quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A CONSCIÊNCIA NEGRA QUE VEM DE DEUS

Celebrado neste 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra será feriado nacional pela primeira vez em 2024, instituído pela Lei 14.759/2023.

Consciência é a capacidade de a mente humana perceber a relação que tem com o ambiente, com a realidade em que está inserida. “Ser consciente” implica vivências, experiências, a compreensão da vida.

Por isso, é preciso aprendizados formais e informais, “con-vivências”, aberturas ao outro e a outras existências, (co)existir. Quanto mais experimentamos para além do que temos e somos tomamos mais consciência da complexidade da vida, sua diversidade, suas demandas.

É muito significativo que tenhamos um dia para destacar a “consciência negra” no Brasil. Por séculos, a colonização política e cultural europeia instituiu que negros seriam uma segunda categoria de humanos, uma raça inferior, para justificar a escravidão dos povos africanos.

Isto se fez com o apoio da ciência (teoria das três raças) e da religião (teologia da maldição de Caim, o fratricida da primeira família humana criada por Deus que teria se exilado na África).

Muita gente dedicou a vida à contestação desta ordem cruel. No século XVIII, os negros quilombolas, simbolizados na figura de Zumbi dos Palmares, se opuseram à ordem imposta para fazer valer a vida e a dignidade dos negros como humanas.

Ao mesmo tempo, cristãos brancos conscientes da opressão colonial denunciaram e contradisseram as ideologias racistas na Inglaterra, o país que mais traficou escravos. Entre eles estavam o inspirador da Igreja Metodista John Wesley e o anglicano William Wilbeforce.

A escravidão chegou ao fim, ao menos como prática oficializada, e foi condenada pela história. A ciência corrigiu seus rumos e o Projeto Genoma derrubou a teoria das raças ao provar que a raça humana é uma só.

Mais cristãos fomentaram uma leitura da fé para a superação do racismo, formaram consciências e inspiraram movimentos por igualdade e justiça que até hoje marcam o mundo. Entre eles estão o pastor batista estadunidense Martin Luther King e o leigo metodista da África do Sul Nelson Mandela.

Ainda que leis de segregação racial nos Estados Unidos tenham sido superadas e o regime do apartheid na África do Sul tenha sido vencido, o racismo ainda persiste nestes países e em muitos outros. As marcas da ideologia da supremacia branca e da exploração das pessoas negras, insistem em permanecer vivas, mesmo que sejam criadas leis para superá-las, como no Brasil.

É atroz o racismo estrutural como o que ocorre com o descaso do mundo com a África e no Brasil. Aqui ele se dá via barreiras (invisíveis) de acesso a cargos públicos, postos de trabalho qualificados, vagas de estudo, locais de lazer e moradia, e índices de trabalhadores de serviços gerais, pessoas encarceradas, moradores de periferias.

Este racismo presente na cultura permite que líderes políticos brancos afirmem, sob risos de uma plateia branca: “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas (medida usada para pesar gado). Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de 1 bilhão de reais por ano é gasto com eles” (Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, Clube Hebraica, Rio de Janeiro, 3 de abril de 2017).

Conforme lemos na Declaração da Igreja Adventista sobre o Racismo, "o racismo está entre os piores dos arraigados preconceitos que caracterizam seres humanos pecaminosos. Suas consequências são geralmente devastadoras, porque o racismo facilmente torna-se permanentemente institucionalizado e legalizado. Em suas manifestações extremas, ele pode levar à perseguição sistemática e mesmo ao genocídio." 

A norma para os adventistas está reconhecida na Crença Fundamental nº 14 da Igreja, “Unidade no Corpo de Cristo”, baseada na Bíblia. Ali é salientado: “Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não deve ser motivo de dissenções entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição.” Qualquer outra abordagem destrói o âmago do evangelho cristão.

A consciência negra é afirmativa da negritude e por isso demanda libertação destas tantas amarras que persistem. Consciência negra, portanto, não diz respeito somente aos negros, sua auto-valorização e afirmação social. Consciência negra é algo a ser cultivado por todos os seres humanos, de qualquer cor, classe social, local de moradia.

É construir sentimentos e percepções do que é correto e do que é errado, do que é suficiente e do que falta, do que é comum e do que pede atenção, do que é saudável e do que demanda cuidado, do que é benefício e do que exige reparação. É aprender a (co)existir. É para a vida toda. 

