terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Máquina do Tempo


Devo confessar: Sou um aficionado por filmes de ficção científica, principalmente quando o assunto é viagem no tempo. Comecei a gostar do assunto ainda criança, quando assistia ao clássico seriado “O Túnel do Tempo”. Já adolescente, elegi a trilogia “De volta para o futuro” como a melhor de todos os tempos. Michael J. Fox interpretava Marty McFly, o típico adolescente norte-americano dos anos 80, enviado de volta ao ano de 1955 em um carro capaz de viajar no tempo (DeLorean), invenção do excêntrico Dr. Brown. Virei criança quando pude entrar numa réplica do DeLorean na Universal Studios aqui em Orlando anos atrás.

Acho que já assisti a todos os filmes do gênero disponíveis na locadora, desde “A Máquina do Tempo”, até “Efeito Borboleta” e "A mulher do viajante do tempo". Sem contar os livros que li de físicos famosos e suas teorias fantásticas sobre viagem no tempo, entre eles o badalado "O Universo numa casca de noz" de Stephen Hawking. 

Embora saiba separar ficção da realidade, às vezes transfiro questões levantadas na ficção para o mundo real. Gosto de me debruçar sobre elas em busca de respostas. Não me refiro apenas a questões de cunho cientítico, do tipo "o paradoxo do avô": Se eu viajasse no tempo e matasse meu avô, como eu poderia ter nascido? Refiro-me antes a questões existenciais. Eis uma delas:

Se você tivesse a chance de entrar numa máquina do tempo, você preferiria viajar para o passado ou para o futuro? Certamente, muitos responderiam que adorariam viajar para o passado, para os tempos bíblicos, ou para alguma corte européia da Idade Média, ou mesmo para a idade da pedra. Alguns saudosistas talvez preferissem voltar aos anos 50, para reviver os tempos da brilhantina. Outros prefeririam a enfervescência dos anos 60 e 70, para assistir in loco aos grandes festivais de rock como Woodstock. E por falar nisso, atribui-se a Janis Joplin, a grande estrela de Rock dos anos 60 que morreu de overdose, a seguinte frase: “Eu trocaria todos os meus amanhãs por um único ontem.”

Isto que eu chamo de “nostalgia crônica”. Não se trata de saudade. A gente tem saudade de pessoas, lugares, fragrâncias, sabores. Basta reencontrar aquilo de que sentimos falta, e pronto, matamos a saudade. Mas a nostalgia é diferente. Só se poderia eliminá-la se alguém finalmente inventasse a máquina do tempo. Nostalgia seria, por assim dizer, saudade de um tempo que jamais poderá ser revivido.

Há pessoas que resolveram viver refém deste sentimento. Algumas até se vestem com roupas que já sairam de moda há décadas. É o que se chama de moda “retrô”. Outras usam gírias incompreensíveis para os ouvidos atuais. Vivem contando de como no seu tempo as coisas eram melhores do que as de hoje. No fundo, no fundo, elas sentem saudades de si mesmas, de como se sentiam antes, de suas paixões, de como percebiam a realidade. Parece que as cores do mundo foram desbotando com o tempo.

Quanto a mim, decidi não ser refém do passado. Prefiro que ele seja meu professor, não meu tutor. Parafraseando Joplin, eu diria que daria todos os meus ontens, por um único dia do futuro.

Se eu tivesse a chance de entrar numa máquina do tempo, eu certamente viajaria rumo ao futuro. Não nutro uma visão romântica do passado (apesar de gostar tanto de filmes épicos…). [...]

Eu sei que com isso acabo me entregando… sou mesmo um sonhador. Quer saber… prefiro a companhia dos sonhadores à companhia dos cínicos. Sonhadores são viajantes do tempo… gente que veio do futuro pra nos contar o que viram por lá.

Martin Luther King Jr. foi um desses “embaixadores do futuro”. Ele vislumbrou o futuro que se insinuava no horizonte temporal. Em suas últimas palavras antes de morrer, declarou: “…eu estive lá, no alto da montanha. Isso não importa. Eu gostaria de viver bastante, como todo o mundo, mas não estou preocupado com isso agora. Só quero cumprir a vontade de Deus, e Ele me deixou subir a montanha. Eu olhei de cima e vi a terra prometida. Talvez eu não chegue lá, mas quero que saibam hoje que nós, como povo, teremos uma terra prometida. Por isso estou feliz esta noite. Nada me preocupa, não temo ninguém. Vi com meus olhos a glória da chegada do Senhor".

Chamem-me do que quiser, herege, romântico, louco, não me importo. Eu estive lá… Embarquei na máquina do tempo chamada fé e vi o que nos aguarda. O futuro é feito de sonhos, e a matéria-prima dos sonhos é a fé.

No fundo, somos todos viajantes do tempo. Porém não há como retroceder nele, ou mesmo estacionar, congelá-lo, a ordem é avançar. O futuro nos espera. E quem chegou primeiro lá nos garante que "coisas que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, nem chegaram ao coração, são as que Deus já preparou para os que O amam".

Fonte: Hermes C. Fernandes

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