quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

CULTURA DO CANCELAMENTO

A "cultura do cancelamento" tem se tornado um dos assuntos mais comentados dos últimos dias. Até para quem desconhecia o termo, a ideia de “cancelar” uma pessoa pela sua conduta tem se tornado mais aceitável e, em alguns aspectos, moralmente, correto. Porém, o que define quando e quem cancelar? Existe um limite, uma atitude ou uma barreira pela qual a pessoa atravessa que a conceda o castigo de ser socialmente cancelada?
 
Um caso atual que ilustra essa teoria é o reality show Big Brother Brasil. Na vigésima primeira edição do programa, o cancelamento tem ocorrido dentro e fora da casa. Do lado de dentro, a maioria dos participantes cancelou o jogador Lucas Penteado, enquanto do lado de fora, seus algozes, como Karol Conká, Lumena e Nego Di, entre outros, estão sendo vítimas do cancelamento por parte do público. 

A ascensão da "cultura do cancelamento" não vem do nada, pelo contrário ela é filha da calúnia, difamação, inveja, fofoca. Suas raízes são diabólicas porque ele é o acusador e causador de intrigas desde o começo. Ellen G. White diz: "
inveja não é meramente uma perversidade do gênio, mas uma indisposição que perturba todas as faculdades. Começou com Satanás. Ele desejou ser o primeiro no Céu e, como não alcançasse todo o poder e glória que buscava, rebelou-se contra o governo de Deus. Invejou nossos primeiros pais, tentando-os ao pecado, e assim os arruinou, e a todo o gênero humano" (Conselhos sobre Educação, p. 86).
 
Infelizmente este é o padrão da era secular, onde o indivíduo está acima de todas as coisas, e se vê na condição de julgar e falar o que quiser. Entretanto isso se torna um grande problema para quem confessa ser um cristão e infelizmente essa tem sido a prática de muitos.

Ellen G. White adverte: "Mantende-vos afastados da cadeira de juiz. Todo julgamento é dado ao Filho de Deus. Satanás atua zelosamente para levar os homens a pecar neste ponto. Satanás exulta quando pode difamar ou ferir um seguidor de Cristo. Ele é o "acusador dos irmãos". Deverão os cristãos ajudá-lo em sua obra? O espírito de tagarelice e maledicência é um dos instrumentos especiais de Satanás para semear discórdia e luta, para separar amigos e minar a fé de muitos na veracidade de nossas crenças" (Manuscrito 144).

A difamação é pecado. Ela é resultado de um coração distante de Deus, coração que busca seus próprios interesses, e por não estar tão focado em si, não consegue dimensionar os impactos que isso tem não só para o alvo da calúnia, mas na maioria das vezes impacta pelo menos três pessoas: 

- O caluniador;
- Quem cede os ouvidos e não confronta;
- O caluniado.


Interessante notar que o termo usado no Novo Testamento para caluniador é διαβολος (diabolos), que segundo um dicionário bíblico, significa “dado a calúnia, difamador, que acusa com falsidade, caluniador, que faz falsas acusações, que faz comentários maliciosos”.
 

Provérbios 16:28 diz que “o homem perverso levanta a contenda, e o difamador separa os maiores amigos”. Pode ser que você esteja vivendo essa realidade em algum nível e talvez não saiba o que fazer ou até esteja sem coragem para tomar uma atitude que agrade ao Senhor.

A boa notícia é, uma vez tendo a compreensão correta do evangelho, as três pessoas (ou as demais envolvidas) podem desfrutar do perdão em Cristo e uns pelos outros, independente do estrago que isso tenha causado. Entretanto é necessário temor e obediência a Deus para reconhecer os pecados, confrontar o pecador e liberar perdão.

Entenda quais são as ações práticas para vencer as calúnias, fofocas e difamações:
 
1. O caluniador
Se por algum motivo você deixou a sua carnalidade dominar suas atitudes e pensamentos, peça ajuda do Espírito Santo, arrependa-se e abandone este pecado. Em seguida, na dependência do Senhor e com humildade, retrate com as pessoas que foram envolvidas. Tenha coragem, siga os princípios das Escrituras:

- Paulo diz: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros“ (Efésios 4:25).

- Um pouco mais à frente, o apóstolo diz: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe (podre), mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem“ (Efésios 4:29).

Você tem tudo que precisa para retratar o seu pecado, mesmo que não mude os efeitos que isso tenha causado. Seja obediente a Deus e faça isso o quanto antes.
 