Ellen G. White diz: “Quando for derramado o Espírito Santo, haverá um triunfo da humanidade sobre o preconceito em buscar a salvação de todos os seres humanos. Deus dominará as mentes. Os corações humanos amarão como Cristo amou. E a barreira da cor será considerada por muitos de maneira bem diferente daquela em que é considerada agora. Amar como Cristo ama eleva a mente a uma atmosfera pura, celestial e altruísta. Quem se acha intimamente ligado a Cristo é elevado acima do preconceito de cor ou casta. Sua fé apodera-se das realidades eternas” (Testemunhos para a Igreja, vol. 9, p. 209).

[Com informações de Carta Capital]

terça-feira, 19 de novembro de 2024

DIA DA BANDEIRA

A história nos conta que a bandeira foi inventada na Idade Média, onde os exércitos começaram a utilizar pedaços de pano com suas cores, para não se confundirem uns com os outros. Pequenas tiras de tecidos eram amarradas em varetas retiradas das árvores, hasteadas em locais visíveis. Aos poucos foram sendo aperfeiçoadas, tornando-se mais bonitas e com símbolos específicos.

No Brasil, existe um dia especial para se comemorar o Dia da Bandeira, que é 19 de novembro, devido à bandeira de nosso país ter sido criada nesta data, no ano de 1889, quatro dias após a Proclamação da República de nosso país.

A bandeira é a identidade de alguém, de um povo, de um movimento. Quando vemos a bandeira que alguém carrega, literalmente falando, ou bandeira essa defendida por suas filosofias e ideias, conseguimos identificá-lo. Atualmente vemos tantas bandeiras, tantos grupos e ideias diferentes que às vezes ficamos perdidos no meio delas. Quando alguém levanta uma bandeira, levanta junto tudo que está implícito naquela bandeira, tudo aquilo que ela representa.

Moisés edificou um altar ao Senhor e o chamou de "O Senhor é Minha Bandeira" (Êx 17:15), ou seja, sua identidade era marcada pelo Senhor. E também queria deixar claro que à sua frente estava o Senhor, a vontade dEle e não a sua. Portanto, que a nossa bandeira seja o SENHOR e que possamos hastear a bandeira do Reino de Deus acima de tudo aquilo que é impuro, carnal e passageiro. E, quando Jesus vier para os Seus, não terá problemas em nos reconhecer. Nossa bandeira estará clara!

"Oro fervorosamente para que a obra que fazemos a este tempo se grave profundamente no coração, mente e alma. Aumentarão as perplexidades; como crentes em Deus, porém, encorajemo-nos uns aos outros. Não abaixemos a bandeira, antes conservemo-la alçada bem alto, olhando Àquele que é o Autor e Consumador de nossa fé" (Ellen G. White - Conselhos para a Igreja, p. 366).

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

REVESTIDOS DE IMORTALIDADE

Quando a Bíblia trata da ressurreição dos salvos, ela apresenta elementos de continuidade e descontinuidade em relação ao nosso corpo atual. A diferença não pode ser absoluta, pois, caso contrário, não seria uma ressurreição. Cristo ressuscitou com um corpo glorificado, e, em Sua vinda, “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da Sua glória” (Fl 3:21).

Corpo físico. O corpo ressuscitado não é uma alma desencarnada, mas um corpo físico. Após Sua ressurreição, Cristo permitiu que os discípulos tocassem Nele, confirmando que possuía carne e ossos; Ele não era um fantasma (Lc 24:39; Jo 20:20). A natureza física do corpo ressuscitado de Cristo foi testemunhada por muitas outras pessoas. Ele apareceu aos onze discípulos em uma montanha (Mt 28:16, 17) e a “mais de quinhentos irmãos de uma só vez” (1Co 15:6; cf. At 1:3; 13:31). Nem todos O viram, mas chegará o tempo em que todos O verão na glória de Seu corpo ressuscitado (Ap 1:7).

