terça-feira, 7 de junho de 2011

Ronaldo: fenômeno pela própria natureza












Do diminutivo Ronaldinho ao superlativo Fenômeno, Ronaldo passou por zagueiros e lesões com a mesma tenacidade e espanto.

A alcunha de "Fenômeno" nasceu da constatação de que Ronaldo, ao marcar tentos incríveis, ao desconcertar zagueiros com sua ginga, ao invadir a grande área com assombrosa velocidade, era um atleta extraordinário, a legítima manifestação de uma força da natureza, enfim, um fenômeno.

Campeão do mundo aos 17 anos, vice-campeão aos 21, de novo campeão mundial aos 25, maior goleador em Copas do Mundo com 15 gols aos 29 anos. Já as cifras pecuniárias são um capítulo à parte. Bem como os casamentos fracassados (sorte no jogo,...). Eis um Fenômeno do futebol, da conta bancária, da mídia.

No entanto, é sua história de vida que atesta que estamos diante de um fenômeno. Sua trajetória dentro e fora de campo é cercada por aqueles fatores que, se acontecem num livro ou num filme, chamamos de "excesso de ficção", ou de "forçar a barra".

Descontando sua infância e adolescência de parcas condições de sobrevivência, o menino já era de estirpe incomum. Pois foi driblando outros meninos e a falta de grana, que ele chegou à revelação do Brasileirão aos 17 anos e contrato para jogar na Holanda.

Até aqui, tudo sorri para o menino que aos 20 anos é eleito o melhor jogador do mundo, agora no Barcelona. Em 1996, uma contusão o deixa fora de campo por dois meses. Mas isso não o impede de ser reeleito o melhor do mundo no ano seguinte.

Com apenas 21 anos, Ronaldo se vê na Copa da França entre carrões na garagem, cifrões no banco e infiltrações no joelho. Parece demais para o guri, que desmorona horas antes da grande final e, depois, junto com a seleção durante o jogo.

Após o mal-esclarecido e retumbante malogro, Ronaldo era dado como desaparecido. Ele volta timidamente, como um adolescente desentrosado, dessa vez, na Inter de Milão. Mas seu joelho não suporta e o faz passar cinco meses longe dos convidativos gramados italianos. Aumentam as vozes que agouram seu retorno.

A reestréia, em 2000, é rápida, mas não indolor: com apenas 11 minutos em campo, Ronaldo sofre rompimento total do tendão patelar do joelho direito. Em português: a morte para o futebol. O final feliz é remoto e um novo retorno é improvável.

Dois anos se passam e Ronaldo ressuscita na Copa do Japão e da Coréia: campeão outra vez. Quatro anos após um fracasso, providencialmente Ronaldo tem a chance de reescrever sua história numa final de Copa do Mundo. Seu choro infantil à beira do campo é pela batalha pessoal vencida com todos os gols. A ficção não faria melhor.

No Real Madrid, Ronaldo é uma estrela na galáxia onde brilham Roberto Carlos, Beckham, Raúl e, se não pode vencê-lo, Zidane. Logo a constelação vira um buraco negro que traga o Fenômeno consigo. Para piorar, seu tempo de recuperação de contusões é demorado e inversamente proporcional ao tempo que consegue ficar casado.

Se a noiva lhe escapa, nem a sorte no jogo lhe consola. Ronaldo conserva a fome de gols na sua quarta Copa do Mundo, mas Ronaldo, dizem, não é mais uma força da natureza. No máximo, uma brisa que não incomoda o adversário. Seu peso (ou excesso de) é motivo de escárnio. Sua aposentadoria é anunciada de novo.

Muda de ares, vai para o Milan, onde encontra um ambiente que favorece seu renascimento: ovacionado outra vez, sugerido até para a seleção brasileira. Se a vida parece boa, é hora do "mas": rompimento total do tendão patelar do joelho direito (os casos de rompimento bilateral são raríssimos. Até nisso ele é fenômeno). Os obituários do futebol já lavram a ata.

Toda vez que um boletim médico dava sua carreira como encerrada, Ronaldo refazia sua sina. Mas agora o corpo de Ronaldo pede descanso, não aguenta mais viver no olho do tsunami que é a pressão para exibir semanalmente o espetáculo atlético que o tornou conhecido mundialmente.

Ele, que voltou tantas vezes da morte anunciada, tem que parar. Não porque prefere, mas porque é preciso.

Mesmo que se diga que lições de vida descambam para o melodrama, não resisto a afirmar que Ronaldo é um fenômeno de persistência, de superação. Há algo a se aprender com tamanha resiliência e vontade de reconstruir as paredes da própria vida.

Um comentário:

  1. Marconi Wallace
    Sou fã número 1 dele, e quero agradecer por tudo oque ele fez pela nação brasileira
    me colocaram o apelido de Ronado e sinto muito orgulho por isso posso ñ saber jogar futebol
    mais falam da minha mera semelhaça com ele.

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