sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

AINDA ESTAMOS AQUI

O Oscar 2025 acontece neste domingo (2) e pode dar a primeira estatueta dourada para uma produção brasileira. Indicado em três categorias, Melhor Filme, Melhor Atriz (Fernanda Torres) e Melhor Filme Internacional, o filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, é um dos principais títulos celebrados na cerimônia deste ano.

O filme é adaptado do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, e acompanha uma família de classe média do Rio de Janeiro durante a ditadura militar, nos anos 1970. A família vive em paz até que Rubens Paiva (Selton Mello), o marido de Eunice, é levado por militares e desaparece. A história do filme conta como Eunice Paiva enfrenta o estado autoritário em busca de respostas sobre o paradeiro do marido. Ela se tornou uma advogada respeitada no meio, envolvendo-se em lutas sociais e políticas.

O título do filme Ainda Estou Aqui além de fazer referência à luta da personagem Eunice para descobrir a verdade sobre o desaparecimento do marido, também pode ser interpretado como uma forma dela lembrar a si mesma e à família de que, apesar da doença, ela ainda estava ali. Aos 89 anos, Eunice faleceu com demência de Alzheimer, doença que lhe foi diagnosticada aos 72 anos.

A história de Eunice Paiva me fez lembrar do apóstolo Paulo. Em sua carta aos Romanos, ele descreveu um processo através do qual as tribulações humanas são convertidas em fontes de esperança. Ele mesmo experimentou isso em sua vida: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança, a perseverança produz experiência e a experiência produz esperança. Ora, a esperança não nos deixa decepcionados, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado” (Rm 5:3-5).

Ao comentar esse texto em Carta aos Romanos (Fonte Editorial, 2009, p. 245), o teólogo suíço Karl Barth afirmou que “a perspectiva espiritual muda o sinal matemático inscrito na frente da nossa tribulação. O que parece ser mero sofrimento humano transforma-se em obra de Deus. Os empecilhos da vida transformam-se em degraus para a vitória; o derribar dá lugar à nova edificação; a desilusão e o revés aguçam a esperança e o anseio pela volta do Senhor”.

Tomara que as lágrimas nos olhos daqueles que perderam entes queridos, assim como Eunice Paiva, sejam secadas pela esperança de dias melhores, pela esperança de superação da dor e da angústia, pela esperança de reconstrução. Essa resiliência que vem do interior é formidável, mas a que vem de cima é inquebrantável. Deus é nossa fortaleza.

A chave para lidar com a incerteza está em aprender a confiar em Deus, independentemente de quanto possa parecer ruim a situação. Lembre-se de que Deus não permite nada que não possamos suportar (1Co 10:13) e que Ele está cuidando de nós o tempo todo, seja nos guiando em abundância e tranquilidade ou nos ajudando a atravessar os vales mais escuros (Sl 23). Ellen G. White diz: "Nos dias mais sombrios, quando as aparências se mostram mais adversas, tende fé em Deus. Ele está cumprindo Sua vontade, fazendo todo o bem em auxílio de Seu povo. A força dos que O amam e servem será renovada dia após dia. Pode e quer conceder a Seus servos todo o socorro de que carecem. Dar-lhes-á a sabedoria que suas variadas necessidades requerem" (A Ciência do Bom Viver, p. 482).

Para refletirmos, deixo aqui um inspirador texto escrito por um jovem pastor cristão no Zimbabwe, África. Foi encontrado em seu escritório, pouco depois de ele haver sido martirizado por causa de sua fé em Jesus. Está citado no livro O Evangelho Maltrapilho de Brennan Manning, na página 28:
“Sou parte da fraternidade dos que não se envergonham. Tenho o poder do Espírito Santo. A sorte foi lançada. Transpus a linha. A decisão foi tomada. Sou um discípulo dEle. Não olharei para trás, não pararei, não diminuirei o ritmo, não retrocederei e não ficarei parado.

Meu passado está redimido, meu presente faz sentido, e meu futuro está seguro. Já coloquei um basta na vida vulgar, no andar pela vista, nos joelhos frouxos, nos sonhos sem cor, nas imagens sem vida do futuro, no falar mundano, no doar pouco, nos alvos pequenos.

Já não preciso mais de preeminência, de prosperidade, posição, promoções, aplausos ou popularidade. Não tenho de estar certo, de ser o primeiro, de estar por cima, de ser reconhecido, elogiado, considerado ou recompensado. Agora vivo pela fé, me apoio em Sua presença, ando pela paciência, sou edificado pela oração, e trabalho com poder.

Estou decidido, meu passo é rápido, meu alvo é o Céu, minha estrada é estreita, meu caminho é acidentado, meus companheiros são poucos, meu Guia é confiável, e minha missão é clara. Não posso ser comprado, dissuadido, desviado, atraído para outra coisa, impelido a voltar atrás, iludido ou atrasado. Não recuarei em face do sacrifício, não hesitarei em presença do inimigo, não ficarei tentando entrar no poço da popularidade, nem ficarei dando voltas no labirinto da mediocridade.

Não desistirei, não me calarei, não me deterei até ter ido até o fim em permanecer firme, em acumular, em orar, em pagar, em pregar pela causa de Cristo. Sou um discípulo de Jesus. Preciso prosseguir até que Ele venha, doar-me até minhas forças se esgotarem, pregar até que todos saibam, e trabalhar até que Ele me detenha. E, quando Ele vier para os Seus, não terá problemas para me reconhecer. Minha bandeira estará clara!”
O apóstolo Paulo escreveu: “De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos” (2Co 4:8, 9). Perseverar é continuar na jornada, não importa o que aconteça.

Ainda estamos aqui. Como povo de Deus, aguardamos a vinda do Senhor nas nuvens do céu, com poder e grande glória. A vitória está garantida aos que não desistirem: “Aquele, porém, que perseverar até o fim será salvo” (Mc 13:13). A espera pode ser difícil e desanimadora. No entanto, Deus quer nos conceder a perseverança dos santos. Ainda estamos aqui, e enquanto esperamos, somos chamados a examinar secretamente nosso coração e, em seguida, pôr as mãos na massa. Sim, Jesus em breve voltará. Sim, Ele está buscando um povo totalmente comprometido com a sua causa. Ainda estamos aqui, mas, enquanto esperamos, que sirvamos a Ele onde estivermos, de todo o coração.

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