Corpo espiritual. O corpo ressuscitado de Jesus não era exatamente o mesmo que Seu corpo terreno; havia também um elemento de descontinuidade. Maria ouviu Sua voz, mas inicialmente não O reconheceu (Jo 20:15, 16). Dois discípulos caminharam com Ele até Emaús e só O reconheceram quando Jesus abençoou e partiu o pão (Lc 24:30, 31). Naquele momento, os olhos incrédulos deles foram abertos. Assim como Cristo foi reconhecido pelos discípulos, também seremos capazes de reconhecer nossos entes queridos na eternidade. Os relatos bíblicos das aparições de Cristo após Sua ressurreição indicam uma mudança em seu corpo: de forma inesperada e sobrenatural, ele desaparecia (Jo 20:19, 26; Lc 24:31). Portanto, essas foram manifestações sobrenaturais de Sua presença na Terra. A expressão “corpo espiritual” não se refere a um ser imaterial, mas a alguém que pertence permanentemente ao reino celestial de glória.

Corpo transformado. Nosso corpo ressuscitado não será composto exatamente pelas mesmas partículas que formaram nosso corpo terreno (1Co 15:35-38). O que será preservado e trazido de volta à vida na existência corporal é o caráter da pessoa. Na ressurreição, algo extraordinário e misterioso acontecerá: o perecível será ressuscitado imperecível (1Co 15:42, 43) e o mortal será revestido de imortalidade (v. 53; Jo 8:51). Nossa existência corporal humana estará, então, perpetuamente livre dos danos que o pecado causou ao nosso corpo e à nossa natureza.

Ao sermos transformados, a comida será compatível com esse corpo glorificado, assim como foi com Jesus (Lc 24:41, 42; At 10:41). Comeremos da árvore da vida (Ap 22:2) e dos frutos da terra (Is 65:21). As distinções de sexo (masculino e feminino), estabelecidas na criação, serão preservadas, embora nós, assim como os anjos, não procriaremos (Mt 22:30). Na Nova Terra, nossa visão será perfeita, permitindo-nos reconhecer nossos entes queridos no esplendor de seus corpos ressuscitados.

Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventista)

"Quando Cristo vier, Ele levará aqueles que purificaram a alma pela obediência à verdade. Isto que é mortal se revestirá da imortalidade, e estes corpos corruptíveis, sujeitos à doença, serão transformados de mortais para imortais. Seremos dotados então com uma natureza mais elevada. O corpo de todos os que purificam a alma pela obediência à verdade será glorificado. Eles terão aceito plenamente a Jesus Cristo, e crido nEle" (Ellen White - Manuscrito 36, 1906).

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

"NÃO QUERO MAIS JOGAR AOS SÁBADOS"

O zagueiro Silvan Wallner, revelação do futebol suíço, abandonou a carreira promissora no futebol aos 22 anos por motivos religiosos. Em setembro de 2024, o atleta havia se transferido do Zurich para o Blau-Weiss Linz, da Áustria, assinando um contrato de duas temporadas. Mas nos últimos dias, o jogador rescindiu amigavelmente com o novo clube para seguir o caminho da fé. Wallner é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que reserva o sábado como dia de descanso. Por isso, o atleta não conseguiria conciliar as duas atividades.

“Sou um cristão devoto e leio a Bíblia. Tomo minhas próprias decisões sobre minha vida. Desejo seguir Jesus Cristo e o dia bíblico de descanso se tornou importante para mim”, afirmou.

Silvan Wallner frequentava as categorias de base da Suíça desde os 16 anos, e era cotado na seleção principal. Em 2022, o zagueiro havia conquistado o título da liga local com o FC Zurich.

“Como jogador de futebol, não quero mais jogar profissionalmente aos sábados. Essa é minha convicção pessoal, à qual cheguei nos últimos dias”, completou.

O zagueiro fez apenas cinco partidas pelo Blau-Weiss Linz, que concordou amigavelmente com a rescisão, e em nota oficial desejou sucesso ao ex-jogador. (CNN Brasil)

Como adventistas, nós reconhecemos o sábado como sinal distintivo de lealdade a Deus (Êx 20:8-11; 31:13-17; Ez 20:12, 20), cuja observância é pertinente a todos os seres humanos em todas as épocas e lugares (Is 56:1-7; Mc 2:27). Quando Deus “descansou” no sétimo dia da semana da criação, Ele também “santificou” e “abençoou” esse dia (Gn 2:2, 3), separando-o para uso sagrado e transformando-o em um canal de bênçãos para a humanidade. Aceitando o convite para deixar de lado seus “próprios interesses” durante o sábado (Is 58:13), os filhos de Deus observam esse dia como uma importante expressão da justificação pela fé em Cristo (Hb 4:4-11).

