quinta-feira, 19 de maio de 2011

Código Florestal Brasileiro - A Igreja e o Debate

 
















"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra” (Gênesis 1:26).

Há diversos meses, a sociedade brasileira acompanha com profunda atenção os debates que se travam no Congresso Nacional, em torno do projeto do novo Código Florestal. De um lado, ecologistas defendendo que a legislação permaneça como está, alegando que alterações podem colocar em risco a preservação de nossos recursos naturais, a Amazônia em particular. De outro, produtores rurais alegam a necessidade de uma lei ambiental que possua menos restrições à atividade produtiva, pois estes limites, segundo eles, servem mais para inibir o potencial da competitiva agricultura brasileira do que propriamente proteger o meio ambiente. Trata-se, sem dúvida, de um debate tensionado por dois radicalismos, que precisam encontrar seu ponto de equilíbrio e convergência no Congresso Nacional - aliás, esta é a função fundamental do Legislativo em qualquer democracia.

Trata-se de um tema de importância crucial para o futuro do país, e que por isso mesmo, deveria chamar a atenção dos cristãos. Preservação ambiental e produção de alimentos seriam mesmo questões inconciliáveis? Como a fé cristã trata deste assunto? O que a Bíblia nos diz sobre esse assunto? Quem é mais importante, a ecologia ou a alimentação humana?

O livro do Gênesis nos apresenta um relato poético da criação que é prenhe de significados. Ao entregar a Adão o cuidado do Jardim do Éden, Deus confiou ao ser humano a missão e a responsabilidade de zelar sobre a criação. Nos tempos em que as igrejas não estavam preocupadas demais com a prosperidade financeira de seus membros e ainda se pregavam as doutrinas fundamentais da fé, era comum se falar do tema "Mordomia Cristã", o conceito de que somos "mordomos" de Deus, ou seja, gestores dos bens que Ele, na sua infinita bondade e sabedoria, nos legou.

Todavia, é a natureza que deve estar a serviço do homem, e não o contrário, como apregoa o “biocentrismo”, corrente científica que não identifica diferenças substanciais entre o homem e os animais. Não se trata de verdadeira ciência, mas sim de uma ideologia a serviço do radicalismo ecológico. Este pensamento se tornou a metafísica mais influente no atual movimento ambiental, que parte do pressuposto que os desequilíbrios ambientais do planeta são "antropogênicos", ou seja, gerados principalmente pelo homem, o que nem de longe é consenso na comunidade científica.

A Bíblia é profundamente ecológica. Mas não respalda o tipo de ecologia radical que vê o homem como um estorvo ao meio ambiente. Antes, pelo contrário, a fé cristã defende que a natureza pode e deve estar ao serviço do desenvolvimento da humanidade, e que por isso mesmo o uso dos recursos naturais deve ser sustentável. Ou seja, não há dicotomia entre a produção de alimentos e a preservação ambiental, como faz crer o movimento ecológico moderno.

O tipo de ecologia alarmista que hoje se manifesta, num jogo onde se misturam interesses poderosos e inconfessáveis, tenta impor uma legislação que, na prática, confisca reservas de terra de milhões de pequenos produtores, impedindo-os de ser sinal de luz e esperança num mundo tão necessitado de alimentos. O Brasil, abençoado com uma natureza pujante e uma agricultura de ponta, pode e deve olhar para a inspiração contínua do Evangelho, sendo fonte de alimento para as gerações futuras do planeta. Há quem prefira um país engessado por uma legislação ambiental profundamente restritiva, movimentos cegados para a realidade por uma ideologia que idolatra a natureza em detrimento da dignidade humana. “Não se preocupe com eles. São cegos guiando outros cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois cairão num buraco” (Mateus 15: 14).

Deus vos abençoe abundantemente.
 
Claudio Moreira - Título Original: O Meio Ambiente e a Produção: o que a Bíblia diz?

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