Fundamental para entendermos o problema do pecado é a distinção entre pecado (condição) e pecados (atos pecaminosos). O pecado é uma condição humana de alienação de Deus e um princípio interior propulsor para o mal (ver Is 59:2; Ef 2:1-3 e 5). Esse princípio se manifesta exteriormente através de atos pecaminosos. Cristo declara que “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc 7:21 e 22).
Embora a essência de
todos os pecados seja sempre a mesma (alienação de Deus), existem
algumas realidades que nos impedem de aceitar a teoria de que todos os
pecados são iguais aos olhos de Deus. Uma delas é o processo pelo qual a
tentação se transforma em pecado. Esse processo é geralmente composto
pelos seguintes estágios: atenção, consideração, desejo, decisão,
planejamento e ação. Uma vez que o grau de envolvimento nesse processo
pode variar de intensidade, não podemos afirmar que o pecado de alguém
que teve apenas um desejo pecaminoso momentâneo, seja tão ofensivo a
Deus como o pecado premeditado de Davi com Bate-Seba (ver 2Sm 11).
Que Deus não considera todos os pecados iguais é evidente também no fato
de o próprio Deus haver prescrito diferentes sacrifícios no Antigo
Testamento para a expiação dos diferentes pecados (ver Lv 1 a 7). Além
disso, se todos os pecados fossem iguais, como querem alguns, por que
deveriam os ímpios ser punidos no juízo final, “segundo as suas obras”
(Ap 20:11-13)? Por que alguns haveriam de ser castigados, naquele juízo,
“com muitos açoites” e outros com “poucos açoites” (Lc 12:47-48)? Se os
pecados fossem iguais, não receberiam todos o mesmo castigo?
Mas a despeito dos pecados serem distintos entre si, todos eles refletem
a mesma essência maligna da alienação de Deus. Isso significa que, por
mais insignificante que determinado pecado possa parecer, ele é
suficientemente ofensivo para excluir o pecador do reino de Deus.
Nota do blog: "Deus não considera todos os pecados igualmente graves; há aos Seus olhos, como aos do homem, gradações de culpa; por mais insignificante, porém, que este ou aquele mau ato possa parecer aos olhos humanos, pecado algum é pequeno à vista de Deus. O juízo do homem é parcial, imperfeito; mas Deus avalia todas as coisas como são na realidade. O bêbado é desprezado, e diz-se-lhe que seu pecado o excluirá do Céu; ao passo que o orgulho, o egoísmo e a cobiça muitas vezes não são reprovados. No entanto, esses são pecados especialmente ofensivos a Deus, pois são contrários à benevolência de Seu caráter e àquele desinteressado amor que é a própria atmosfera do Universo não caído" (Ellen G. White - Caminho a Cristo, p. 21).
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