terça-feira, 8 de dezembro de 2020

GEHENNA

 
O que é o "fogo do inferno" mencionado em Mateus 5:22?
 
Minha resposta curta à pergunta acima é: “Algo que não desejamos!” O texto literal no grego é “Gehenna de fogo” ou “inferno de fogo”, e não “inferno”, cuja tradução para o grego seria hades. A trajetória do uso do substantivo Gehenna mostra como um termo geográfico passou a designar um lugar de julgamento dos ímpios.

1. Gehenna como um termo geográfico. O termo grego geenna, do qual veio Gehenna, é uma transliteração do termo hebraico gê hannôm, que significa “Vale de Ben-Hinom”. Esse era um vale literal localizado na região sul de Jerusalém que servia de fronteira entre o território de Judá e Benjamim. Nesse vale os israelitas construíram um local de adoração chamado Tophet, onde deuses pagãos eram adorados e onde Acaz e Manassés adoravam os baalins canaanitas e sacrificavam crianças a Moloque (2Cr 28:2, 3; 33:6; cf. Jr 32:35). O vale estava associado à rebelião contra Deus e aos sacrifícios queimando crianças. Jeremias anunciou que o Vale de Ben-Hinon se transformaria no “Vale da Matança”, lugar de castigo para o povo rebelde de Deus, um cemitério (Jr 7:30-34; 19:1-9). Embora não tenha mencionado o vale especificamente, Isaías usa o conceito associado a ele, referindo-se ao dia do julgamento universal de Deus contra os ímpios. Deus vem com fogo para julgar “toda a humanidade” (Is 66:16). Ao saírem da cidade, os israelitas veriam cadáveres: “o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará” (v. 24).

2. Gehenna como o destino final dos ímpios. Jesus une as mensagens de Jeremias e de Isaías ao falar sobre a destruição dos ímpios no julgamento final, ao qual chamou de “condenação do inferno”, literalmente “julgamento de Gehenna”, que quer dizer os condenados ao Gehenna (Mt 23:33; cf. 5:22), de onde os ímpios não conseguiriam escapar. Gehenna é o fogo que irá destruir total e permanentemente a vida e o corpo dos ímpios, após ressuscitarem (Mt 10:28; Lc 12:4, 5). Nos sacrifícios humanos, primeiro matavam a criança, então o corpo era jogado no fogo para que se unisse aos ímpios. De fato, Jesus frequentemente fala sobre o corpo todo ser lançado no Gehenna, o fogo do julgamento de Deus (ver Mt 5:29, 30; Mc 9:43-48). A descrição dos ímpios sendo lançados no Gehenna indica o uso de força (grego ballo, “lançar”, “colocar” [Mt 5:29; 18:8]) ou como partindo para Gehenna, enfatizando a separação (aperchomai, “ir embora”, “partir” [Mc 9:43]). A ideia de que uma alma imortal separada do corpo vai para o inferno/Gehenna para queimar para sempre não é encontrada em nenhuma das passagens onde esse substantivo é usado. Enquanto os ímpios vão para o fogo da morte eterna, os justos entram para a vida com o Senhor (Mc 9:43, 49; Mt 19:8).

3. Gehenna e o fogo inextinguível. Já observamos que o Gehenna designa julgamento pelo fogo e, consequentemente, é chamado de “inferno de fogo” (Mt 18:9). O que tem confundido algumas pessoas é esse “fogo que nunca se apaga” (Mc 9:43; cf. Lc 3:17). Essa frase simplesmente significa que os seres humanos não têm controle sobre esse fogo; ele continuará queimando até que não haja mais nada a ser queimado. Jesus explica o fato citando Isaías 66:24. O Gehenna é o lugar em que “o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará”. A linguagem é figurativa no sentido de que as duas descrições parecem ser incompatíveis. O cadáver está sendo comido por vermes ou queimado pelo fogo? A ideia é: está sendo totalmente aniquilado. Os vermes e o fogo continuarão vivos
até que todos os resquícios sejam eliminados.

Muito obrigado, Jesus, por nos livrar do Gehenna (a morte eterna)!

Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventista)

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