segunda-feira, 24 de abril de 2023

DIA DO CHURRASCO

A data é oficial no Rio Grande do Sul, criada por lei em 2003. Por isso, em 24 de abril a comunidade gaúcha comemora o Dia do Churrasco. E essa celebração não acontece apenas por aqui. Os Estados Unidos e a Argentina também comemoram a data, com um dia para celebrar o prato feito à base de carnes e assado lentamente no fogo.

E qual a relação dos adventistas com o churrasco? Os cristãos não deveriam ser vegetarianos? Na verdade, nem todos os adventistas são vegetarianos, e, para ser bem sincero, a maioria não o é. Nos Estados Unidos, a porcentagem de vegetarianos adventistas está entre 40 e 50 por cento, mas, em outros países, este percentual é bem menor, talvez menos do que 10%. No Rio Grande do Sul, talvez, ainda menor.

A questão do vegetarianismo na Bíblia é um pouco complexa. A Bíblia aborda o assunto no contexto da criação original e da nova Terra. Mas, ao mesmo tempo, as Escrituras permitem que o ser humano utilize determinados tipos de carne. Portanto, não podemos exigir que o vegetarianismo seja parte do estilo de vida cristão. Vamos, porém, examinar algumas evidências bíblicas que respondem à sua pergunta.

1. Vegetarianismo na Bíblia: É bem conhecido o fato de que a dieta original dada por Deus ao ser humano era vegetariana (Gênesis 1:29), e assim permaneceu mesmo após a entrada do pecado no mundo (Gênesis 3:18). Essa dieta foi dada quando Deus disse que Adão e Eva deveriam exercer domínio sobre os animais (Gênesis 1:28), o que estabelecia um limite do poder humano sobre o reino animal. No contexto da Criação, a dieta vegetariana indicava a ausência de violência e morte entre as criaturas, e o propósito divino era manter essa condição. Mas a dieta também revelava a sabedoria e o amor de Deus em providenciar ao ser humano um tipo de alimento que tornaria possível a ele cooperar com o Criador na preservação da vida em suas melhores condições. A carne era desnecessária para manter a vida. É interessante que a Bíblia afirma que, na consumação dos séculos, após o pecado ser erradicado da criação de Deus, os seres humanos serão novamente vegetarianos. Isso é mostrado especialmente na descrição profética sobre a transformação do mundo animal e a ausência de violência nele: “Ninguém fará nenhum mal, nem destruirá coisa alguma em todo o Meu santo monte, pois a Terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar” (Isaías 11:9; veja também Isaías 11:6-9; 65:25). A ausência de violência no mundo animal pressupõe também sua ausência entre os seres humanos.

2. Consumo restrito de carne: Após o dilúvio mundial e no contexto da ausência de vegetais, Deus permitiu aos seres humanos que se alimentassem de carne (Gênesis 9:3), com base na distinção entre animais puros e impuros (Gênesis 7:2; conforme Levítico 11). Esse uso restrito de carne tinha dois objetivos principais. Em primeiro lugar, visto que era uma lei alimentar (ou de saúde), ela identificava quais carnes poderiam melhor contribuir para a preservação da vida humana em um mundo de pecado e morte. Em segundo lugar, essa lei servia para impor limites à violência humana contra a vida dos animais ao permitir apenas o consumo de um número restrito de tais criaturas. Os animais temeriam os seres humanos e, ao ver alguém, literalmente correriam para salvar a própria vida (Gênesis 9:2).

O ideal divino de uma alimentação sem carne não foi esquecido posteriormente na Bíblia. Quando o povo de Israel estava no deserto e necessitava de alimento, Deus enviou o maná. Quando os israelitas insistiram em comer carne, o Senhor lhes deu codornizes; o resultado, porém, foi doença entre eles (Números 11:4-23 e 31-33). De acordo com o relato bíblico, o Senhor raramente provia carne para Seu povo (conforme 1Reis 17:6). Em realidade, a alimentação habitual dos israelitas era basicamente vegetariana. Apenas em circunstâncias especiais eles comiam carne, como, por exemplo, em alguns rituais de sacrifício (Levítico 3:1-9). A posse de animais domésticos determinava a riqueza de uma pessoa (era sua “conta bancária”) e constituía fonte de leite, coalhada e queijo (Deuteronômio 32:14; Juízes 5:25; 2Samuel 17:29).