2. Quem cede os ouvidos e não confronta
Se alguém te procurou para caluniar outro irmão em Cristo, você está literalmente no centro da calúnia e tem a responsabilidade de não ceder seus ouvidos para o caluniador. Pelo contrário, você tem a responsabilidade de confrontá-lo em amor. Ao invés de prosseguir com o mal e envolver outras pessoas, seja um promotor do bem e da paz.

Além do mais, lembre-se que como alguém já disse: “quem fala mal de alguém para você, falará mal de você para alguém”. Seja corajoso, siga o conselho das Escrituras:

- O sábio diz que “no coração dos que maquinam o mal há engano, mas os que aconselham a paz têm alegria” (Provérbios 12:20).

- Paulo dá uma instrução prática que deve ser sempre levada em conta: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gálatas 6:1).

Você tem tudo o que precisa para repreender e cancelar o ciclo malicioso. Seja obediente a Deus e faça isso o quanto antes.
 
3. O caluniado
Se você de alguma forma tem sofrido por conta de calúnia, difamação, fofoca, cancelamento, etc. lembre-se que esta é uma boa hora para colocar em prática as virtudes cristãs. C. S Lewis diz: “Todos dizem que o perdão é uma ideia maravilhosa até que elas tenham algo para perdoar”.

Pode parecer difícil, e o estrago gerado pela calúnia pode ter manchado a sua imagem e reputação diante das pessoas, até mesmo pessoas da sua confiança. Mas a verdade é que Deus sabe de todas coisas, e Ele está mais preocupado com o seu caráter diante dEle do que a sua reputação diante de outros. Esta é a hora de desfrutar da beleza do perdão, pois só perdoa quem sabe que um dia foi graciosamente perdoado. Coragem, escolha seguir às Escrituras:

- “O que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que renova a questão separa os maiores amigos” (Provérbios 17:9).

- “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1 Pedro 4:8).

Assim como os demais envolvidos, você tem tudo o que precisa para tomar uma atitude correta diante de Deus, e precisa dar o passo correto para que isso seja uma realidade. Escolha perdoar. Seja obediente a Deus e faça isso o quanto antes.

Por fim, Paulo diz aos Colossenses: “Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também” (Colossenses 3:13).

Não deixe que a "cultura do cancelamento", fruto da calúnia que é diabólica em sua essência e forma, tome conta da sua vida e seus relacionamentos. Que os nossos relacionamentos sejam regidos pelo amor a Deus e ao próximo. 
 
Ellen G. White adverte: "Demorando-se continuamente nos erros e defeitos dos outros, muitos se tornam dispépticos religiosos. Os que criticam e condenam uns aos outros estão transgredindo os mandamentos de Deus, e são-Lhe uma ofensa. Irmãos e irmãs, afastemos o entulho da crítica e suspeita e murmuração, e não desgastei os nervos externamente. Se todos os cristãos professos usassem suas faculdades investigadoras para ver quais os males que neles mesmos carecem de correção, em vez de falar dos erros alheios, existiria na igreja hoje uma condição mais saudável" (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 635-638).
 
Como um bom testemunho da nossa fé, lutemos para vivermos em paz com todos e sigamos cuidadosamente as instruções que o Senhor nos dá em Sua Palavra. E que na dependência do Espírito Santo sigamos o exemplo de Cristo, que poderia nos cancelar tendo todas as razões para isso, mas escolheu nos amar sem que merecêssemos, perdoou as nossas ofensas e pecados, nos acolheu em sua graça e restabeleceu o nosso relacionamento com o Pai.

Ellen G. White conclui: "Não devemos permitir que nossas perplexidades e desapontamentos nos corroam a alma, tornando-nos impertinentes e impacientes. Não haja discórdia, nem suspeitas ou maledicência, para não ofendermos a Deus. Meu irmão, se abrires teu coração à inveja e a vis suspeitas, o Espírito Santo não poderá habitar contigo. Busca a plenitude que há em Cristo. Trabalha de modo por Ele indicado. Que cada pensamento, palavra e ato O revele. Precisas de um diário batismo do amor que nos dias dos apóstolos os tornava todos de um mesmo comum acordo. Esse amor trará saúde ao corpo, espírito e alma. Circunda tua alma com uma atmosfera que fortaleça a vida espiritual. Cultiva a fé, a esperança, o ânimo e o amor. Reine a paz de Deus no teu coração" (Testemunhos Seletos, vol. 1, p. 493).

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