O sábado estabelece um teste ideal de obediência. A insistência do repouso no sábado parecerá algo estranho ou absurdo, mesmo para pessoas consideradas cristãs. Elas terão extrema dificuldade em ver lógica no quarto mandamento. E o diabo saberá explorar essa aparente “falta de lógica”. O engano será tão severo que todas as evidências dos sentidos indicarão que outras vozes parecerão corretas. Apenas aqueles que aprenderam a confiar em Deus verão coerência no aparentemente arbitrário teste de lealdade.

Ellen White diz: “O sábado será a pedra de toque da lealdade; pois é o ponto da verdade especialmente controvertido. Quando sobrevier aos homens a prova final, será traçada a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não o servem” (O Grande Conflito, p. 605).

Guardar o sábado, mesmo contra a lógica, é um ato de dependência e gratidão, que faz a terra tremer. É um grito que revela de que lado estamos, a quem pertencemos e quem somos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

CONHEÇA A MARANATHA

O que é possível fazer para que a mensagem da Bíblia chegue mais longe? Em 1969, John Freeman, um empresário norte-americano e piloto de avião amador decidiu que queria levar os filhos para uma experiência de missão e voluntariado.

Reuniu um grupo de amigos que também pilotava aviões e foram em 28 pessoas para uma ilha nas Bahamas e construíram um templo adventista. Nesse momento, a organização nasceu com o nome Maranatha Voos Internacionais. Em seus primeiros 20 anos de existência, organizou diversas viagens missionárias pelos Estados Unidos, Canadá e América Central, sempre com o mesmo objetivo: construção de templos.

Finalmente, em 1989, se uniu a outra organização missionária chamada Voluntários Internacionais. Surgiu então a Maranatha Voluntários Internacional, que passou a construir igrejas, escolas e perfurar poços de água. Essa história foi testemunhada por Don Noble, presidente da Maranatha desde 1982.

Sanando as necessidades urgentes
“Nós construímos uma grande escola em vários lugares. Isso muda toda a comunidade, porque eles a usam para muitas coisas diferentes. Não é apenas um edifício. É um local onde as pessoas se reúnem para tudo. E é a mesma coisa com as igrejas. Se as pessoas têm uma igreja para ir, elas sabem que é ali que Deus está, e elas vão e isso muda as pessoas, muda a área ao redor”, comenta Noble.

Isso reflete o objetivo principal da organização, que é trazer mais qualidade de vida para as comunidades onde atua. E a instalação de poços de água são, muitas vezes, a primeira medida. Regiões remotas em que as pessoasprecisavam caminhar quilômetros de distância por um balde de água agora têm uma fonte no pátio do que será uma futura igreja ou escola.

Laura Noble, responsável pelas doações na Maranatha, ressalta: “Você não percebe o quão importante ela (a água) é até ficar sem. Então, quando o poço de água está na igreja, isso diz muito sobre os cristãos e o tipo de cristãos que somos.”

Apenas em 2024, a expectativa é construir cerca de 300 templos, estabelecer ou renovar novos campus escolares e perfurar 255 poços de água em mais 10 países na América do Sul, África, América do Norte e América Central. Destes, três projetos estão no Brasil, Peru e no Paraguai com foco na construção de igrejas. Todo esse trabalho está sendo realizado pelas mãos de 1.800 voluntários que deixaram suas casas e dedicaram tempo, recursos e esforços para melhorar a vida de milhares de pessoas.

Muitas vezes, a construção de escolas e poços são o primeiro contato com aquela comunidade que não conhece, necessariamente, a Bíblia ou a mensagem do evangelho. Segundo Laura, muitas famílias poderiam resistir a entrar em uma igreja, mas criam um vínculo com a escola, que além do ensino formal, se torna um ponto de apoio e convívio social.

Criando e fortalecendo a comunidade
Noble relembra de ser questionado: “Mas por que vocês estão fazendo isso? " A resposta é: “Entre e descubra”. E assim nasce uma conexão entre as pessoas.

O trabalho é urgente. Don Noble explica que na Zâmbia, cerca de 3 mil congregações se reúnem embaixo de árvores. E isso limita as possibilidades de convidar mais pessoas a conhecer a Bíblia. Um ambiente mais confortável e agradável permite que o evangelismo aconteça de forma mais efetiva e, a partir dessas construções, nascem outras igrejas adventistas nas comunidades vizinhas.

