Você já deve ter percebido que, com o tempo, nossas palavras vão sendo ressignificadas. É interessante notar que algumas palavras que anteriormente tinham um significado negativo, hoje assumem um teor positivo. Por exemplo, será que a vaidade ainda carrega um significado negativo? Será que o orgulho ainda é considerado o maior dos pecados?
Babilônia |
Arte de Hyeronymus Bosch |
Arte de C. Allan Gilbert |
Arte de Vermeer |
Depois de Salomão mencionar seus grandes feitos e sua busca hedonista pelo prazer, concluiu: “E eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol” (Ec 2:11). Nesse verso, ele resumiu o conceito de fugacidade existencial na palavra “vaidade”. O trocadilho é evidente, considerando o fato de que o termo hebraico hevel, traduzido como “vaidade”, significa literalmente “sopro”, “vapor”. Tudo é vaidade porque tudo é transitório, uma concepção materializada na breve e angustiante existência de Abel, cujo nome hebraico também é hevel (ver Gn 4:1-11).
No que você pensa na maior parte do tempo? Uma vez me falaram que este é o seu deus. Se você pensa em moda e beleza na maior parte do tempo, elas são o seu deus. Se você pensa mais que tudo em trabalho, ele é o seu deus. Se você pensa em você mesmo na maior parte do dia, você é o seu próprio deus. Tudo isso é vaidade. Mas se seus pensamentos são dominados primeiramente pelo amor e pela missão, fique feliz: seu deus é o Deus do Céu. E isso não é, nem de longe, como correr atrás do vento.
Os cristãos são convidados a remar contra a maré, a mostrar essa nobreza superior acima das determinações sociais e do espírito da época: “E não vos desvieis; pois seguiríeis as vaidades, que nada aproveitam, e tampouco vos livrarão, porque vaidades são” (1Sm 12:20, ARC). Sabemos que todos os troféus e conquistas humanos, todos os deuses pessoais e sociais não passam de vaidade. O texto bíblico nos diz: “Nossos pais herdaram só mentiras e vaidade, em que não havia proveito. Porventura fará um homem deuses para si, que contudo não são deuses?” (Jr 16:19, 20, ACF).
Se do ponto de vista humano a vida parece fútil, por outro lado, resgatada por Deus, ela pode ter um extraordinário significado, servindo aos Seus propósitos e exaltando Sua glória. A escolha desse significado, somos nós que fazemos.
Veja esta importante advertência de Ellen G. White: "A vaidade e a presunção estão matando a vida espiritual. O eu é exaltado; fala-se sobre o eu. Oh! se morresse esse eu! 'Cada dia morro' (1Co 15:31), disse o apóstolo Paulo. Quando esta orgulhosa, jactanciosa presunção, e esta complacente justiça própria permeiam a alma, não há lugar para Jesus. É-Lhe dado um lugar inferior, ao passo que o eu incha em importância, e enche todo o templo da alma. Eis a razão por que o Senhor pode fazer tão pouco por nós. Quando o eu estiver escondido em Cristo, não será tantas vezes trazido à tona" (Testemunhos Seletos vol. 2, p. 210).
Ao olharmos para nossa sociedade, em uma concorrência de vaidades, vemos que onde há separação de Deus, há a divinização do “eu”. O mundo entrou de tal forma em um fervor de vaidades que pode-se procurar com lupa uma classe nobre que não seja vítima dessa realidade. Parece que todos caíram dentro da mesma fogueira das vaidades.
Qual é a alternativa? Para quem correremos então? Para Deus, o único que pode nos conceder nobreza espiritual e uma vida espiritual capaz de resistir às tentações vaidosas de nosso tempo. Se ouvirmos Sua voz, haverá uma decisão voluntária a favor do que é eterno e uma indiferença diante das vaidades humanas.
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