“Como posso saber se estou realmente amando?”, perguntou um leitor ao colunista de um jornal. E a resposta foi: “Se precisa perguntar, então não está amando.” A inadequação da resposta é aterradora, ainda assim muitos continuam pensando que quando o amor os acertar, ele será percebido! Na verdade, a coisa não é bem assim.
Estudos mostram que a maioria das pessoas tende a considerar os relacionamentos passados como paixões e o atual como amor verdadeiro. Outra pesquisa descobriu que a média das experiências de pessoas que vivem paixões é de seis a sete vezes, ao passo que as do amor verdadeiro é de uma a duas vezes. Você pode ter vivenciado muitos romances, mas o ponto é: Como pode afirmar se seu amor é verdadeiro ou apenas uma paixão efêmera?
Amor e paixão possuem algo em comum – sentimentos fortes de afeição por alguém – o que complica a questão de perceber as diferenças, porquanto muitos dos sintomas se sobrepõem uns aos outros. A maioria das paixões arrebatadas e cegas pode conter uma porção de amor verdadeiro e o amor verdadeiro pode incluir muitos dos sintomas encontrados na paixão. Então, as diferenças entre amor e paixão são frequentemente verificadas em grau, mais do que em definição. Portanto, devem-se examinar todas as evidências com extrema cautela.
Amor e paixão compartilham três sintomas: atração sexual, desejo de estar próximo e emoções fortes. Os textos em negrito são de autoria de Ellen G. White.
1. Atração sexual. A atração sexual pode estar presente sem o amor verdadeiro. É inteiramente possível, particularmente para o homem, ter um forte desejo sexual por uma mulher que ele antes não conhecia. Abraçar e acariciar aumenta a urgência dos sentimentos eróticos até que o sexo domine a relação. A paixão, por si só, não é indicação de amor verdadeiro. A atração sexual pode ser tão importante na paixão quanto no amor verdadeiro, e às vezes pode ser até dominante. O amor deve estar baseado em mais do que atração sexual ou paixão cega.
Além disso, ninguém pode manter uma paixão por muito tempo e com tamanha intensidade, mesmo que jurem fazê-lo. Se todos os casais vão à procura de paixão, o relacionamento possivelmente terminará em poucos meses. Se um casal pretende chegar ao matrimônio baseando-se no ímpeto inicial da atração sexual, aprenderá que quando a paixão acabar, nada haverá que os mantenha unidos.
"O amor que não se baseia senão em mera satisfação sensual, será obstinado, cego, incontrolável. A honra, a verdade, toda nobre e elevada faculdade do espírito são levadas cativas das paixões. O homem preso nas cadeias dessa insensatez fica muitas vezes surdo à voz da razão e da consciência; nem argumentos nem súplicas o podem levar a ver a loucura de sua conduta" (Signs of the Times, 1º de julho de 1903).
"A juventude confia demais no impulso. Não deve entregar-se demasiado facilmente, nem deixar-se cativar muito depressa pelo atraente exterior do pretendente" (Mensagem aos Jovens, p. 450).
2. Desejo de proximidade. O desejo de proximidade pode tornar-se imprescindível tanto na paixão como no amor verdadeiro. Você pode desejar estar junto à pessoa amada o tempo todo, temendo o momento em que se apartará dela. Você pode sentir-se vazio e sozinho quando seu(sua) amado(a) não está com você, mas isso não é necessariamente uma indicação de amor verdadeiro. O desejo de estar próximo pode ser tão forte na paixão quanto no amor verdadeiro. Mas o hábito de ficarem muito tempo próximos demais não agrada a Deus, ainda que sejais ambos cristãos. Não permitirás que o sentimentalismo amoroso te cegue de tal maneira a visão que não possas discernir os elevados direitos de Deus sobre ti como cristão.
