Quase todos conhecemos, ou pelo menos já ouvimos falar sobre os oito remédios naturais e gratuitos dados por Deus para a manutenção da nossa saúde e bem-estar. A maioria das pessoas já conhece, por exemplo, a importância de uma alimentação saudável, o uso adequado da água, do ar puro, da luz solar, do exercício físico, repouso e da temperança. Esses sete primeiros remédios naturais são universalmente aceitos como benéficos para o corpo e a mente, havendo inúmeras comprovações científicas quanto a isso. Ninguém discute se o exercício físico ou se o repouso adequados fazem bem à saúde. Todos sabemos que eles fazem bem, e ponto. Não há controvérsias a esse respeito. No entanto, existe um grande remédio natural que também é fundamental para a nossa saúde, mas que pode ser visto com certo ar de desconfiança, tanto nos meios científicos, quanto até mesmo no meio religioso. O oitavo remédio é a confiança em Deus.
Afinal de contas, confiar em Deus faz mesmo bem para a saúde ou isso é “forçação de barra” de algumas pessoas que não entendem nada de ciência?
Mesmo dentro da nossa cultura ocidental, influenciada pelo cristianismo, cada pessoa pode ter uma compreensão diferente de Deus, ou até mesmo não ter, como os agnósticos ou os ateus. No entanto, a ciência tem mostrado que a confiança em Deus, apesar das mais diferentes crenças existentes, tem um papel importante na saúde.
Mas como e por que esses benefícios acontecem em quem tem confiança em Deus e busca fortalecer essa confiança por meio de práticas religiosas?
Desde a década de 1970, vários estudos começaram a ser realizados para identificar o papel da confiança em Deus na cura das enfermidades.
Mais recentemente, pesquisadores do Hospital McLean, em Massaschusetts, nos Estados Unidos, inscreveram 159 homens e mulheres em um programa de terapia cognitivo-comportamental.
Cerca de 60% dos participantes estavam em tratamento de depressão, enquanto outros tinham transtorno bipolar e ansiedade. Todos tiveram que classificar sua espiritualidade respondendo à seguinte questão: “Até que ponto você acredita em Deus?” Os resultados, publicados no Journal of Affective Disorders, revelaram que 80% dos participantes relataram alguma crença em Deus.
Os pesquisadores também concluíram que a força da fé não estava relacionada à gravidade dos sintomas iniciais, mas os indivíduos que classificaram sua crença espiritual como mais importante pareciam ser menos deprimidos após o tratamento, em comparação com aqueles com pouca ou nenhuma crença. Eles também pareciam ser menos propensos a se envolver em comportamentos de automutilação. “Pacientes com mais crença em Deus apresentaram resultados melhores no tratamento”, disse o líder do estudo, David Rosmarin, psicólogo do Hospital McLean e diretor do Centro de Ansiedade em Nova York. Uma possível razão para esse fenômeno, segundo ele, é que “pacientes com mais fé em Deus também têm mais fé no tratamento. Eles têm mais probabilidade de achar que o tratamento pode ajudar, e têm maior tendência a ver essa possibilidade como real”.
Essa conclusão é bastante interessante, contudo, você pode estar pensando que essas melhores respostas terapêuticas se devem a algum tipo de efeito placebo. Pensando justamente nisso, um dos primeiros pesquisadores sobre o assunto, o Dr. Levin J., em 1987 realizou uma revisão de 200 estudos epidemiológicos que referiam a confiança em Deus e aspectos da saúde, e em 2003 resumiu os principais achados desse estudo (veja o quadro 1 abaixo).
