforços, regras e preceitos, para alcançar a salvação. É preciso aprender a deixar Deus controlar. Isso envolve confiança e entrega. O resultado será a paz, o descanso e a certeza do cuidado e proteção divinos.

Há muitas provas de que Deus é amor, de que Ele nos ama e de que Ele é digno de confiança. A maior evidência reside no fato de que Cristo morreu pelos nossos pecados. Que tal desenvolver uma amizade íntima com Jesus? Confie a Ele seus sentimentos, angústias, medos, ciúmes. Confronte seus pensamentos com a realidade. Pergunte-se: por que estou com ciúmes? Há algum motivo concreto para me sentir assim? Que evidências eu tenho de que a pessoa com quem me relaciono gosta de mim e me ama? Analise os fatos reais e não os distorcidos. O problema está em minha percepção ou a pessoa com quem me relaciono me dá motivos reais para ter ciúme?

Se você consegue identificar esse ciúme como patológico, confronte seus pensamentos distorcidos com os fatos reais e concretos. Faça esse exercício. Buscar ajuda profissional com um terapeuta cristão certamente ajudará a superar essa questão. Mas ressaltamos que é em Cristo, através de Sua palavra, mediante o contínuo trabalho do Espírito Santo, que podemos ter uma compreensão mais ampla sobre nós mesmos, sobre a nossa condição de pecado e o plano de Deus para nos restaurar. Por meio da fé que é desenvolvida nessa relação com Deus, recebemos as virtudes de Cristo e passamos a refletir o Seu caráter (2 Pedro 1:3-7).

[Com informações de biblia.com.br]

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