A Maranatha foi convidada a ir ao Panamá construir uma escola há alguns anos. O lugar era remoto e não havia muita coisa no entorno. Segundo conta Kenneth Weiss, diretor de operações da organização, hoje são 1.400 alunos e cerca de 30 novas igrejas nos bairros ao redor.

Cada lugar terá uma necessidade específica ou prioritária. Em alguns países africanos, a água; em outros lugares, escolas ou igrejas. E em todos eles serão atendidos pelas mãos e recursos financeiros dos voluntários e doadores. Laura detalha que grande parte da transparência vem do fato de que aquele que doa pode ver diretamente os recursos sendo aplicados.

Voluntariado
Além das pessoas que recebem as benfeitorias, o próprio trabalho voluntário é uma ferramenta evangelística. Afinal, não é necessário ser um membro da Igreja Adventista para participar das missões. São muitas pessoas que tiveram algum ou nenhum contato com os adventistas durante a vida, mas são atraídos pelo propósito de fazer o bem. A partir disso, são tocados pelo evangelho e tomam a decisão de ser batizadas.

Foi a história da própria Laura. Ela foi membro da Igreja Adventista na juventude, mas deixou de frequentá-la. Em uma missão, encontrou seu propósito e se reencontrou com Jesus. “Para mim, a Maranatha é muito pessoal. Sinto uma grande paixão por isso. Também temos pessoas que não são adventistas do sétimo dia, que não têm absolutamente nenhuma conexão com o adventismo. E eles não vão apenas uma vez, vão duas, e de repente, estão indo todo ano, tornando isso parte de sua experiência cristã”, ressalta.

Agora, o propósito que impulsionou o nascimento da Maranatha está sendo observado novamente. Famílias inteiras estão dedicando suas férias e recursos para servirem ao próximo juntos. Depois da primeira experiência, os filhos já não querem mais uma viagem de turismo, mas pedem para voltar ao campo missionário.

Hoje o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos em número de voluntários que se dispõem a trabalhar em projetos promovidos pela Maranatha ao redor do mundo e em seu próprio país.

Para participar de algum dos projetos ou doar, basta acessar: pt.maranatha.org

terça-feira, 12 de novembro de 2024

ALGUNS QUE NÃO ESTARÃO NO CÉU?

Caim
Apesar de Caim haver merecido a sentença de morte pelos seus crimes, um Criador misericordioso ainda lhe poupou a vida, e concedeu-lhe oportunidade para o arrependimento. Mas Caim viveu apenas para endurecer o coração, para incentivar a rebelião contra a autoridade divina, e tornar-se o chefe de uma linhagem de pecadores ousados e perdidos. Esse único apóstata, dirigido por Satanás, tornou-se o tentador para outros; e seu exemplo e influência exerceram uma força desmoralizadora, até que a Terra se corrompeu e se encheu de violência a ponto de reclamar a sua destruição.

A mulher de Ló
Se o próprio Ló não houvesse manifestado hesitação em obedecer à advertência do anjo, antes tivesse ansiosamente fugido para as montanhas, sem uma palavra de insistência ou súplica, sua esposa teria também podido escapar. A influência de seu exemplo a teria salvo do pecado que selou a sua perdição. Mas a hesitação e demora dele fizeram com que ela considerasse levianamente a advertência divina. Ao mesmo tempo em que seu corpo estava sobre a planície, o coração apegava-se a Sodoma, e ela pereceu com Sodoma. Rebelara-se contra Deus porque Seus juízos envolviam na ruína as posses e os filhos. Posto que tão grandemente favorecida ao ser chamada da ímpia cidade, entendeu que era tratada severamente, porque a riqueza que tinha levado anos para acumular devia ser deixada para a destruição. Em vez de aceitar com gratidão o livramento, presunçosamente olhou para trás, desejando a vida daqueles que haviam rejeitado a advertência divina. Seu pecado mostrou ser ela indigna da vida, por cuja preservação tão pouca gratidão sentira.

