quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O que está acontecendo com nossas garotas?

Uma professora de crianças de três anos declarou que, ao saberem da festinha que teriam na classe, elas passaram semanas comentando que roupa usariam no dia. “Elas estão perdendo o desejo pela diversão e espontaneidade, preferindo a exibição e competição”, comentou. Você identifica esse tipo de comportamento ao seu redor? “Quanto mais as meninas concentram sua atenção na aparência, mais inseguras se tornam, porque não se desenvolveram o suficiente para ter um forte sentido de si mesmas”, afirma um trecho do livro O que está acontecendo com nossas garotas?, de Maggie Hamilton, especialista em comportamento. Muito inseguras, são suscetíveis a sugestões. Consideram a aceitação de seus colegas absolutamente crucial. Isso gera muita infelicidade, porque “encoraja as meninas a pensar que só o que importa é a aparência, a propriedade e a popularidade”, completa Maggie. A baixa autoestima e a baixa autoconfiança são cultivadas no sexo feminino na tenra idade. Os pais incentivam, mesmo que sem intenção, a ostentação e consumismo, garantindo que suas meninas tenham o máximo de desejos realizados.
“Quando as meninas conseguem tudo que querem, crescem achando que a vida se resume à autogratificação instantânea — ou seja, compras imediatas, relações afetivas passageiras, diversão zas-trás, sexo fugaz — até que nada as encanta mais ou pareça-lhes realmente especial". (Maggie Hamilton)
Algumas das consequências disso são: superestimulação, superexposição e supersensualização. Vamos analisar um exemplo bem popular: os brinquedos “infantis” (bem entre aspas mesmo). Eu e meu marido costumamos frequentar lojas de brinquedos. Não nos julguem! É bem comum eu aproveitar o momento dentro desses estabelecimentos para dizer coisas do tipo: “se eu tivesse uma filha, jamais compraria esse brinquedo pra ela”. Os brinquedos e entretenimentos lançados para o público infantil perderam a inocência e ingenuidade, que deveriam ser as características mais valiosas em uma criança. Note, por exemplo, o nível de bonecas disponíveis no mercado. Existem marcas que produzem e vendem uma quantidade absurda de bonecas com meia rastão, shorts curtíssimos, blusinhas com a barriga à mostra e maquiagem extravagante.

“As meninas não estão mais fingindo que são mamães, ao cuidar e manipular as bonecas de uma maneira natural. Elas se tornaram uma dessas bonecas”, contou uma professora de jardim da infância. Profissionais de saúde especializados na faixa infantil demonstram preocupação com a influência negativa dos brinquedos e da mídia. Segundo eles, as meninas estão sendo cada dia mais expostas a uma superficial e sexualizada maneira de verem a si mesmas e ao mundo.

Maggie alerta que ao apresentar coisas do tipo para as menininhas – por meio de brinquedos, filmes, programas de TV, roupas e livros — estamos dizendo que é assim que devem se comportar, que é isso que a sociedade espera delas e das mulheres em geral. Pequenas demais para julgar o que é adequado ou não, elas passam a achar que aquilo é realmente o padrão feminino obrigatório.

Em um estudo com crianças de cinco a oito anos nos EUA, foi revelado que cerca de 25% delas manifestaram o desejo de ser mais magras. Esse indicador sobe para 71% nas de 7 anos. A maioria delas acreditava precisar perder peso para ser popular. A metade estava preparada para fazer dietas redutoras. Dá pra acreditar? Os anunciantes amam essas garotas, afinal, elas lhes rendem bilhões de dólares (ou qualquer outra moeda). O mundo conspira pela insatisfação. Afinal, imagine quantas empresas faliriam se amanhã todas as meninas e mulheres acordassem amando a si mesmas.

Emanuelle Sales (via Imagem & Semelhança)

Nota: O livro Orientação da Criança, de Ellen G. White, nas pp. 434-435, diz:
“Frequentemente os pais vestem os filhos com roupas extravagantes, com muita ostentação de ornamento e então admiram abertamente o efeito de seus trajes e os cumprimentam por sua aparência. Esses pais insensatos se encheriam de consternação se pudessem ver como Satanás lhes apoia os esforços e os impele para maiores loucuras. [...] As crianças ouvem mais de vestidos do que da salvação. Porque a mãe se acha mais familiarizada com a moda do que com o seu Salvador. [...] Não encorajemos nossos filhos a seguirem as modas do mundo; e se formos fiéis em lhes dar o ensino correto, eles não as seguirão. As modas do mundo frequentemente tomam uma forma ridícula, e deveis tomar firme posição contra elas.”

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