O pastor adventista Afzal Bhatti, atrás à esquerda, e sua esposa Parveen, na frente ao centro, confortam membros da igreja que sofreram a perda de suas casas e pertences. |
Moradores de uma comunidade cristã no leste do Paquistão, entre eles adventistas do sétimo dia, estão sofrendo depois que uma multidão incendiou suas casas e negócios em resposta a supostos insultos contra Maomé.
A agitação começou na semana passada depois que circulou um relato de que um jovem cristão havia cometido blasfêmia contra o profeta do Islã. Em 9 de março, a situação agravou-se e milhares de manifestantes começaram a atear fogo a propriedades pertencentes a cristãos num bairro de Lahore.
Embora alguns moradores sofressem ferimentos, não houve perda de vidas. A maioria dos cristãos já havia fugido sob ameaças de violência e advertências da polícia para sairem, contou um representante da Igreja Adventista no Paquistão.
Propriedades da Igreja e casas de membros da Igreja Adventista, no entanto, sofreram "danos de monta", disseram líderes denominacionais. A casa alugada do pastor adventista local, Afzal Bhatti, e sua família foi destruída, juntamente com as casas e pertences de pelo menos 40 adventistas.
Livros, Bíblias e equipamentos de som na igreja adventista local foram queimados, mas o prédio em si resistiu aos danos menores causados pela água com que os bombeiros buscavam controlar as chamas nas proximidades, relatou uma equipe adventista de pesquisa.
Pelo menos 170 casas e negócios foram incendiados, segundo a Associated Press.
Bhatti e sua família estavam entre os moradores que saíram enquanto a multidão dirigia-se para a sua comunidade. "Na pressa, o Pastor Bhatti deixou para trás o seu telefone celular e o cartão de identificação", disse um representante da Igreja, acrescentando que um manifestante arrancou-lhe os óculos do rosto ao ele fugir.
Bhatti e sua esposa, Parveen, retornaram na manhã após os motins para consolar e orar com os membros da comunidade afetados. Mais tarde, a família começou o processo de reconstrução de suas vidas adquirindo artigos necessários de trabalho, estudo e ministério.
No início desta semana, o governo do Estado se comprometeu a compensar cada família afetada com o equivalente de 2.000 dólares. Desde então, o governo federal do Paquistão prometeu um adicional de 5.000 dólares por família.
A Igreja Adventista e a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) no Paquistão estão avaliando a situação e dando assistência aos membros da comunidade cristã afetada.
Menos de cinco por cento dos paquistaneses são cristãos, e blasfêmia contra o Alcorão ou o profeta Maomé pode levar à pena de morte. Especialistas em liberdade religiosa têm observado que as leis de blasfêmia são frequentemente usadas para reprimir minorias religiosas ou resolver disputas pessoais.
Em 2011, Salmaan Taseer, um empresário e político paquistanês, e Shahbaz Bhatti, o único cristão no gabinete paquistanês, foram assassinados por sua oposição à legislação contra blasfêmia. Os defensores da liberdade religiosa há muito tempo têm pedido ao Paquistão para aliviar seus controles severos sobre a difamação da religião.
"Sempre nos opusemos vigorosamente contra as leis de blasfêmia do Paquistão, que são a fonte de tanta injustiça no país, especialmente para as minorias religiosas e dissidentes muçulmanos", disse John Graz, secretário-geral da Associação Internacional de Liberdade Religiosa.
"Todos os defensores da liberdade religiosa devem expressar solidariedade com as famílias afetadas e encorajar o governo a reformar essa legislação", disse ele.
Fonte: Adventist News Network
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