segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Frente evangélica apoia Israel por crença no Apocalipse e na volta de Cristo

Não se conhece grupo que apoie tanto o projeto do presidente Jair Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém como a Frente Parlamentar Evangélica, que deve reunir 91 parlamentares a partir deste ano, entre 84 deputados e sete senadores. No fundamento do apoio, além da conexão do Estado de Israel moderno ao antigo reino hebreu, há uma razão voltada para o futuro — o cumprimento de supostas profecias bíblicas do retorno de Cristo e do Apocalipse.

— Israel é um termômetro dos sinais do cumprimento do que está escrito no Livro do Apocalipse — diz o deputado federal e membro da Assembleia de Deus Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). —A nossa fé acredita nisso. A transferência da embaixada diz respeito a isso. Para nós, todo cenário será preparado para o Armagedom, como descrito no Apocalipse, e o palco do Armagedom será na cidade de Jerusalém.

As declarações ajudam a explicar a proximidade do presidente Jair Bolsonaro, que durante a campanha contou com a poio maciço da comunidade evangélica, com Israel. Para um grande número dos líderes protestantes do país, sobretudo os neopentecostais, a criação do Estado de Israel, em 1948, foi um prenúncio da volta de Cristo.

De acordo com Christopher Rollston, professor de Estudos Bíblicos da Universidade George Washington, esses grupos evangélicos são chamados pré-milenaristas, e veem uma grande continuidade entre eventos descritos na Bíblia e o mundo moderno:

— De acordo com a sua leitura, certas passagens em livros de Daniel, de Ezequiel e da Revelação preveem a criação do Estado de Israel— afirma o professor, destacando que não compartilha da leitura, assim como “praticamente todos os estudiosos sérios da Bíblia”. — Eles creem que a conversão dos judeus aos cristianismo se seguirá à criação do Estado de Israel e tudo isso se concluirá com a segunda vinda de Jesus.

Expectativa pelo fim
Yaakov Ariel, professor de estudos religiosos da Universidade Chapel-Hill e autor de “Uma relação incomum: cristãos evangélicos e judeus” (“An unusual relationship”), diz que, em sua origem, o cristianismo se baseava no messianismo — o retorno de Cristo à Terra seria iminente, com o estabelecimento do Reino de Deus. Com o tempo, as maiores tendências cristãs começaram a interpretar as passagens como simbólicas ou alegóricas, com a Igreja Católica assumindo o papel de iluminar o rebanho, no lugar de um retorno de Jesus. A partir da Reforma Protestante, no século XVII, contudo, a expectativa pelo Apocalipse reaparece:

— Lendo o Velho Testamento de uma nova maneira, alguns pensadores messiânicos passaram a esperar que os judeus desempenhariam um papel importante nos eventos do fim dos tempos, que pensavam que estavam prestes a começar — afirma o autor. — As raízes do apoio cristão ao sionismo podem ser encontradas aí.

No final do século XIX, relata Ariel, essas leituras ganharam força, sobretudo a chamada escola dispensionalista, criada nos EUA. De acordo com a doutrina, que é a mesma defendida por pastores neopentecostais hoje (outros grupos, como a Igreja Presbiteriana, não a compartilham), Jesus virá para resgatar os seus crentes e a sua igreja, antes de um período chamado de Grande Tribulação. Durante essa época, que durará sete anos, a Terra será devastada por cataclismos como enchentes e terremotos, somados a regimes ditatoriais, piores do que o Holocausto, promovidos por um Anticristo que se dirá um Messias.

O retorno de Cristo, ao cabo da turbulência, derrotará o governante satânico, para então reinar por um período de paz de mil anos. Cavalcante, que, além de deputado, é teólogo, se esquiva da resposta sobre o destino dos que não se converterem, mas afirma que os judeus terão a oportunidade de arrependimento e de conversão ao cristianismo, por serem o povo escolhido:

— Os judeus terão uma segunda oportunidade de arrependimento — afirma. — Eles serão a única nação que terá a oportunidade para o arrependimento.

Rolsston explica o futuro dos que rejeitarem a conversão:

— Evangélicos acreditam que qualquer um que não se converter ao cristianismo vai para o inferno — afirma.

Essa visão de mundo, segundo Rollston, é “completamente incompatível” com a de qualquer judeu praticante, seja ortodoxo ou conservador reformista. Dentre as diferenças, estão a leitura profética daquilo que o judaísmo entende serem textos antigos, assim como a conversão completa dos judeus aos ensinamentos de Cristo:

—Em certos aspectos, a visão pré-milenarista é muito antissemita, porque o seu objetivo é a conversão dos judeus ao cristianismo. (Leia a matéria completa em O Globo)

Nota: Dispensacionalismo é uma doutrina teológica e escatológica cristã que defende que o regresso, ou segunda vinda de Jesus Cristo à Terra será um acontecimento no mundo físico, envolvendo primeiramente um arrebatamento secreto, seguido de um período de sete anos de tribulação após o qual se dará a famosa batalha do Armagedom e o estabelecimento do reino de Deus na Terra.

