sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Sábado e o Corredor

"E nesse dia descansou." Gênesis 2:2

Algo ocorre no organismo das crianças de 4 a 11 anos, que lhes proporciona um prazer inexplicável quando se tornam sujeitos do verbo "correr".

Creio que era esta a sensação que corria pelas veias do menino apressado, em direção ao pátio... até ser interrompido pelos gritos e gestos de uma das professoras. "Pare, pelo amor de Deus!" repetia nervosa. O garoto parou diante dela, ainda ofegante, tão somente para ouvir o que já ouvira outras quinhentas e quarenta vezes: "Você não sabe que é perigoso? Você pode cair e se machucar... ou esbarrar em alguém, correndo assim".

Mas desta vez, acendeu-se uma luz e o rapazinho perguntou: "Professora, qual é o nome desse lugar em que nós estamos?" O sermão ia continuar, mas ele a interrompeu, repetindo a pergunta: "Só me diga isso: qual é o nome desse lugar?" Meio desconfiada, a mulher respondeu: "Isso é um corredor". Foi o suficiente. "Então", continuou o menino, "corredor é o lugar de correr..." e saiu correndo.

A má notícia é que, com o passar dos anos, este gosto pela corrida abandona os pátios e invade a rotina. O que era brincadeira vira doença, e nós nos tornamos crianças crescidas que não sabem aonde vão, reféns de uma vida que não pára, e vai depressa, sem avaliar a rota, rever os mapas, acrescentar perspectivas, corrigir erros, encontrar sentido.

Mas há uma boa notícia. Pelos corredores da vida, o Criador espalhou, e com intervalos precisos, um lugar de descanso - o sábado. "Sábado" vem do hebraico shabbat, cuja raiz pode ser traduzida como um verbo, "cessar" (associação com o final de um trabalho), ou como um substantivo, "descanso". A esse espaço no tempo, Deus deu um nome especial e o selo de Sua aprovação. Ele mesmo parou ali. Ao terminar a obra dos seis dias de trabalho, Ele mesmo descansou..

Depois que o céu ganhar as cores do pôr-do-sol de hoje, é possível que alguém o chame para correr... talvez seu chefe o convoque para continuar a corrida do trabalho. Quem sabe um professor marque uma corrida extra na faculdade. Ou alguém ligue, convidando você para uma corridinha, entre amigos, numa festa, num bar... mas você sabe o nome do ponto em que estamos no tempo. Ou não sabe?

O nome do sétimo dia é descanso... as portas estão abertas. A mesa está posta. Há um lugar especial para você. O anfitrião o espera ansioso. A bagagem fica na entrada. Só traga as mãos cansadas e as feridas abertas. Ali há cura e descanso.

Pare. Entre. E descanse.

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