O Rei Saul
Saul sabia que nessa última ação, de consultar a médium de Endor, estava rompendo o único fio que ainda o ligava a Deus. O que não conseguira antes, com toda a sua obstinação, era agora final e definitivo: esse ato selou a sua separação de Deus. E chegou a fazer um concerto com a morte, um acordo com o inferno. O cálice da sua iniquidade transbordou.

Judas
Deus determinou meios, para que, se nós os usarmos diligentemente e com oração, nenhuma nau sofra naufrágio, mas subsista à tempestade e à tormenta, e ancore num Céu de bem-aventuranças afinal. Mas se desprezarmos e negligenciarmos esses decretos e privilégios, Deus não realizará um milagre para salvar a qualquer um de nós, e estaremos perdidos como Judas e Satanás.

Herodes, Herodias e Pilatos 
E agora, perante a multidão agitada, revelam-se as cenas finais — o paciente Sofredor trilhando o caminho do Calvário, o Príncipe do Céu suspenso na cruz; os altivos sacerdotes e a plebe zombeteira a escarnecer de Sua agonia mortal, as trevas sobrenaturais; a Terra a palpitar, as pedras despedaçadas, as sepulturas abertas, assinalando o momento em que o Redentor do mundo rendeu a vida. O terrível espetáculo aparece exatamente como foi. Satanás, seus anjos e súditos não têm poder para se desviarem do quadro que é a sua própria obra. Cada ator relembra a parte que desempenhou. Herodes, matando as inocentes crianças de Belém, a fim de que pudesse destruir o Rei de Israel; a vil Herodias, sobre cuja alma criminosa repousa o sangue de João Batista; o fraco Pilatos, subserviente às circunstâncias; os soldados zombadores; os sacerdotes e príncipes, e a multidão furiosa que clamou: “O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos!” — todos contemplam a enormidade de seu crime. Em vão procuram ocultar-se da majestade divina de Seu rosto, mais resplandecente que o Sol, enquanto os remidos lançam suas coroas aos pés do Salvador, exclamando: “Ele morreu por mim!”

Nero sua mãe
Entre a multidão resgatada acham-se os apóstolos de Cristo, o heroico Paulo, o ardoroso Pedro, o amado e amante João, e seus fiéis irmãos, e com estes o vasto exército dos mártires, ao passo que, fora dos muros, com tudo o que é vil e abominável, estão aqueles pelos quais foram perseguidos, presos e mortos. Ali está Nero, aquele monstro de crueldade e vício, contemplando a alegria e exaltação daqueles que torturava, e em cujas aflições extremas encontrara deleite satânico. Sua mãe ali está para testemunhar o resultado de sua própria obra; para ver como os maus traços de caráter transmitidos a seu filho, as paixões incentivadas e desenvolvidas por sua influência e exemplo, produziram frutos nos crimes que fizeram o mundo estremecer.

Sacerdotes e pontífices
Ali estão sacerdotes e prelados católicos, que pretendiam ser embaixadores de Cristo e, no entanto, empregaram a tortura, a masmorra, a fogueira para dominar a consciência de Seu povo. Ali estão os orgulhosos pontífices que se exaltaram acima de Deus e pretenderam mudar a lei do Altíssimo. Aqueles pretensos pais da igreja tem uma conta a prestar a Deus, da qual muitos desejariam livrar-se. Demasiado tarde chegam a ver que o Onisciente é zeloso de Sua lei, e que de nenhuma maneira terá por inocente o culpado. Aprendem agora que Cristo identifica Seu interesse com o de Seu povo sofredor; e sentem a força de Suas palavras: “Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes” (Mateus 25:40).

Os ímpios de todas as gerações
Com assustadora majestade, Ele (Cristo) chama os ímpios mortos. Eles se levantam de seu longo sono. Que terrível despertar! Eles contemplam o filho de Deus em Sua austera majestade e resplendente glória. Todos, assim que O contemplam, percebem que Ele é o crucificado que morreu para os salvar, Aquele a quem desprezaram e rejeitaram. São tão numerosos quanto a areia do mar. Na primeira ressurreição, todos saíram radiantes de imortalidade, mas na segunda o que se destaca em todos são as visíveis marcas da culpa. Todos saem assim como foram para a sepultura.

