Em 16 dias, 156 milhões de eleitores brasileiros irão às urnas para o primeiro turno das eleições com o objetivo de escolher, entre outras funções, o próximo presidente da República. No total, são 11 candidatos ao Planalto. Entre os principais nomes, estão Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que comandam as pesquisas de intenção de voto. Além do presidente, os eleitores também vão escolher governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais/distritais.
Num ambiente democrático, o cristão também precisa manifestar sua posição, e deve deixar que seus princípios o conduzam, a fim de honrar a Deus com sua decisão. E a Bíblia é o guia do cristão para as decisões de sua vida. Jesus Cristo é apresentado nela como um exemplo a ser imitado (Ef 5:1; Fp 2:5-9; Hb 12:2, 3). Quem busca cumprir a vontade de Deus consulta as santas Escrituras a fim de encontrar nelas orientação adequada e exemplos para imitação. Para muitas decisões, a Bíblia dá o esclarecimento necessário. Mas, para outras questões, ela aparentemente não tem nada a declarar. Mesmo com respeito àquilo que a Palavra de Deus silencia, o cristão pode dela extrair, com a ajuda do Espírito Santo, princípios e sabedoria para todas as escolhas da vida.
Em que candidato Jesus votaria? Se Ele é o modelo, Seu procedimento deve ser exemplo para tudo. E por que não para as preferências eleitorais?
Em 1896, o pastor norte-americano Charles M. Sheldon, da Igreja Congregacional, publicou o livro Em seus passos o que faria Jesus? Nele, Sheldon inventa a história de uma congregação cristã cujos membros procuram, durante um ano, viver o desafio de tomar cada atitude como resposta à pergunta que intitula o livro. Na história criada por Sheldon, os cristãos votam, nas eleições municipais, a favor de candidatos que estampam princípios cristãos e defendem valores morais, que, no contexto da época, abrangia a defesa da proibição do comércio de bebidas alcoólicas e dos jogos de azar.
Na obra, Sheldon tentou responder a uma pergunta difícil. Os personagens de seu livro presumiram os critérios que Jesus teria usado para definir seu voto. Essa é uma preocupação válida para o cristão. No entanto, Jesus Cristo viveu em um momento histórico em que o sistema democrático não existia na forma como o conhecemos hoje. Nascido no auge do Império Romano (Lc 2:1), Jesus viveu sua vida terrena sem ter que votar como nós.
No entanto, em um aspecto Cristo votou. Ele elegeu pessoas, não para cargos públicos, mas para o Reino dos Céus! Ele escolheu doze homens para serem seus apóstolos (Lc 6:13) e para que se assentassem em tronos a fim de serem juízes celestiais (Mt 19:28). Designou mais setenta para que fossem de dois em dois e o precedessem nas cidades aonde ia (Lc 10:1). Mas, acima de tudo, deu o voto que é suficiente para eleger qualquer pecador indigno à condição de herdeiro do Reino de Deus (Ap 21:7).
Jesus votaria em candidatos corruptos? É exigida honestidade e integridade perfeitas para se candidatar ao Reino de Deus (1Co 6:9, 10). No entanto, até mesmo o mais corrompido pecador pode ter a “ficha limpa”, se for lavado, santificado e justificado por Jesus e pelo Espírito Santo (1Co 6:11).
Foi assim que pelo menos dois funcionários públicos com histórico de corrupção, Levi Mateus (Mt 9:9) e Zaqueu (Lc 19:1-10), foram eleitos por Jesus para o Reino. Semelhantemente, Paulo, o “principal dos pecadores” (1Tm 1:15), um homem que esteve envolvido com a prática de tortura, além de prisões e execuções claramente injustas (At 8:3; 26:10, 11), foi “constituído ministro” das coisas que Deus lhe revelou (At 26:16).
Cristo não hesita em confiar os mais importantes cargos de Seu Reino a pessoas com um passado sujo. Pelo contrário, Ele expressou sua preferência por pecadores (Mc 2:17). Discursando aos pretensiosos fariseus, que se julgavam dignos de se assentarem nas mais importantes posições do governo de Deus (Mt 23:2), Jesus revelou que pessoas de moral duvidosa precederiam muito candidato honesto no Reino dos Céus (Mt 21:31).
Com seu voto, Jesus quer eleger pessoas que, apesar de seu passado, defeitos e falhas, aceitam ser transformadas por Deus. Ele disse: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome” (Jo 15:16, NVI).
Quando Cristo regressar, os eleitos pelo voto de Cristo assumirão um cargo mais elevado que o dos anjos (1Co 6:3): eles se assentarão ao lado de Cristo, em seu próprio trono (Ap 3:21), e “reinarão” com Cristo (Ap 20:6).
Em qual candidato Jesus vai votar nessas eleições?
Ele talvez não tenha muito o que manifestar sobre a política deste mundo, mas para o Reino dos Céus Ele deseja eleger pecadores como você e eu.
Ellen G. White diz: "Eleita é toda alma que opera a sua própria salvação com temor e tremor. É eleito aquele que cingir a armadura, e combater o bom combate da fé. É eleito quem vigiar e orar, quem examinar as Escrituras, e fugir da tentação. Eleito é aquele que continuamente tiver fé, e que for obediente a toda a palavra que sai da boca de Deus. As providências tomadas para a redenção, são franqueadas a todos; os resultados da redenção serão desfrutados por aqueles que satisfizeram as condições" (A Maravilhosa Graça de Deus, p. 354).
Adaptado de texto de Fernando Dias (via Revista Adventista)
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