Todo o pensamento dispensacionalista está baseado em uma interpretação literal da profecia bíblica. Concretamente: o Israel da Bíblia, em particular o do Antigo Testamento, é ainda hoje a nação atual e literal de Israel; o povo escolhido de Deus na Bíblia é ainda hoje os judeus literais, étnicos; a cidade santa na Bíblia é ainda hoje a cidade literal de Jerusalém, em Israel; e o Armagedom será uma luta literal em algum lugar no território de Israel.

Diante disso, são criadas leituras proféticas que se encaixem e não contrariem esta base fundamental, como é o caso da identificação do anticristo, das bestas, do falso profeta, etc., e surge o histórico apoio dos Estados Unidos a Israel. No entanto, basta uma simples leitura atenta de alguns textos das Sagradas Escritura para perceber que entender o Israel escatológico como sendo a nação literal de Israel não encontra fundamento bíblico.

Vejamos:

Gálatas 3:29: “E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”, indicando que qualquer cristão pode ser herdeiro e descendente espiritual de Abraão.

Romanos 9:8: “Não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência.” Ou seja, os verdadeiros filhos de Deus não são aqueles ligados por laços de sangue, mas os que recebam Suas promessas.

Efésios 3:6: “Os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho.” Até os gentios, normalmente renegados pelos judeus, são participantes da herança do evangelho de Cristo.

Finalmente, Romanos 2:28 e 29: “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra.”

Podemos perceber que, na Bíblia e em seu sentido mais amplo e histórico-profético, judeu não é entendido racial ou etnicamente, mas, sim, simbólica e espiritualmente. Assim, o dispensacionalismo começa a cair por terra à primeira prova.

Na prática, tudo isto concorre para retirar, afastar de cena os verdadeiros agentes que no fim dos tempos agirão no sentido de precipitar os últimos acontecimentos da História da Terra, enganando e desviando as pessoas da verdadeira essência da profecia bíblica.

O inimigo da verdade é muito astuto e sagaz: facilmente coloca o mundo inteiro perturbado com um assunto, que para alguns é política e diplomacia, para outros é cumprimento profético; na verdade, todos eles correm o sério risco de estar muito atentos, interessados e envolvidos na questão, mas com o foco completamente errado. (Filipe Reis via Outra Leitura)

Vejamos também o comentário de Mário Jorge Lima (via facebook):

Desde o inicio do governo Trump nos EUA, e agora do governo Bolsonaro no Brasil, principalmente com a troca da embaixada americana em Israel, de Telaviv para Jerusalém, ação política que poderá em breve ser tomada por diversos outros países, fala-se muito nessa movimentação da direita cristã no sentido de, entre outras coisas, ignorar a separação entre Igreja e Estado, com todas as possíveis consequências político-religiosas que isso trará. E vejo que esse assunto tem sido bem frequente aqui nas Redes Sociais. Isso, por si só, já é um grande avanço, bem melhor do que aquela guerrilha política fratricida da época das eleições (rsrs).

Como povo que crê na iminente volta de Jesus, entendemos que caso isso, de fato, aconteça, estará se formando o cenário para propagação de leis contrárias à Lei e à vontade de Deus, o que apressaria o encerramento do período de graça dado ao mundo e a volta de Jesus.

Pessoalmente, há algum tempo venho acompanhando de forma equilibrada esses aspectos relativos a Israel. Desde criança sou um admirador profundo do povo judeu e sua história, bem como das imensas bênçãos espirituais, intelectuais e materiais que os acompanham ao longo de sua existência, além de um atento espectador do seu sofrimento como povo. Mas, em todos os meus sermões e textos que tratam de eventos finais, deixo bem clara essa questão da não base bíblica para sua restauração como nação eleita. No entanto, sabemos que muitos, dentre o povo do advento, podem estar se encantando com essa possibilidade e achando que Israel voltará de fato a ter proeminência política e religiosa. Nada mais falso.

A rigor, Israel, como nação não mais terá essa proeminência. Perdemo-nos nessas considerações quando não entendemos o evangelho pregado aos gentios e a rejeição de Israel como povo, bem como sua aceitação como indivíduos (Romanos 11), pois, como tais, entendemos que terão, sim, um papel importante no encerramento da pregação do Evangelho.

Creio firmemente que se essa movimentação e recrudescimento da chamada direita cristã, nos principais governos do mundo, for o caminho para o apressamento do fim, e se for esse o propósito de Deus, nada poderá deter esse processo. E isso é ótimo, nada melhor do que nos submetermos aos Seus santos desígnios.

As lições do Apocalipse estão aí para nos levarem a uma reflexão equilibrada sobre os eventos finais. Vamos extrair delas o máximo que pudermos, com iluminação do Espírito de Deus. Daqui a mais quatro trimestres, em janeiro de 2020, virão as lições de Daniel. Benção!

Queridos, não temos que ficar apreensivos ou alarmados, levantemos nossas cabeças e alegremo-nos por ver que Deus cumpre Suas promessas, que Ele move o braço da história e que levará tudo a um final feliz e profetizado em Sua Palavra.

Afinal, não é isso mesmo que todos queremos??? Ou não???

Um comentário:

  1. Realmente faz sentido... tudo parece estar caminhando para o fim, eu nao tenho dúvidas que depois que Israel se tornar aquela Nação que todos os evangélicos anseiam ver, Satanás vai se disfarçar de Jesus pra enganar, e muita gente vai falar que Jesus veio pra reinar... é ai que mora o perigo

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