Os egoístas
Ninguém suponha que possa viver vida de egoísmo, e então, tendo servido aos próprios interesses, entrar no gozo do Senhor. Não puderam participar da alegria de um amor desinteressado. Não se adaptariam às cortes celestes. Não poderiam apreciar a pura atmosfera de amor que impregna o Céu. As vozes dos anjos e a música de suas harpas não lhes agradariam. Para sua mente a ciência do Céu seria um enigma.

O espiritualmente adormecidos
Vi um anjo com balanças na mão, pesando os pensamentos e interesses do povo de Deus, especialmente dos jovens. Num prato estavam os pensamentos e interesses que tendiam para o Céu; no outro achavam-se os que se inclinavam para a Terra. E nessa balança era lançada toda leitura de romances, pensamentos acerca do vestuário e exibição, vaidade, orgulho, etc. Oh! que momento solene! Os anjos de Deus em pé com balanças, pesando os pensamentos de Seus professos filhos — aqueles que pretendem estar mortos para o mundo e vivos para Deus! O prato cheio dos pensamentos da Terra, vaidade e orgulho, desceu rapidamente, e não obstante peso após peso rolou do prato. O que continha os pensamentos e interesses que se voltavam para o Céu subiu ligeiro enquanto o outro descia e, oh! quão leve estava ele! Posso relatar isso pelo que vi, mas nunca poderei dar a impressão solene e vívida gravada em minha mente, ao ver o anjo com a balança pesando os pensamentos e interesse do povo de Deus. Disse o anjo: “Podem esses entrar no Céu? Não, não, nunca. Diga-lhes que a esperança que agora possuem é vã, e a menos que se arrependam depressa e obtenham a salvação, hão de perecer.”

Os que condescendem com o pecado
Devido ao pecado, Satanás foi expulso do Céu; e ninguém que condescenda com o pecado e o acaricie poderá ir para o Céu, pois nesse caso Satanás outra vez conseguiria firmar-se ali.

Os rebeldes
Poderiam aqueles cuja vida foi empregada em rebelião contra Deus ser subitamente transportados para o Céu, e testemunhar o estado elevado e santo de perfeição que ali sempre existe, estando toda alma cheia de amor, todo rosto irradiado de alegria, ecoando em honra de Deus e do Cordeiro uma arrebatadora música em acordes melodiosos, e fluindo da face dAquele que Se assenta sobre o trono uma incessante torrente de luz sobre os remidos; poderiam aqueles cujo coração está cheio de ódio à Deus, à verdade e santidade, unir-se a multidão celestial e participar de seus cânticos de louvor? Poderiam suportar a glória de Deus e do Cordeiro? Não, absolutamente; anos de graça lhes foram concedidos, a fim de que pudessem formar caráter para o Céu; eles, porém, nunca exercitaram a mente no amor à pureza; nunca aprenderam a linguagem do Céu, e agora é demasiado tarde. Uma vida inteira de rebeldia contra Deus os incapacitou para o Céu. A pureza, santidade e paz dali lhes seriam uma tortura; a glória de Deus seria um fogo consumidor. Almejariam fugir daquele santo lugar. Receberiam alegremente a destruição, para que pudessem esconder-se da face dAquele que morreu para os remir. O destino dos ímpios se fixa por sua própria escolha. Sua exclusão do Céu é espontânea, da sua parte, e justa e misericordiosa da parte de Deus.

Ellen G. White (via Visões do Céu, capítulo 12, Alguns que não estarão lá)

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

TUDO É VAIDADE

"Tudo é vaidade" (Eclesiastes 1:2).

Você já deve ter percebido que, com o tempo, nossas palavras vão sendo ressignificadas. É interessante notar que algumas palavras que anteriormente tinham um significado negativo, hoje assumem um teor positivo. Por exemplo, será que a vaidade ainda carrega um significado negativo? Será que o orgulho ainda é considerado o maior dos pecados?

Babilônia
Na arte ocidental, a vaidade é frequentemente representada por um pavão. Na Bíblia, ela é simbolizada por uma prostituta, Babilônia, pesadamente coberta de joias e adornos (ver ao lado). Na alegoria secular, a vaidade é entendida como um dos vícios humanos. Na Renascença, a vaidade foi representada por uma mulher reclinada num sofá, com um espelho, penteando os cabelos. Outros símbolos da vaidade incluem joias, moedas de ouro, uma carteira e frequentemente a figura da própria morte.

