terça-feira, 4 de novembro de 2025

QUEM FOI A MULHER DE CAIM?

"Então Caim saiu da presença do Senhor e foi morar na região de Node, que fica a leste do Éden. Caim conheceu sua mulher, tiveram um filho e lhe deram o nome de Enoque. Mais tarde Caim construiu uma cidade e a chamou de Enoque, o nome do seu filho" (Gn 4:16, 17).

É certo que as Escrituras não mencionam o nome da mulher de Caim e nem a sua procedência. Porém, devemos nos lembrar que a Terra já tinha começado a ser povoada quando ele se casou. Com certeza, naquela altura dos acontecimentos, havia muito mais do que apenas 5 pessoas, inclusive outras mulheres além de Eva. Notemos os seguintes pontos antes de chegarmos a uma conclusão:

1. Em Gênesis são mencionados pelos nomes os filhos de Caim e depois os de Sete, que seria o patriarca da segunda geração, nascido quando Adão tinha 130 anos (Gênesis 5:3). E o Livro Santo afirma ainda que Adão, além de Sete, “gerou filhos e filhas” (Gênesis 5:4). Não sendo importantes tais detalhes, não foram mencionados os nomes e nem a quantidade de filhos e filhas que Adão e Eva tiveram, mas, é certo que a bênção de Deus ao casal, registrada em Gênesis 1:28, já estava se cumprindo: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra…” E, num tempo em que a vida humana se media em séculos, a descendência de Adão já deveria ser numerosa. Portando, uma dessas filhas de Adão, irmã de Caim, poderia ter sido sua esposa.

2. Caim cometeu o brutal homicídio em idade já madura. Diz Gênesis 4:3: “Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.”

Isso mostra o transcorrer de um período considerável de tempo. A tradução de Matos Soares e de Figueiredo diz: “Passados muitos anos…”. E, o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia também admite esta hipótese: “ao fim de muitos dias denota um período indefinido e considerável de tempo transcorrido. Ora, a esta altura dos acontecimentos, já a prole de Adão estaria numerosíssima”.

3. Alguns acreditam que a mulher de Caim até poderia ter sido uma sobrinha dele, filha de Sete. Baseiam-se no fato de ter decorrido muito tempo o exílio de Caim na terra de Node, (Gênesis 4:16) e o seu casamento relatado no verso 17. E o verso 25 afirma que Adão e Eva tiveram outro filho para substituir o justo Abel assassinado. Esse era Sete, e também ele “gerou filhos e filhas” (Gênesis 5:7). A terra de Node, para onde Caim foi, era conhecida com esse nome no tempo de Moisés, (em que ele estava escrevendo o Livro!) que relatou por inspiração divina a história de Caim. É bem provável que no tempo de Caim o lugar não tinha nome. Também é importante considerarmos que o relato da vida de Adão foi feito por Moisés, talvez milênios depois dos acontecimentos. Este é o motivo de se dizer que Caim fundou uma cidade (Gênesis 4:17), quando talvez se tenha fundado com o alastramento de sua própria prole.

4. Há ainda comentaristas que admitem que no espaço de 300 anos, o número de filhos e filhas de Adão era superior a 50, e mais de 20 os filhos de Sete.

5. A dificuldade geral parece estar no capítulo 4 verso 17, onde diz que Caim conheceu sua mulher. Mas o texto não diz que ele a conheceu de vista pela primeira vez. Afirma que ele a conheceu e ela concebeu um filho. O seu conhecimento quanto à sua mulher não foi no sentido de vê-la pela primeira vez, mas sim de gerar um filho. É comum na Bíblia usar o termo “conhecer” para se referir à relação sexual (ver Mateus 1:25).

Podemos concluir que tanto Caim quanto Sete e todos os demais filhos de Adão e Eva casavam-se ou com uma irmã sua ou com uma sobrinha (naquele tempo os homens não se casavam tão prematuramente como nos nossos dias). E, ao tempo em que Caim pensara em casar-se, havia muitas irmãs e muitas sobrinhas, o que não lhe trouxe dificuldades para encontrar uma esposa.

Esse costume, o casamento entre parentes próximos, continuou por muito tempo. Tanto que Abraão se casou com sua meia irmã Sara (Gênesis 20:12). No tempo de Moisés, por exemplo, durante a 18ª dinastia, Hatshepsut se casou com seu meio-irmão Tutmés II. Sabemos que, entre os israelitas, Anrão, pai de Moisés, casou-se com uma jovem tia, irmã de seu pai, por nome Joquebede (Êxodo 6:20). Essas culturas antigas viam o casamento de maneira diferente da nossa.

No entanto, depois que Deus tirou os israelitas do Egito e os separou como reino de sacerdotes e nação santa (Êxodo 19:6; Levítico 19:2), Israel recebeu as leis que disciplinavam todas as formas de incesto (Levítico 18:7-17; 20:11, 12, 14, 17, 20, 21; Deuteronômio 22:30; 27:20, 22, 23). Embora tais práticas fossem comuns no Egito, os israelitas em sua nova pátria deviam evitar esses costumes das sociedades pagãs. Levítico 18:6 proíbe relações sexuais com parentes próximos, como mãe, pai, madrasta, irmã, irmão, meio-irmão, neta, nora, genro, tia, tio ou cunhada. O que fora permitido por necessidade no passado então foi proibido. Tendo sido chamado a ser uma nação santa, Israel precisava estar à altura dos elevados padrões de conduta moral que o distinguia das nações ao redor. É preciso considerar essas proibições sexuais específicas em função das condições que prevaleciam no Antigo Oriente Médio nessa época. O culto das diversas deusas da fertilidade entre as nações fazia da entrega do corpo a diversos prazeres sexuais uma obrigação religiosa. Em contrapartida, os israelitas deviam consagrar-se a Yahweh e refletir a santidade divina para as nações ao redor deles (Êxodo 19:2; Isaías 49:6).

Apesar de, no início da história humana, o casamento entre parentes ter sido uma necessidade, no momento em que Israel se tornou uma nação, as relações sexuais entre parentes próximos foram proibidas. A razão para essa proibição se devia, sobretudo, ao status especial de Israel como povo santo de Deus. Foi ordenada também porque o perigo de problemas genéticos aumentou com o agravamento dos efeitos do pecado. Esse perigo não existia imediatamente após a criação. Deus criou todas as coisas perfeitas. Embora o risco de problemas genéticos seja hoje extremamente alto, as primeiras gerações de seres humanos não enfrentaram os mesmos riscos biológicos.

A Bíblia é muito clara em afirmar que toda raça humana descendeu de Adão e Eva, e, portanto, qualquer teoria contrária não passa de mera conjectura que não possui base bíblica: “De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar” (Atos 17:26).

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