quarta-feira, 29 de março de 2023

DÉBORA

"Débora, mulher de Lapidote, era profetisa. Era também juíza dos israelitas naquele tempo" (Juízes 4:4).

Quero convidar você para fazer comigo uma viagem imaginária até a Terra de Israel, na época dos juízes. Vamos conhecer de perto a vida de Débora, mulher de Lapidote, que foi profetisa e juíza naqueles dias. 
Débora, a profetisa, governou Israel durante o reinado de Jabim, um rei cananeu que foi muito cruel para com os filhos de Israel. A vida nas aldeias era dura. O povo era saqueado e fugia para as cidades fortificadas, em busca de proteção. Então o Senhor suscitou Débora, que era como uma amorosa mãe para Israel. Deus enviou por intermédio dela uma mensagem para que Baraque se preparasse para encontrar Sísera, general de Jabim, na batalha. Baraque recusou-se a ir, a menos que Débora fosse com ele. Ela concordou, mas avisou-lhe que, devido à sua falta de fé nas palavras do Senhor, a honra de matar Sísera seria de uma mulher, e não de Baraque. 
Havendo novamente se separado de Deus pela idolatria, os israelitas foram severamente oprimidos por esses inimigos. As propriedades e até a vida do povo estavam em constante perigo. Por isso as aldeias e as habitações isoladas foram abandonadas, e o povo reuniu-se nas cidades muradas. As estradas principais não eram usadas, e as pessoas iam de um lugar para outro por caminhos pouco freqüentados. Nos lugares em que se tirava água, muitos eram assaltados e até assassinados, e para aumentar sua aflição, os israelitas estavam indefesos. Entre quarenta mil homens, não se encontrou uma só espada ou lança. 
Durante vinte anos, os israelitas sofreram sob o jugo do opressor; então eles se voltaram de sua idolatria, e em humildade e arrependimento clamaram ao Senhor por livramento. E não clamaram em vão. Habitava em Israel uma mulher, famosa por sua religiosidade, e por meio dela o Senhor escolheu livrar o Seu povo. Seu nome era Débora. Era conhecida como profetisa, e na ausência dos costumeiros juízes, o povo se dirigia a ela em busca de conselho e justiça. 
O Senhor comunicou a Débora o Seu propósito de destruir os inimigos de Israel, e mandou-a chamar um homem por nome Baraque, da tribo de Naftali, e dar-lhe a conhecer as instruções que recebera. Ela, então, chamou Baraque, e o instruiu a reunir dez mil homens das tribos de Naftali e Zebulom, a fim de guerrear contra o exército do rei Jabim. 
Baraque sabia que os hebreus estavam dispersos, desalentados e desarmados, e conhecia a força e destreza de seus inimigos. Embora tivesse sido escolhido pelo próprio Deus para libertar a Israel, e recebido a garantia de que Deus estaria com ele e subjugaria os seus inimigos, era tímido e receoso. Ele aceitou a mensagem de Débora como sendo a palavra de Deus, mas tinha pouca confiança em Israel, e temia que eles não obedecessem à sua convocação. E recusou envolver-se nesse empreendimento duvidoso a menos que Débora o acompanhasse e apoiasse seus esforços através de sua influência e conselho. Débora consentiu, mas garantiu-lhe que, devido à sua falta de fé, a vitória obtida não traria honra a ele, pois Sísera seria traído às mãos de uma mulher. 
Os israelitas se haviam estabelecido num local fortificado nas montanhas, a fim de aguardar uma oportunidade favorável para atacar. Animado pela certeza dada por Débora de que havia chegado o dia de assinalada vitória, Baraque conduziu seu exército pela planície aberta, e ousadamente investiu contra o inimigo. O Senhor dos Exércitos guerreou por Israel, e nem a destreza bélica nem a superioridade de homens e equipamento pôde resistir-lhes. Os exércitos de Sísera foram tomados de pânico; aterrorizados, buscavam apenas descobrir como escapar. Numerosos guerreiros foram mortos, e a força do exército invasor foi completamente destruída. Os israelitas agiram com coragem e prontidão; mas só Deus poderia ter desbaratado o inimigo, e a vitória podia ser unicamente atribuída a Ele. 
Quando Sísera viu que seu exército fora derrotado, saltou do seu carro e escapou a pé, como um soldado comum. Aproximando-se da tenda de Héber, um dos descendentes de Jetro, o fugitivo foi convidado a encontrar abrigo ali. Na ausência de Héber, Jael, sua esposa, cortesmente ofereceu a Sísera leite para beber e uma oportunidade de repouso, e o exausto general caiu logo no sono. 
Jael, a princípio, ignorava a identidade do hóspede, e resolveu ocultá-lo; mas quando soube, depois, que ele era Sísera, o inimigo de Deus e do Seu povo, mudou de propósito. Enquanto ele jazia adormecido diante dela, Jael dominou sua natural relutância diante de um ato como aquele, e o matou, cravando-lhe uma estaca na fonte, prendendo-o à terra. Quando Baraque, em perseguição ao inimigo, passou por aquele caminho, foi convidado por Jael a contemplar o jactancioso capitão morto, a seus pés — morto pela mão de uma mulher. 
Débora comemorou a vitória de Israel num cântico muito exaltado e sublime. Ela atribuiu a Deus toda a glória do livramento deles, e mandou que o povo O louvasse por Suas obras maravilhosas. Ela conclamou os reis e príncipes das nações ao redor para que ouvissem o que Deus realizara em favor de Israel, e ficassem advertidos quanto a não causar-lhe dano. Ela mostrou que a honra e o poder pertencem a Deus, e não a homens ou a seus ídolos. Descreveu as extraordinárias manifestações da majestade e do poder divino exibidas no Sinai. Expôs perante Israel sua indefesa e aflitiva condição, sob a opressão dos inimigos, e relatou com veemente linguagem a história de sua libertação.
O relato bíblico que temos sobre Débora é um relato de vitória. Mais do que uma vitória contra a opressão sofrida pelo povo de Israel, é um relato da vitória feminina sobre os estigmas. Nós, hoje, olhamos para as mulheres do passado e muitas vezes lamentamos sua condição. Nos esquecemos que condição alguma é barreira para as mulheres serem usadas por Deus.

Deus usou Débora para libertar Israel de uma condição opressora, e ao mesmo tempo usa sua história para nos mostrar que unidas a Ele, as mulheres estarão livres de opressões e estigmas que possam existir sobre elas. Uma mulher nas mãos de Deus é uma mulher valorizada, independente da época em que vive. Uma mulher nas mãos de Deus é mais corajosa que um homem, e é capaz de liderá-lo.

[Ellen G. White - Filhas de Deus, pp. 24-26]

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