3. O ideal de Deus para Seu povo: Os adventistas têm levado a sério a lei dos animais puros e impuros, e consideram-na como o mínimo do que o Senhor requer de nós em relação a uma alimentação apropriada. Submetemo-nos a esses conselhos em gratidão e obediência à vontade de Deus, porque essa lei expressa Seu amoroso interesse em nosso bem-estar físico e espiritual. Quando cuidamos de maneira adequada de nosso corpo, que é o templo do Espírito Santo, glorificamos a Deus (conforme 1Coríntios 6:19-20). A evidência bíblica levou os adventistas a concluir que o vegetarianismo é o ideal de Deus para Seu povo. Esse ideal é bastante significativo em um mundo que, aos poucos, tem se conscientizado dos benefícios dessa dieta. O vegetarianismo tem se tornado popular ao redor do mundo por vários motivos: ético, ecológico, religioso e até narcisista. Talvez esse seja o momento certo para reafirmar o ideal divino, evitando-se o uso de carne em reuniões oficiais da igreja (reuniões de obreiros, “junta-panelas” na igreja, etc.) e, sempre que possível, não a utilizando em nossa mesa.

Mas... qualquer mudança radical requer cautela e, claro, acompanhamento médico. Para dar uma mãozinha para quem está cogitando parar de comer carne e aderir a um novo estilo de vida, listamos cinco benefícios para quem está pensando em cortar este alimento do cardápio.

- Reduz a inflamação no organismo
A inflamação crônica tem sido associada ao desenvolvimento de aterosclerose, ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e doenças autoimunes. Em contrapartida, as dietas à base de plantas são naturalmente anti-inflamatórias. Ricas em fibras, antioxidantes e outros nutrientes, elas têm menos chances de desencadear a gordura saturada e endotoxinas (toxinas liberadas a partir de bactérias comumente encontradas em alimentos de origem animal).

- O nível de colesterol despenca
A gordura saturada, encontrada principalmente em carnes, aves, queijo e outros produtos de origem animal, é uma das principais causas do elevado índice de colesterol no sangue. E isso implica em maior risco para doenças cardíacas e derrames. Além disso, as dietas à base de vegetais são ricas em fibras, o que reduz ainda mais os níveis de colesterol no sangue. Também foi comprovado que a soja, um dos substitutos da carne, desempenha um papel na redução do colesterol.

- A imunidade fica mais forte
Os trilhões de micro-organismos que vivem em nosso corpo são chamados de microbiota. Cada vez mais, estes micro-organismos são reconhecidos como cruciais para a nossa saúde em geral: não só ajudam a digerir os alimentos, mas também produzem nutrientes necessários, treinam nosso sistema imunológico, mantêm o intestino saudável e nos protegem do câncer. Estudos também mostraram que eles desempenham um papel importante no controle de obesidade, diabetes, inflamação do intestino, doenças autoimunes e do fígado.

- Afasta você do diabetes tipo 2
A proteína animal, especialmente as provenientes de carne vermelha e processadas, tem sido apontada em estudos como um fator que aumenta o risco de diabetes tipo 2. Por que a carne causaria a doença? Várias razões: gordura animal, ferro de origem animal e conservantes de nitrato em carne foram comprovados como danificadores das células pancreáticas, além de piorar a inflamação e causar ganho de peso. Além disso, uma dieta baseada em vegetais pode melhorar ou até mesmo reverter o diabetes, se você já tiver sido diagnosticada.

- Vai melhorar a quantidade e a qualidade da proteína
Os onívoros dos Estados Unidos consomem, em média, mais do que 1,5 vezes a quantidade ideal de proteínas. Ao contrário do que a maioria pensa, esse excesso de proteína não faz você mais forte ou mais magro, é armazenado como gordura ou transformado em resíduos. Por outro lado, a proteína que se encontra nos alimentos vegetais protege você de muitas doenças crônicas. Então você não precisa se preocupar com o excesso. Vai precisar, é claro, consultar um nutricionista para descobrir a quantidade mínima que você precisa para não deixar o seu organismo debilitado.

Como é necessário em qualquer intervenção nutricional, antes de qualquer coisa, é essencial fazer um exame de sangue completo, para que possa ser detectado qualquer tipo de deficiência ou ou desequilíbrio nutricional. Exames periódicos também são importantes. Quem adota a dieta vegetariana deve ficar mais atento às taxas de ferro, cálcio, vitamina B12 e vitamina D, por exemplo. Sendo bem planejada, a dieta é capaz de fornecer todos os nutrientes necessários para um vida saudável. Assim, é importante manter uma alimentação bem variada, sem monotonia, para evitar carências nutricionais.

