quinta-feira, 18 de julho de 2024

A MENSAGEM DE JESUS ÀS SETE IGREJAS

 “O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia” (Apocalipse 1:11).

Por intermédio de João em Patmos, Jesus enviou uma carta com sete mensagens para Seu povo. Embora essas mensagens estivessem relacionadas às igrejas na Ásia dos dias de João, elas também descrevem profeticamente em símbolos a condição da igreja ao longo da história.

Uma comparação dessas sete mensagens mostra que elas seguem seis vezes a mesma estrutura. Todas começam com Jesus dirigindo-Se à igreja específica pelo nome. A segunda parte começa com a frase: “Estas coisas diz […]”, na qual Cristo Se apresenta a cada igreja utilizando descrições e símbolos encontrados no capítulo 1. Essas descrições de Cristo foram adequadas às necessidades de cada igreja. Portanto, Jesus mostrou Sua capacidade de resolver as diferentes situações dessas igrejas. Em seguida, Ele faz uma avaliação da igreja em questão e depois a aconselha sobre a maneira de sair da sua tribulação. Por fim, cada mensagem é concluída com um apelo para ouvir a mensagem do Espírito e com promessas aos vencedores.

Como veremos nas sete mensagens, Jesus ofereceu esperança e respostas às necessidades das igrejas em cada situação. Portanto, Ele certamente pode também atender às nossas necessidades hoje.

As mensagens que Jesus instruiu João a enviar às sete igrejas estão registradas em Apocalipse 2 e 3. O significado delas se aplica em três níveis:

Aplicação histórica. Essas mensagens foram originalmente enviadas a sete igrejas localizadas em cidades prósperas da Ásia do primeiro século. Os cristãos dessas cidades enfrentavam sérios desafios. Várias cidades haviam estabelecido em seus templos adoração ao imperador como símbolo de sua lealdade a Roma. O culto ao imperador se tornou obrigatório. Os cidadãos também deveriam participar de eventos públicos e cerimônias religiosas pagãs. Em virtude de muitos cristãos se recusarem a participar dessas práticas, eles enfrentavam o julgamento, e às vezes até o martírio. Comissionado por Cristo, João escreveu as sete mensagens para ajudá-los nesses desafios.

Aplicação profética. O Apocalipse é um livro profético, mas apenas sete igrejas foram escolhidas para receber essas mensagens. Esse fato também indica o caráter profético das mensagens. As condições espirituais nas sete igrejas coincidem com as condições espirituais da igreja de Deus em diferentes períodos históricos. As sete mensagens pretendem apresentar, do ponto de vista celestial, uma visão geral do estado espiritual do cristianismo desde o primeiro século até o fim do mundo.

Aplicação universal. Assim como todo o livro de Apocalipse foi enviado como uma carta única, que deveria ser lida em todas as igrejas (Ap 1:11; 22:16), assim as sete mensagens também contêm lições que podem ser aplicadas aos cristãos de todas as eras. Dessa maneira, elas representam diferentes tipos de cristãos em lugares e épocas diferentes. Por exemplo, embora a característica geral do cristianismo hoje seja retratada pela igreja de Laodiceia, alguns cristãos podem se identificar com as características de algumas das outras igrejas. A boa notícia é que, seja qual for nossa condição espiritual, Deus “vai ao encontro dos caídos seres humanos onde eles se acham” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 22).

A linguagem e a referência às igrejas no início e no fim do livro, indicam fortemente que o conjunto das sete igrejas transcende ao daquelas congregações da Ásia Menor, ainda mais, considerando-se o número sete, que simboliza plenitude, completude, perfeição e universalidade. Assim: (1) se o Apocalipse trata da história cristã, iniciada com Jesus e que será encerrada por Ele e (2) se os sete Espíritos representam a ação universal do Espírito (Apocalipse 1:4; 3:1; 4:5; 5:6), então as sete igrejas representam a universalidade da igreja, tanto no espaço (mundo) como no tempo (até a eternidade).

Sete períodos
As sete igrejas se encontram numa sequência geográfica, definida pela estrada romana que as ligava. Ou seja, há uma ordem, uma sequência lógica. Embora a referência ao transcurso da história não seja tão explícita, ela é notada claramente nas entrelinhas. Talvez, se tivesse sido explícita, não teria tido tanta importância para as igrejas daquela época. As palavras foram colocadas de tal maneira que faziam sentido para os cristãos daquela época, assim como fizeram nas eras subsequentes, até os nossos dias.

Ellen White foi contundente quanto à simbologia das sete igrejas, enfatizando que representam sete períodos da história eclesiástica. “Os nomes das sete igrejas são símbolos da igreja em diferentes períodos da era cristã. O número sete indica plenitude e simboliza o fato de que as mensagens se estendem até o fim do tempo, enquanto os símbolos usados revelam o estado da igreja nos diversos períodos da história do mundo” (Ato dos Apóstolos, p. 585).

