sexta-feira, 11 de outubro de 2024

OVELHAS

"O senhor é meu pastor" (Salmo 23:1).

É mais confortável pensar que com Deus podemos ser como águias (Is 40:31) que renovam suas forças e voam muito alto, ou como pombas (Mt 10:16), que são simples e discretas. Mas... ovelhas?

Em seu poema mais conhecido, Davi se compara a esse animal. Mas a figura romântica criada pela tradição cristã - que pinta bonitos quadros de pastores guiando seus rebanhos - esconde razões mais práticas para a escolha do poeta.

Ovelhas são sujas. Não tem nenhuma noção de higiene. Não se lavam, não se labem, como fazem outros animais. Seu pelo espesso só piora as coisas. Acumula sujeira e preserva um cheiro forte. Ovelhas fedem.

Ovelhas são tolas. Não tem inteligência aguçada. Não aprendem fácil. Alguém já viu ovelhas num circo? Ou algum curso de adestramento de ovelhas? Ovelhas tem visão limitada. São tolas.

Ovelhas são indefesas. Não possuem meios de defesa, tampouco de ataque. Não tem dentes afiados. Não tem garras fortes. Não voam, não correm muito rápido. Não assustam. Não caçam. Precisam de ajuda até para conseguir o próprio alimento. Ovelhas sozinhas se perdem, se ferem. São totalmente indefesas.

O salmo do pastor ganha outro significado para mim quando entendo que sou mais parecido com uma ovelha do que poderia imaginar sozinho.

Somos sujos também. Foi o mesmo Davi quem escreveu que já nascemos manchados pelo pecado (Salmo 51:5), e é assim mesmo. Somos maus, somos sujos. Mas pior que estar sujo, é não poder se limpar. É assim com homens e ovelhas... somos tolos. Nossa visão é curta. Nossos desejos, tortos. Escolhemos mal, mesmo quando o destino é claro. Somos teimosos, questionadores. Somos tolos... e somos indefesos. Nossa vida é frágil. Nosso inimigo, feroz. Nossos caminhos são perigosos. Não temos força. Não temos fé. Sozinhos caímos e sofremos. Somos totalmente indefesos.

Ovelhas e homens precisam de guia, de cura e de guarda - precisam de um pastor.

"Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo de nada" (Salmo 23:4). 

O salmo 23 é o diário das ações do pastor. Ele é o protagonista de cada cena descrita pelo salmista. É ele quem "faz repousar", quem "conduz a águas tranquilas", quem "restaura o vigor", quem "guia", quem "protege e consola", quem "prepara o banquete", quem "unge a cabeça com óleo", quem "acompanha em bondade e misericórdia". Só há uma ação da ovelha. Como que avaliando sua rota, Davi relembra os passos dados em caminhos escuros - de incerteza, tragédia, perseguição e morte. Mas o que deveria inspirar medo na ovelha, revela a atitude do pastor. "Tu estás comigo" e não terei medo de nada.

Enquanto vivermos nesse mundo mau, ainda haverá vales sem luz. Se alguma crise roubou as cores de seus sonhos. Se a solidão o acompanha e afasta o brilho dos dias bons. Não tenha medo. O pastor está ao lado. Ele tem meios infalíveis para proteger e consolar. Ovelhas e homens precisam de companhia.
"De todos os animais, é a ovelha o mais tímido e destituído de elementos de defesa. Como o pastor terrestre conhece as ovelhas, assim o divino Pastor conhece o Seu rebanho, espalhado por todo o mundo. Jesus nos conhece individualmente, e comove-Se ante nossas fraquezas. Conhece-nos a todos por nome. Sabe até a casa em que moramos, o nome de cada um dos moradores. Como o pastor vai adiante das ovelhas, enfrentando primeiro o perigo do caminho, assim faz Jesus com Seu povo. 'E, quando tira para fora as Suas ovelhas, vai adiante delas' (João 10:4)" (O Desejado de Todas as Nações, p. 339).

Um comentário:

  1. BOA TARDE! OBRIGADO POR ESTA PROFUNDA REFLEXÃO DO SALMO 23.
    É VERDADE QUE SOMOS COMPARADOS A OVELHAS QUE SEM O PASTOR, SOMOS PERSEGUIDOS PELO INIMIGO E MORTOS SEM QUALQUER AJUDA. POIS, AQUI DECLARO QUE, O SENHOR JESUS CRISTO É O MEU PASTOR. AMÉM E GLÓRIA A DEUS. ALELUIA!

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