"O amor verdadeiro não é uma paixão forte, ardente, impetuosa. Ao contrário, é calmo e profundo em sua natureza. Olha para além das coisas meramente exteriores, sendo atraído unicamente pelas qualidades. É sábio e apto a discriminar, e sua dedicação é real e permanente" (Testemunhos Seletos, vol. 1, p. 208).
"Os anjos de Satanás estão de vigia aos que passam grande parte da noite namorando. Fossem os seus olhos abertos, e veriam um anjo a fazer o relatório de suas palavras e atos. As leis da saúde e da modéstia são violadas. Seria mais próprio deixar algumas horas do namoro antes do casamento para a vida de casados. Mas em geral o casamento acaba com toda devoção manifestada durante os dias do noivado" (O Lar Adventista, p. 56).
3. Emoções fortes. As pesquisas confirmam que experimentamos diferentes sintomas físicos no princípio da paixão. Sensações como caminhar nas nuvens quando tudo vai bem e sentir-se doente quando tudo vai mal; arrepios subindo e descendo pela coluna vertebral, incapacidade de concentração, dores no estômago ou dificuldade de comer, são sintomas muito comuns, mas as emoções fortes ocorrem tão frequentemente na paixão quanto no amor verdadeiro, embora sentimentos inexplicáveis e emoções fortes indiquem mais a paixão. O amor verdadeiro abriga mais que uma mistura de sentimentos inexplicáveis, e se mantém após a diminuição das emoções fortes.
Se você está sozinho(a), entediado(a) ou tentando superar o rompimento de um romance, mostra-se mais vulnerável a interpretar um novo romance como amor verdadeiro, ainda que esse seja pouco mais que paixão. Se você é inseguro(a) ou possui baixa auto-estima, deve ficar alerta. Pessoas maduras, bem como aquelas que possuem elevada auto-estima, podem ser enganadas por uma paixão, mas têm mais chances de reconhecer a diferença entre o amor verdadeiro e a paixão.
"É o amor um dom precioso, que recebemos de Jesus. A afeição pura e santa não é sentimento, mas princípio. Os que são movidos pelo amor verdadeiro, não são irrazoáveis nem cegos" (A Ciência do Bom Viver, p. 358 e 359).
Não fique com a impressão de que a paixão seja de todo ruim. Pode ser uma agradável e divertida experiência se reconhecê-la como tal – um curto interlúdio de uma fantasia romântica. Dando-se tempo suficiente, ela irá passar ou se desenvolverá num relacionamento verdadeiro que envolverá mais que um ímpeto de emoções. Lembre-se de que alguns relacionamentos que começam como paixão, desenvolvem-se em amor verdadeiro com o passar do tempo, enquanto são postos à prova.
"O verdadeiro amor é um princípio elevado e santo, inteiramente diferente em seu caráter daquele amor que se desperta por um impulso e que subitamente morre quando severamente provado" (Patriarcas e Profetas, p. 176).
O amor verdadeiro difere da paixão na medida em que provê tempo e espaço para reconhecer as boas qualidades bem como as falhas do amigo(a) especial. Comprometer-se com, ter relações sexuais com, viver com, ou casar-se com alguém baseado nesses sentimentos precoces, é pura tolice e irá resultar em consequências previsíveis e negativas.
Como diz a psicopedagoga Ana Macarini:
"O amor é a paixão que aprendeu a conversar com os olhos. O amor é a paixão que nos torna mais sensível para todo o resto. O amor nos ensina que é possível rir, chorar e rir de novo, tudo num mesmo encontro. O amor nos faz melhores, mais disponíveis para o afeto universal. E… se estar apaixonado é bom, amar é o nirvana. Se a paixão é deliciosa, amar é uma experiência gastronômica na Tailândia. Se a paixão é explosiva, o amor é ser invadido por um exército de anjos de luz. Se a paixão é transformadora, o amor é a revelação da nossa versão mais essencial e intensa. O amor não exaure. O amor restaura. E… 'por ser amor, invade e fim!'."
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