1. Mensagem de Cristo a Éfeso
Éfeso era a capital e a maior cidade da província romana da Ásia. Como principal porto marítimo da Ásia e estrategicamente localizada, era um centro comercial e religioso muito importante. A cidade era repleta de edifícios públicos como templos, teatros, ginásios, casas de banho e de prostituição. Era também conhecida por sua arte e práticas de magia. A cidade também era famosa por sua imoralidade e superstição. No entanto, a igreja cristã mais influente da Ásia menor estava em Éfeso.

Em seus primórdios, os efésios foram conhecidos por sua fidelidade e amor (Ef 1:15). Embora estivessem sofrendo pressão tanto de fora como de dentro da igreja, os cristãos em Éfeso permaneceram firmes e fiéis. Eles eram diligentes e fiéis até o fim. De fato, não podiam tolerar falsos apóstolos em seu meio. No entanto, seu amor por Cristo e seus irmãos começou a esfriar. Embora as pessoas permanecessem firmes e fiéis, sem o amor de Cristo, até mesmo seu candelabro corria o perigo de se apagar.

Profeticamente, a situação da igreja de Éfeso corresponde à situação geral e à condição espiritual da igreja do ano 31 d.C. até o ano 100 d.C. A igreja apostólica foi caracterizada por seu amor e fidelidade ao evangelho. Mas, no final do primeiro século, ela começou a perder o “fogo” do primeiro amor, afastando-se da simplicidade e da pureza do evangelho.

2. Mensagem de Cristo a Esmirna
Esmirna era uma cidade bela e rica, mas também um centro de adoração obrigatória ao imperador. A recusa em cumprir essa ordem podia levar as pessoas a perder seu status legal, ser perseguidas e até martirizadas.

Historicamente, o período da igreja de Esmirna pode ter se iniciado por volta do fim do primeiro século (c. 100 d.C.), estendo-se até cerca de 313 d.C. A mensagem a Esmirna se aplica profeticamente à igreja na era pósapostólica, em que os cristãos foram perseguidos. Os “dez dias” (Ap 2:10) indicam os dez anos da perseguição promovida por Diocleciano, a partir de 303 d.C, e que durou até 313 d.C., quando Constantino, o Grande, publicou o Edito de Milão, que concedeu liberdade religiosa aos cristãos. Historicamente, o período representado pela igreja de Esmirna pode muito bem ser chamado de era do martírio.

3. Mensagem de Cristo a Pérgamo
Pérgamo foi o centro de vários rituais pagãos, incluindo o culto a Asclépio, o deus grego da cura, chamado de “Salvador” e representado por uma serpente. As pessoas vinham de todos os lugares ao santuário de Asclépio para ser curadas. Pérgamo tinha uma função de liderança na promoção do culto ao imperador que, assim como em Esmirna, era obrigatório. Não é de admirar que os cristãos em Pérgamo vivessem na cidade “onde Satanás” habitava e na qual seu trono estava localizado.

Os cristãos em Pérgamo enfrentavam tentações tanto de fora quanto de dentro da igreja. Embora a maioria deles tivesse permanecido fiel, os “nicolaítas” defendiam a transigência para com o paganismo a fim de evitar a perseguição. Como Balaão, que apostatou e incitou os israelitas a pecar contra Deus no caminho para a Terra Prometida (Nm 31:16), eles acharam mais conveniente, e até mais recompensador, fazer concessões em relação à sua fé. Embora o Concílio de Jerusalém tivesse proibido as “coisas sacrificadas a ídolos” e as “relações sexuais ilícitas” (At 15:29), a doutrina de Balaão ensinava os membros da igreja a rejeitarem essa decisão. A única solução que Jesus ofereceu a Pérgamo foi: “Arrependa-se!” (Ap 2:16, NVI).

A igreja em Pérgamo é uma descrição profética da igreja do período de 313 a 538 d.C. Embora alguns membros da igreja tenham permanecido fiéis, o declínio e apostasia aumentaram rapidamente.

4. Mensagem de Cristo a Tiatira
Comparada às outras cidades, de acordo com o que conhecemos, Tiatira não tinha importância política nem cultural na história antiga, e a igreja era obscura. A fim de dirigir um negócio ou ter um emprego, as pessoas no Império Romano deviam pertencer a associações comerciais. Tiatira era especialmente famosa por fazer cumprir essa exigência. Os membros da associação tinham que comparecer aos festivais da associação e participar dos rituais do templo, que muitas vezes incluíam atividades imorais. Aqueles que não obedecessem eram excluídos das associações e recebiam sanções econômicas. Para os cristãos naquela época, isso significava escolher entre a completa transigência ou total exclusão por amor do evangelho.