Assistência regular à igreja
Um estudo da Johns Hopkins University identificou que existe uma relação direta entre a quantidade de vezes que uma pessoa assiste a reuniões religiosas e a mortalidade, uma verdadeira relação dose-resposta. Esse estudo epidemiológico com mais de 90 mil pessoas constatou o seguinte (veja o quadro 2). Como todo fator de risco ou proteção detectado por estudos epidemiológicos, as constatações desses estudos não querem dizer que todas as pessoas envolvidas em atividades religiosas terão melhor saúde do que as não envolvidas. Diz apenas que, “na média”, o envolvimento religioso está associado com taxas menores de doenças e níveis mais elevados de bem-estar.
Exercício do perdão
A culpa tem sido um dos principais males da nossa sociedade. Psicólogos, psiquiatras e outros profissionais da saúde têm identificado a culpa que as pessoas carregam como uma das principais causas de doenças psicossomáticas. As pessoas sentem culpa por terem magoado alguém ou errado em algum aspecto da vida e não se sentem perdoadas, ou pior, sentem culpa por não perdoar alguém que possa ter cometido um dano a elas. Culpa por não ser perdoado e culpa por não perdoar.
O perdão tem sido estudado como forma de liberar as pessoas da culpa e, assim, trazer melhora nas doenças psicoemocionais. A Dra. Kathleen Lawler, da Universidade do Tennessee, realizou um estudo a respeito da relação entre o perdão e a saúde, e concluiu o seguinte (veja o quadro 3):
Quando confiamos em Deus, aprendemos que precisamos perdoar porque fomos perdoados, pois quando confiamos em Deus já não há culpa, já não há condenação. Assim como aprendemos na oração que o próprio Jesus nos ensinou: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.”
Estudo da Bíblia
Quanto ao estudo da Bíblia, o Dr. Francis, da Universidade de Wales, no Reino Unido, realizou um estudo com nada menos que 25.888 adolescentes entre 13 e 15 anos de idade. Esse estudo constatou que, enquanto 66% dos adolescentes nunca leram a Bíblia, apenas 3% liam a Bíblia uma vez por semana e 2% liam a Bíblia diariamente. Esses pequenos grupos apresentaram menor tendência para desenvolver doenças psicóticas e, segundo o Dr. Francis, “demostraram mais elevado ideal de propósito na vida”.
É interessante notar que o autor desse estudo aponta que encontrar um elevado ideal de propósito na vida tem relação direta com a leitura da Bíblia e a proteção para doenças psicóticas. É na fase da adolescência que doenças psicóticas como a esquizofrenia, por exemplo, mais facilmente se desenvolvem; e a leitura da Bíblia é um fator protetor para os jovens contra essas doenças.
Hábito da oração
E por falar em oração, essa ferramenta importante para desenvolver nossa confiança em Deus foi um dos primeiros aspectos a serem estudados e relacionados com a saúde.
Uma pesquisa pioneira, em 1978, na Escola de Medicina da Universidade de Louisville, conduzida por Walter Surwillo, estudou a atividade elétrica cerebral em seis pessoas durante a oração, por meio do eletroencefalograma. Anteriormente, eles já haviam realizado um estudo semelhante com pessoas que estavam em estado de meditação transcendental, e achavam que os resultados seriam semelhantes. No entanto, se surpreenderam com os resultados!
Enquanto as pessoas que estavam em meditação transcendental apresentavam uma diminuição importante da atividade elétrica cerebral, as pessoas que estavam em meditação por meio da oração apresentaram uma intensa atividade elétrica cerebral em quase todas as regiões do cérebro.
O que o Dr. Walter ainda não compreendia, devido aos recursos tecnológicos limitados da época, é o fato de o cérebro ser interconectado por várias vias de estímulos elétricos que atravessam as mais diferentes áreas cerebrais conduzindo estimulo elétrico e ativando outras áreas distantes do cérebro. Estudos mais modernos, como, por exemplo, uma técnica recente de imagem por RNM, chamada tratografia, é capaz de identificar essas vias de informação neuronal entre as diferentes regiões do cérebro. O cérebro é parecido com um microchip, e quando está em meditação transcendental, o microchip desliga, enquanto na oração quase todas as vias do microchip estão em funcionamento.
