quinta-feira, 20 de junho de 2019

Como dialogar sobre suas crenças

Em tempos de polarização, aprender a dialogar sobre sua própria fé numa cultura relativista e muitas vezes cética é um desafio para boa parte dos cristãos. Como você lida, por exemplo, com perguntas sobre tópicos delicados como descrença em Deus, a existência do mal, a criação em seis dias literais ou a posição bíblica sobre homossexualidade? As dicas abaixo podem ajudá-lo a evitar confrontos e a transformar essas situações em oportunidades de testemunho e crescimento pessoal.

1. NÃO SE DEFENDA
Quando alguém discorda de você ou ridiculariza um ponto de sua fé, a tentação inicial é responder defensivamente, valendo-se muitas vezes de respostas prontas ou acusatórias. O problema é que essa atitude não convence os céticos bem informados, além de estimular o sarcasmo e dificultar o diálogo. Não defenda a si mesmo; existem vitórias mais importantes para ganhar.

2. FAÇA PERGUNTAS
As pessoas estão mais interessadas em falar sobre o que acham do que em ouvir o que os outros pensam. Perguntas educadas e sinceras podem ajudar você a entender por que a outra pessoa crê daquela maneira. Questione quais são os dados, especialistas ou experiências nos quais ela se fundamenta. Dessa maneira, caberá a ela se defender e argumentar sobre o próprio ponto de vista. Lembre-se de que a verdade é clara e simples, enquanto o erro é sinuoso e demanda muitas explicações. Não se desespere se for confrontado com informações que não domina. Reconheça suas limitações e pesquise posteriormente sobre isso. Não tente “converter” com uma conversa apenas. Sua função é colocar “pedras no sapato” do interlocutor.

3. OUÇA
Preste atenção nas respostas dele, no dito e no não dito. Muitas pessoas que parecem apresentar argumentos racionais para descrer, na verdade estão sendo movidas por questões emocionais, como o trauma de uma perda, ou pela decepção com a hipocrisia da igreja. Entender as entrelinhas dessa descrença vai ajudá-lo no próximo passo.

4. COLOQUE UMA “PEDRA NO SAPATO”
Uma “pedra no sapato“ é uma informação ou pergunta que você levanta que não pode ser ignorada por seu interlocutor, seja porque desafia a visão de mundo dele ou porque ele ainda não tem uma resposta satisfatória para a questão. Esse “desconforto” talvez o leve a refletir até a conversa seguinte e a se abrir para ouvir seus argumentos.

5. DISCORDE SEM DESRESPEITAR
Como adventistas, cremos numa verdade objetiva e absoluta, conforme revelada na Bíblia, mas acreditamos também que cada pessoa tem valor incalculável para Deus; portanto, merece nosso respeito. Isso não significa concordar com o erro. Contrariando a cultura atual, devemos deixar claro que as pessoas são iguais em termos de valor, mas que existem ideias melhores do que outras: algumas são verdadeiras, enquanto outras são equivocadas e até destrutivas. Demonstre em sua linguagem corporal e atitudes que valoriza o outro. Desse modo, ainda que continue discordando, poderá estabelecer ou fortalecer uma amizade. Reflita sobre o que pode aprender com essa pessoa e seu ponto de vista, e continue orando para colaborar com a ação do Espírito Santo na vida dela.

Nathan Tasker (via Revista Adventista)

Nota: Segue abaixo mais algumas dicas de Ellen G. White:

"A obra especial, enganosa de Satanás tem sido a provocação de debates, para que haja contendas em torno de palavras, que nenhum proveito trazem. Bem sabe ele que isto ocupará a mente e o tempo. Desperta a combatividade e sufoca, na mente de muitas pessoas, o ardor da convicção, levando-as à diversidade de opiniões, acusação e preconceito, o que cerra a porta para a verdade" (Evangelismo, p. 155).

"Na Sua maneira de tratar com Tomé, Jesus deu uma lição para Seus seguidores. Seu exemplo nos mostra como devemos tratar aqueles cuja fé é fraca, e põem suas dúvidas em destaque. Jesus não esmagou a Tomé com censuras, nem entrou com ele em discussão. Revelou-Se ao duvidoso. Tomé fora muito irrazoável em ditar as condições de sua fé, mas Jesus, por Seu generoso amor e consideração, venceu todas as barreiras. Raramente se vence a incredulidade pela discussão. Antes, isso como que a põe em guarda, encontrando novo apoio e desculpa. Mas revele-Se Jesus, em Seu amor e misericórdia, como o Salvador crucificado e, de muitos lábios antes contrários, ouvir-se-á a frase de reconhecimento, proferida por Tomé: 'Senhor meu e Deus meu!' (João 20:28)" (O Desejado de Todas as Nações, p. 808).

"Não somos chamados a entrar em controvérsia com aqueles que mantêm teorias falsas. A controvérsia é sem proveito. Cristo nunca participou dela. 'Está escrito' é a arma que o Redentor do mundo usava. Conservemo-nos bem achegados à Palavra. Deixemos que o Senhor Jesus e Seus mensageiros testifiquem. Sabemos que seu testemunho é verdadeiro" (Life Sketches, p. 93).

"Não cultiveis um espírito de controvérsia ou polêmica. Pouco bem é realizado pelos discursos acusatórios. O mais seguro meio de destruir falsas doutrinas, é pregar a verdade. Apegai-vos à afirmativa. Fazei com que as preciosas verdades do evangelho matem a força do mal. Manifestai um espírito brando, compassivo para com os que erram. Ponde-vos em contato com os corações" (Evangelismo, p. 304).

“Não devemos, ao entrar em um lugar, criar barreiras desnecessárias entre nós e outras denominações, de maneira que eles pensem que somos declarados inimigos seus. Não devemos suscitar preconceito desnecessariamente em seu espírito, fazendo ataques contra eles” (Manuscrito 14, 1887).

“Esta mensagem tem de ser dada, mas conquanto tenha de ser dada, devemos ter cuidado em não acusar, constranger e condenar os que não possuem a luz que nós possuímos. Não devemos sair de nosso caminho a fazer duras acusações aos católicos. Entre eles existem muitos que são cristãos conscienciosos, que vivem segundo a luz que lhes é proporcionada, e Deus operará em seu favor” (Obreiros Evangélicos, p. 329).

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