Era uma vez, uma menina que não tinha um rato. Mas, talvez influenciada pela popularidade de figuras como Mickey Mouse, Topo Gigio, Tom e Jerry, a garotinha resolveu que queria porque queria um... Assim, toda manhosa, foi contar para o pai de sua mais nova e estranha necessidade.
Mas o pai não concordou com a ideia, explicando o perigo de ter um ratinho - as doenças, a sujeira, e essas coisas. A menina insistiu, chorou, esperneou, mas nada mudou a ordem estabelecida. O tempo passou, e o pai teve que fazer uma viagem. Iria passar dias longe, trabalhando. A família ainda se despedia na sala, quando a ideia veio.
A pequena correu para o quarto, abriu uma das gavetas e encontrou o cofrinho. Não pensou duas vezes: quebrou o porco, pensando no rato, juntou as moedas e saiu de casa, dando à mãe uma desculpa qualquer. Foi à loja de animais que ficava ali perto.
Aproximou-se do balcão e, mesmo sem conseguir enxergar quem estava do outro lado, entregou o saco de moedas, dizendo: "Me dá um rato, moço". O moço, que não tinha nada com a história, pegou as moedas e lhe entregou o bicho. A mocinha voltou para casa toda feliz. Trancou-se no quarto e começou a brincar com o novo amigo. E brincou, brincou, brincou... e fim.
O problema é que enquanto a menina amar mais o rato que o pai, ela não vai querer que o pai volte. Mas ele vai voltar. Por isso, cuidado com os ratos.
Quem lê, entenda.
Cândido Gomes (via Uma Janela Aberta para Reflexão)
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