Conhecida como a “Bonequinha de Luxo”, Audrey Hepburn (1929-1993) marcou gerações como uma das maiores atrizes de sua época. A elegância de Audrey não se limitava ao seu estilo atemporal, mas se manifestava também em sua bondade e trabalho humanitário com a UNICEF. Para ela, a beleza vinha de dentro, e sua dedicação a causas sociais elevou sua imagem a um símbolo de elegância por dentro e por fora. Ela acreditava que a beleza verdadeira vinha da bondade e da compaixão. Uma de suas frases mais famosas dizia: "Para ter lábios atraentes, diga palavras doces. Para ter olhos belos, procure ver o bem nas pessoas".
Sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, ela mesma recebeu ajuda humanitária da UNICEF quando criança, após ter passado fome e dificuldades durante a ocupação alemã na Holanda. Essa vivência a motivou a retribuir a bondade que recebeu.
Gosto de gente simples. Gente pé no chão. Gente que aprendeu que luxo não se trata de afetação, ostentação ou presunção. Gente que sabe que elegância não é esnobismo ou arrogância. Elegância é, antes de tudo, saber se comportar com uma simplicidade sofisticada e uma sabedoria discreta perante a vida. Em seu livro Elegância e Discrição (CPB 2025), a autora Erlinda Hasse Urel diz: “A elegância é sempre discreta e ela não existe sem a discrição. Ao sermos elegantes, mostramos que respeitamos e amamos a nós mesmos. Ao sermos discretos, mostramos que amamos o próximo como a nós mesmos. Ao observarmos todos esses cuidados em conjunto, mostramos que amamos a Deus acima de tudo. Revelamos que não queremos estar mais bonitos que o próximo nem brilhar mais do que Jesus” (p. 208, 209).
A estilista francesa Coco Chanel dizia: “A simplicidade é a chave da verdadeira elegância. Não é a aparência, é a essência. Não é o dinheiro, é a educação. Não é a roupa, é a classe”. Eu, igualmente, acredito que ser elegante vai muito além de conhecer e assimilar regras cerimoniais ou juntar dinheiro para comprar uma jóia cara. Ser elegante é adquirir um conjunto de bons hábitos que revelam uma civilidade harmoniosa por dentro e por fora.
A elegância para Ellen G. White é caracterizada pela modéstia, simplicidade e uma beleza interior que transcende a ostentação exterior. Ela ensina que a verdadeira elegância não está nas roupas caras ou joias, mas na "graça, beleza, conveniência da simplicidade natural" e, principalmente, no "ornamento de um espírito manso e quieto", ou seja, em uma beleza que vem de dentro e se reflete em boas obras, como a bondade e a solicitude para com o próximo. E completa que "os filhos de Deus devem ser puros interior e exteriormente" (A Ciência do Bom Viver, p. 289).
Ser elegante é aprender agir com cortesia, empatia, gentileza, cuidado, educação e discrição. É descobrir o quanto é vulgar lavar roupa suja em praça pública; cuspir no prato em que comeu; participar de fofocas e boca a boca; fazer discursos inflamados sobre política; assediar sem consentimento; criticar mais que elogiar; fazer diferença entre as pessoas; exagerar no tom de voz, na vontade de aparecer e na obscenidade. Ellen White nos advertiu dizendo que “em cada época, a maioria dos professos seguidores de Cristo tem desatendido àqueles preceitos que ordenam modéstia e simplicidade na conversação, no comportamento e no vestir" e que "o resultado tem sido o mesmo – abandono dos ensinos do evangelho, que conduz à adoção das modas, costumes e princípios do mundo” (Mensagem aos Jovens, p. 354).
Engana-se quem pensa que o contrário de luxo é a escassez de bens e recursos. Luxo é se despir de excessos. É descobrir que você não precisa exagerar na maquiagem, no brilho da roupa, no tom de voz, na quantidade de perfume, no filtro da selfie, na indiscrição. Luxo é conhecer seu lugar, não invadir a privacidade alheia, respeitar os limites (seus e dos outros), ser polido e refinado. Luxo é saber ser sofisticado na simplicidade, não desperdiçar, não esbanjar, não ostentar. Luxo é prestar atenção às próprias maneiras, e, na dúvida, agir com mais sobriedade que vulgaridade. Ellen White nos orienta dizendo que "a verdadeira cortesia não se aprende pela mera prática das regras da etiqueta, ela desconhece as classes sociais, ensina o respeito de si mesmo, respeito à dignidade do homem como homem, consideração por todo membro da grande fraternidade humana" (Educação, p. 240).
Pessoas elegantes não precisam impressionar ninguém, e por isso agradam a si mesmas em primeiro lugar. Não necessitam ostentar o último modelo de celular, não se incomodam em repetir vestidos, não competem pelo número de curtidas na última foto da viagem. Pessoas elegantes investem mais no brilho do olhar que na plástica das pálpebras, mais na naturalidade do sorriso que no preenchimento dos lábios, mais no caimento da vestimenta que na etiqueta famosa bordada na lapela. Quanto é bonito, fino, clássico, elegante e muito sofisticado adotar um estilo sóbrio, desprovido de exageros e despropósitos. É como diz o velho ditado: “menos é mais”. Ellen White disse que "neste século corrompido, tudo se perverte para servir à ostentação e aparência exterior" (Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, p. 270).
A elegância está no comportamento, e não na posse disso ou daquilo. Já vi muita gente desprovida de recursos ter gestos nobres, e muita gente endinheirada ser extremamente desagradável e mesquinha. Isso me dá a certeza que não se mede grandeza por riqueza nem elegância por aparência. Ellen White afirmou que "a simplicidade de caráter e a humildade de coração produzirão felicidade, ao passo que a presunção ocasionará descontentamento, murmuração e contínuas decepções" (Testemunhos Seletos 1, p. 403).
Encerro com este lindo pensamento de Ellen White:
"A verdadeira elegância não acha satisfação no adorno do corpo para ostentação. Existe um ornamento imperecível, o qual promoverá a felicidade de todos ao redor de nós nesta vida e fulgirá com brilho que não desmerece no futuro imortal. É o adorno de um espírito manso e humilde. Deus nos manda usar na alma o mais precioso vestido. Quão pouco valor têm o ouro, as pérolas ou custosa ostentação comparados à beleza de Cristo! A beleza natural consiste da simetria ou da harmoniosa proporção das partes, de uma para com outra; mas a beleza espiritual consiste na harmonia ou semelhança de nossa alma com Jesus. Isso tornará seu possuidor mais precioso que o ouro fino, mesmo o ouro de Ofir. A graça de Cristo é, de fato, adorno de incalculável preço. Eleva e enobrece seu possuidor, reflete raios de glória sobre outros, atraindo-os também para a fonte de luz e bênçãos" (Orientação da Criança, p. 277).

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