Assim como ocorreu com a igreja em Pérgamo, a igreja em Tiatira foi pressionada a transigir com o ambiente pagão. O nome “Jezabel” se refere à esposa do rei Acabe, que levou Israel à apostasia (1Rs 16:31-33). Jesus a retratou como espiritualmente imoral. Aqueles que transigiram com a verdade e adotaram ideias e práticas pagãs e “impuras” estavam cometendo adultério espiritual com ela.

A igreja em Tiatira simboliza a condição do cristianismo de 538 d.C. a 1517 d.C. O perigo não veio de fora da igreja, mas de dentro. A tradição substituiu a Bíblia, um sacerdócio humano e relíquias sagradas substituíram o sacerdócio de Cristo, e as obras foram consideradas o meio de salvação. Os que não aceitavam as influências corruptoras foram perseguidos e até mortos. Por séculos, a igreja verdadeira encontrou refúgio nas regiões desertas (veja Ap 12:6, 13, 14). Mas Jesus também elogiou a igreja em Tiatira por sua fé e amor, obras e serviço, o que profeticamente aponta para a Reforma e para o começo de um “retorno à Bíblia”.

5. Mensagem de Cristo a Sardes
Embora Jesus tenha reconhecido alguns cristãos em Sardes como fiéis, a maioria deles estava espiritualmente morta. A igreja não foi acusada de nenhum pecado aberto nem de apostasia (como os cristãos de Pérgamo e Tiatira), mas de letargia espiritual. 

A mensagem à igreja em Sardes se aplica profeticamente à condição espiritual dos protestantes no período pós-Reforma, aproximadamente de 1517 d.C. a 1740 d.C., à medida que a igreja se degenerava em um formalismo morto e em um estado de complacência espiritual. Sob o impacto da crescente onda do racionalismo e do secularismo, o foco na graça salvadora do evangelho e o compromisso com Cristo diminuíram, dando lugar aos argumentos filosóficos insípidos e relacionados aos credos. Embora parecesse estar viva, a igreja desse período estava espiritualmente morta. 

A carta também pode se aplicar a todas as gerações de cristãos. Alguns cristãos sempre falam em termos gloriosos de sua fidelidade a Cristo no passado. Infelizmente, muitos desses não têm muito para compartilhar sobre sua experiência atual com Jesus. Sua religião é nominal; falta-lhes a verdadeira religião do coração e o compromisso genuíno com o evangelho. 

Sardes teve uma história gloriosa. No entanto, até o período romano, a cidade já havia perdido seu prestígio. Embora ainda estivesse desfrutando de riquezas, sua glória estava fundamentada em sua história passada, não na realidade presente. A cidade antiga havia sido construída no topo de um monte íngreme e era quase inacessível/inconquistável/impenetrável. Visto que os cidadãos se sentiam tão protegidos, as muralhas da cidade eram guardadas de maneira negligente.

6. Mensagem de Cristo a Filadélfia
A sexta igreja a quem Jesus endereçou a carta foi Filadélfia (“amor fraternal”). Essa cidade ficava na estrada comercial imperial e servia como passagem, uma “porta aberta”, para um grande e fértil planalto. As escavações indicam que Filadélfia era um centro em que as pessoas iam buscar saúde e cura. Por conta de frequentes terremotos, os habitantes da cidade se mudaram para o campo, vivendo em humildes cabanas.

A mensagem a essa igreja se aplica profeticamente ao grande reavivamento do Protestantismo durante o Primeiro e o Segundo Despertamentos que ocorreram na Grã-Bretanha e na América aproximadamente de 1740 a 1844. Tendo em conta a luz que possuíam, os cristãos de fato buscaram guardar a Palavra de Deus (Ap 3:8) nessa época. Houve uma ênfase crescente na obediência aos mandamentos de Deus e na vida pura. Parece que a “porta aberta” é o caminho/passagem para o santuário celestial, pois o santuário de Deus também é mencionado (Ap 3:12, compare com Ap 4:1, 2). O fechamento de uma porta e a abertura de outra indicam a mudança que ocorreria no ministério sumo-sacerdotal de Cristo em 1844.

Grandes reavivamentos ocorreram nas igrejas dos dois lados do Atlântico. Nos anos que antecederam 1844, a mensagem da breve vinda de Cristo foi proclamada em muitas partes do mundo. A promessa de escrever o nome de Deus nos vencedores indica que o caráter de Deus será visto em Seu povo. A mensagem de que Cristo em breve virá é tão importante quanto a mensagem de que Ele promete preparar Seu povo para esse grande evento, perdoando seus pecados e escrevendo Sua lei em seu coração (veja Fp 1:6; Hb 10:16, 17).