Cada pessoa possui suas individualidades bioquímicas e o corpo pode responder de forma diferente à retirada da carne. Ela pode optar em cortar totalmente ou parcialmente a carne, depende da ideia ou filosofia que está motivando a mudança de hábito. Quando bem planejada, a dieta vegetariana não acarretará nenhum desequilíbrio nutricional, portanto, se optar em tirar de vez a carne do cardápio, não haverá problema algum, neste sentido. Porém, muitas pessoas iniciam a transição retirando inicialmente a carne vermelha e, posteriormente, frango e peixe, até que o orgismo possa se acostumar.

Alguns vegetarianos que não possuem orientação nutricional aumentam o consumo de carboidratos refinados, como massas, pães e bolos, por exemplo. Isso não é correto, pois são alimentos que não contribuem positivamente para a nossa saúde. Tendo em vista que a alimentação vegetariana já possui uma boa oferta de carboidratos, exagerar no consumo destes alimentos pode causar alterações nos exames bioquímicos e levar ao aumento de peso. Se a pessoa estiver com uma alimentação balanceada e equilibrada em nutrientes, ela não sentirá necessidade de “descontar” a ausência da carne comendo muitos alimentos hipercalóricos.

Ellen G. White também fala sobre esse assunto no livro A Ciência do Bom Viver, p. 316-317:

"A carne nunca foi o melhor alimento; seu uso agora é, todavia, duplamente objetável, visto as doenças nos animais estarem crescendo com tanta rapidez. Os que comem alimentos cárneos mal sabem o que estão ingerindo. Frequentemente, se pudessem ver os animais ainda vivos, e saber que espécie de carne estão comendo, iriam repelir enojados. O povo come continuamente carne cheia de germes de tuberculose e câncer. Assim são comunicadas essas e outras doenças.

A poucas pessoas se pode fazer ver que é a carne que ingerem o que lhes tem envenenado o sangue e ocasionado os sofrimentos. Muitos morrem de doenças inteiramente devidas ao uso da carne, ao passo que a verdadeira causa não é suspeitada nem por eles nem pelos outros.

Que homem, dotado de um coração humano, havendo já cuidado de animais domésticos, poderia fitá-los nos olhos tão cheios de confiança e afeição, e entregá-los voluntariamente à faca do açougueiro? Como lhes poderia devorar a carne como um delicioso bocado? É um erro supor que a força muscular depende do uso de alimento animal. As necessidades do organismo podem ser melhor supridas, e mais vigorosa saúde se pode desfrutar, deixando de usá-lo.

Quando se deixa o uso da carne, há muitas vezes uma sensação de fraqueza, uma falta de vigor. Muitos alegam isso como prova de que a carne é essencial; mas é devido a ser o alimento desta espécie estimulante, a deixar o sangue febril e os nervos estimulados, que assim se lhes sente a falta. Alguns acham tão difícil deixar de comer carne como é ao bêbado o abandonar a bebida; mas se sentirão muito melhor com a mudança.

Quando se abandona a carne, deve-se substituí-la com uma variedade de cereais, nozes, verduras e frutas, os quais serão a um tempo nutritivos e apetitosos. O lugar da carne deve ser preenchido com alimento são e pouco dispendioso. A esse respeito, muito depende da cozinheira. Com cuidado e habilidade se podem preparar pratos que sejam ao mesmo tempo nutritivos e saborosos, substituindo, em grande parte, o alimento cárneo.

Em todos os casos, educai a consciência, aliciai a vontade, supri alimento bom, saudável, e a mudança se efetuará rapidamente, desaparecendo em breve a necessidade de carne.

Não é o tempo de todos dispensarem a carne da alimentação? Como podem aqueles que estão buscando tornar-se puros, refinados e santos a fim de poderem fruir a companhia dos anjos celestes continuar a usar como alimento qualquer coisa que exerça tão nocivo efeito na alma e no corpo? Como podem tirar a vida às criaturas de Deus a fim de consumirem a carne como uma iguaria? Volvam antes à saudável e deliciosa alimentação dada ao homem no princípio, e a praticarem e ensinarem a seus filhos a misericórdia para com as mudas criaturas que Deus fez e colocou sob nosso domínio."

Nenhum comentário:

Postar um comentário