Enquanto que na meditação transcendental o indivíduo tenta esvaziar o cérebro e não pensar em nada por meio da repetição de mantras, sons sem nenhum significado, na oração, a pessoa está em comunicação com Deus; está dialogando; está estimulando e ativando conexões bastante complexas e profundas do cérebro, forçando, assim, o funcionamento das diversas atividades cerebrais, como atenção, memória, analise, semântica, imaginação, formulação estratégica para resolução de problemas e aprendizagem.
Quando a pessoa está em oração e expressa a Deus suas angústias, seus medos, suas tristezas, suas alegrias, suas derrotas, vitórias, memórias, sonhos, vontades e seus agradecimentos, está estimulando a realização de uma sondagem completa da mente e, assim, desenvolve a habilidade de se examinar profundamente. “Examina-me, Senhor, e submete-me a provas; sonda meus sentimentos e minha mente” (Salmo 26:2).
É interessante notar que a oração ajuda a ativar uma das estruturas mais profundas do cérebro: o sistema límbico, mais especificamente o núcleo caudado, responsável por modular nossos sentimentos, como, por exemplo, a alegria, felicidade e o amor. “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1 João 4:8).
Neuroteologia
Recentemente, novos estudos têm sido feitos por neurocientistas para entender como o cérebro se relaciona com a espiritualidade e com a saúde. Essa nova área se chama Neuroteologia. Um dos principais estudiosos na área é o Dr. Andrew Newberg, que estuda os efeitos da oração e da meditação no cérebro humano. Utilizando métodos de imagem avançados, ele também identificou que, quando uma pessoa está orando, acontecem coisas interessantes no cérebro (veja o gráfico).
Agora podemos entender um pouco sobre os efeitos benéficos que a oração pode proporcionar para quem ora, mas, por mais incrível que pareça, a ciência tem demostrado que o poder da oração não traz benefícios apenas para as pessoas que desenvolvem o costume de orar.
Talvez você seja alguém que costuma dizer: “Não acredito em Deus. Até aceito que a confiança em ‘algo maior’ possa ser útil para outras pessoas, mas para mim não! Não me deixo levar por essas ladainhas espirituais. Baseio minhas crenças pautado pela ciência.”
Muito bem, não estou aqui para convencer ninguém a deixar de ser agnóstico ou ateu, mas deixe-me lhe mostrar algo com base na ciência.
Deam Hamer, um dos geneticistas mais renomados no mundo, diretor da Unidade da Estrutura e Regulação do Gene do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, escreveu um livro intitulado O Gene de Deus: Como a fé é pré-programada dentro dos nossos genes. Ele identificou um gene que todos nós temos e que é responsável por produzir sensações de contato com o divino, como um estado da mente. Em seu livro, o Dr. Hamer diz o seguinte: “Todos nascemos com esse gene e todos temos a predisposição à espiritualidade. Mas exercemos essa capacidade ou não.”
Segundo os cientistas, o ser humano é geneticamente desenhado para estabelecer uma relação com Deus, ou seja, você pode crer ou não, a escolha é sua, mas você foi feito para crer, se relacionar com e experimentar Deus.
Como todo bom medicamento de referência no mercado tem sempre um genérico, não podemos nos dar o luxo de confundir acreditar em Deus com confiar em Deus. Enquanto acreditar em Deus é apenas o ato de estar convencido de que Ele existe, confiar em Deus é entregar sobre Ele tudo o que somos. “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nEle, e Ele o fará” (Salmo 37:5).
Esse remédio também tem sua posologia e deve ser “tomado” da maneira correta, ou seja, diariamente, sempre que necessário, seja nos momentos de aflição, tristeza e incerteza, como também nos momentos de alegria, bonança e vitórias; em grandes “colheradas” e sem medo de reações adversas ou efeitos colaterais.
Glaucio Cardoso Pinheiro (via Revista Vida e Saúde)
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