sábado, 9 de maio de 2020

Quanto tempo mais?

Desde que surgiram como denominação, os adventistas do sétimo dia têm pregado sobre a breve volta de Jesus. A crença nesse retorno sustenta parte da identidade da Igreja. Mas uma pergunta ecoa repetidamente, especialmente nesses tempos de pandemia: quão breve é esse “breve”?

Fato é que todo esse contexto de crise, mortes e isolamento social expôs ainda mais as limitações humanas. Assim, a busca pela ajuda divina se intensificou, e cresceu a esperança na volta de Jesus como a solução definitiva para todos os problemas que estamos enfrentando. A vitória sobre esse inimigo invisível e assustador; a segurança que irá aniquilar os nossos medos e incertezas quanto ao futuro.

Muitas pessoas associam esta pandemia ao fim do mundo. Creem que adentramos um estágio final de cumprimento das profecias e, agora, caminhamos rapidamente para o desfecho do Apocalipse. Por outro lado, considerando que a Covid-19 não é a primeira pandemia que a humanidade enfrenta, e que a crise financeira que se aproxima também não será inédita, muitos pensam que nada sobrenatural está por trás desses acontecimentos. Diante desses pontos extremos, é imprescindível uma compreensão profética para avaliar os cenários e trazer tanto a indiferença quanto o alarmismo escatológico a um ponto de equilíbrio.

Mateus 24
Jesus advertiu claramente que Sua vinda seria tardia (Mateus 25:5), que a aparente demora se tornaria uma tentação à infidelidade (Lucas 12:45), e que tentativas de determinar o tempo exato da Sua vinda seriam inúteis (Mateus 24:36). Em seu sermão profético (Mateus 24), Ele fala de sinais no campo político, religioso e na natureza, mas que estes ainda não indicariam o fim. É no verso 14 que encontramos o sinal mais importante da proximidade do Seu retorno: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim.”

Ellen White declara inequivocamente que a volta do Senhor “não será retardada para além do tempo em que a mensagem for levada a todas as nações, línguas e povos”. (Parábolas de Jesus, p. 69). Agora, considere que nós podemos encarar a pregação do evangelho com grande empenho e dedicação ou com desleixo e indiferença; no fim das contas, a ação humana implica em quanto tempo tardará o retorno de Cristo.

A Bíblia diz que antes da volta de Jesus serão derramadas sete pragas sobre os que não aceitaram o plano da salvação (Apocalipse 16). Neste tempo, os salvos estarão selados por Deus para não serem alvo destes flagelos (Salmo 91:7-11). O início delas marcará o fim do juízo investigativo e da intercessão de Cristo no Santuário Celestial. Também se encerra o ministério do Espírito Santo na Terra, e a porta da graça se fechará; o justo continuará sendo justo e o ímpio continuará sendo ímpio. Haverá, então, um tempo de angústia, com intensa perseguição aos cristãos, e sobrevirão os juízos finais de Deus.

A cronologia dos eventos finais, segundo as profecias bíblicas, está ilustrada no gráfico acima, no início do artigo.

Ellen White no livro O Grande Conflito (GC) estabelece uma sequência, baseada na Bíblia, para os acontecimentos depois do fechamento da porta da graça:

1. Movimento para eliminação do povo de Deus (p. 635)
2. Voz de Deus: “Está consumado” (p. 636)
3. Eventos cataclísmicos (p. 636 e 637)
4. Ressurreição especial (p. 637)
5. Aparece no céu uma mão com as tábuas da lei (p. 639)
6. Ímpios se autodestroem, especialmente os falsos líderes espirituais (p. 639, 640, 655 e 656)
7. Deus declara o dia e a hora da Vinda de Jesus (p. 640)
8. Aparece uma nuvem negra que se torna brilhante, cada vez mais (p. 640)
9. Volta de Jesus com os seus anjos (p. 641)
10. Ressurreição dos justos (p. 644)
11. Justos vivos são transformados (p. 645)
12. Salvos encontram-se com Jesus nos ares (p. 645)
13. Ímpios são destruídos pelo poder da glória de Cristo (p. 645)
14. Viagem para a Nova Jerusalém (p. 645)
15. Remidos entram vitoriosos no céu (p. 646 e 647)
16. Início do Milênio (p. 660)

A despeito de quando Jesus vai voltar, cada indivíduo tem apenas uma vida para se preparar para a eternidade. A única certeza que temos é sobre o momento presente. Mesmo se esperássemos a volta de Jesus para dentro de algumas semanas ou dias, ninguém poderia garantir que viveria até então. Por isso Deus apresenta o tempo como “em breve”. A Sua expectativa é que estejamos preparados a todo momento. Não é a intenção de sermos fieis no futuro que nos salvará, mas a decisão de sermos fieis agora.

Olhando para as evidências no passado, temos a certeza do cumprimento daquilo que ainda está por acontecer. A nossa esperança se concretizará: “O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. Daquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor.” (GC, p. 678)

Rafael Rossi (via Em Dia Com o Nosso Tempo)

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