quinta-feira, 1 de outubro de 2020

CANDIDATOS RELIGIOSOS

Mais de 8,7 mil candidatos nestas eleições adotaram títulos religiosos nos nomes que serão apresentados nas urnas. São esses nomes que, na maioria das vezes, eles utilizam para fazer campanha e conquistar votos. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pelo G1 com base nos registros de candidaturas apresentados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que ainda serão julgados nas próximas semanas.

Entre os títulos, o mais utilizado é o de pastor/pastora, com mais de 51% dos casos (4.426), seguido por irmão/irmã, com 41% (3.561). Como concentram a maior parte das candidaturas, os postulantes ao cargo de vereador apresentam também o maior número de títulos religiosos. Na sequência, aparecem os candidatos a vice-prefeito e, por último, os candidatos a prefeito.

Para realizar o levantamento, o G1 considerou os títulos que aparecem como o primeiro nome de urna dos candidatos. Por conta disso, não considera situações em que os candidatos usam em outra parte do nome da urna alguma referência religiosa. Após o primeiro levantamento na base, foi feita uma revisão para evitar situações que não remetiam a títulos religiosos.

Por lei, há poucas restrições para o uso de nomes nas urnas. De acordo com o TSE, o nome pode ter no máximo 30 caracteres. O candidato pode usar nome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou o nome pelo qual é mais conhecido. Mas é proibido usar nomes que gerem dúvidas sobre a identidade do candidato, que atente contra o pudor ou “seja ridículo ou irreverente”. Outra proibição, segundo o TSE, é o uso de expressões ou siglas de órgãos da administração pública de qualquer nível (federal, estadual ou municipal).


Na avaliação do professor e cientista político da Universidade Federal de Goias (UFG) Pedro Mundim, o uso de títulos ou expressões religiosas nos nomes dos candidatos segue uma tendência de aumento da participação de lideranças religiosas ou de políticos ligados a igrejas nos processos eleitorais do Brasil.

“As instituições e seus membros, como é o caso das instituições religiosas, procuram meios de influenciar políticas públicas, leis, decisões de governo. Eles têm uma visão de mundo e querem refletir isso nas políticas. Desde os anos 2000, temos visto um aumento da participação de candidatos vinculados a grupos religiosos ou a igrejas”, explica Mundim.

Segundo o professor da UFG, especialista em comportamento eleitoral, os eleitores guiam suas decisões, muitas vezes, por sistemas de crenças. O uso de termos ou títulos religiosos pelos candidatos busca justamente oferecer um atalho para os eleitores, isto é, uma forma de processar a informação e tomada de decisão baseada na identificação religiosa.

“Em comportamento eleitoral, dizemos que, quando você tem mapeado o sistema de crenças, sejam elas de natureza política, religiosa ou moral de uma pessoa, você consegue razoavelmente prever como ela votará. Se uma pessoa tem alto nível de engajamento com uma crença religiosa, é mais fácil saber como ela votará. Então, se você tem um candidato apoiado por uma igreja ou um candidato que procura se identificar com esta ou aquela igreja ou denominação religiosa, maiores são as chances de ele mobilizar eleitores que se identificam com essa crença. O uso dos títulos religiosos nos nomes das urnas está dentro dessa lógica. Ou seja, de uma busca pelo candidato para que o eleitor o identifique rapidamente”, afirma Mundim. (G1)

Nota: A quem interessar possa, a Igreja Adventista do Sétimo Dia:

- Não apoia e nem possui partidos políticos e nem repassa recursos a essas organizações por entender que adota uma postura não partidária.

- Não permite que, em seus templos, sejam realizadas reuniões com finalidade político-partidária ou de cunho eleitoral.

- Não mantém bancada de parlamentares em nível municipal, estadual e federal e nem de líderes políticos de quaisquer regiões administrativas ou demais países que fazem parte da Divisão Sul-Americana.

- Não autoriza o uso da marca oficial, materiais, símbolos, uniformes e nomes de quaisquer um dos seus departamentos, serviços ou projetos em campanhas públicas ou veiculação de material publicitário para fins de propaganda política. E nem para uso comercial com finalidade de ganho econômico.

Candidatos adventistas não devem usar o púlpito e nem programas oficiais da Igreja para pedir votos. É recomendado que os membros que se candidatam a cargos públicos eletivos deixem suas funções na igreja local. No caso de pastores e obreiros assalariados, é obrigatório que os mesmos deixem seu trabalho na obra adventista antes de lançar suas candidaturas. Adventistas com cargos eletivos não possuem autorização para falar em nome da Igreja Adventista em eventos, reuniões ou seminários. Também não são representantes da Igreja Adventista no parlamento ou poder executivo. São apenas membros da Igreja com um cargo eletivo.

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