quarta-feira, 5 de março de 2025

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

O papa Francisco "descansou bem durante a noite", mas perderá o início da Quaresma nesta quarta-feira (5) devido à pneumonia dupla que o mantém hospitalizado em Roma desde 14 de fevereiro. No 20º dia de internação no hospital Gemelli, o líder da Igreja Católica não participará das celebrações da Quarta-feira de Cinzas que dão início à Quaresma, o período de 40 dias que precede a Páscoa (este ano em 20 de abril). 

Hoje às 16h30 locais, o cardeal Angelo De Donatis, penitencieiro-mor e delegado do Papa Francisco, presidirá a liturgia estacional na Igreja de Santo Anselmo no Aventino, em Roma, seguida da procissão penitencial até a Basílica de Santa Sabina. É o início de um período de arrependimento, jejum e espera pela ressurreição de Cristo, segundo a tradição da Igreja Católica.

O papa costuma presidir a missa deste dia, na qual os fiéis recebem uma cruz de cinzas na fronte. As cinzas tradicionalmente procedem da queima das palmas do Domingo de Ramos das celebrações da Páscoa do ano anterior. A estas cinzas mistura-se água benta e de acordo com a tradição, o celebrante desta cerimônia utiliza essas cinzas úmidas para sinalizar uma cruz na fronte de cada fiel, proferindo a frase “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” ou a frase “Convertei-vos e crede no Evangelho”, deixando a marca até o horário do pôr-do-sol.

Na cerimônia, as pessoas são desafiadas a refletirem na mortalidade e abandonarem os hábitos pecaminosos. O jejum e a abstinência são obrigatórios durante a Quarta-feira de Cinzas, como também na Sexta-feira Santa, para as pessoas maiores de 18 e menores de 60 anos. Fora desses limites, é opcional. Nesse dia, os fiéis podem ter uma refeição “principal” uma vez durante o dia.

Embora milhares de pessoas sinceras participem desta cerimônia, apreciaria que de coração aberto, você analisasse as seguintes ponderações:

1. Não há registro bíblico de que os cristãos devam participar desta cerimônia. Jesus, os discípulos e até mesmo o apóstolo Paulo não participaram de nenhuma Quarta-feira de Cinzas. Assim, fica fácil identificar que se trata de uma tradição e jamais deva ser visto como uma ordenança bíblica.

2. A Bíblia contém inúmeras narrativas de pessoas usando “poeira e cinzas” como símbolo de arrependimento e ou sofrimento (Gênesis 18:27; 2 Samuel 13:19; Ester 4:1; Jó 2:8; Daniel 9:3; Mateus 11:21). Porém, essa prática cultural comumente destacada em vários personagens bíblicos, não se limitava apenas a um período específico do ano como acontece na Quarta-feira de Cinzas, mas quando houvesse a necessidade de externar o sentimento de desgraça ocasionado geralmente por uma tragédia e ou pecado.

É bem verdade, que enquanto vivermos neste mundo pecaminoso, o sofrimento, seja aquele ocasionado de maneira direta ou indireta, nos faz lembrar que não somos nada sem Deus, somos apenas pó, seres mortais e que carecemos da sua libertação e vida eterna. Por essa razão, Deus não especificou um dia para essa prática religiosa por que carecemos de uma entrega pessoal diariamente.

3. Muitos abusam da graça de Deus no carnaval sob o pretexto de que na Quarta-feira de Cinzas os pecados serão perdoados. A impressão que tenho é que a filosofia de muitos é que quanto pior forem os seus atos, aí que Deus aparecerá e demonstrará misericórdia. Mesmo assim, Ellen G. White diz que "o coração de Deus, cheio de amor e paciência, ainda luta com aqueles que ignoraram a misericórdia de Deus e abusaram da Sua graça" (Um Convite à Diferença, p. 102).

E qual o aspecto de um cristão conduzido pela graça? A Bíblia responde: “Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?" (Romanos 6:1 a 2). Não é a meta de Deus promover a desobediência para provar o seu amor e perdão. Ao contrário, Deus salva os seus filhos para que continuem salvos, livres do pecado.

"Mais claro que isso, impossível. Nosso velho modo de viver foi pregado na cruz com Cristo, um fim decisivo para aquela vida miserável de pecado. Não estamos mais à mercê do convite do pecado! Cremos que, se estamos incluídos na morte de Cristo, que venceu o pecado, estamos incluídos também em sua ressurreição, que nos traz vida. Sabemos que, quando Jesus foi levantado dos mortos, isso foi um sinal de que a morte não seria mais o destino final. Nunca mais ela terá a última palavra. Quando Jesus morreu, ele levou o pecado consigo. Agora vivo, ele traz Deus a nós. De agora em diante, devemos pensar assim: o pecado fala uma língua morta que nada significa para nós; Deus fala a nossa língua materna, e entendemos cada palavra. Vocês estão mortos para o pecado e vivos para Deus. Foi o que Jesus fez. Isso significa que vocês devem conduzir a vida de um modo que não deem oportunidade ao pecado. Não deem a ele nenhuma chance. Evitem até as mínimas coisas que estejam ligadas com o antigo modo de viver. Abracem de todo o coração e em tempo integral o modo de Deus agir" (Rm 6:6-13 - A Mensagem).

Concluo com este alerta de Ellen G. White: "O arrependimento inclui a tristeza pelo pecado e o afastamento dele. Não abandonaremos o pecado enquanto não reconhecermos quão perigoso ele é. E enquanto não nos afastarmos sinceramente do pecado não haverá mudança real em nossa vida. Cuidado com os adiamentos! Não deixe para depois a decisão de abandonar seus pecados e buscar a pureza de coração através de Jesus" (Caminho a Cristo, p. 17).

Pense nisso!

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