quinta-feira, 18 de julho de 2019

Todos merecem uma segunda chance?

“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.” (Lamentações 3:22, 23)

Quantas vezes erramos, ferimos alguém que amamos, não cumprimos um compromisso, traímos a confiança de alguém, mentimos, roubamos, cometemos graves crimes? Quantas vezes tentamos fazer alguma coisa em casa, no trabalho, na escola e fracassamos, e queremos ardentemente ter uma segunda chance? Muitas vezes lamentamos dizendo: “Ah! Se eu tivesse mais uma chance, faria tudo diferente”. Nesta vida, nós estamos sujeitos a cair. Mas às vezes ela não nos dá uma segunda chance. 

Em 1929, num campeonato de futebol americano, o Georgia Tech enfrentava o time da Universidade da Califórnia. Durante a partida, um dos jogadores tomou a bola, mas, confuso, correu na direção errada, marcando um gol contra o próprio time. No intervalo, os jogadores dirigiram-se para o vestiário, antecipando o que o técnico iria dizer. O moço que cometera o engano colocou uma toalha ao redor da face. Chorava em soluços, envergonhado. 

Quando o time se preparava para voltar ao campo, para o segundo tempo, o técnico surpreendeu a todos, anunciando que a mesma formação seria mantida. Os mesmos jogadores voltariam para o fim da partida. Todos deixaram o vestiário, exceto o autor do vexame. Ele não se atreveria. O técnico olhou para trás, viu que o rapaz continuava em lágrimas e o chamou. “Técnico”, disse o jovem com a voz embargada, “não posso mais jogar. Eu o envergonhei e trouxe desgraça para o time. Não posso enfrentar os torcedores novamente.” Então o técnico colocou o braço no ombro do rapaz e disse: “Levante-se e entre em campo. O jogo está apenas na metade.” 

Ao ler esse relato, pensei: “Que líder extraordinário!” Ao refletir na história de Adão, Abraão, Jacó, Moisés, Elias, Sansão, Jonas, Davi, Marcos, Pedro e um incontável número de outros fracassados, lembro-me dos braços divinos que os envolveram em suas crises e derrotas, animando-os e reabilitando-os. Por isso, há esperança para todos nós. Deus sempre nos dá uma nova oportunidade. “Porque sete vezes cairá o justo e se levantará” (Pv 24:16). O nosso Deus é especialista em dar segunda chance às pessoas! Ele é especialista em trabalhar com pessoas imperfeitas.

Segunda chance para Satanás
Depois que Satanás foi expulso do céu (como lemos em Ap 12:7-9), ele já havia recebido todas as oportunidades possíveis. Por isso, quando foi jogado para a Terra (Ap 12:12; Lc 10:18), o destino dele já estava selado, pois ele escolheu assim. Oportunidades não faltaram a Lúcifer. Podemos ter certeza disso. Afinal, a Bíblia ensina que “Deus é amor” (1Jo 4:8, 16), que Ele tem “prazer na misericórdia” (Mq 7:19) e que o Criador é “[…] Deus compassivo e cheio de graça, paciente e grande em misericórdia e em verdade”. Além disso, Ele se alegra em ver que o indivíduo, por mais perverso que seja, se converta e viva (Ez 18:23, 32). Ellen White esclarece:

“Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Satanás. Este não foi imediatamente degradado de sua posição elevada, quando a princípio condescendeu com o espírito de descontentamento, nem mesmo quando começou a apresentar suas falsas pretensões diante dos anjos fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu. Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a condição de que se arrependesse e submetesse” (O Grande Conflito, pp. 495-496).

Havendo perdido sua posição nas cortes celestiais, Satanás ainda solicitou para ser readmitido no Céu, mas Cristo lhe disse que isto seria impossível.

"Satanás agora observava os terríveis resultados de sua rebelião. Satanás estava espantado ante sua nova condição. Sua felicidade acabara. Olhava para os anjos que, com ele, outrora foram tão felizes, mas que tinham sido expulsos do Céu em sua companhia. (...) Ele está sozinho, meditando sobre o passado, o presente e o futuro de seus planos. Sua poderosa estrutura vacila como numa tempestade. (...) Um anjo do Céu está passando. Ele o chama e suplica uma entrevista com Cristo. Isto lhe é concedido. Então, relata ao Filho de Deus que está arrependido de sua rebelião e deseja voltar ao favor divino. Está disposto a tomar o lugar que previamente Deus lhe designara e sujeitar-se a Seu sábio comando. Cristo chorou ante o infortúnio de Satanás, mas disse-lhe, como pensamento de Deus, que ele jamais poderia ser recebido no Céu. O Céu não devia ser colocado em perigo. Se fosse recebido de volta, todo o Céu seria manchado pelo pecado e rebelião originados com ele. As sementes da rebelião ainda estavam nele. Não tivera, em sua rebelião, nenhum motivo para seu procedimento, e arruinara irremediavelmente não só a si mesmo, mas a multidão de anjos, que teria sido feliz no Céu, tivesse ele permanecido firme. A lei de Deus podia condenar mas não podia perdoar. Ele não se arrependeu de sua rebelião porque visse a bondade de Deus, da qual havia abusado” (História da Redenção, pp. 24-27).

Pecado contra o Espírito Santo
“Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno” (Mc 3:28-29).

Ellen White assim comenta esta passagem:

“Seja qual for o pecado, se a alma se arrepende e crê, a culpa é lavada no sangue de Cristo; mas aquele que rejeita a obra do Espírito Santo, assume uma posição que impede o acesso ao arrependimento e à fé. É pelo Espírito que Deus opera no coração; quando o homem rejeita voluntariamente o mesmo, e declara que é de Satanás, corta o conduto por onde Deus Se pode comunicar com ele. Quando o Espírito é afinal rejeitado, nada mais pode Deus fazer pela alma” (Maravilhosa Graça de Deus, p. 213).

Deus nos dá as mesmas oportunidades para arrependimento e mudança de nossos conceitos religiosos equivocados, que podem nos levar à perdição eterna. Iremos aproveitar as oportunidades que o Espírito Santo nos oferece todos os dias?

“[…] Como diz o Espírito Santo: “Se hoje vocês ouvirem a voz de Deus, não sejam teimosos […]” (Hb 3:7, 8, NTLH).

"O arrependimento compreende tristeza pelo pecado e afastamento do mesmo. Não renunciaremos ao pecado enquanto não reconhecermos a sua malignidade; enquanto dele não nos afastarmos sinceramente, não haverá em nós uma mudança real da vida" (Caminho a Cristo, p. 23).

"Quem está desejoso de se tornar verdadeiramente arrependido? Que deve ele fazer? - Deve ir ter com Jesus, tal qual está, sem demora. Deve crer que a palavra de Cristo é verdadeira e, crendo na promessa, pedir, para que possa receber” (Reavivamento e seus Resultados, p. 24).

Talvez você esteja passando por um terrível peso de fracassos e falhas, sob olhares acusadores e críticos. Você tem chorado amargamente? Deus tem visto suas lágrimas e ouvido sua oração de arrependimento. Ele vai renovar o seu chamado. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9).

Lembre-se de que a pior derrota não é aquela em que o inimigo nos vence e nos lança no chão, mas quando ele consegue nos convencer de que para nosso caso não há esperança. Ouça agora mesmo a voz de Cristo falando ao seu coração: “Levante-se, entre novamente em campo. A partida ainda não está terminada.”

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