Arte de Hyeronymus Bosch
Em sentido bíblico original, a “vaidade” não se referia primariamente à obsessão pela aparência, mas à falta final de significado dos esforços humanos. Omnia Vanitas, tudo é vaidade, tornou-se, contudo, um objeto da arte. Em sua lista dos Sete Pecados Mortais, Hyeronymus Bosch representa a vaidade como uma mulher da burguesia se admirando num espelho, sustentado pelo próprio diabo (ilustração ao lado). Por trás dela, encontra-se uma caixa de joias aberta. A famosa pintura de Vermeer, A Garota com um Brinco de Pérola (ilustração abaixo), também é considerada um símbolo do pecado da vaidade, com uma jovem se adornando diante de um espelho, sem qualquer outro atributo alegórico positivo.

Arte de C. Allan Gilbert
Talvez a mais impressionante peça de arte retratando a vaidade humana seja o quadro de C. Allan Gilbert (ilustração ao lado). Uma bela e bem vestida mulher da nobreza está assentada em seu toucador, repleto de objetos ligados à luxúria, perfumes e cosméticos, iluminada por uma vela à direita. Mas o quadro é no fundo uma ilusão de ótica. Bem observado, ele é uma caveira, que reflete a moça, aparentemente enamorada de sua figura no espelho. No filme O Advogado do Diabo, Satanás, representado por Al Pacino, observa que “a vaidade é seu pecado favorito”.

Arte de Vermeer
Todas essas obras artísticas servem para advertir seus observadores sobre a natureza efêmera da juventude e da beleza, bem como da brevidade da vida humana e da inevitabilidade da morte. Vale lembrar também que os conselhos bíblicos, inclusive os relacionados à vaidade, foram escritos para ambos os sexos. A vaidade está sim impregnada no universo feminino, mas não isenta o masculino em momento algum!

Depois de Salomão mencionar seus grandes feitos e sua busca hedonista pelo prazer, concluiu: “E eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol” (Ec 2:11). Nesse verso, ele resumiu o conceito de fugacidade existencial na palavra “vaidade”. O trocadilho é evidente, considerando o fato de que o termo hebraico hevel, traduzido como “vaidade”, significa literalmente “sopro”, “vapor”. Tudo é vaidade porque tudo é transitório, uma concepção materializada na breve e angustiante existência de Abel, cujo nome hebraico também é hevel (ver Gn 4:1-11).

Se do ponto de vista humano a vida parece fútil, por outro lado, resgatada por Deus, ela pode ter um extraordinário significado, servindo aos Seus propósitos e exaltando Sua glória. A escolha desse significado, somos nós que fazemos.

Veja esta importante advertência de Ellen White: "A vaidade e a presunção estão matando a vida espiritual. O eu é exaltado; fala-se sobre o eu. Oh! se morresse esse eu! 'Cada dia morro' (1Co 15:31), disse o apóstolo Paulo. Quando esta orgulhosa, jactanciosa presunção, e esta complacente justiça própria permeiam a alma, não há lugar para Jesus. É-Lhe dado um lugar inferior, ao passo que o eu incha em importância, e enche todo o templo da alma. Eis a razão por que o Senhor pode fazer tão pouco por nós. Quando o eu estiver escondido em Cristo, não será tantas vezes trazido à tona" (Testemunhos Seletos vol. 2, p. 210).

Ao olharmos para nossa sociedade, em uma concorrência de vaidades, vemos que onde há separação de Deus, há a divinização do “eu”. O mundo entrou de tal forma em um fervor de vaidades que pode-se procurar com lupa uma classe nobre que não seja vítima dessa realidade. Parece que todos caíram dentro da mesma fogueira das vaidades.

Qual é a alternativa? Para quem correremos então? Para Deus, o único que pode nos conceder nobreza espiritual e uma vida espiritual capaz de resistir às tentações vaidosas de nosso tempo. Se ouvirmos Sua voz, haverá uma decisão voluntária a favor do que é eterno e uma indiferença diante das vaidades humanas. Diz Ellen White: "Contemplando a Cristo, tornar-vos-eis transformados, até ao ponto de odiardes vosso orgulho anterior, vossa anterior vaidade e estima própria, vossa justiça própria e incredulidade. Lançareis para o lado esses pecados, como cargas inúteis, e andareis humilde, mansa e confiantemente perante Deus" (Mensagens Escolhidas 1, p. 388).