7. Mensagem de Cristo a Laodiceia
A rica cidade de Laodiceia estava situada em uma importante estrada comercial. Era famosa por ter uma indústria de fabricação de lã, por seus bancos (que tinham grande quantidade de ouro) e por uma escola de medicina que produzia um colírio famoso. A prosperidade de Laodiceia enchia os cidadãos de autossuficiência. Em torno de 60 d.C., quando um terremoto destruiu a cidade, os cidadãos recusaram a ajuda de Roma, alegando que tinham tudo de que precisavam para a reconstrução. Como faltava água na cidade, seu fornecimento se dava por meio de um aqueduto que vinha das fontes termais em Hierápolis. Visto que a fonte ficava distante de Laodiceia, a água tornava-se morna quando chegava ali.

Jesus não repreendeu os cristãos em Laodiceia por um pecado grave. Seu problema era a complacência que levava à letargia espiritual. Assim como a água que chegava à cidade, eles eram mornos. Declaravam ser ricos e não precisar de nada; no entanto, eram pobres, nus e cegos em relação à sua condição.

A igreja de Laodiceia simboliza a situação espiritual da igreja de Deus perto do fim da história da Terra. Na advertência de Jesus em Apocalipse 16:15, há uma referência às “vestiduras brancas” da justiça de Cristo, necessárias a Laodiceia em sua nudez espiritual (veja Ap 3:18). Essa advertência em meio a uma referência à batalha do Armagedom pode parecer estranha, pois não mais é possível receber essas vestiduras. Afinal, a porta da graça já terá fechado para todos. Mas a advertência aparece em conexão com a sexta praga e o Armagedom, pois Jesus desejava lembrar Laodiceia de estar preparada para o terrível conflito, antes que fosse tarde demais. Se o povo de Laodiceia preferir permanecer nu (Ap 3:17, 18), estará perdido e envergonhado em Sua vinda (veja 1Jo 2:28–3:3).

Jesus assegurou aos habitantes de Laodiceia que os amava. Ele apela para que eles se arrependam (Ap 3:19). Ele concluiu Seu apelo descrevendo-Se como o Amante de Cânticos 5:2-6, que está à porta, batendo e implorando para entrar (Ap 3:20). Todos os que abrem a porta e O deixam entrar têm a promessa de que terão um jantar pessoal com Ele e, finalmente, reinarão com Ele em Seu trono (veja Ap 20:4).

Conclusão
As sete mensagens às igrejas mostram o declínio espiritual em cada uma delas. A igreja de Éfeso ainda era fiel, embora tivesse perdido o primeiro amor. As igrejas de Esmirna e Filadélfia eram, em grande medida, fiéis. Pérgamo e Tiatira transigiram cada vez mais, até que a vasta maioria apostatou completamente da fé pura dos apóstolos. A igreja de Sardes encontravase em uma situação séria. A maioria dos membros não estava em harmonia com o evangelho, enquanto Filadélfia representava os poucos fiéis. Quanto à igreja de Laodiceia, não havia nada de bom a ser dito sobre ela.

Ao concluir cada mensagem, Jesus fez promessas a quem aceitasse Seu conselho. Porém, pode-se observar que, juntamente com o evidente declínio espiritual nas igrejas, há um aumento proporcional nas promessas. Por fim, Laodiceia, embora tenha recebido uma única promessa, recebeu a maior: compartilhar o trono de Jesus (Ap 3:21).

Em cada mensagem às igrejas, Jesus faz promessas ao vencedor. Vencer é um tema importante no Apocalipse (2:7, 11, 17, 26; 3:5, 12, 21; 5:5; 12:11, 15:2; 17:14; 21:7), o que revela a guerra espiritual em torno da vida cristã. Porém, Cristo nos estimula a vencer. Ao mesmo tempo em que há uma queda gradativa na fé e na fidelidade das igrejas, as promessas só aumentam em valor, mostrando que Deus deseja chamar nossa atenção, inspirar-nos em meio às lutas, assim como Jesus suportou todo sofrimento, pensando na vitória final em favor da humanidade.

Assim, a mensagem das sete igrejas serve para fazermos uma análise individual e como igreja: Como vão as nossas obras? Existe diferença entre aquilo que falo e aquilo que sou? O que Deus espera de mim hoje? E o que Ele espera de nós como uma comunidade e um povo?

Essas perguntas ecoam desde o tempo das antigas sete igrejas até hoje. Precisamos estar abertos para as mudanças radicais a que elas nos chamam, se quisermos vencer. A boa notícia é que Jesus quer e, por isso, nos convida e nos capacita agora a mudar!

[via CPB]

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