O Papa assinalou hoje, no Vaticano, o início do tempo da Quaresma, no calendário litúrgico da Igreja Católica, deixando apelos à mudança interior e à paz, perante peregrinos de vários países. “Perante tantas guerras, não fechemos o nosso coração aos necessitados. Que a oração, o jejum e a esmola sejam o caminho para construir a paz”, apelou.
A Quaresma, que tem início hoje, com a celebração de Cinzas, é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 31 de março). “Somos chamados ao deserto. Através das práticas do jejum, da esmola e da oração, Jesus convida-nos à conversão. Que Deus nos acompanhe e nos abençoe nesta caminhada”, referiu o Papa, na saudação aos peregrinos de língua portuguesa. Ele também desafiou todos a conservar a fé no coração, “como as brasas permanecem debaixo das cinzas”.
Francisco preside esta tarde à Eucaristia, com bênção e imposição das Cinzas, na Basílica de Santa Sabina, em Roma, às 17h00 locais. (Ecclesia)
As cinzas utilizadas neste ritual provêm da queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. A estas cinzas mistura-se água benta e de acordo com a tradição, o celebrante desta cerimônia utiliza essas cinzas úmidas para sinalizar uma cruz na fronte de cada fiel, proferindo a frase “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” ou a frase “Convertei-vos e crede no Evangelho”, deixando a marca até o horário do pôr-do-sol.
Na cerimônia, as pessoas são desafiadas a refletirem na mortalidade e abandonarem os hábitos pecaminosos. Embora milhares de pessoas sinceras participem desta cerimônia, apreciaria que de coração aberto, você analisasse as seguintes ponderações:
1. Não há registro bíblico de que os cristãos devam participar desta cerimônia. Jesus, os discípulos e até mesmo o apóstolo Paulo não participaram de nenhuma quarta-feira de cinzas. Assim, fica fácil identificar que se trata de uma tradição e jamais deva ser visto como uma ordenança bíblica.
2. A Bíblia contém inúmeras narrativas de pessoas usando “poeira e cinzas” como símbolo de arrependimento e ou sofrimento (Gênesis 18:27; 2 Samuel 13:19; Ester 4:1; Jó 2:8; Daniel 9:3; Mateus 11:21). Porém, essa prática cultural comumente destacada em vários personagens bíblicos, não se limitava apenas a um período específico do ano como acontece na quarta-feira de cinzas, mas quando houvesse a necessidade de externar o sentimento de desgraça ocasionado geralmente por uma tragédia e ou pecado.
É bem verdade, que enquanto vivermos neste mundo pecaminoso, o sofrimento, seja aquele ocasionado de maneira direta ou indireta, nos faz lembrar que não somos nada sem Deus, somos apenas pó, seres mortais e que carecemos da sua libertação e vida eterna. Por essa razão, Deus não especificou um dia para essa prática religiosa por que carecemos de uma entrega pessoal diariamente.
3. Muitos abusam da graça de Deus no carnaval sob o pretexto de que na quarta-feira de cinzas os pecados serão perdoados. A impressão que tenho é que a filosofia de muitos é que quanto pior forem os seus atos, aí que Deus aparecerá e demonstrará misericórdia. Mesmo assim, Ellen G. White diz que "o coração de Deus, cheio de amor e paciência, ainda luta com aqueles que ignoraram a misericórdia de Deus e abusaram da Sua graça" (Um Convite à Diferença, p. 102).
E qual o aspecto de um cristão conduzido pela graça? A Bíblia responde: “Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?" (Romanos 6:1 a 2).
Não é a meta de Deus promover a desobediência para provar o seu amor e perdão. Ao contrário, Deus salva os seus filhos para que continuem salvos, livres do pecado.
"Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado; pois quem morreu, foi justificado do pecado. Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos. Pois sabemos que, tendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer outra vez: a morte não tem mais domínio sobre ele. Porque morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; mas vivendo, vive para Deus. Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos. Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça" (Rm 6:6-13).
Concluo com este alerta de Ellen G. White: "Estamos vivendo no período mais crítico da história deste mundo. O destino de cada pessoa sobre o Planeta Terra está a ponto de ser decidido. O nosso próprio futuro bem-estar, assim como a salvação de outros, depende do rumo que escolhermos agora. Precisamos de ser guiados pelo Espírito da verdade. Cada seguidor de Cristo deve perguntar seriamente: 'Senhor, que queres que eu faça?' (Atos 9:6). Devemos humilhar-nos perante o Senhor com jejum e oração e meditar muito na Sua Palavra, especialmente nas cenas do juízo. Devemos procurar ter uma experiência viva nas coisas de Deus. Não temos um momento a perder. Acontecimentos importantes, significativos, estão a desenrolar-se ao nosso redor, estamos no campo encantado de Satanás. Não durmam, sentinelas de Deus! O inimigo esconde-se perto, esperando que fiquem indolentes e sonolentos, para poder saltar sobre nós e fazer-nos sua presa" (Um Convite à Diferença, p. 101).
Pense nisso!
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